3. O Coração de Jesus está vivo

O Coração de Jesus morreu em Sexta-feira Santa, quando o Senhor, dando um grande brado, “entregou o espírito” (Jo 19, 30). Mas sabemos que continua vivo, porque, “no primeiro dia da semana” (Jo 20, 1), o Senhor ressuscitou. Está, pois, vivo, não já segundo a carne, mas segundo o espírito.

Sendo assim, o Coração de Jesus não é passado. É presente. Ainda palpita de amor por mim, por nós; em mim, em nós: “Se alguém me tem amor, o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada.” (Jo 14, 18). Encontramo-lo na Palavra, na comunidade reunida em seu nome. Encontramo-lo, de modo muito especial, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Por isso é que o culto eucarístico é típico da devoção ao Coração de Jesus: missas, comunhões, adorações, procissões eucarísticas.

Mas o Coração de Jesus também vive no coração dos que acreditam n’Ele. Deus tinha prometido por Ezequiel: “Eu vos darei um coração novo e infundirei em vós um espírito novo; arrancarei do vosso peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.” (Ez 36, 36). Recebemos esse coração novo no dia do nosso batismo. É o Coração de Jesus em nós. Retirado o nosso coração de pedra, palpita em nós o Coração do Senhor. Por isso é que podemos ter em nós “os sentimentos que estavam em Cristo Jesus” (Fil 2, 5), principalmente o seu amor. Ter em nós os sentimentos de Jesus é ter em nós o seu coração. O verdadeiro amor ao próximo não nasce de nós. Vem-nos do Coração de Cristo que habita em nós. Amamos com o amor com que somos amados pelo Senhor. Amamos com o amor do Senhor. Por isso é que os devotos do Coração de Jesus têm o coração aberto aos mais fracos, aos que sofrem, e procuram remediar os males do mundo, que atormentam tantas pessoas. A devoção ao Coração de Jesus não nos fecha na igreja, diante do sacrário. Estando com o Senhor, contemplando o seu Coração, apercebermo-nos dos seus sentimentos; vendo o que Ele faz, e como faz, aprendemos a amar e a fazer o que Ele faz aos pequenos, aos pobres, aos infelizes. A Eucaristia é memorial de Cristo e de quanto Ele fez por nós. No fim de cada missa, de cada comunhão, de cada adoração eucarística, o Senhor pode dizer-nos o que disse ao escriba, a quem contou a parábola do Bom Samaritano: “Percebeste? Vai, e faz o mesmo!”. S. João comenta: “Nisto conhecemos o amor: Ele deu a vida por nós. Também nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1 Jo 3,16).

Fernando Fonseca, SCJ