Áustria: P. WAMPACH e P. STOFFELS – Vítimas do terror nazista

"Estou nas mãos de Deus. Um sacerdote católico deve sempre sentir orgulho em poder carregar a cruz do seu mestre. O meu consolo está na oração e na união com Deus e no teu amor por mim" (carta do P. Stoffels, do campo de concentração de Dachau à sua irmã).

O P. Joseph Benedikt Stoffels (*13.01.1885, em Itzig, Luxemburgo) e o P. Nicolas Antonius Wampach (*03.11.1919, em Bilsdorf, Luxembugo), ambos dehonianos, trabalhavam na missão luxemburguesa em Paris, sediada na Igreja de São José Operário. O P. Stoffels pode ser considerado o fundador desta missão, de modo que, em 1838, ele recebe a ajuda do P. Wampach.
O P. Bothe escreve a respeito deles:
“Em 1940 quando os alemães invadiram o Luxemburgo e muita gente fugia para Paris, os padres dehonianos passaram a prestar amparo a este prófugos e ajudaram muitos a voltar para o Luxemburgo. Um jornal da época escreve: trata-se de um trabalho meramente caritativo. A Gestapo viu nisso uma rede de espionagem. Depois de muitos interrogatórios, os dois padres foram presos a 7 de Março de 1941 e foram primeiro mandados para o campo de concentração de Buchenwald, e depois para Dachau".
Oficialmente morreram de doenças: bronquite, angina… As cinzas do P. Stoffels foram mandadas aos seus parentes. Nestes casos, os funerais deviam ser feitos sob a vigilância da Gestapo, sem a participação da comunidade paroquial, quase clandestinamente. Isto foi a 31 de Agosto de 1942.
“Somente 40 anos após soube-se que os dois padres tinham sido levados para o castelo de Hartheim, na Áustria, junto com outros dois padres luxemburgueses. O castelo fica perto de Linz, a 260 km de Dachau. Dispunha de uma câmara de gás para diversas experiências. As vítimas eram convidadas a desnudarem-se, depois levadas para debaixo de um duche e morriam com o gás que saía dos mesmos duches” (Bothe, 21).
O castelo de Hartheim integrava o programa nazista de eutanásia. Ali, doentes e deficientes foram submetidos às mais diversas e cruéis experiências antes de morrer asfixiados pelo gás. P. Stoffels, que sofria do pulmão, foi transferido como inválido para Hartheim. Mais tarde as câmaras serviram para experimentar os diferentes gases asfixiantes. Isto figura também numa carta do doutor Rascher a Himler na qual ele fala de Dachau e Hartheim (1942):
“Uma vez que o transporte de inválidos acaba sempre nas câmaras, pergunto se nestas câmaras não se poderia testar, com as pessoas ali levadas, o efeito dos diferentes gases asfixiantes. Até agora a documentação só fala de experiência com animais e dos incidentes havidos durante a produção destes gases”.
O P. Stofels foi assassinado numa das câmaras de gás em 25.05.1942 e o P. Wampach a 12.08.1942.
Na Igreja de S. José Operário, a cargo dos dehonianos até 1990, um monumento lembra os mártires:
“Em memória eterna….. Aqueles que sofreram e morreram pela fé, pela pátria, pela justiça e pela liberdade jamais serão esquecidos”.

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