Assim vai a missão no Equador

Ainda não passou uma semana desde a minha chegada. Estas são, necessariamente, as primeiras impressões, ainda sem grande conhecimento da realidade. Mas o que vivi até agora foi muito bom.

A viagem foi longa, muito longa, mas correu muito bem. Cheguei a Quito na sexta-feira, 23, ao fim da tarde aqui, quase meia-noite em Portugal. Quito é um enorme vale montanhoso, que se estende por 30 km. A nossa missão fica na parte norte, a cerca de 3000 metros de altitude. Por falar em altitude, essa tem sido a maior dificuldade na adaptação. Nos primeiros dois dias tive fortes dores de cabeça e dificuldades em respirar; agora é só a dificuldade em respirar que ainda atrapalha um bocado.

A casa da comunidade partilha o espaço com o complexo paroquial da Paróquia de Santo António Maria Claret, a paróquia que está confiada aos nossos cuidados pastorais. A paróquia estende-se por uma área considerável da encosta norte e tem oito lugares de culto. Andar a pé por aqui é quase missão impossível, que os caminhos têm declives muito acentuados e os tais problemas de altitude não ajudam muito. O que vale é que há imensos autocarros que nos levam a todo lado, mesmo que não sejam dos mais modernos e deixem atrás de si um impressionante rasto de fumo.

A comunidade religiosa acolheu-me muito bem. Conhecia todos os confrades – benditos encontros ibéricos! A comunidade vive empenhada em diversas missões: o trabalho de pastoral paroquial, diversas iniciativas de pastoral social, e a formação – estão cá dois jovens religiosos e dois postulantes. O ritmo de vida não é para meninos: o despertar acontece às 5h da manhã durante a semana e às 7h ao sábado. E a sineta toca bem alto e durante bastante tempo! E não é que nos deitemos muito mais cedo que aí, pois o jantar é às 19.30h durante a semana e às 20h ao sábado e domingo.

Cheguei e comecei logo a trabalhar, como convinha. No fim-de-semana fui concelebrar a três capelas diferentes, começando a ter logo uma pequena ideia do território paroquial. As pessoas são muito acolhedoras e afáveis, tratam-nos com muito carinho. A igreja e as capelas são, em geral, de construção modesta, mas muito dignas e asseadas. As celebrações não reúnem multidões, mas são bem vividas, participadas e animadas. Há em todas as assembleias uma grande mistura de idades, destacando-se em algumas significativa presença de crianças e jovens. Durante a semana também há missas um pouco por todo o lado, mas eu tenho celebrado com a comunidade.

O meu trabalho de estudo também vai avançando. Continuo a fazer as necessárias leituras e pesquisa bibliográfica, a que junto o trabalho de acompanhamento dos beneficiários do microcrédito. Já conheço muitos! Tenho falado com alguns pessoalmente e já participei em reuniões de dois grupos e nos trabalhos comunitários que eles vão desenvolvendo. Acho que as coisas vão correr bem. Claro que vou mantendo contacto com o Instituto Católico de Paris e a minha orientadora do trabalho, via mail.

O tempo não é o calor que se apregoa. Não está frio de arreganhar, mas só de vez em quando é possível andar de manga curta. Chove todos os dias e às vezes troveja. Infelizmente, algumas partes do país estão a sofrer por causa de enormes cheias, incluindo a região da outra nossa missão. Para nós, o acolhimento caloroso das pessoas e as magníficas paisagens que temos diante dos olhos compensam tudo.

Tentarei continuar a enviar notícias. Santa Páscoa para todos.

José Agostinho F. Sousa, scj

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