Liturgia

Week of Jan 9th

  • I Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    I Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    9 de Janeiro, 2024

    Tempo Comum - Anos Pares I Semana - Terça-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Samuel 1, 9-20

    Naqueles dias, Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. O sacerdote Eli estava instalado no seu assento, à entrada do templo do SENHOR. 10Ana, profundamente amargurada, orou ao SENHOR e chorou copiosas lágrimas. 11*E fez um voto, dizendo: «SENHOR do universo, se te dignares olhar para a aflição da tua serva e te lembrares de mim. Se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho varão, eu o consagrarei ao SENHOR, por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.» 12Ela repetiu muitas vezes a sua oração diante do SENHOR; Eli observava o movimento dos seus lábios. 13*Ana, porém, falava só para si e apenas movia os lábios, sem se lhe ouvir palavra alguma. 14Eli, julgando-a ébria, disse-lhe: «Até quando durará a tua embriaguez? Vai-te embora e deixa passar o efeito do vinho de que estás cheia.» 15Ana respondeu: «Não é assim, meu senhor; a verdade é que sou uma mulher de espírito atribulado; não bebi vinho nem álcool; apenas estava a desabafar as minhas mágoas na presença do SENHOR. 16*Não tomes a tua serva por alguma das filhas de Belial, porque só a grandeza da minha dor e da minha aflição é que me fez falar até agora.» 17Eli respondeu: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes.» 18*Ana respondeu: «Que a tua serva mereça o teu favor.» A mulher foi-se embora, comeu e nunca mais houve tristeza em seu rosto. 19No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do SENHOR e voltaram para sua casa, em Ramá. Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o SENHOR lembrou-se dela. 20*Ana concebeu e, passado o seu tempo, deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de Samuel, porque dizia: «eu o pedi ao SENHOR.»

    A Escritura fala-nos de muitas mulheres estéreis: como Sara, Rebeca, Raquel, a mãe de Sansão, e Isabel, mãe de João Baptista. Também Ana, mãe de Samuel, era estéril. Elcaná, seu marido, é compreensivo e incita-a a reagir, a comer, a não ficar triste. Mas Ana, como toda a mulher em Israel, considera a esterilidade um castigo de Deus. Por isso, refugia-se na oração, seu único conforto e esperança. Pede ao Senhor um filho. Fá-lo de modo pessoal, discreto, rezando em voz baixa. Sabe que Deus a escuta. Não se importa com o juízo dos homens, mesmo do sacerdote Eli, porque sabe que Deus perscruta os corações e conhece os seus sentimentos mais íntimos. Ana reza intensamente em seu coração. Faz uma verdadeira oração do coração, onde se encontra com Deus e se abre a Ele, esquecendo tudo quanto a rodeia. O seu coração une-se ao Coração de Deus, entra em comunhão com Ele. E Deus escuta-a. O sacerdote Eli, que começa por confundir Ana com uns tantos casos patológicos que passavam por Silo, acaba por reconhecer a sua humildade e sinceridade. O caso de Ana torna-se, para ele, um sinal de Deus. As suas palavras indicam implicitamente que a oração de Ana fora ouvida. E a mulher, que antes estava triste e amargurada, acolhe serenamente as palavras de Eli: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes» (v. 17).

    Evangelho: Mc 1, 21-28

    21*Entraram em Cafarnaúm. Chegado o sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar. 22*E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23*Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24«Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» 25E Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito. 27Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» 28E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

    O povo dava-se conta de que Jesus não se limitava a explicar os profetas anteriores, mas que se apresentava, também ele, como profeta, investido de um poder que lhe vinha de Deus.: ensinava com autoridade e curava os doentes. O ensino de Jesus era verdadeiramente eficaz. Marcos gosta de apresentar Jesus como Mestre: desde o começo do seu evangelho, Jesus é Aquele que ensina. Depois vêm os encontros com o «espírito maligno» (v. 23). Qual é a postura de Jesus diante da crença popular nos demónios? Sabemos quanto horror causavam no homem primitivo as doenças mentais, e sobretudo a epilepsia. O comportamento desses doentes dava a entender que estavam «possessos», que tinha entrado neles outra pessoa, o «espírito maligno». Por isso, o doente mental ou epiléptico, era um ser execrável, que era preciso afastar a golpes e com torturas de toda a espécie. É claro que o núcleo, deste e doutros relatos semelhantes, não é a existência ou a inexistência dos espíritos malignos, mas o comportamento de Jesus diante dessas situações, tais como eram vistas e interpretadas pelos seus contemporâneos: nos Evangelhos, tal como nos Actos do Apóstolos, os demónios são afastados pelo poder de Deus e não por meios mágicos, ou seja com exorcismos dirigidos a um espírito ou pelo recurso a meios materiais. Jesus tem o poder do Reino de Deus e usa-o desde o princípio para evangelizar e para libertar o homem a todos os níveis, também corporal, e de tudo quanto o «possui» e oprime, sem a preocupação de o interpretar, coisa aliás difícil, uma vez que, pela Encarnação, era verdadeiro homem, contextualizado no seu tempo e na sua cultura. Para Marcos, Jesus é o santo de Deus, cujas palavras têm poder divino e, por isso, renovam, transformam e refazem o homem em todas as suas dimensões.

    Meditatio

    Todos somos tentados a ver a provação e o sofrimento como desgraça, isto é, como falta de graça, falta dos favores de Deus e, por isso mesmo, também como ausência ou morte do próprio Deus. Ana parece partilhar desta mentalidade perante a sua esterilidade; por isso pede a Deus a graça, o dom de um filho. Mas a aflição pode tornar-se ocasião de graça, por exemplo, de uma oração mais intensa. Ana rezava e chorava, diz o texto. As lágrimas reforçavam a sua oração e provocavam uma relação mais íntima e profunda com Deus. Que mais é preciso para demonstrar a fecundidade da provação e do sofrimento? Mas, no caso de Ana, verificamos outro fruto da provação: o dom e a oferta a Deus. Ana faz voto de oferecer a Deus o filho que lhe for dado. Parece haver incoerência nas palavras de Ana: «se te dignares olhar para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho varão, eu o consagrarei ao SENHOR, por todos os dias da sua vida» (v. 11). Mas é a oferta de Ana que provoca o dom de Deus; a aflição leva a uma troca de dons, torna-se meio de comunhão. O evangelho realça a autoridade, a decisão e a clareza da palavra de Jesus. Essa palavra é luz e eficácia também diante dos espíritos malignos. As palavras humanas de Jesus manifestam-n´O como Palavra divina, que liberta o homem da servidão do demónio, o cura e lhe confere uma vida serena. A Palavra de Deus incarnada liberta o homem de toda a espécie de males. Por isso, a nova criação, realizada pelo próprio Deus, exclui o sofrimento. Todavia, no momento presente, o homem ainda continua a participar na luta dramática contra o mal, deve atravessar o deserto do sofrimento. Mas não caminha só. Deus vai com o homem e dá-lhe tudo quanto precisa para transformar o sofrimento em ocasião de graça. «A vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo. «Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja"»(Col 1,24) (Cst 24).

    Oratio

    Senhor Jesus, Tu falas com autoridade. A tua palavra divina é fundamento seguro para a minha vida. Apoiado nela, deixo de ser criança, deixo de ser batido pelas ondas e levado por qualquer vento de doutrina, ao sabor do jogo dos homens, da astúcia que maliciosamente leva ao erro, e posso testemunhar a verdade no amor, crescer em tudo para Ti, que és a cabeça da nova humanidade. Sobre a tua palavra, sobre Ti, que és a Rocha eterna, quero construir a minha vida, viver a minha vocação e realizar a minha missão. Em quem mais me poderei apoiar? Só Tu tens palavras de vida eterna. Por isso te abro hoje a minha mente e o meu coração. Ilumina a minha caminhada, dá suporte à minha vida. Assim serei verdadeiro filho do Pai, verdadeiro filho da luz, como são aqueles que realmente se encontram Contigo. Amen.

    Contemplatio

    «Porque me chamais: Senhor! Senhor! E não fazeis o que eu digo?» (Lc6, 46). «Muitos me dirão no juízo: Senhor! Senhor! Não profetizámos em vosso nome, não expulsámos demónios em vosso nome?». E responder-lhes-ei na presença de todos: «Nunca vos conheci! Retirai-vos de mim, operários da iniquidade!» (Mt 7). - «Quem vem a mim, escuta as minhas palavras e as põe em prática, comparo-o ao homem sábio, que cava fundamentos profundos e constrói a sua casa sobre a rocha; a chuva cai, as correntes transbordam, os ventos sopram e se desencadeiam com furor sobre aquela casa; ela não cai nem mesmo é abalada, porque os seus fundamentos repousam sobre a rocha. - Mas se alguém escuta as minhas palavras e as não mete em prática, comparo-o a um insensato que constrói a sua casa sobre a areia, sem fundações; vêm a chuva, as torrentes, os ventos furiosos: a casa desmorona-se imediatamente e não é mais do que um montão de ruínas» (Lc 6; Mt 7). O sólido fundamento é Jesus. É preciso que nos mantenhamos unidos a Ele pelo pensamento, pelo coração e por uma acção incessante (Leão Dehon, OSP 4, p. 99).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja» (Cl 1, 24).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • I Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    I Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    10 de Janeiro, 2024

    Tempo Comum - Anos Pares I Semana - Quarta-feira Lectio

    Primeira leitura: 1 Samuel 3, 1-10.19-20

    Naqueles dias, 1O jovem Samuel servia o Senhor sob a direcção de Eli. O Senhor, naquele tempo, falava raras vezes e as visões não eram frequentes. 2Ora certo dia aconteceu que Eli estava deitado, pois os seus olhos tinham enfraquecido e mal podia ver. 3A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a Arca de Deus. 4O Senhor chamou Samuel. Ele respondeu: «Eis-me aqui.» 5Samuel correu para junto de Eli e disse-lhe: «Aqui estou, pois me chamaste.» Disse-lhe Eli: «Não te chamei, meu filho; volta a deitar-te.» 6O Senhor chamou de novo Samuel. Este levantou-se e veio dizer a Eli: «Aqui estou, pois me chamaste.» Eli respondeu: «Não te chamei, meu filho; volta a deitar-te.» 7Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois até então nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. 8Pela terceira vez, o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Eli: «Aqui estou, pois me chamaste.» Compreendeu Eli que era o Senhor quem chamava o menino e disse a Samuel: 9«Vai e volta a deitar-te. Se fores chamado outra vez, responde: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» Voltou Samuel e deitou-se. 10Veio o Senhor, pôs-se junto dele e chamou-o, como das outras vezes: «Samuel! Samuel!» E Samuel respondeu: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» 19Samuel ia crescendo, o Senhor estava com ele e cumpria à letra todas as suas predições. 20Todo o Israel, desde Dan até Bercheba, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.

    Samuel é uma das figuras mais significativas do Antigo Testamento, uma figura plurifacetada: sacerdote, profeta e juiz. É protagonista da transição da fase das tribos para o regime monárquico. A vocação de Samuel está enquadrada num contexto de simplicidade e sublimidade, serenidade e dramatismo, silêncio e eloquência, quietude e dinamismo. A mãe tinha-o oferecido a Deus para o serviço do templo. Aí permaneceu silencioso e escondido durante alguns anos. Agora o Senhor chama-o, durante a noite, - «A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e» v. 3, - tempo propício para a revelação, pois não havia o ruído das coisas, descansavam os sentidos do corpo e estavam mais sensíveis os da alma. O Senhor chama três, quatro vezes: «Samuel! Samuel!». Um chamamento divino nunca é anónimo. Dirige-se sempre a uma pessoa concreta, a uma pessoa que Deus ama. Samuel ainda não é capaz de reconhecer imediatamente a voz de Deus. Por isso, o Senhor usa uma pedagogia adaptada: chama gradualmente, dá tempo ao homem, repete o chamamento... À terceira vez, entra em cena um intermediário, Eli, que ajuda Samuel a reconhecer a voz de Deus. As mediações humanas são importantes para sairmos da dúvida, da incerteza. Samuel escuta Eli e faz-se totalmente disponível para Deus: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» (v. 9). Samuel evoca, em várias situações, a figura de João Baptista. Lucas sublinha esses paralelismos: em ambos os casos estamos em ambiente sacerdotal, e ambas as anunciações acontecem no santuário; nos dois casos, as mães são estéreis e os filhos são consagrados nazireus Lc 1, 7. 15-17.25. Mas o mais forte paralelismo talvez esteja no facto de ambos anunciarem uma nova fase da história da salvação. João Baptista é o último dos profetas e anuncia a plenitude dos tempos. Samuel é o primeiro dos profetas e consagra os inícios da monarquia, onde ocupa papel de destaque a dinastia de David, da qual havia de nascer o Messias.

    Evangelho: Mc 1, 29-39

    Naquele tempo, 29saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. 32À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33e a cidade inteira estava reunida junto à porta. 34Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. 35De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. 36Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. 37E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.» 38Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» 39E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.

    Jesus rompe com o estilo nos rabinos, na sua relação com as mulheres. Aproxima-se da sogra de Pedro, toma-a pela mão, cura-a e, maior novidade ainda, deixa-se servir por ela. Assim inverte todos os parâmetros das relações sociais, dando ao «serviço» um novo estilo e um novo conteúdo. «Servir» é a essência do programa messiânico de Jesus, que está no meio de nós como «quem serve» (Lc 22, 27). É também a característica fundamental que Jesus deixa aos discípulos, antes de morrer. Neste sentido, a sogra de Pedro, torna-se protótipo do crente libertado e que pode oferecer o seu serviço aos irmãos. Depois de um dia cheio de trabalho e de êxitos apostólicos, Jesus não se deixa levar pelo entusiasmo do povo, mas refugiou-se no deserto para se encontrar a sós com o Pai e orar. Aí encontra a força necessária para dizer a Pedro: «Vamos para outra parte». Jesus não se detém a saborear os êxitos apostólicos. Parte para que a Boa Nova chegue a todo o lado, também às pequenas aldeias perdidas na acidentada geografia da Galileia.

    Meditatio

    A Liturgia de hoje leva-nos a reflectir sobre a importância da busca da vontade de Deus, e da sua realização, na vida dos crentes. Discernir a vontade de Deus, saber claramente o que devemos fazer na nossa vida, e em cada um dos seus momentos, é um desafio nem sempre fácil de realizar. O próprio Jesus nos faz ver essa dificuldade: deve tomar a decisão de partir para um tempo de oração no deserto, quando todos O procuravam (cf. v. 37) e exigiam a sua atenção e cuidados. Mas Jesus compreendeu que não devia ficar em Cafarnaúm, mas partir a pregar a Boa Nova noutras aldeias e cidades. O Evangelho mostra-nos que a decisão clara e serena de Jesus se baseia na oração: «De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração» (v. 35). Não se diz que rezava para conhecer a vontade do Pai, mas simplesmente que rezava, de madrugada, apesar do cansaço do dia anterior. Assim compreendemos quanto é importante rezar para fazer um bom discernimento da vontade de Deus a nosso respeito. Esta oração deve ser assídua, independentemente dos problemas que vão surgindo na nossa vida. O clima de união com Deus e de oração, propício ao bom discernimento, não pode ser criado apenas no momento em que &e acute; preciso tomar decisões. Podemos certamente, para uma decisão concreta, pedir a luz de Deus que, na sua misericórdia nos pode escutar. Mas se não vivermos em clima de permanente união com Deus, corremos o risco de não sabermos discernir a sua vontade, porque não estamos no mesmo cumprimento de onda que Ele. Além disso, as nossas más inclinações podem levar-nos por caminhos que não são os de Deus. Pode haver momentos em que devemos procurar a vontade de Deus na oração durante um tempo mais prolongado. Mas, se vivermos em união habitual com Ele, rezaremos com a absoluta certeza de que nos vai escutar e dar a sua luz, porque habitualmente procuramos conhecer e cumprir a sua vontade. Samuel ainda não conhecia o Senhor, nem recebera a revelação da sua palavra. Por isso, Deus tem de chamá-lo repetidamente, até que o menino ponha de parte a interpretação espontânea da voz que escutava e reconheça a voz do Senhor na oração. Isto também nos interessa. Havemos de aprender a rezar, a escutar a Deus na oração, em cada uma das fases da nossa vida. A história desta criança que não reconhece a voz de Deus, e se julga chamado pelo sacerdote Eli, repete-se muitas vezes na vida de cada um de nós. Temos que aprender a escutar, a conhecer e a reconhecer a voz do Senhor desde pequeninos. Mas, ao longo da vida, devemos reaprendê-lo várias vezes, porque Deus não fala sempre do mesmo modo, nas diversas fases da nossa vida. Como Samuel, também nós precisaremos da orientação de alguém mais experimentado nas coisas de Deus, de um director espiritual, para não corrermos o risco de fazermos falsas interpretações da sua voz e da sua vontade. Como todo o cristão, também o religioso deve estar decidido a procurar a vontade de Deus e a pô-la em prática com a ajuda do Espírito. E tudo isto com a santa liberdade dos filhos de Deus. Devemos ter a humilde convicção de que não é sempre fácil conhecer essa vontade, e realizá-la perfeitamente. Daqui nasce a exigência de ter um irmão mais velho que nos ajude, e de ter o superior, que tem o carisma, recebido do Espírito, para guiar. Se Deus nos chamou para a vida religiosa comunitária, certamente nos deu os meios para a vivermos. Um destes meios é o serviço do superior. Nem sempre os conteúdos de uma obediência são, com absoluta certeza, vontade de Deus. Mas, se não estiverem em contradição com a Sua lei, é certamente vontade de Deus que obedeçamos, convencidos de que "Deus faz com que tudo concorra para o bem daqueles que O amam" (Rm 8, 28).

    Oratio

    Senhor Jesus, Samuel, na disponibilidade conquistada, depois de algum esforço, dispôs-se a cumprir a vontade de Deus na sua vida. Tu próprio, diante das solicitações concretas do teu ambiente de vida, privilegiaste a missão recebida do Pai. Infunde em mim o teu Espírito Santo, que me una intimamente a Ti, reze em mim e anime a minha oração, para que esteja sempre disponível a procurar e a cumprir a vontade do Pai. Como a Virgem de Nazaré, quero dizer-te hoje: «Faça-se em mim segundo a tua palavra». O teu projecto de salvação enche-me de admiração e alegria. Na verdade, fizeste em mim maravilhas e, com a minha humilde colaboração, queres fazê-las em todos os homens e mulheres da terra. Mostra-me o que queres que faça nesse projecto de amor: Eis-me aqui, Senhor; faça-se em mim segundo a tua vontade.

    Contemplatio

    As palavras, as inspirações divinas não merecem esta docilidade do nosso coração? Os mistérios da sua vida, as suas acções, os seus sofrimentos são dignos da consideração respeitosa que nos pede e do nosso respeito humilde e religioso. Se soubéssemos a paz, a alegria, as luzes de espírito, que encontraríamos nesta união, nesta intimidade respeitosa com Nosso Senhor! Se conhecesses o dom de Deus! Recordemos os exemplos dos Santos. Job encontrava a sua consolação na sua humilde submissão à vontade de Deus e na sua docilidade às palavras divinas. A minha consolação consiste, dizia, em aceitar os castigos divinos e não contradizer a palavra divina. Samuel ainda criança agradava a Deus pela sua docilidade: «Falai, Senhor, dizia, o vosso servo escuta» (1Sam 3). David dizia: «Por muito que me custe e mesmo que as ordens divinas sejam severas, escutarei a palavra divina» (Sl 16, 4). Santo Agostinho dizia: «Aquele que escuta a palavra de Deus com negligência é tão culpável como aquele que deixasse cair por terra o corpo de Jesus Cristo por sua culpa» (Hom 26). Para nós, os amigos e os devotos do Sagrado Coração, esta docilidade não é mais fácil e mais consoladora ainda? É ao Coração de Jesus que vamos buscar directamente a luz, a graça e a força. O Coração de Jesus abriu-se para nos revelar os seus sentimentos, os seus desejos, as suas alegrias, as suas tristezas, as suas promessas: Haurietis aquas in gaudio de fontibus Salvatoris (Leão Dehon, OSP 4, p. 571).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» (1 Sam 3, 9).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • I Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    I Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    11 de Janeiro, 2024

    Tempo Comum - Anos Pares I Semana - Quinta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Samuel 4, 1-11

    1A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus para lhes dar combate. Acamparam junto de Ében-Ézer e os filisteus acamparam em Afec. 2Os filisteus puseram-se em linha de combate frente a Israel, e começou a batalha. Israel foi vencido pelos filisteus, que mataram em combate cerca de quatro mil homens. 3O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: «Porque é que o Senhor nos derrotou hoje diante dos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que Ele esteja no meio de nós e nos livre da mão dos nossos inimigos.» 4O povo mandou, pois, buscar a Silo a Arca da aliança do Senhor do universo, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Eli, Ofni e Fineias, acompanhavam a arca. 5Quando a Arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel lançou um grande clamor, que fez a terra tremer. 6Os filisteus, ouvindo-o, disseram: «Que significa este grande clamor no acampamento dos hebreus?» Souberam que a Arca do Senhor havia chegado ao acampamento. 7Tiveram medo e disseram: «O Deus deles chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se ouviu coisa semelhante. 8Ai de nós! Quem nos salvará da mão desse Deus excelso? É aquele Deus que feriu os egípcios com toda a espécie de pragas no deserto. 9Coragem, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, não suceda que sejais escravos dos hebreus como eles o são de vós. Esforçai-vos e combatei.» 10Começaram a luta; Israel foi derrotado e todos fugiram para as suas casas. O massacre foi tão grande que ficaram mortos trinta mil homens de Israel. 11A Arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, pereceram.

    Os filisteus chegaram a Canaã quase ao mesmo tempo que os filhos de Israel. Dispunham de uma técnica superior à deles: conheciam a forja para trabalhar metais e eram os únicos que tinham armas desse tipo. Por isso, apesar de serem menores em número, os filisteus foram um problema sério para Israel. Mas o centro de interesse do nosso texto não é de ordem militar, mas teológico. O centro das atenções é a Arca e, em última análise, Deus, de quem a Arca é expressão sensível. No primeiro recontro os filisteus bateram Israel. Os anciãos deram a culpa ao Deus da Aliança: «Porque é que o Senhor nos derrotou hoje diante dos filisteus?» (v. 39). O povo não se resigna e põe Deus à prova: «Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que Ele esteja no meio de nós e nos livre da mão dos nossos inimigos» (v. 39). Mas, ao desencadear-se uma nova batalha, Israel sofre uma nova e terrível derrota. A própria Arca é roubada pelos filisteus. Os filhos de Eli são mortos em combate e o próprio sacerdote cai morto ao receber a notícia da completa derrota. Parece o fim. Mas Deus, fiel às suas promessas, estava atento e tinha uma reserva de esperança: Samuel. Dali para a frente, o filho de Elcaná e de Ana torna-se o representante do povo santo e leva consigo o destino da nação. Este episódio encerra várias lições. Sublinhemos apenas duas: a Aliança inclui privilégios, mas também exigências; a Arca, o Templo, os «sacramentos», não são meios mágicos para pôr Deus a nosso serviço.

    Evangelho: Mc 1, 40-45

    Naquele tempo, 40um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» 41Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» 42Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. 43E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo: 44«Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.» 45Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.

    A lepra era uma doença aterradora, porque excluía da comunhão com o povo de Deus: «Impuro! Impuro!» gritava o leproso, à distância, para que ninguém dele se aproximasse (Lev 13, 45). Os rabinos consideravam o leproso como um morto. A sua cura era tão improvável como a ressurreição. No texto que escutámos, o leproso atreve-se a aproximar-se de Jesus. E Jesus acolhe-o e toca-o, contra as normas vigentes. As leis só obrigam na medida em que concorrem para o bem do homem. É um tema que irá repetir-se ao longo do segundo evangelho e em Paulo. Pode haver momentos em que o cristão, levado pela sua consciência humanizadora, tenha de recorrer à «objecção de consciência». Operada a cura, Jesus manda ao leproso que não faça publicidade dela, mas se apresente aos sacerdotes para que o reintegrem na comunidade. O objectivo da cura não era fazer publicidade apologética, mas reintegrar o marginalizado. A salvação já não se encontra na separação e na marginalização, mas na reintegração porque, com Jesus, entrou no mundo o próprio poder salvífico de Deus, que se põe do lado dos pobres e dos últimos da sociedade dos homens. A nova sociedade inaugurada por Jesus não marginaliza ninguém, não separa, não exclui, porque Jesus aboliu o sistema que separava o puro do impuro tal como o entendia o mundo judaico. O cristão é um homem livre para Deus e para os outros. A Igreja deve estar na linha da frente para que a liberdade se torne real para todos os homens.

    Meditatio

    A primeira leitura mostra-nos que é possível iludir-nos com uma falsa confiança em Deus. Isso pode acontecer se mantivermos com Ele uma relação religiosa simplesmente aparente, expressa por um aparato cultual mais ou menos sofisticado, ou pela simples declaração de boas intenções. A verdadeira relação com Deus exige honestidade, ausência de fingimento. Os hebreus, vencidos pelos filisteus, vão buscar a Arca da Aliança, esperando que a sua presença lhes alcance a vitória. Mas acontece o pior: além de perderam a batalha, perdem também a Arca, que é roubada pelos filisteus. A sua confiança foi completamente frustrada. Toda estas desgraças já tinham sido anunciadas a Samuel: Deus tinha dito ao jovem que não estava contente com o culto que Lhe era prestado. Os próprios filhos do sacerdote Eli desonravam o Senhor, com o seu mau comportamento. Teria de haver um castigo. E houve. Diante da infidelidade do povo de Deus, de nada serviu a própria Arca da Aliança. Não se pode viver na infidelidade e esperar uma intervenção milagrosa de Deus, quando surge um problema. É preciso viver em comunhão permanente com Ele, buscando e realizando a sua vontade, servindo-o generosamente. Dizendo isto, será bom lembrar que, apesar de tudo, a nossa confiança em Deus nunca é frustrada, mesmo quando sofremos as consequências dos nossos pecados. Mas não havemos de esperar intervenções miraculosas de Deus quando merecemos a provação. Deus não deixará de escutar as nossas preces, e de actuar, mas não necessariamente para nos livrar das tribulações justamente merecidas. No caso de que nos fala a leitura, os filisteus levam a Arca da Aliança, coisa ainda mais dramática para os hebreus do que a própria derrota militar. Perdendo a Arca, que mantinha unido o povo, parecia ter chegado o fim do mesmo povo. Mas não é o que acontece. Os filisteus são atingidos por várias desgraças e vêem-se obrigados a devolver a Arca. E assim começa a história do Templo de Jerusalém. A Arca é primeiramente colocada em Silo. Mas quando David conquista Jerusalém é levada para lá. Assim, com uma derrota, começa a história do triunfo do Templo de Jerusalém, de David, da prosperidade de Israel, das maiores promessas de Deus ao seu povo. É bom manter sempre a confiança em Deus, mesmo quando nos abandona às consequências do nosso pecado. Quando menos esperamos, pode abrir-nos horizontes que jamais teríamos sonhado. Para o P. Dehon, o culto a prestar a Deus há-de ser um "culto de amor e de reparação", um culto que envolve "toda a vida" (Cst. 7), transformando-a numa "missa permanente" (Cst. 5). É esse culto que nos cura da lepra do pecado e cura a humanidade, reunindo-a no Corpo de Cristo e consagrando-a para Glória e Alegria de Deus (cf. Cst 25).

    Oratio

    Pai santo, animados pelo teu Espírito, oferecemo-nos a Ti, em união com o Sagrado Coração de Jesus, para vivermos a sua oblação como resposta ao teu amor. Consagramos-Te a nossa vida, orações e acções, alegrias e sofrimentos, como sacrifício de amor e reparação. Eis-nos aqui, ó Pai, para fazermos a tua vontade. Amen.

    Contemplatio

    Nosso Senhor, ao apresentar-se aos doentes ou ao atraí-los a si pela sua incomparável bondade, exigia apenas uma condição para os curar: uma confiança absoluta n'Ele. S. João Baptista, não operando milagres, contentava-se em pregar a penitência com o zelo de Elias. Mas aquele que tinha vindo para salvar o que estava perdido exigia antes de tudo a confiança. Ao leproso que se prostra cheio de confiança diante d'Ele, dizendo: «Senhor, se quiseres, podes curar-me», apressa-se a responder: «Quero, fica curado». A outros, que lhe pedem socorro para si ou para os seus filhos, diz: «Credes? Tendes confiança? Tudo é possível a quem crê». E o pobre pai da criança endemoninhada exclama então: «Eu creio, Senhor, ajuda a minha incredulidade». Se estes judeus carnais tinham confiança bastante para obter a sua cura, que diremos nós dos cristãos dos nossos dias, dos cristãos piedosos que não têm nenhuma ou que a têm tão fraca que não persevera? Mas nós, apóstolos do Sagrado Coração, que opera tantas maravilhas no meio de nós, se nos faltasse a confiança, isso seria um ultraje considerável para com este divino Coração, seria dizer-lhe: «Não, vós não sois assim tão bom, nem poderoso bastante, e eu não confio em vós. Por conseguinte não vos amo». Esta blasfémia implícita não deixaria afastar de nós a sua divina misericórdia. A confiança e o amor mantêm-se bem perto. Aquele que ama é amado e não duvida da bondade do seu amigo (Leão Dehon, OSP 2, p. 282).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me» (Mc 1, 40).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • I Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    I Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    12 de Janeiro, 2024

    Tempo Comum - Anos Pares I Semana - Sexta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Samuel 8, 4-7.10-22a

    Naqueles dias, 4Reuniram-se todos os anciãos de Israel e vieram ter com Samuel a Ramá. 5Disseram-lhe: «Estás velho e os teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como têm todas as nações.» 6Esta linguagem - 'dá-nos um rei que nos governe' - desagradou a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor. 7O Senhor disse-lhe: «Ouve a voz do povo em tudo o que te disser, pois não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que Eu não reine mais sobre eles.10Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei. 11E disse: «Eis como será o poder do rei que vos há-de governar: tomará os vossos filhos para guiar os seus carros e a sua cavalaria e para correr diante do seu carro. 12Fará deles chefes de mil e chefes de cinquenta, empregá-los-á nas suas lavouras e nas suas colheitas, na fabricação das suas armas e dos seus carros. 13Tomará as vossas filhas como suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14Há-de tirar-vos também o melhor dos vossos campos, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e dá-los-á aos seus servidores. 15Cobrará ainda o dízimo das vossas searas e das vossas vinhas, para o dar aos seus cortesãos e ministros. 16Tomará também os vossos servos, as vossas servas, os melhores entre os vossos mancebos e os vossos jumentos, para os colocar ao seu serviço. 17Cobrará igualmente o dízimo dos vossos rebanhos. E vós próprios sereis seus servos. 18Então, clamareis por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá.» 19Porém, o povo não quis ouvir a voz de Samuel. Disse: «Não! Precisamos de ter o nosso rei! 20Queremos ser como todas as outras nações; o nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras.» 21Samuel ouviu todas as palavras do povo e referiu-as ao Senhor. 22Então, o Senhor disse: «Faz o que te pedem e dá-lhes um rei.»

    Em Israel existiam duas correntes: uma a favor da monarquia e outra contra a monarquia. Acabou por vencer a corrente favorável à monarquia e Deus, diríamos nós, condescendeu com a nova forma de governo e converteu-a em meio para levar por diante a obra da salvação (cf. 1 Sam 1, 12). A corrente antimonárquica apontava as consequências sociais da instituição da monarquia: enriquecimento da família real e dos nobres à custa do povo, que será cada vez mais pobre. Os profetas apontam o dedo contra esses abusos. Basta lembrar as censuras de Natã a David (2 Sam 12), as de Elias a Acab e Jesabel (1 Re 21). Vários reis favorecem a idolatria, ou não tomam medidas eficazes contra ela. A monarquia pressupõe a secularização da concepção teocrática da comunidade israelita, que assim entra no jogo político do Médio Oriente, facto que trará descalabro e desastres sucessivos. O povo já não confia unicamente em Deus. Quer um rei como as outras nações. Quer certezas, garantias mais evidentes. Só um rei poderá realizar a união das tribos. Deus condescende e exorta Samuel a dar um rei ao povo. As consequências negativas não se fazem esperar. Então, nasce o profetismo. Os profetas censuram com frequência as injustiças, a paganização do culto, a política de alianças com as grandes potências do Médio Oriente. Os autores sagrados fazem uma avaliação pessimista e negativa da instituição monárquica.

    Evangelho: Mc 2, 1-12

    1Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se dizer que estava em casa. 2Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. 3Vieram, então, trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4Como não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. 5Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.» 6Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações: 7«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» 8Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações? 9Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te, pega no teu catre e anda'? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, 11Eu te ordeno - disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»

    A «palavra», em Jesus, consiste em «falar» e em «fazer». Por isso, as curas realizadas por Jesus são «palavra». Marcos, depois de nos dizer que Jesus «anunciava a palavra» (v. 2), oferece-nos um exemplo plástico dessa «palavra actuante». O foco da narrativa que ouvimos está nas palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados...». O milagre confirma o poder de reconciliação com Deus reivindicado por Jesus. A atenção é mudada de um mal físico para um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de Jesus. A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação.

    Meditatio

    O povo de Israel confiava no poder de um rei que realizasse a união das tribos, promovesse o bem-estar de todos e conduzisse os exércitos contra os seus inimigos. Deus condescende. Exorta Samuel a dar um rei ao povo, mas o Seu plano vai por diante e há-de surpreender aqueles que confiavam mais na ajuda humana do que na ajuda divina. O evangelho mostra-nos a diferença entre a ajuda que vem dos homens e a ajuda oferecida por Deus. Os quatro amigos do paralítico puseram-no num catre e levaram-no a Jesus. Que mais podiam fazer? Por sua vez, Jesus faz o que só Deus pode fazer pelo homem: «levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa» (v. 11). O Senhor cura o doente da paralisia e do pecado: «os teus pecados estão perdoados» (v. 5). O poder de Deus, manifestado em Jesus, transforma totalmente o paral& iacute;tico, que recupera as forças para carregar o catre e assumir responsabilidades: «levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa» (v. 11). O homem redimido pelo poder de Deus torna-se capaz de viver de acordo com a sua nova condição. O evangelho alerta-nos para o poder da palavra eficaz de Deus, que ultrapassa os limites do poder humano em que, tantas vezes, pomos a nossa confiança: perdoar os pecados é muito mais do que a cura de uma paralisia. Os escribas estavam limitados pela imagem de Deus, que eles mesmos tinham criado. Por isso, não estavam para acolher a força libertadora do Reino. Também nós não devemos deixar-nos condicionar pela rigidez das formas mentais e das instituições humanas, mas estar abertos para acolher a presença activa de Deus que, com gestos gratuitos e inesperados, vem ao encontro dos nossos limites. O primeiro acto de amor, a primeira humildade e, portanto, liberdade consiste em aceitar-nos como somos, em ter confiança em nós mesmos para termos confiança em Deus: "Não temas Abraão, Eu sou o teu escudo..." (Gn 15, 1); "Com o meu Deus saltarei muralhas" (cf. Sl 18(17), 30. Moisés fez brotar água do rochedo (cf. Ex 17, 1-7); também das tuas incapacidades e fraquezas Deus pode fazer brotar a vida. O importante é não dobrar-nos sobre nós mesmos, não ficar a chorar por causa das nossas fraquezas, dos nossos limites, não deixar de procurar a Deus, também na obscuridade, também tropeçando. Então não conta o que és, mas o que procuras ser, como S. Agostinho, experimentarás que Deus nunca esteve tão próximo de ti como quando O procuras. Só, vales certamente pouco; mas, com Deus, podes fazer muito. Se te sentes mais um vale do que um monte, lembra-te que também os vales dão glória a Deus. Deus pode mudar o "vale de lágrimas numa fonte de água" (Sl 84(83), 14).

    Oratio

    Pai, quero hoje pedir-te uma fé capaz de abrir telhados, de fazer descer o catre, em que jazo tomado de tristeza, até ao âmago da vida, ao coração da história, para me encontrar diante de Jesus. Perdoado e curado por Ele, poderei regressar a casa, ser restituído a mim mesmo e aos meus e cooperar eficazmente na construção do Reino. Como aqueles homens, que ajudaram o paralítico, quero fazer o que estiver ao meu alcance para que todos possam encontrar-se com Jesus, teu Filho, para serem perdoados e curados pelo poder eficaz da sua palavra salvadora. Amen.

    Contemplatio

    Não é um doente de longe em longe que Nosso Senhor cura, opera curas em massa e em grande número. Em Cafarnaúm, impõe as mãos a todos os doentes que lhe apresentam e todos são curados (Lc 4, 40). Algum tempo depois teve lugar esta cena tão comovente: uma multidão considerável seguiu-o ao longo do lago. A sua habitação é assaltada por esta multidão que lhe apresenta um grande número de doentes. Uma virtude miraculosa saía dele para os curar. Chegam a descobrir o tecto da casa, para chegarem a apresentar ao Salvador um paralítico estendido sobre um catre. O Salvador, tocado pela sua fé cura ainda este doente depois de todos os outros (Lc 3). Na primeira Páscoa, opera tantos milagres que um grande número de Judeus é conquistado para a fé (Jo 2, 23). Na sua primeira missão na Galileia, Nosso Senhor cura toda a fraqueza e toda a enfermidade (Mt 4). Sobre o Monte das Bem-aventuranças, multidões de infortunados doentes, vindos da Judeia e mesmo de Tiro e de Sídon, são curados apenas pelo toque do seu manto. Antes da primeira e da segunda multiplicação dos pães, Jesus cura primeiro as multidões dos doentes e de enfermos que se comprimem à sua volta. Desde o início das missões de Pereia, Nosso Senhor renova os milagres das missões de Galileia, e em cada etapa são curas tão extraordinárias como numerosas (Mt 19). «Por toda a parte aonde Jesus chegasse, diz-nos S. Marcos, nas aldeias e nas cidades colocavam os doentes no meio das praças públicas, pedindo-lhe que lhes permitisse tocarem ao menos na borda do seu manto. E todos os que lhe tocavam eram curados» (Mt 6). Os apóstolos, enviados pelo Mestre, operam em todos os lugares em seu nome os mesmos prodígios (Mt 11). Mesmo no dia dos Ramos, vemo-lo curar ainda, nos átrios do Templo, os cegos e os coxos que lhe imploram (Mt 21) (Leão Dehon, OSP 4, p. 138s.).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • I Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares

    I Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares

    13 de Janeiro, 2024

    Tempo Comum - Anos Pares I Semana - Sábado

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Samuel 9, 1-4.17-19;10, 1a

    Havia um homem da tribo de Benjamim chamado Quis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia, filho de um benjaminita, que era um guerreiro forte e valente. 2Tinha um filho chamado Saul, mancebo de bela presença. Não havia em Israel outro mais belo do que ele; sobressaía entre todos dos ombros para cima. 3Tendo-se perdido as jumentas de Quis, pai de Saul, disse ele ao filho: «Toma um criado contigo e vai procurar as jumentas.» 4Atravessaram a montanha de Efraim e entraram na terra de Salisa, sem nada encontrar; percorreram a terra de Chaalim, mas em vão; na terra de Benjamim, tão-pouco as encontraram. 17Quando Samuel viu Saul, o Senhor disse-lhe: «Este é o homem de quem te falei. Ele reinará sobre o meu povo.» 18Saul aproximou-se de Samuel à porta da cidade e disse-lhe: «Rogo-te que me informes onde está a casa do vidente.» 19Respondeu Samuel: «Sou eu mesmo o vidente; sobe na minha frente ao lugar alto, porque hoje comerás comigo, e amanhã te deixarei partir, depois de responder às tuas preocupações. 1Samuel tomou então um frasco de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e beijou-o, dizendo: «O Senhor ungiu-te príncipe sobre a sua herança».

    A unção de Saúl por Samuel é o centro do texto um tanto novelesco e folclórico que acabámos de escutar. Com a unção de Saúl, começa a histórica da monarquia em Israel, apesar de ele ter ainda muito de juiz. A monarquia em sentido pleno começará com David. Em perspectiva teológica, merecem realce dois aspectos: o rito da unção e a intervenção de Samuel como ministro da mesma. A unção é um rito religioso pelo qual o ungido passava a ser uma pessoa consagrada e participava, de algum modo, na santidade de Deus. Santificado pela unção e adoptado como filho por Deus, o rei podia exercer funções sagradas. Será David a erguer o primeiro altar a Javé, em Jerusalém (2 Sam 24, 25) e a manifestar o desejo de erguer um templo (2 Sam 7, 2-3), mas será Salomão a construí-lo e a presidir à liturgia da dedicação (1 Re 5-8). Jereboão funda os santuários de Betel e de Dan, e recruta sacerdotes que os sirvam, ordenando o calendário dos mesmos (1 Re 12, 26-33). Todavia, não se pode certamente dizer que o rei seja sacerdote em sentido estrito. As funções enumeradas são mais as de um chefe de um estado teocrático. Mas convém assinalar que o rei é um «ungido» e «messias», um «salvador», notas que hão-de caracterizar um futuro rei ideal que se começa a esperar. O episódio da unção de Saúl também revela o modo de agir de Deus: a vida de Saúl mostra o amor gratuito com que Deus escolhe aqueles que hão-de servir o seu povo. Saúl personaliza uma realeza que o povo não estava preparado a receber, apesar de a ter reclamado. Quer mesmo voltar atrás. Mas Deus quer levar por diante o seu projecto. Pedimos a Deus que actue. Mas quando essa actuação mexe connosco, nos exige submissão e obediência, tentamos resistir. Mas é a sua vontade que tem de prevalecer.

    Evangelho: Mc 2, 13-17

    Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira-mar. Toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os. 14Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E, levantando-se, ele seguiu Jesus. 15Depois, quando se encontrava à mesa em casa dele, muitos cobradores de impostos e pecadores também se puseram à mesma mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que o seguiam. 16Mas os doutores da Lei do partido dos fariseus, vendo-o comer com pecadores e cobradores de impostos, disseram aos discípulos: «Porque é que Ele come com cobradores de impostos e pecadores?» 17Jesus ouviu isto e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

    A atenção que Jesus dispensa à «gente» (´am há-rets, em hebraico), isto é, aqueles que não observavam a Lei segundo a interpretação rigorista, chocava os mestres de Israel. Estes chamavam «pecadores» a essa «gente» não só devido a eventuais culpas morais, mas também pelo facto de não observarem rigorosamente a Lei e os costumes dos fariseus. Nesse sentido, também Jesus era um «pecador»: não obrigava os discípulos aos rituais de purificação antes das refeições (7, 1-5) e recusava a casuística farisaica sobre o sábado (2, 23-28). Mateus é considerado pecador porque se contamina no contacto com os pagãos. A resposta de Jesus aos doutores da Lei não é uma justificação dos pecadores, mas a verificação dessa realidade. Os cobradores de impostos, conhecidos como pecadores, não pretendiam ocultar os seus defeitos e passar por justos. Pelo contrário, os «doutores da Lei», sendo também eles pecadores, pretendiam passar por justos, e julgavam não precisar do perdão de Deus. Mateus é chamado ao discipulado no momento em que exercia a sua profissão «mundana». Para os fariseus, havia profissões incompatíveis com a verdadeira religião. Para Jesus, não há profissão que exclua do discipulado cristão. O único impedimento ao seguimento de Cristo é considerar-se «justo» e «são»: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (v. 17).

    Meditatio

    Saúl foi o primeiro «ungido» como príncipe de Israel, o Povo de Deus. A palavra «ungido» (unctus, em latim), traduz a o termo grego «Kristos» e o termo hebraico «mashiá», que em português deram os termos «cristão» e «Messias». Depois de Saúl, David será ungido rei. Esta unção significava uma transformação do homem eleito por Deus que, todavia, conservava todos os seus limites e misérias humanas, e não podia comunicar a ninguém a sua consagração. Só Jesus, o verdadeiro «ungido do Senhor», poderá comunicar a sua unção, a dignidade real, que torna o homem capaz de dominar o mundo segundo a vontade de Deus, para tudo Lhe seja finalmente submetido. O episódio de Saúl também nos manifesta a eficácia e a misericórdia do agir de Deus. O projecto gratuito de Deus prece as iniciativas de Saúl. A acção divina realiza-se em situações normais, quase banais. Saúl não recebe um cargo honorífico, mas a habilitação para um serviço. E tudo acontece com naturalidade, sem dar nas vistas. A eficácia da palavra de Deus nada tem a ver com o barulho do mundo. O chamamento de Mateus também acontece num contexto de naturalidade. Enquanto os fariseus fogem do contacto com aqueles que consideram pecadores, Jesus, como é seu hábito, vai ao encontro deles e convida mesmo Levi a entrar no grupo dos discípulos e a levar vida comum com Ele: «Segue-me» (v. 14). Nós também somos tentados a afastar-nos dos pecadores, pelo menos considerando-nos fora desse grupo. Os outros são pecadores; nós não. E esquecemos S. Paulo que nos diz que fomos justificados, mas não pelos nossos méritos (cf. Rm 3, 24). Somos pecadores justificados gratuitamente, somos pecadores perdoados. Tudo isto nos deve encher de compaixão, de misericórdia, de gratidão e do desejo de acolher a todos. Estas são virtudes do Coração de Jesus, que devemos cultivar, se quisermos ajudar os outros a aproximarem-se d´Ele, a serem melhores.

    Oratio

    Senhor, ensina-me a procurar-te e a encontrar-te, não só onde estás, mas também onde eu estou. Ensina-me a seguir-te, não a partir deste ou daquele lugar ideal, mas do sítio onde me encontro. Ensina-me a reconhecer os teus passos na minha breve história, e na longa história do mundo e da Igreja. Ensina-me a encontrar-te na alegria e na dor, na esperança e no desespero. Dá-me um coração puro para Te ver. Acende em mim o desejo ardente de Te encontrar e de Te seguir pelo caminho do Evangelho, o único que leva à vida em abundância. Dá-me um coração compassivo, misericordioso, grato e desejoso de acolher a todos, para todos conduzir ao teu Coração. Amen.

    Contemplatio

    Depois da Ascensão, S. Mateus foi o primeiro dos discípulos do Salvador que escreveu os discursos e a vida do bom Mestre. Deu ao seu livro o belo nome de Evangelho, isto é, boa nova; era, de facto, uma feliz notícia para todos os homens o anúncio da sua libertação da escravatura do demónio e da sua reconciliação com Deus pelos méritos do seu Filho, incarnado no seio de uma virgem, e imolado sobre a cruz. O símbolo do Evangelho de S. Mateus é um homem, porque ele começa pela geração divina do Verbo. S. Mateus, como S. Lucas, estende-se sobre os amáveis mistérios da infância de Nosso Senhor, deve tê-los aprendido da santa Virgem. Narra a adoração dos magos, a fuga para o Egipto, o massacre dos inocentes, o regresso do Egipto para Nazaré. Dá-nos bastante extensamente o sermão sobre a montanha e as parábolas de Nosso Senhor, o seu Evangelho é verdadeiramente o da doutrina de Nosso Senhor. É ele quem nos revela a característica do Coração de Jesus na sua vida privada e pública. Reteve e repetiu estas belas palavras de Jesus: «Aprendei de mim que sou doce e humilde de Coração». S. Mateus é a testemunha destas belas virtudes do Coração de Jesus, imitou-as. Imitemo-las depois dele (Leão Dehon, OSP 4, p. 275s).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17).

    | Fernando Fonseca, scj |

plugins premium WordPress