Dia 7 – Espiritualidade dehoniana

 

Espiritualidade de Amor

Vivendo em íntima união com o Coração de Jesus, o P. Dehon descobre o imenso amor que o Senhor tem para com Deus, seu e nosso Pai, e para com os homens pecadores.
No Coração de Jesus palpita o amor de Deus tornado palpável e visível no homem. Através do Coração de Jesus, o P. Dehon lê a criação como obra do amor de Deus, mais do que como omnipotência divina. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: ora o ser de Deus é caridade a amor, por quem a Santíssima Trindade nos comunica o seu amor, o seu coração. O mesmo vale para a obra da redenção: Deus amou tanto o mundo que nos deu o seu Filho unigénito, diz-nos S. João. Diante desta doação de amor de Deus, que dá ao homem o seu único Filho, o mesmo Senhor Jesus fica estupefacto, comenta o P. Dehon. Na Incarnação, o Verbo de Deus, feito carne, assumiu um coração humano. Assim, no Coração de Jesus está o próprio coração de Deus: Deus pode amar o homem pecador não só com amor divino, mas também com amor humano.
Este amor de Deus requer correspondência de amor por parte do homem. É o amor espontâneo da criatura para com o seu Criador: um movimento religioso, um temor reverencial, um reconhecimento de dependência de Deus… Mas é um amor como “resposta” querida, suscitada e pedida pelo Coração de Cristo aos cristãos. Este é o motivo principal pelo qual o Senhor manifestou o seu Coração aos homens, pedindo-lhes devoção e culto: suscitar uma resposta de amor ao amor que Deus demonstrou primeiro para connosco.
“Acreditámos no amor: cremos no amor de Deus por nós, contemplando o símbolo perene que é o Coração de Jesus” (Couronnes d’Amour, II, 148).
É um corresponder ao amor de Deus com um amor afectuoso, agradecido, puro e desinteressado. Um amor esquecido de si mesmo, livre de qualquer egoísmo, que goza do bem do amado; mas também um amor ardente, generoso, que se entristece com a dor do amado, suscita zelo pela reparação do mal até ao sacrifício de si mesmo.
“Amando o meu coração, amas-me; tu amas Deus, porque eu sou Deus”, põe o P. Dehon Jesus a falar nestes termos.
Esta correspondência de amor, típica da devoção ao Sagrado Coração, diz respeito principalmente ao amor do cristão para com Deus, em sintonia com o amor de Jesus para com o seu Pai, e para com o próprio Jesus. É participação também no amor de Deus e do Coração de Jesus para com os homens pecadores; e é correspondência de amor típica na devoção ao Coração de Jesus: amor dos cristãos para com os outros, associado ao amor redentor do Coração de Jesus pelos pecadores. É o amor que nos torna solidários com os pecadores.
A via de amor é a vida da santidade, diz-nos o P. Dehon. Na vida cristã pode-se ser humilde, casto, obediente, pode-se possuir tantas outras virtudes em elevado grau; mas só o amor nos conduz à perfeição e à santidade, porque só o amor nos une a Deus, que é todo Caridade.

Da entrevista do P. Umberto Chiarello à TeleDehon em Março de 1996, publicada como opúsculo para os benfeitores na revista “Piccola Opera Sacro Cuore” de Vitorchiano, em Março de 1997.

Tradução: P. Manuel Barbosa, scj

 

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