Alemanha – P. KRISTIAAN HUBERTUS MUERMANS (1909-1945)

Uma resistência quase desconhecida

“Respondendo aos apelos de sua pátria humilhada, empenhou-se em vários grupos de resistência. Em Maio de 1941 caiu nas mãos da Gestapo que acabou com eles" (Sint Unum, 1947).
O pouco que sabemos sobre o P. Muermans deve-se ao P. Bothe. Nascido em 1909, o P. Muermans professou em 1928 e foi ordenado em 1933, em Louvain. Durante alguns anos ensinou no seminário de Tervuren. Quando começou a guerra, foi recrutado pelo exército belga. Em 1941 foi feito prisioneiro pelos alemães. Libertado em 1943, voltou para a Bélgica e retomou as aulas em Tervuren e Bruxelas.
Conforme uma carta que escreveu ao seu irmão Vim, o P. Kristiaan, voltando à Bélgica, integrou-se na resistência belga:
“Dedicou-se à imprensa clandestina e ajudou muitos jovens a esconder-se da Gestapo. Quando a Gestapo descobriu as suas actividades, prendeu-o na presença dos seus alunos. Depois de passar alguns dias na cadeia de Bruxelas, foi transferido sucessivamente para os campos de Buchenwald, Ellrich, Harzungen e Dora, onde morreu a 16 de Fevereiro de 1945, poucas semanas antes da libertação daquele campo de concentração pelos americanos”.
Sabemos que o P. Muermans morreu numa das 40 secções do campo de Mittelbau-Dora, em Bkankenburg. Em Dora produziu-se armas para o exército alemão. As armas eram fabricadas num subterrâneo: um gigantesco túnel de 20 km e 30 metros de altura. Havia 60 mil prisioneiros, tratados como escravos. Destes, uns 20 mil morreram, entre eles o P. Muermans. As circunstâncias da sua morte são desconhecidas.
Cinismo da história: após a libertação do campo, os americanos mandaram os mísseis que encontraram, mais de uma centena, a engenheiros alemães nos Estados Unidos para aprimorar a indústria de armas. Quando os russos chegaram, instalaram-se no campo para produzir a bomba V2. Depois transferiram quase toda a fábrica para a Rússia.
O P. Muermans não deixou nenhum escrito. O seu compromisso em favor dos jovens, na resistência, custou-lhe a vida. André Jarlan, morto no Chile, refere-se deste modo a esse tipo de mártires:
“Aqueles que fazem viver são os que oferecem a sua vida, não aqueles que a tiram. Para nós, a ressurreição não é um mito, mas uma realidade. Este fato, que nós celebramos em cada Eucaristia, confirma-nos que vale a pena dar a vida pelos outros” (Riccardi, il secolo del martirio).

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