A Congregação em África

Desde o tempo do Padre Dehon que a Congregação se empenha nas missões em África. As fundações mais antigas são a República Democrática do Congo e os Camarões.

Nelas trabalharam na primeira evangelização centenas de missionários. Vários levaram o seu testemunho de missão até ao sangue, dando a vida pelo nome de Cristo.

As fundações mais recentes são Angola e Chade. Nestes últimos anos operaram-se grandes transformações na presença Dehoniana em África. A aposta na formação de candidatos autóctones tem dado os seus frutos: as entidades Dehonianas de África deixaram de depender dos missionários externos para acudir aos diversos serviços pastorais; os cargos de governo começaram a ser desempenhados por africanos; encetaram-se também novas formas de participação na missão da Congregação, passando também a ser protagonistas da missão ad gentes. Antes, a África acolhia os missionárias da Europa, agora, em algumas situações, o movimento passou a ser inverso. No entanto, é ainda a Europa que continua a sustentar economicamente a missão em África, sobretudo no que se refere à formação dos candidatos e ao apoio de projetos sociais. Juventude e crescimento são as caraterísticas da presença Dehoniana em África. A colaboração, entre as entidades africanas, na formação dos candidatos, tem sido um fator muito positivo nestes últimos anos.

DehonianosAfrica

 

 

Província do Congo

 

Em 1897 chegaram ao Congo (Stanley-Falls, hoje Kisangani) os primeiros missionários enviados pelo Padre Dehon, liderados pelo Pe. Gabriel Grison, que em 1908 foi nomeado bispo de Kisangani. Os inícios desta missão foram muito penosos devido às imensas dificuldades de adaptação aos rigores do clima, às privações e a graves problemas de saúde. Muitos dos primeiros missionários sucumbiram ou voltaram à Europa. A missão confiada, então, à Congregação englobava um território vastíssimo que corresponde hoje a três dioceses. O Congo foi constituído Província a 1 de julho de 1964. Atualmente, a Província do Congo tem cerca de uma centena de religiosos. As vocações são numerosas e esse é o fruto do sangue derramado por alguns missionários Dehonianos, especialmente em 1964 (revolta dos Simbas). Nessa altura, foram assassinados 28 missionários, entre os quais o Pe. Bernardo Longo e o bispo de Wamba, D. José Wittebols, de quem se iniciou o processo de beatificação. Os Dehonianos estão bastante ativos em quatro dioceses (Kisangani, Kinshasa, Wamba, Butembo-Beni) onde possuem paróquias, casas de formação dos candidatos e estruturas ligadas às obras sociais (apoio a pessoas com deficiências física e mental e às “crianças de rua”).

 

 

Província dos Camarões

 

Em novembro de 1912 chegaram aos Camarões (Douala) os primeiros 6 missionários Dehonianos, enviados pelo Padre Dehon. Douala era um território imenso que agora está subdividido em 9 dioceses. Devido à I Guerra Mundial os missionários alemãs foram expulsos. Terminada a Guerra, em 1920, o Padre Dehon enviou novos missionários de origem francesa e luxemburguesa. Os missionários sofreram enormes canseiras apostólicas com verdadeiro heroísmo, mas conseguiram desenvolver um bom projeto missionário. Com o começo da II Guerra Mundial alguns missionários regressaram à Europa e a missão permaneceu em repouso forçado. Em 1946 abriu-se um novo caminho de esperança caraterizado pela colaboração com os leigos. As revoltas provocadas pelo independência, em 1961, dificultaram novamente o trabalho missionário e alguns Dehonianos morreram. Fundaram-se seminários e em 1979 começou a funcionar o noviciado com noviços dos Camarões e do Zaire. Os Camarões tornaram-se Província em 1995. A presença Dehoniana estende-se a diversas dioceses. A Província possui 12 Comunidades dispersas pelas zonas de Nkongsamba, Bafoussam, Yaoundé e Bamenda. Os Dehonianos são 102. De salientar, que quase metade do membros das Província, estão no escolasticado o que faz com que a média de idade dos religiosos seja bastante jovem: 37 anos. Nos Camarões trabalham ainda alguns missionários Dehonianos da Polónia, da Holanda, da Itália e da França.

O trabalho apostólico desenvolve-se essencialmente, na formação dos candidatos, nas 14 paróquias, com todas as dimensões pastorais que essa missão pode incluir.

A Província dos Camarões foi das que desde o início se envolveu no projeto da missão em Angola, onde agora trabalham, desde 11 de março de 2010, 2 missionários que fizeram a sua formação teológica em Portugal.

A Província dos Camarões retomou recentemente a presença no Chade, onde possui uma Comunidade na Diocese de Lai, próximo da fronteira entre os 2 países. Recorde-se que a presença Dehoniana no Chade teve início em 1935, na missão de Kélo. Em 1940 os Dehonianos abriram a missão de Moundou. A II Guerra Mundial obrigou a Congregação a abandonar o Chade e as missões foram entregues aos Capuchinhos. Em outubro de 2010 foi possível este regresso ao Chade, assumindo a missão de Baktchoro.

 

 

Província de Moçambique

 

A presença Dehoniana em Moçambique está entrelaçada com a história da Província da Itália do Norte e da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Em 1946 toda a região da Zambézia foi confiada, pela Santa Sé, à Província da Itália do Norte como território de missão. A 20 de março de 1947 os 4 primeiros missionários italianos chegaram à cidade da Beira. O centro da missão foi o Alto Molocuè. A 6 de outubro de 1954 foi criada a diocese de Quelimane e a Congregação assumiu, por essa altura, uma paróquia na cidade. Em 1972 começou a funcionar a Escola de Artes e Ofícios, no Guruè.

Além do trabalho de evangelização, era também necessário pensar no futuro, favorecendo o surgimento de vocações autóctones. Nasceram, assim, os seminários de Milevane (1960), de Namarrói (1971) e de Maputo (1971). Entretanto a situação política e social deteriorou-se gravemente e algumas congregações religiosos viram-se forçadas a abandonar o território. Em maio de 1971 os missionários Dehonianos decidiram permanecer em Moçambique, ao lado do povo. A 25 de junho de 1975 foi proclamada a independência de Moçambique. Seguiu-se um período de nacionalizações e a Congregação perdeu todos os seus edifícios e obras sociais. Veio, depois, a guerra civil, com perseguições, ocupação das instalações da missão, das igrejas, destruição dos seminários e escolas, raptos… Por fim, a 4 de outubro de 1992, foi assinado o acordo de paz. Aos poucos, os bens nacionalizados e as antigas missões foram devolvidos à Congregação e os missionários deram início a um período de reorganização e reestruturação de tudo aquilo que tinha sido feito ao longo de dezenas de anos e que a guerra destruíra em pouco anos. Em 1996 o governo de Moçambique restituiu a Escola de Artes e Ofícios do Guruè, em quase completo estado de degradação. Depois dos trabalhos de recuperação começou a funcionar com novos cursos e um novo nome: Centro Polivalente Leão Dehon.

Em 1998, Moçambique foi elevado a Província. A presença Dehoniana em Moçambique concentra-se em 8 comunidades religiosas. Os religiosos são 42, sendo 15 os missionários italianos. O Seminário Menor está sediado em Quelimane, o noviciado, em Milevane, e a Filosofia, na Matola. A Teologia é feita na comunidade internacional da África do Sul.

Foram vários os missionários portugueses que trabalharam em Moçambique. Uns regressaram a Portugal e outros viveram nas missões até ao fim dos seus dias.

Apesar das dificuldades de pessoal, a Província de Moçambique disponibilizou um dos seus membros para a missão Dehoniana em Angola.

Hoje, a colaboração de Portugal com Moçambique expressa-se particularmente através do voluntariado laical, em funcionamento há mais de uma dezena de anos.

 

 

Região de Madagáscar

 

A presença Dehoniana em Madagáscar remonta a 1975, com a chegada dos primeiros missionários da Província da Itália do Sul que se fixaram em Imerimandroso, na diocese de Ambatodrazaka, no norte do país. Em 1982 chegaram os missionários Dehonianos portugueses, que se fixaram no sul de Madagáscar. A 30 de junho de 2000 Madagáscar foi elevada a Região, apoiada economicamente pela Itália do Sul e por Portugal. As prioridades pastorais são a formação dos candidatos (existem 3 casas de formação), a evangelização (3 paróquias em importantes cidades e 4 Distritos missionários). A partir do ano 2000 a Região de Madagáscar apostou num novo campo de apostolado: o ensino universitário, criando o Ateneu de São José, em Antsirabé, que, atualmente tem mais de 2.500 alunos.

A Região de Madagáscar possui 63 religiosos dispersos pelas comunidades de 6 dioceses. Dois deles são bispos: um da Itália do Sul e outro de Portugal. Atualmente trabalham em Madagáscar 5 Dehonianos portugueses.

 

 

Província da África do Sul

 

Os Dehonianos estão presentes na África do Sul desde 1923. Os missionários alemãs começaram pela província de Aliwal-North que, em 1951, se tornou diocese, sendo o seu primeiro bispo um Dehoniano. Uma segunda frente de missão foi aberta pelos Dehonianos americanos na província de De Aar, que em 1967 foi elevada a diocese, confiada a D. Joseph de Palma, então Superior Geral da Congregação. As leis raciais (apartheid) tornaram a ação missionária muito difícil, mas a graça de Deus não faltou para fecundar a mesma com frutos copiosos. A chegada de novos missionários e a constante ajuda material permitiram a inauguração de hospitais e de escolas profissionais que se tornaram em autênticos centros de apostolado e conversação.  As duas regiões (Aliwal e De Aar) uniram-se numa só Província em 1995. A presença Dehoniana é ainda débil, mas ativa, nas paróquias, nas escolas e no apostolado social.

Na África do Sul está a funcionar o escolasticado internacional para os Dehonianos de África.

 

 

Distrito de Angola

 

Desde 2004 que um grupo internacional de Dehonianos está presente em Angola, após o longo período de guerra civil. A iniciativa é da Província Portuguesa que, apoiada pelo Capítulo Geral de 2003, congregou à sua volta as Províncias da Itália do Norte, Moçambique, Camarões e Brasil.

Estão em Angola 12 religiosos Dehonianos, distribuídos pelas Comunidades de Viana, Luena e Luau. O apostolado desenvolve-se em torno das paróquias (onde estão sediadas as Comunidades) e da formação dos candidatos à vida consagrada Dehoniana, apoiada na pastoral vocacional.

Até 2012 foi a Província Portuguesa a coordenar a Missão em Angola. A 8 de dezembro de 2012 Angola passou a Distrito dependente do Governo Geral.

Desde o início da presença Dehoniana em Angola a formação dos candidatos foi uma prioridade. Por isso, neste momento, há já 4 religiosos de votos temporários. Um deles já fez a Profissão Perpétua e em breve será ordenado presbítero. O curso de Filosofia é feito em Luanda; o Noviciado faz-se em Milevane,  em colaboração com Moçambique; e a formação teológica e Dehoniana é feita na Comunidade internacional na África do Sul.