Natividade de S. João Baptista

 
76 Et tu puer propheta Altissimi vocaberis praeibis enim ante faciem Domini parare vias eius 77 ad dandam scientiam salutis plebi eius in remissionem peccatorum eorum (Lc 1, 76-77).
 

76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, 77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados (Lc 1, 76-77).
 

Primeiro Prelúdio. O precursor, parente e amigo de Jesus, tem uma grande semelhança com ele. A sua missão é conduzir a Jesus.

Segundo Prelúdio. Santo Precursor, conduzi-me a Jesus, ao seu amor, à sua imitação, ao seu Coração.

PRIMEIRO PONTO: Penitência e reparação. – S. João Baptista entrega-se à penitência e à reparação pelo seu povo, como os profetas. Como Jeremias, é santificado no seio de sua mãe. É o novo Elias, predito por Malaquias.
Desde a sua infância entrega-se à penitência. «Não beberá nem vinho nem cidra», diz o anjo a Zacarias.
Passa a sua adolescência no deserto, está vestido com uma túnica de peles de camelo apertada por um cinto de couro; come mel silvestre e gafanhotos.
«Que fostes ver ao deserto? diz Jesus aos seus discípulos. Não é um homem molemente vestido. É um anjo, que não come nem bebe» (Mt 11, 18). Nosso Senhor exprime assim a extrema mortificação do Precursor.
É um profeta, um asceta. S. Bernardo chama-o patriarca, o mestre e o guia dos religiosos. Como os religiosos contemplativos, amou a solidão, a oração, a penitência; como os religiosos apostólicos, pregou a todas as classes da sociedade, reconduziu um grande número de pecadores, conduziu as almas a Jesus Cristo.
Imitemos a sua penitência e o seu zelo.

SEGUNDO PONTO: Foi mártir da pureza. – S. João Baptista amava ardentemente a virgindade. Viveu virgem. Não podia sofrer a visão da impureza. Atacava nos seus discursos todas as desordens de costumes, sem medo de ofender os grandes. Censurou mesmo a Herodes ter tomado por esposa a mulher do seu irmão ainda vivo. É esta firmeza apostólica e este amor da pureza que lhe atraíram a perseguição e lhe valeram o martírio. /689
Herodes e esta mulher que ele tinha desposado contrariamente às leis e à decência não lhe perdoavam as suas censuras. Foi nos excessos mesmos da sua vida sensual e desordenada que conjuraram contra a sua vida. Foi no meio das danças e dos festins que o mandaram matar.
Era ao mesmo tempo mártir ou testemunha da santa virtude de pureza, e reparador pelas orgias nas quais pronunciavam a sua condenação.
Era um anjo pela sua pureza. O evangelho e os profetas dão-lhe este belo título: «Enviarei o meu anjo diante do Messias», tinha dito o Senhor na profecia de Malaquias (3, 1).
Nosso Senhor mesmo faz a aplicação desta profecia: «Foi dele, diz, que o profeta disse: Enviarei um anjo diante de vós para vos preparar os caminhos» (Mt 11, 10).
S. João Baptista é, portanto, para nós um admirável modelo de pureza. Ensina-nos os meios de conservar as nossas almas puras. Estes meios são a oração, o afastamento do mundo e a mortificação.

TERCEIRO PONTO: A sua união com Jesus e Maria. – Ainda não nasceu quando Jesus e Maria vão visitá-lo na Judeia. Estremece no seio de sua mãe. É abençoado e santificado pela presença de Jesus e a visita de Maria.
É um amigo para Jesus, di-lo ele mesmo: «O amigo do esposo, diz, alegra-se quando escuta a voz do seu amigo, é por isso que hoje estou alegre» (Jo 3, 29). Quando Jesus menino volta do Egipto, visita o seu pequeno amigo passando na Judeia. Cada ano, nos dias de Páscoa, estão juntos em Jerusalém. Reencontram-se no Jordão. S. João conhece a missão do seu amigo e parente, proclama a sua missão: «Eis, diz, o Cordeiro de Deus, eis aquele que apaga os pecados do mundo».
Pregam um ao outro, mas S. João envia os seus discípulos a Cristo. Recebe as suas graças de Jesus e conduz as almas a Jesus.
Tal deve ser a nossa união com Jesus e Maria. Maria dar-nos-á Jesus. Sede amigos para Jesus pela vossa assiduidade, pelo vosso afecto, pela vossa confiança. Conduzamos-lhe as almas, não procuremos em nada reter a sua afeição por nós, admiremos nisto o desapego de S. João. Ide a Jesus, diz a todos, nada sou senão uma voz que prega no deserto, não sou digno de desatar os seus sapatos.

Resoluções. – A penitência e o amor da pureza são os prelúdios de uma união sempre maior com Jesus e Maria. Quero procurar esta união em cada uma das minhas acções. Quereria que a minha ternura por Jesus fosse parecida com a de S. João.

Colóquio com S. João Baptista.

 

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