Deus, o extravagante designer

Organizado pela Pastoral Universitária Dehoniana, aconteceu no dia 21 de março, no Centro Dehoniano, com eucaristia, jantar partilhado e Conferência.

Pretendia-se refletir sobre a espiritualidade em diálogo com o design e a arquitetura. Os nossos convidados foram Artur Branco, designer do Covet Group – Boca do Lobo e Nuno Valentim, conceituado arquiteto da cidade do Porto, com trabalhos premiados como é o caso da reabilitação do Centro Dehoniano, do Palácio da Bolsa do Porto e da Sede da Conferência Episcopal Portuguesa. Foi moderadora a Maria Campello, jovem universitária da paróquia de Nossa Senhora da Boavista – Foco.

“A graça passou pelo atelier. Ela passa ainda pelas mãos; a fé sempre implica obras. […] Somos os primeiros homens a descobrir que nós temos mãos, e que estas mãos são extraordinárias. E nós somos os primeiros cristãos a poder adorar Cristo como um tékton” (técnico/carpinteiro)”. Foi com esta afirmação de Fabrice Hadjadj que demos início a mais uma noite 4×4. Artur Branco reiterou: no design, estamos a redescobrir as antigas artes manuais.

Tentamos mostrar que Deus se esconde nas pregas desta busca de solução de problemas na arte de redesenhar materiais e o meio envolvente. O desafio proposto à arte, é sempre superado na razão de 80% de transpiração e 20% de inspiração. Dentro deste processo, a cruz é, mais do que sinal de escândalo; é um “sinal +”, pelo que, ainda hoje, arte e fé são mundos comunicantes. Naturalmente que o que distingue o design da arquitetura é, sobretudo, a escala (uma é micro outra macro) com que nos debruçamos sobre o real mas, para o Nuno Valentim, o segredo está na relação entre antigo – o dado, a tradição – e o novo – a inovação, a técnica. Essa é a ténue linha que separa o “dictador” de um “autor”. Artur Branco mostrou-nos que, no processo criativo, a perfeição é um diálogo constante com a imperfeição, e um designer é, muitas das vezes, um que soluciona os problemas que surgem.

Erich Auerback lê a frase de Jesus “’Vou preparar-vos um lugar’ como tendo o seguinte significado: vou habituar o Pai (a Divindade) ao humano, com todo o seu peso, com toda a sua laceração e incompletude. Com toda a sua tormentosa e trágica graça”. Assim, à pergunta de, se eventualmente chegássemos ao céu e encontrássemos o Pai Eterno sentado numa cadeira assinada pela “Boca do Lobo”, ficaríamos perplexos… com a maior das naturalidades, se respondeu: “Não. De todo!”

plugins premium WordPress