Aniversário da Morte do Pe. Leão Dehon

Celebrar a Vida no 79º aniversário da morte do Padre Leão Dehon
12 de Agosto de 2004
 

1. Estamos reunidos em celebração, neste dia 12 de Agosto tão significativo para todos nós, em Aveiro e noutros lugares da Província e da Congregação, para dar graças a Deus por tantos dons recebidos.
Em atitude de acção de graças, queremos:
• Celebrar a Vida no aniversário da morte do Padre Leão Dehon!
• Celebrar o dom da próxima Beatificação do Padre leão Dehon!
• Celebrar a chegada de 12 postulantes que daqui a dias serão noviços!
• Celebrar a renovação dos votos do Max e do Jean-Paul, nossos confrades dos Camarões a viver em Portugal!
• Celebrar o recente dom do ministério sacerdotal e diaconal dalguns confrades, aqui presentes!
• Celebrar hoje os 20 anos de ordenação sacerdotal do P. Miguel Moreira, do P. José David e do P. Manuel Barbosa!
• Celebrar a renovação das nossas comunidades religiosas que, neste dia 12, são marcadas pela mudança de Superiores e de outros confrades!
• Celebrar a atitude de disponibilidade e de voluntariado, expressos concretamente pela ida de um grupo de 3 confrades e 20 leigos a Moçambique em Experiência Missionária ao longo deste mês!
• Celebrar a participação da delegação da Província, 3 jovens e P. Adérito, no encontro europeu da Juventude Dehoniana em Malpas, inglaterra!
• Celebrar o dom da nossa vocação religiosa, unidos a todos os confrades lusos scj que estão nas várias comunidades ou em tempo de férias, ao serviço da Congregação em Roma ou no estudo do inglês em Hales Corners, em missão temporária em Moçambique ou no início da nova missão em Angola!
• Celebrar o início da Comunidade territorial dos Sacerdotes do Coração de Jesus em Angola, com sede no Kilómetro 9A, Viana, precisamente neste dia 12!
• Celebrar tantos outros motivos que estão no nosso coração e que o Senhor tão bem conhece!

2. Celebrar a morte do Padre Dehon é celebrar a Vida que Deus nos concedeu, num olhar centrado no Coração de Jesus, onde viveu o Padre Dehon e onde queremos que o nosso coração permaneça para sempre.
Gostaria de transcrever breve texto do nosso confrade Padre Fernando Ribeiro que, na excelente biografia do Padre Leão Dehon, descreve com profundo sentido os momentos finais da vida do Padre Dehon:
«Alguns minutos antes do fim, pedem-lhe uma última bênção, a fim de obter muitas vocações para o ideal do amor e da reparação e que ofereça por esta intenção a vida e os sofrimentos. Com um sopro de voz quase imperceptível, responde:
– Sim.
Repete várias vezes a palavra, acompanhando-a com um derradeiro sinal da cruz.
Toda a sua vida fora isso mesmo: um “sim” sempre magnânimo e cheio de amor. Sobretudo quando se tratava da glória do Sagrado Coração de Jesus.
Os presentes, de joelhos, rezam as orações dos agonizantes. Ao meio dia sobrevém uma crise mais violenta. Aquele coração que tanto amou a Deus e aos homens está prestes a ceder. Mesmo assim, ainda se lhe ouvem nitidamente as palavras acompanhadas por um gesto que indica a imagem do Coração de Jesus:
– Para Ele vivi, para Ele morro!
É o último acto de fé e de amor de quem só de amor e de fé soube viver. Extingue-se serenamente na paz dos justos. O rosto venerando fixa-se numa expressão composta e serena. É precisamente meio dia e dez minutos».

3. É este mesmo olhar do Padre Dehon, o olhar do seu coração mergulhado no Coração de Jesus, que queremos manter e renovar como seguidores de Cristo segundo o carisma do Padre Dehon:
«O coração recorda-nos João Leão Dehon e a necessidade de regressar aos fundamentos da sua experiência de fé sobre os quais está construído o seu admirável projecto de vida pessoal e o Instituto religioso-apostólico, ao qual pertencemos. Coração diz respeito a todos nós, dehonianos de ontem, de hoje e de amanhã.
Coração aberto e solidário exprime disponibilidade, acolhimento, cordialidade e comunhão, capaz de ir ao encontro dos outros e de viver juntos; invoca a reparação e a reconciliação» (Documento-síntese do XXI Cap. Geral, nº 3-4).

4. O Padre Dehon é um “homem de coração”, viveu o amor de Deus centrado no Coração de Jesus, levou esse amor às “almas e às sociedades”, deixou aos seus discípulos esse desafio permanente de serem “profetas do amor”!
Uma das marcas da nossa refundação hoje deve ser, certamente, a renovação deste amor como dinamismo constante da nossa vida, celebrado e vivido na esperança e na confiança.
Numa recente exposição do P. Rafael Costa em Salamanca sobre o Padre Dehon, na interpelação final em que falava do Padre Dehon como homem de optimismo, somos provocados a ser hoje homens de optimismo e de esperança! Também, e sobretudo, quando há sinais contrários.
Para meditação, fica mais este conjunto de excertos da reflexão do P. Rafael como mensagem para este dia da celebração da Vida nos anos da morte do Padre Leão Dehon:
«Muitos são os testemunhos de quem o conheceu pessoalmente acerca do grande optimismo, que dominava o P. Dehon. Mons. Philippe conservou-nos estas palavras do próprio Dehon: “Sempre fui optimista, morrerei optimista”. Mons Binet na oração fúnebre de Leão Dehon declarava que ele foi “sempre jovem, sempre confiante, sempre optimista”. Igualmente o P. Kanters: “Ele era optimista por temperamento e sem esforço”.
Donde lhe derivava, todavia, o seu optimismo?
Mais uma vez da Boa Nova evangélica: tinha confiança na vida e no Deus senhor da história e, por isso, perseverança robusta, repleta de esperança, que não se deixa vencer pelas dificuldades, embora grandes. Ele sabia que o amor, de Deus, que Cristo veio trazer ao mundo, é irreversível, como é irreversível o seu projecto de oferecer a cada homem a participação na sua vida. Era, então, o optimismo próprio do crente que, iluminado pela Palavra, deve acreditar na vitória do amor, que se exprime, antes de tudo, na gratidão pelos imensos campos do bem realizado nos vários aspectos do mundo e da história, de que podemos agora desfrutar; e, depois, na esperança perante o espectáculo do mal.
O seu optimismo nasce da fé profunda de que cada tempo da história é tempo de salvação. “Todas as promessas de Deus são ‘sim’ em Cristo” (2 Cor 1, 20). Portanto, qualquer que sejam os tempos, Deus não abandona a história. (…)
O Padre Dehon vive todas as situações de grande provação com extraordinário optimismo, mas um optimismo que precisamente lhe vem da fé e do
jogo da Providência de Deus na sua vida na dimensão do amor e da salvação. Ele sabe que depois da cruz vem a vitória pascal; depois da morte a vida! (…)
É deste optimismo que nasce aquela abertura ao mundo, que já conhecemos, mas numa visual positiva. É aqui que se explica a sua capacidade de reconhecer e de acolher as novidades, para nelas descobrir os caminhos e possibilidades novas que se abrem para a construção do Reino de Deus, e a vislumbrar no novo não necessariamente o mau, mas tantas e diversificadas sementes e esperanças para o Reino. Todos os tempos, por mais calamitosos que possam ser, são sempre tempos de salvação e nenhum deles pode nunca significar o abandono de Deus dos caminhos da nossa vida.
O mistério da Encarnação, tão querida do Padre Dehon, o mistério da Eucaristia, que tanta importância reveste na vivência da sua espiritualidade, são a garantia eterna de que o mundo agora encontra o seu significado e a sua finalidade só em Cristo Senhor, e que todos os esforços e conquistas humanas são recapitulados no sacramento por excelência do mistério pascal do Senhor, contribuem à transfiguração do universo e são outras tantas pedras na construção dos novos céus e da nova terra.
Há tanta gente hoje que se queixa dos tempos em que a Providência nos pôs a viver. Não é fonte de esperança e daquele optimismo fundado, que é próprio da Boa Nova de Jesus, a perspectiva que, também neste campo, nos oferece o Fundador?»

Unido no Coração de Jesus, para o Qual viveu e morreu o Padre Dehon, renovo as melhores saudações fraternas, com um abraço amigo.

| Manuel Joaquim Gomes Barbosa, scj – Superior Provincial |
 

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