Dia 21 – Fundador

 

 

O futuro da Obra

Quando nasce um menino pergunta-se que lhe reservará o futuro. Aliás os pais já projectam um futuro e tudo fazem para preparar-lhe um futuro risonho. Nós também conhecemos as previsões que se fizeram acerca do futuro dos Oblatos do Sagrado Coração de Jesus.

O Bispo, monsenhor Thibaudier, pensava num pequeno instituto diocesano, que pudesse fornecer professores e directores aos Colégios da diocese e que se dedicasse à educação da juventude. “Uma instituição semelhante ele já encontrara na diocese de Lião, quando era bispo dessa cidade; e agora queria realizá-la também na diocese de Soissons”, recorda o Pe. Dehon (NHV, XIII, 164). A prova da existência de tal orientação nós podemos encontrá-la quando o Santo Ofício, depois de ter suprimido os Oblatos, permitirá ao Bispo de Soissons de reagrupar os membros dispersos numa Congregação exclusivamente diocesana e sob a sua autoridade e vigilância.

Uma visão oposta é a do Pe. Tadeu Captier. Ele tinha entrado nos Oblatos quando já era sacerdote, e depois de ter sido expulso dos Missionários do S. Coração de Issoudun. Ele julgava ter visões angélicas e dáva-se ares de “co-fundador” dos Oblatos. Sonhava realizar a “Ordem do Sagrado Coração”: uma grande ordem religiosa que deveria absorver todos os outros institutos similares, masculinos e femininos. O Instituto dos Oblatos, fundado havia pouco, deveria tornar-se na grande Ordem do S. Coração.

Os projectos do Pe. Dehon são, pelo contrário, muito mais realistas: menos fantasiosos que os do Pe. Captier, mas também não tão fechados como os de monsenhor Thibaudier. Ela funda um Instituto religioso com a autorização do Bispo da diocese, como é praxe eclesiástica; mas logo dá início ao seu desenvolvimento acolhendo membros de outras dioceses; abrindo um noviciado, fora da França, na Holanda, precisamente.

De facto a vocação recebida de Deus e a missão à qual ele era chamado, tinham uma dimensão universal. O espírito de amor e de reparação ao Coração de Jesus deve inflamar o maior número de almas possível; o reino do Coração de Jesus deve estender-se a todo o mundo. Quando, em fevereiro de 1882, ele dirige ao Santo Padre o pedido de obtenção da primeira aprovação da sua Obra, isso significava para ele obter o pleno inserimento da Obra na Igreja e o reconhecimento da parte da mesma Igreja da qualificação de “Instituto dedicado à reparação”.

O futuro da Obra, nas intenções do Pe. Dehon, é confiado à graça de Deus, mais que às ambições e aos egoísmos humanos. Esse futuro fica dependente da sua fidelidade ao carisma recebido de Deus, para poder ser ele o “pai” daquele “menino”. O futuro da Obra fica dependente do fervor dos religiosos e da sua fidelidade à vocação. “Os Oblatos do Coração de Jesus… não desejarão aumentar de númro se não unicamente para poder multiplicar os actos de obséquio e de reparação ao Coração de Jesus”, assim dizia o texto primitivo das Constituições. E, nas explicações que dava ao Noviços, o Pe. Dehon dizia: “O empenho de procurar vocações poderia depender de motivos humanos, como o desejo de serem um grupo numeroso… Mas, pelo contrário, a única razão para crescer de número é a de poder ter um maior número de almas reparadoras” (Aos Noviços, 21 de Abril de 1881).

Da entrevista do P. Umberto Chiarello Scj à TeleDehon em Março de 1996, publicada como opúsculo para os benfeitores na revista “Piccola Opera Sacro Cuore” de Vitorchiano, em Março de 1997.

Tradução: P. Manuel Chícharo, scj

 

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