Dia 9 – Espiritualidade dehoniana

Vida de oblação

O Salmo 40 e a Carta aos Hebreus dizem-nos que o primeiro sentimento humano do Filho de Deus, ao incarnar, foi de obediência: “Ao entrar no mundo Cristo disse: Não quiseste sacrifícios nem oblação, mas preparaste-Me um corpo. Os holocaustos e sacrifícios pelo pecado não Te agradaram. Então Eu disse: Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Heb 10,5-8).
“Eis que venho”: o P. Dehon foi atingido por esta atitude do Coração de Jesus e empenhou-se a fazer dela a atitude fundamental e constante da sua vida espiritual. “Eis que venho”: torna-se o slogan da sua existência, transformando-a numa vida de oblação; uma vida oferecida a Deus em união à oferta que Jesus fez da sua vida.
Para realizar isto, o P. Dehon usou um método prático muito simples e ao alcance de todos nós. Em cada manhã, oferecer o próprio dia ao Senhor com uma oração: o Acto de oblação. Durante o dia: acolher a vontade de Deus tal como nos é manifestada pelas circunstâncias e pelos acontecimentos do dia, através da vontade dos superiores ou dos pais, através dos deveres do próprio estado de vida. Não fugir aos sacrifícios que nos são pedidos, mas aceitar cada dia as cruzes que a Providência nos concede: assim seremos perfeitos discípulos do Coração de Jesus, que pede a cada um para segui-lo pela via da cruz.
Esta vida de oblação é uma característica da espiritualidade dehoniana. Não foi por acaso o título originário da Congregação fundada pelo P. Dehon: “Oblatos do Coração de Jesus”, para indicar a oferta de si mesmo à vontade de Deus. E ainda: nos inícios do Instituto havia um quarto voto religioso: o de oblação ou de vítima, como se costumava dizer nesse século. Além dos três votos religiosos de pobreza, castidade e obediência, os primeiros religiosos faziam o voto de oblação: de consagração e de imolação ao Coração de Jesus, de amor e de expiação pelos pecados. Com uma bela imagem, o P. Dehon comparava os três votos aos três pregos que ligam o religioso à cruz do Salvador: mas o voto de oblação era como que a lança que atravessa o lado e o coração do Salvador: era um oferecer-se vítima por amor para com Jesus e a favor dos pecadores.
Com esta vida de oblação reparadora completamos em nós tudo quanto falta à paixão de Cristo pela Igreja, como já dizia São Paulo. Somos convidados, como Paulo pedia ainda aos cristãos de Roma, a oferecer os nossos corpos, isto é, a nossa existência, como hóstia viva, santa e agradável a Deus: este é o nosso culto espiritual.
Manifestando o seu Coração, Jesus pediu aos seus devotos para oferecer a própria vida como oblação pela acção dos seus desígnios de amor para com o homem pecador; e o P. Dehon correspondeu-lhe, fazendo da sua vida uma oblação agradável a Deus.

Da entrevista do P. Umberto Chiarello à TeleDehon em Março de 1996, publicada como opúsculo para os benfeitores na revista “Piccola Opera Sacro Cuore” de Vitorchiano, em Março de 1997.

Tradução: P. Manuel Barbosa, scj

 

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