Liturgia

16 de Outubro, 2021

S. Margarida Maria Alacoque, Virgem

S. Margarida Maria Alacoque, Virgem


16 de Outubro, 2021

Santa Margaria Maria Alacoque nasceu em Autún, França, no ano de 1647. Entrou no mosteiro da Visitação, em Paray-le-Monial, quando tinha 27 anos de idade. Na capela desse mosteiro teve revelações do Sagrado Coração de Jesus, recebendo a missão de divulgar a devoção ao mesmo Sagrado Coração, com o apoio e a ajuda de S. Cláudio de La Colombière. Faleceu em 1690, sendo canonizada por Bento XV, em 1920. S. Margarida Maria é um dos padroeiros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos.

Lectio

Primeira leitura: Efésios 3, 14-19

Irmãos: Eu eu dobro os joelhos diante do Pai, 15do qual recebe o nome toda a família, nos céus e na terra: 16que Ele vos conceda, de acordo com a riqueza da sua glória, que sejais cheios de força, pelo seu Espírito, para que se robusteça em vós o homem interior; 17que Cristo, pela fé, habite nos vossos corações; que estejais enraizados e alicerçados no amor, 18para terdes a capacidade de apreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura e a profundidade... 19a capacidade de conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento, para que sejais repletos, até receberdes toda a plenitude de Deus.

Paulo, prisioneiro de Cristo, reafirmara a transcendência e a gratuidade do seu ministério: "A mim, o menor de todos os santos, foi dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo" (v. 8). Essa gratuidade é visível, não só na sua tardia integração na Igreja, mas sobretudo no fato de este "mistério estar escondido desde séculos em Deus, o criador de todas as coisas" (Ef 3, 9). É algo de transcendente, cuja realidade não se pode verificar apenas através de uma simples investigação racional ou científica, pois se trata de amor por parte de Cristo, um amor gratuito, um amor "ultrapassa todo o conhecimento" (v. 19). A meta de tudo isto é que os cristãos fiquem "repletos, até receberdes toda a plenitude de Deus" (v. 19). Margarida Maria fez experiência desse amor de Cristo, ao contemplar o seu Coração trespassado. E tornou-se apóstola desse amor.

Evangelho: da féria ou do Comum

Meditatio

Santa Margarida Maria escreve no caderno de um dos seus retiros: «Em tudo o que fizer, entrarei no Sagrado Coração de Jesus para aí colher as suas intenções, me unir a ele e pedir a sua ajuda. Depois de cada ação, oferecê-la-ei a este divino Coração para reparar tudo o que aí encontrar de defeituoso, sobretudo nas minhas orações. Quando cometer faltas, depois de as ter punido em mim pela penitência, oferecerei ao Pai Eterno uma das virtudes deste divino Coração para pagar o ultraje que lhe tiver feito. À noite, colocarei neste Coração adorável tudo o que tiver feito durante o dia, a fim de que purifique o que houver de impuro e de imperfeito nas minhas ações, para as tornar dignas de lhe serem apropriadas e de as introduzir no seu divino Coração, deixando-lhe o cuidado de dispor de tudo segundo o seu desejo, não me reservando senão o de o amar e de o contentar». Eis o programa de uma união completa e de toda a jornada. As ações são oferecidas ao Coração de Jesus como tantos atos de amor e de reparação. São-lhe ainda apresentadas depois da sua realização para que as purifique.
Num outro retiro, escrevia esta resolução: «Esforçar-me-ei, Senhor, por vos submeter tudo o que está em mim, e de fazer o que julgar mais perfeito, mais glorioso para o vosso Sagrado Coração ao qual prometo nada poupar de tudo o que estiver no meu poder, e de nada recusar fazer ou sofrer para o dar a conhecer, amar e glorificar».
Aliás, sobre o desejo expresso pelo próprio Nosso Senhor, ela já tinha feito, em favor do Sagrado Coração, um testamento ou doação total, sem reserva, e isto por escrito, assinado com o seu sangue, de tudo o que ela pudesse fazer ou sofrer, doação à qual Nosso Senhor respondeu com o dom do seu próprio Coração, expresso por estas palavras: «Constituo-te herdeira do meu Coração e de todos os seus tesouros, para o tempo e para a eternidade, permitindo-te usar deles segundo os teus desejos». Que doação admirável! Como Nosso Senhor responde generosamente ao que se faz por Ele! É bem o que Ele prometeu em S. João (14, 23): «Se alguém me ama, meu Pai amá-lo-á e eu também o amarei e me manifestarei a ele».
As palavras de Nosso Senhor a Margarida Maria mostram-nos também como a intercessão desta fiel discípula do Sagrado Coração é poderosa para o tempo e para a eternidade...
Margarida Maria morreu prematuramente vítima do Sagrado Coração. Era necessário, de facto, que ela deixasse a terra para que se pudesse falar das suas revelações. Nada anunciava a proximidade da sua morte. No entanto, no começo do ano de 1690, ela dizia: «Morrerei seguramente este ano para não impedir os grandes frutos que o meu divino Salvador pretende tirar do livro da devoção ao Sagrado Coração de Jesus». O Padre Croiset estava, de facto, ocupado a compor este livro, do qual não tinha falado a ninguém.
Três meses antes da sua morte, que ela previa, pediu para fazer um retiro de 40 dias para se preparar. Neste retiro, diante do que ela chamava a imensidão da sua malícia, lançou-se no Sagrado Coração. «Sou insolvente, Senhor, diz nas suas notas, vós o sabeis, colocai-me na prisão, consinto nisso desde que seja no vosso Sagrado Coração; e quando lá estiver, conservai-me lá bem cativa, ligada com as cadeias do vosso amor até que vos tenha pagado tudo o que vos devo; e como nunca o poderei, assim desejaria nunca mais sair desta prisão».
Caiu doente, como o tinha previsto. Repetia que a sua morte era necessária para a glória do Sagrado Coração, e declarava, para admiração de todos, que estava à porta do túmulo. O Coração de Jesus era como sempre o objeto dos seus pensamentos. Aos cuidados que lhe são propostos, prefere, diz, abismar-se no Coração de Jesus. Depois de três dias de uma doença que ninguém conseguia explicar, deu a sua alma a Deus morrendo de amor, segundo a expressão do médico do mosteiro. (Leão Dehon, OSP 4, p. 367s.).

Oratio

Viver e morrer no Coração de Jesus, é todo o meu desejo. Não está aí o paraíso de toda a beleza, de toda a virtude, de toda a bondade? Contemplar os sentimentos do Coração de Jesus, admirá-los e unir-se a eles, essa é a ocupação dos eleitos. Quero que seja a minha desde agora. (Leão Dehon, OSP 4, p. 368).

Contemplatio

A devoção ao Sagrado Coração arrasta consigo a devoção ao Santíssimo Sacramento. Pode dizer-se que Margarida Maria vivia do Santíssimo Sacramento. Desde a sua mais tenra infância, uma atração extraordinária a levava para o altar. Quando não estava em casa de seus pais, era seguro poderem encontrá-la diante do Sacrário, que ela olhava com amor, mantendo-se lá sem dizer nada, contente de pensar que Nosso Senhor estava lá. Longe de diminuir com os anos, esta atracão crescia cada vez mais. Ela dizia: «Teria aí passado dias e noites sem beber nem comer, e sem saber o que fazer, senão consumir-me como um círio ardente na sua presença, para lhe dar amor por amor. Teria julgado ser a mais feliz do mundo, se tivesse podido passar as noites, sozinha, diante dele». Depois da sua entrada em religião, Margarida Maria deu livre curso ao seu amor pelo hóspede do Sacrário. Encontravam-na sempre ocupada com este divino objeto, com uma paixão tal, que temiam que esta aplicação lhe prejudicasse a saúde. Ela organizava o seu tempo tanto quanto podia, a fim de ter mais momentos livres para ficar na capela, onde a viam numa adoração profunda, com as mãos juntas, sem fazer nenhum movimento. (Leão Dehon, OSP 4, pp. 364).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
"Quero viver e morrer no Coração de Jesus" (Leão Dehon).

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S. Margarida Maria Alacoque, Virgem (16 Outubro)

Tempo Comum - Anos Ímpares - XXVIII Semana - Sábado

Tempo Comum - Anos Ímpares - XXVIII Semana - Sábado


16 de Outubro, 2021

Lectio

Primeira leitura: Romanos 4, 13.16-18

Irmãos: não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança. 16Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós, 17conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. 18Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.

Depois de ter aludido a Abraão, nosso pai na fé, Paulo desenvolve a ideia sublinhando a diferença entre a lei e a justiça que vem da fé. A promessa de Deus feita a Abraão não depende da lei: «não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança. Por isso, é da fé que depende a herança» (vv. 13.16). Assim fica claro que a promessa de Deus é livre e gratuita, preveniente e incondicionada. Por outro lado, a fé é o único caminho que leva à justiça. Por isso, são filhos de Abraão, não os que vivem de acordo com as exigências da lei, mas os que acolhem o dom da fé. São genuínos herdeiros de Abraão os que aprenderam dele a fé, e não apenas a obediência à lei.
A fé de Abraão, uma vez que está ligada à promessa divina, pode também ser chamada esperança: «Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou» (v. 18). Com essa atitude, Abraão acolheu plenamente na perspectiva de Deus, «que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe» (v. 17b). Pela fé, todos podemos tornar-nos destinatários de eventos tão extraordinários, que só a Deus podem ser atribuídos.

Evangelho: Lucas 12, 8-12

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 8Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. 9Aquele, porém, que me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. 10E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará. 11Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, 12pois o Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer.»

Lucas provavelmente reúne neste texto um conjunto de palavras de Jesus para encorajar os cristãos que enfrentam as perseguições e os desafios do mundo. Também lhes oferece critérios de comportamento. É preciso enfrentar o presente com uma perspectiva escatológica, porque o «hoje» determina a eternidade. Uma vez que «não há outro nome (além do de Jesus) dado aos homens ... para que sejam salvos» (cf. Act 4, 12), a salvação oferecida por Deus depende do reconhecimento público de Jesus.
Isto parece estar em contradição com o que se diz no versículo seguinte (v. 10). Há que distinguir. Alguns autores pensam que Lucas compreenda a dificuldade que alguns sentem em reconhecer no Jesus terreno o Salvador. Por isso, acha admissível que se «fale contra o Filho do homem»; mas não há perdão para quem blasfemar «contra o Espírito Santo», isto é, quando a liberdade humana recusa aderir à verdade que lhe é interiormente revelada pela graça de Deus. Neste caso, não dar testemunho diante dos homens, torna-se infidelidade e motivo de condenação. Pelo contrário, quando a acção do Espírito é acolhida pelo crente, este pode estar certo do apoio do Espírito no momento em que for chamado a dar testemunho diante dos homens.

Meditatio

Paulo continua a insistir na afirmação de que a acção e a generosidade de Deus precedem as nossas obras. Tudo começa com uma promessa de Deus. É o que verificamos na história de Abraão: antes que ele faça qualquer coisa, há uma promessa divina: «Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa», escreve Paulo (v. 13). A lei só veio a ser dada quatrocentos e trinta anos depois de Abraão, como afirma o Apóstolo na carta aos Gálatas (3, 17). A primeira condição, portanto, não é observar a lei, mas acolher a promessa com plena fé. Desse modo, deixamos a Deus total liberdade e pomos a nossa vida à sua disposição. Abrir-nos a Deus é uma atitude simples, mas importante.
No evangelho, Jesus afirma que é preciso confessar a fé, também diante dos homens, para ser recebidos por Deus no céu: «Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus» (v. 8). Mais do que preocupar-nos em adquirir méritos diante de Deus, com as nossas boas obras, havemos de testemunhar decidida e corajosamente a nossa fé em Jesus e em Deus por Jesus Cristo. Mas não devemos precipitar-nos a julgar aqueles que não mostram a sua fé. É o que também lemos no evangelho: «Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará» (v. 10). São dois aspectos da fé. Há uma manifestação exterior, mas a fé é fundada sobre uma manifestação interior do Espírito Santo. Pode suceder que uma pessoa encontre dificuldade em professar publicamente a sua fé, em aceitar as manifestações exteriores da fé no Filho do homem, isto é, a fé cristã. Mas não se pode dizer que tal atitude é imperdoável. Imperdoável é resistir ao Espírito Santo, isto é, não aceitar dentro de nós o testemunho de Deus, que nos impele para o seu Filho. A docilidade a Deus prepara e desenvolve em nós a fé. Quanto há esta íntima relação com o Espírito Santo, chega-se à fé. «Quem é dócil a Deus aproxima-se da Luz», (cf. Jo 3, 21). Numa vida fundada na fé, desenvolve-se o fruto do Espírito, e a fé pode chegar ao testemunho heróico, que admiramos nos mártires. Esse testemunho não é obra humana, mas fruto do Espírito, dom de Deus a quem lhe abre o coração de par em par, e se deixa guiar docilmente pelo Espírito Santo.

Oratio

Senhor, faz com que aumente em mim a estima pela fé e a docilidade ao Espírito Santo. Faz-me acreditar firmemente que é a tua mão que me conduz, e que nenhum mal me poderá atingir, porque me amas de verdade. Mas faz-me também compreender e aceitar que, ter fé, é também ter dúvidas e incertezas, é fraqueza e medo, é morte que dá vida. Faz-me compreender e aceitar que a fé é um permanente processo de aprender e reaprender o que é amar a Deus, amar o próximo, amar a mim mesmo. Que a minha fé leve calor a quem tem a alma gelada, leve pão a quem tem fome, ofereça um horizonte de esperança a quem vive desesperado. Amen.

Contemplatio

O bom Mestre propõe em seguida aos seus discípulos motivos de encorajamento para sofrerem corajosamente as provações e mesmo o martírio, se tal acontecer. Estes encorajamentos constituem ainda hoje a força dos nossos missionários, que vão tão de boamente enfrentar todos os perigos, com o secreto desejo de derramarem o seu sangue pelo Salvador. O primeiro encorajamento que nos dá o bom Mestre é o seu próprio exemplo: «O discípulo, diz, não está acima do Mestre; se me perseguiram, também vos há-de perseguir». Depois do exemplo de Nosso Senhor, diz S. Bernardo, já não há perseguições nem sofrimentos que possam assustar um cristão; é uma honra que Deus lhe faz torná-lo participante do cálice do seu divino Filho. Nosso Senhor acrescenta que não devemos temer, porque a verdade sairá sempre vitoriosa da mentira e da calúnia; e, aliás, se os nossos inimigos podem atingir o nosso corpo, são impotentes contra a nossa alma e não podem separá-la de Deus. E depois a Providência divina vela sobre os seus servos e em particular sobre os apóstolos do Evangelho. Nosso Senhor confessará e glorificará diante de seu Pai os que o tiverem confessado sobre a terra. O último encorajamento e o mais tocante é a alta dignidade dos apóstolos, que são os representantes de Nosso Senhor e outros ele mesmo. Ele vingá-los-á dos seus inimigos como recompensará os que os recebem, os que lhes testemunham respeito e dedicação. (Leão Dehon, OSP 4, p. 268s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje esta palavra:
«O Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer» (Lc 12, 11).

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