Liturgia

4 de Fevereiro, 2025

S. João de Brito, Presbítero e Mártir

S. João de Brito, Presbítero e Mártir


4 de Fevereiro, 2025

João de Brito nasceu em Lisboa, a 1 de Março de 1647. Ainda criança, perdeu o pai, que fora mandado governar o Brasil por D. João IV, e lá faleceu. Aos 16 anos, João entrou no Noviciado da Companhia de Jesus em Lisboa. Foi ordenado sacerdote em 1673. Anelando conquistar almas para Jesus Cristo e sacrificar-se a exemplo de S. Francisco Xavier, partiu, pouco depois, para a Índias, onde trabalhou com ardor na missão do Maduré. A 4 de Fevereiro de 1693, sofreu o martírio, por decapitação, em Urgur. Foi canonizado em 1947.

Lectio

Primeira leitura: da féria (ou tempo Comum)

Evangelho: Marcos 6, 7-17

Naquele tempo, Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar. 7Chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos malignos. 8Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto;9que fossem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas. 10E disse-lhes também: «Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. 11E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.» 12Eles partiram e pregavam o arrependimento, 13expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos. 4O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o seu nome se tornara célebre; e dizia-se: «Este é João Baptista, que ressuscitou de entre os mortos e, por isso, manifesta-se nele o poder de fazer milagres»;15outros diziam: «É Elias»; outros afirmavam: «É um profeta como um dos outros profetas.»16Mas Herodes, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou.» 17Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara.

Marcos apresenta-nos uma das facetas essenciais da eclesiologia do Novo Testamento: a proclamação do Reino não é feita ao acaso; há uma "instituição" que põe em movimento e planifica o anúncio da Boa Nova.
Pregar o Reino implica ser enviado por Jesus. Da pregação faz parte um conteúdo intelectual, mas também uma dimensão prática. Por isso, Jesus deu aos Doze "poder sobre os espíritos impuros" (v. 7). Estes "espíritos impuros" ou "alienações" são tudo o que ameaça exteriormente o homem, não o deixando realizar-se como ser humano. A Boa Nova não é apenas uma determinada interpretação do mundo e da história, mas uma indicação de transformação desse mundo e dessa história, uma dinâmica desalienante.
Os discípulos são enviados "dois a dois": o anúncio faz-se sempre de forma comunitária. Os discípulos não podem levar consigo senão o estritamente necessário: nada de exageros, nem de triunfalismos. Mas, mais que a pobreza dos missionários, o nosso texto acentua a pobreza da missão: o missionário é enviado por Aquele que é o único responsável pelo êxito da missão. No cumprimento da missão, o apóstolo há-de estar pronto a dar própria vida. João de Brito deu-a como supremo testemunho da Verdade que anunciava.

Meditatio

Marcos, ao falar da escolha dos Doze, diz que Jesus os chamou "para estarem com ele" e para "os enviar". Não se trata de contradição, mas de complementaridade: chamou-os para estarem em intimidade com Ele e serem enviados a propagar a sua mensagem.
S. João de Brito viveu este mistério. Educado piedosamente pela sua mãe, desde muito novo sonhou com o sacrifício e a imolação de si mesmo a Deus, por amor. A coerência e o fervor com que vivia a sua fé provocavam a mofa de alguns dos seus colegas pajens da corte. Por isso, bem cedo, começou a ser apelidado de mártir. Tendo entrado na Companhia de Jesus, em breve se distinguiu pela sua piedade e observância religiosa. A sua vida eucarística, a sua devoção a Nossa Senhora eram notáveis. Nesta vida de intimidade com Deus, sonhou partir para a Índia, e imitar o zelo de S. Francisco Xavier no anúncio da Boa Nova. E foi enviado pelos seus superiores com mais 17 missionários, em Março de 1673. Foi destinado à missão do Maduré, uma das mais difíceis por causa do clima ardente, das viagens longas pelas areias, pelos pântanos, pelas florestas. Mas havia dificuldades ainda maiores por causa da condição dos hindus e pelas suas ideias a respeito dos europeus. Tinham-nos como párias por verem que tratavam com estes "fora de castas". Por isso, não lhes consentiam que morassem nas suas aldeias. Mas a caridade inspirou aos missionários o modo de vencer tais dificuldades: adotaram os trajes, os costumes e o modo de viver dos brâmanes saniássis, espécie de religiosos letrados. Assim puderam prosseguir o seu apostolado. Em 1686, João de Brito esteve a ponto de perder a vida para socorrer os cristãos do Maravá sobre os quais se desencadeara tremenda tempestade. Saiu-lhe ao encontro o comandante das tropas do maravá que o prendeu com um grupo de catequistas e os mandou açoitar a todos, pretendendo que invocassem o deus Xivá. Resistiram, passando por muitos tormentos físicos e psicológicos. Dezoito dias depois, o rei condenava o padre à morte: seria espetado, depois de lhe cortarem os pés e as mãos. Seguiram-se novas tribulações, até que o rei, ouvindo João de Brito expor-lhe a doutrina cristã, ficou tão admirado com ela que acabou por declarar que os cristãos são justos e santos. Pouco depois, o P. João de Brito foi chamado à Europa pelo Provincial. Assim, a 8 de Setembro de 1688, chegou a Lisboa, sendo recebido por todos com grande admiração e com a benevolência do rei D. Pedro II, a quem expôs os seus trabalhos. Depois de percorrer os colégios da Companhia, João de Brito regressou à Índia, apesar das súplicas que muitos lhe fizeram para que não voltasse. O seu trabalho missionário produziu tais frutos, que se levantou contra ele nova perseguição, que acabou por levá-lo ao martírio, a 4 de Fevereiro de 1693. Na véspera da sua morte, o santo escrevia do cárcere: "Agora espero padecer a morte por meu Deus e meu Senhor... A culpa de que me acusam vem a ser que ensino a Lei de Deus Nosso Senhor... Quando a culpa é virtude, o padecer é glória". João de Brito continuava, na missão, a vida de intimidade com Deus, iniciada na sua infância e juventude. Se queremos relacionar-nos positivamente com os outros, se queremos ser missionários, precisamos de uma relação íntima, profunda e amorosa com Deus. Sem ela, a nossa vida não é verdadeira, a nossa entrega é vazia. Mas também não podemos viver a intimidade com Ele, fechando-nos aos outros. O egoísmo não conduz à adesão ao Senhor, à comunhão com Ele. Para ser vida de amor, a vida do cristão, particularmente a vida do dehoniano, deve ter o mesmo dinamismo que a de Cristo: ser um movimento de amor para Deus e para os irmãos.

Oratio

Senhor, que fortalecestes com invencível constância o mártir São João de Brito para pregar a fé entre os povos da Índia, concedei-nos, por seus méritos e intercessão, que, celebrando a memória do seu triunfo, imitemos os exemplos da sua fé. Por Cristo, nosso Senhor. Ámen. (Coleta da missa).

Contemplatio

Nosso Senhor não responde (a Herodes). O momento é grave. Cumpre o seu sacrifício para a redenção do mundo. Não tem tempo para dar às questões frívolas e curiosas de Herodes. Aqui está para nós uma grande lição de vida interior, de gravidade, de dignidade. Nosso Senhor vive unido ao seu Pai, e não condescende em conversar com os homens a não ser que algum motivo de caridade ou de justiça o exija. O silêncio tem as suas preferências. Assim devia ser também para nós. É o que diz S. Paulo aos Filipenses: «Que a vossa modéstia seja manifesta a todos os homens!». A modéstia é aqui a moderação nas palavras e nas ações. "Guardai a calma, acrescenta S. Paulo, ocupai o vosso coração a louvar a Deus, a dar-lhe graças, a rezar. Se for preciso conversar com os homens, que seja sobre temas de edificação, de piedade ou de necessidade" (Fil 4,5)... Paulo recomendava a todos os seus discípulos esta modéstia de Cristo: «Revesti-vos, diz aos Colossenses, da doçura, da modéstia, da paciência de Jesus Cristo» (Col 3,12). A paciência infinita do bom Mestre manifesta-se também com brilho em casa de Herodes. O príncipe e a sua corte tratam Jesus como um louco. Zombam dele, insultam-no. Não lhe batem como os criados do Templo, mas gozam dele. É uma outra prova, não menos cruel para o Filho de Deus. (L. Dehon, OSP 3, p. 325s.).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
"Quando a culpa é virtude, o padecer é glória." (S. João de Brito)

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S. João de Brito, Presbítero e Mártir (04 Fevereiro)

Tempo Comum - Anos Ímpares - IV Semana - Terça-feira

Tempo Comum - Anos Ímpares - IV Semana - Terça-feira

4 de Fevereiro, 2025

Tempo Comum - Anos Ímpares - IV Semana - Terça-feira

Lectio

Primeira leitura: Hebreus 12, 1-4

Irmãos: Estando também nós, circundados como estamos de tal nuvem de testemunhas, deixando de lado todo o impedimento e todo o pecado, corramos com perseverança a prova que nos é proposta, 2tendo os olhos postos em Jesus, autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que lhe fora proposta, sofreu a cruz, desprezando a ignomínia, e sentou-se à direita do trono de Deus. 3Considerai, pois, aquele que sofreu tal oposição por parte dos pecadores, para que não desfaleçais, perdendo o ânimo. 4Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado.

O convite à perseverança na fé não é feito a partir de conceitos abstractos, mas de modelos. A «nuvem» de testemunhos apresentada pelo autor ajuda, conforta, sustenta. Encoraja, sobretudo, o exemplo de Jesus, modelo supremo, «autor e guia da fé» (v. 2) e seu «consumador». Ele precede-nos na «prova» para Deus que, como uma qualquer corrida desportiva, deve ser realizada nas devidas condições. Há que dispensar tudo quanto dificulte essa corrida, sobretudo o pecado, e ter bem fixos os olhos na meta. Uma vez que Jesus é a meta, o caminho e Aquele que nos precede, há que considerar atentamente o seu percurso e seguir-Lhe os passos. Ele atravessou a humilhação e o sofrimento, a submissão ao ódio e à maldade para lhes suportar o peso com amor redentor. Esse foi o itineráro que percorreu para chegar à alegria e à glória, à direita do Pai (v. 2b). Quem O segue, jamais deve afastar d´Ele os olhos para ter força e perseverar numa fidelidade radical.

Evangelho: Mc 5, 21-43

Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado, no barco, para a outra margem, reuniu-se uma grande multidão junto dele, que continuava à beira-mar. 22Chegou, então, um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, prostrou-se a seus pés 23e suplicou instantemente: «A minha filha está a morrer; vem impor-lhe as mãos para que se salve e viva.» 24Jesus partiu com ele, seguido por numerosa multidão, que o apertava. 25Certa mulher, vítima de um fluxo de sangue havia doze anos, 26que sofrera muito nas mãos de muitos médicos e gastara todos os seus bens sem encontrar nenhum alívio, antes piorava cada vez mais, 27tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-lhe, por detrás, nas vestes, 28pois dizia: «Se ao menos tocar nem que seja as suas vestes, ficarei curada.» 29De facto, no mesmo instante se estancou o fluxo de sangue, e sentiu no corpo que estava curada do seu mal. 30Imediatamente Jesus, sentindo que saíra dele uma força, voltou-se para a multidão e perguntou: «Quem tocou as minhas vestes?» 31Os discípulos responderam: «Vês que a multidão te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: 'Quem me tocou?'» 32Mas Ele continuava a olhar em volta, para ver aquela que tinha feito isso. 33Então, a mulher, cheia de medo e a tremer, sabendo o que lhe tinha acontecido, foi prostrar-se diante dele e disse toda a verdade. 34Disse-lhe Ele: «Filha, a tua fé salvou-te; vai em paz e sê curada do teu mal.» 35Ainda Ele estava a falar, quando, da casa do chefe da sinagoga, vieram dizer: «A tua filha morreu; de que serve agora incomodares o Mestre?» 36Mas Jesus, que surpreendera as palavras proferidas, disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas receio; crê somente.» 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38Ao chegar a casa do chefe da sinagoga, encontrou grande alvoroço e gente a chorar e a gritar. 39Entrando, disse-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu, está a dormir.» 40Mas faziam troça dele. Jesus pôs fora aquela gente e, levando consigo apenas o pai, a mãe da menina e os que vinham com Ele, entrou onde ela jazia. 41Tomando-lhe a mão, disse: «Talitha qûm!», isto é, «Menina, sou Eu que te digo: levanta-te!» 42E logo a menina se ergueu e começou a andar, pois tinha doze anos. Todos ficaram assombrados. 43Recomendou-lhes vivamente que ninguém soubesse do sucedido e mandou dar de comer à menina.

Marcos apresenta-nos, hoje, dois gestos decisivos de Jesus contra a morte: a cura da mulher que sofria de um fluxo de sangue e a cura da filha de Jairo. A perda de sangue era, para a mulher hebreia, uma frustração vital, porque, não poder ter descendência, equivalia à morte prematura (cf. Gn 30, 1). A filha de Jairo estava mesmo morta e teve que ser «ressuscitada». Jesus livra ambas da morte mostrando que é o verdadeiro Messias, porque a sua palavra suscita vida.
Os dois episódios estão entrelaçados um no outro, revelando pontos de contacto e diferenças. No caso da filha de Jairo, a súplica do pai recebe uma resposta pronta de Jesus, que imediatamente se dirige para sua casa. Mas a caminhada é abruptamente interrompida com a intervenção da mulher que sofria do fluxo de sangue. Contrasta o comportamento de Jairo, homem influente, e o da mulher que sofria de um fluxo de sangue, que se aproxima furtivamente de Jesus. Mas ambos têm a mesma confiança em Jesus e obtêm uma resposta pronta. A mulher, primeiro é secretamente curada da sua doença física; depois é curada da sua timidez, dos seus complexos: ganha coragem, fala com Jesus, estabelece uma relação com Ele. Foi curada e foi salva.
No caso da menina, Jesus tem uma reacção diferente: enquanto tinha incitado a mulher, que se apresentara em segredo, a mostrar-se diante de todos, aqui ordena a Jairo, que fizera publicamente o seu pedido, que não divulgasse o milagre.

Meditatio

O autor da Carta aos Hebreus recorre, hoje, a uma imagem desportiva para descrever a nossa situação. Estamos no estádio, disputamos uma grande corrida e somos observados por muitos espectadores, os santos, os que já atingiram a meta e nos olham do Paraíso. O autor exorta-nos a correr «tendo os olhos postos em Jesus, autor e consumador da fé» (v. 2). É a atitude fundamental de quem quer vencer: ter os olhos fixos em Jesus. Quando pensamos no exemplo dos santos, dos mártires, e sobretudo de Jesus na sua paixão, morte e ressurreição, todas as dificuldades nos parecem pouca coisa. «Considerai aquele que sofreu tal oposição por parte dos pecadores» (v. 3), recomenda o autor.
A nossa fé é sempre frágil, fechada nos limites estreitos do nosso medo em enfrentar situações que nos ultrapassam. Precisamos de entrar em contacto com o «autor» e «consumador» da nossa fé. O primeiro modo de entrar em contacto com Jesus é ter os olhos fixos n´Ele. Mas á um segundo modo, que consiste em falar-Lhe, pedir-Lhe que intervenha nas nossas dificuldades, que manifeste o seu poder nas nossas enfermidades, como fez Jairo. Diz-nos o evangelho que «se prostrou a seus pés e suplicou instantemente: «A minha filha está a morrer; vem impor-lhe as mãos para que se salve e viva» (vv. 22b-23). Outro modo é o usado pela mulher doente. Tem vergonha de falar da sua doença, mas quer ser curada por Jesus. Por isso, vai por detrás d&
acute;Ele, procurando um contacto discreto: «Se ao menos tocar nem que seja as suas vestes, ficarei curada» (v. 28). Jesus aproveita para sublinhar que não é o simples contacto que salva, mas a fé: «Quem tocou as minhas vestes?»(v. 31), perguntou. E, quando a mulher confessou o seu gesto, Jesus pronunciou a palavra iluminadora: «Filha, a tua fé salvou-te» (v. 34). Não basta tocar em Jesus; é preciso tocar-Lhe com fé. Não basta receber a Eucaristia; é preciso recebê-la com fé.
É assm que as leituras de hoje nos revelam quanto é importante, e necessáro, o contacto com Jesus, na fé.

Oratio

Senhor Jesus, de olhos fixos em Ti, ousamos partir para a prova que está diante de nós. Ajuda-nos a perseverar! Livra-nos da mentalidade deste mundo, que nos levaria a pedir perspectivas seguras e recompensas sedutoras. Liberta-nos dos laços multiformes do pecado, que quer reter-nos. Conduz-nos para fora de nós, tomando-nos pela mão, porque hesitamos seguir os teus passos pelo caminho da humilhação e do sofrimento. Tu, que és o autor e o consumador da fé, dá-nos a força do Espírito para chegarmos à meta ultrapassando o obstáculo recorrente da nossa incredulidade. Tu, que estás agora sentado à direita do Pai, ajuda-nos a acolher cada situação como ocasião propícia para crescimento na fé. Esperando em Ti, jamais seremos confundidos, porque és o Salvador do homem, o Senhor da vida. Amen.

Contemplatio

A cruz pelos pecadores. - Cedo Margarida Maria tinha dito: «Ó meu caro Salvador, como seria feliz se imprimísseis em mim a vossa imagem sofredora!» Nosso Senhor aceitou a sua oferta, serviu-se dela sem cessar como de uma vítima para os interesses do seu Coração, e ela entregou-se sem reservas a esta imolação com um santo entusiasmo.Alguns anos depois da sua entrada no convento, durante a sua acção de graças depois da comunhão, Nosso Senhor perguntou-lhe interiormente se ela aceitaria sofrer todas as penas merecidas pelos pecadores, para que ele fosse glorificado por todas estas almas. «Ofereci-me imediatamente, diz; mesmo se as minhas penas devessem durar até ao dia do juízo, desde que ele fosse glorificado, estaria contente». Como as provações não vinham tão depressa de acordo com os seus desejos, logo exclamou: «O quê, meu Deus, deixar-me-eis viver sempre sem sofrer?» O divino Mestre mostrou-lhe uma grande cruz da qual ela não podia ver o fim e coberta de flores, e disse-lhe: «Lá te farei consumar as delícias do puro amor. Pouco a pouco, estas flores cairão, não te restarão senão os espinhos que estas flores escondem agora por causa da tua fraqueza; sentirás vivamente a sua picadela, mas a força do meu amor ajudar-te-á a suportá-la». Admirável providência do Sagrado Coração, que não deixa sentir os espinhos da reparação senão às almas preparadas pelo seu amor! (Leão Dehon, OSP 4, p. 372).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Filha, a tua fé salvou-te» (Mc 5, 34).