Deus, o extravagante designer

No dia 21 de março, às 21h30 no Centro Dehoniano, à Av. Boavista 2423, no Porto, a Pastoral Universitária Dehoniana pretende fazer pontes entre a Espiritualidade e a Estética, sobretudo na manifestação concreta da arquitetura e do design.

Os protagonistas serão o Arquiteto Nuno Valentim, autor do projeto “Centro Dehoniano”, e Artur Branco, designer da “Boca do Lobo”.
Marcuse, na reta final da sua vida, deixou como testamento a seguinte preocupação: “as jovens gerações devem perceber que é necessário recuperar rapidamente os valores estéticos. Não devem recusar-se ao amor e à visão poética e lírica do mundo, isto em nome da violência abstrata e feroz, para que não cheguem ao ponto de qualificar a arte, a cultura e o espírito como coisas reacionárias”. Aceitando o repto, o desafio é deixar-se imprimir, antes mesmo de reagir, pelas formas e contrastes que são a matéria e a linguagem dos artistas.

Serve-nos também a oportunidade para pensarmos a relação da estética com a religião, que, no dizer de Umberto Galimberti, foi esquecida pelos homens da religião, quando, sobretudo, na arquitetura, sacrificam a arte ao deus da funcionalidade… esquecendo-se que o sagrado nunca falou a língua dos homens e que a fé não é só razão, mas é também e, sobretudo, mobilização dos afetos e dos sentimentos.

É certo que o Senhor diz “Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas.” (Ex 20,4), mas, quem sabe, na própria insatisfação do artista, que, depois da obra acabada lhe apetece destruir, temos um sinal evocador do cruciforme, ou seja, que na sua exposição à irrisão e ao escárnio, continua a ser sempre um apelo à destruição dos ídolos a que nos aferramos!

Queremos dar a conhecer o processo criativo, mas tormentoso, do artista que nem sabe bem se a arte é aprendizagem e/ou intuição… e que acontecerá quase sempre como algo dado, gratuito, naquele “ângulo morto”, quando as coisas se cansam da fazer resistência, por um átimo que seja, oferecendo-se como um paradoxo presente no próprio visível, quando o eterno se suja com o que aquele tem mais à mão…

Pastoral Universitária

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