29º Domingo do Comum – O primeiro e o último

O Evangelho propõe-nos uma inversão de valores: São os discípulos a pedir que Deus faça a sua vontade em vez de procurarem fazer a vontade de Deus. É Jesus a dizer que só é grande quem for servo; só é o primeiro quem se colocar em último lugar, servindo em vez se procurar ser servido.

Isto faz-me lembrar três exemplos:
Uma professora bibliófila ensinou-me que são as letras grandes que dão o nome aos livros mas são as letras pequenas que fazem os livros. Se procurarmos só as letras grandes, seremos livros apenas com título mas vazios por dentro. Mais vale um livro sem título do que um título sem livro, ou seja, sem conteúdo.

Em segundo lugar, o Pe. António Vieira alertava, no seu tempo: "Antigamente os ministros estavam às portas da cidade para servir o povo. Hoje as cidades estão às portas dos ministros para servi-los." E todos nós somos ministros ou servidores.

Finalmente, conheci um Padre italiano que se chamava Primo, Primeiro de nome e primeiro de facto. Era sempre o primeiro em tudo. Mas na verdade era o último a perder a paciência, o último a ter medo, o último a escapar-se. Os seus amigos eram os primeiros a protestar, os primeiros a fugir… E ele, apesar de Primo, foi toda a vida o último.

Pe. José David Quintal Vieira, scj
davidvieira@netmadeira.com

 

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