Santos Francisco e Jacinta Marto


20 de Fevereiro, 2023

Francisco Marto nasceu em 11 de Junho de 1908, em Aljustrel, Fátima, vindo a falecer também aí, no dia 4 de Abril de 1919. Muito sensível e contemplativo, Francisco orientou toda a sua oração e penitência para "consolar a Nosso Senhor". Jacinta Marto nasceu em Aljustrel, no dia 11 de Março de 1910 e faleceu em 20 de Fevereiro de 1920, no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, depois de uma longa e dolorosa doença, oferecendo todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e pelo Santo Padre. Os seus restos mortais de Francisco e Jacinta repousam atualmente na Basílica da Cova da Iria. O Santo Padre João Paulo II proclamou-os beatos, em Fátima, a 13 de Maio de 2000.

Lectio

Primeira Leitura: 1Samuel 3, 1.3-10

Naqueles dias, o jovem Samuel servia o Senhor sob a direção do sumo sacerdote Heli. Samuel dormia no templo do Senhor, no lugar onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: 'Falai, Senhor, que o vosso servo escuta'». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!». E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta».

Samuel é uma figura singular e polifacetada do Antigo Testamento: sacerdote, profeta e juiz. Vive no momento da transição da federação de tribos ao regime monárquico. A vocação de Samuel está enquadrada num cenário de simplicidade e sublimidade, de serenidade e dramatismo, de silêncio e eloquência, de quietude e dinamismo. Essa vocação acontece de noite, hora propícia à revelação. O jovem é chamado três vezes, e ainda uma quarta. Samuel pensa tratar-se de Heli, o sacerdote. Este, fazendo um discernimento da situação, coloca Samuel na presença do Senhor. O seu chamamento de Samuel, o primeiro dos profetas, tem semelhanças ao de João Baptista, o último dos profetas: ambos têm a missão de anunciar uma nova etapa da História da salvação. Ambos tiveram que sofrer a dilaceração que implica romper com uma época que se ama e que vai desaparecer, mas também a dor que acarreta a aurora de uma nova etapa.

Evangelho: Mateus 18, 1-5.10

Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe: «Quem é o maior no reino dos Céus?». Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus. Quem for humilde como esta criança, esse será o maior no reino dos Céus. E quem acolher em meu nome uma criança como esta acolhe-Me a Mim. Vede bem. Não desprezeis um só destes pequeninos. Eu vos digo que os seus Anjos vêem continuamente o rosto de meu Pai que está nos Céus».

O texto paralelo de Marcos (9, 33-34) faz-nos supor que o contexto imediato destes ensinamentos do Senhor é uma discussão dos discípulos sobre o lugar que cada um deveria ocupar no reino pregado por Jesus. Jesus Manda-lhes que se tornem como crianças, não tanto no que se refere à inocência, mas no que se refere à humildade: a criança não tem pretensões. A humildade cristã é fruto da alegria de ser filhos de Deus. A filiação divina requer conversão. Os discípulos, particularmente os que são chamados a ser dirigentes da comunidade cristã, devem ser humildes e comportar-se como tais. Essa atitude dá-lhes uma dignidade maior que a dos anjos, que estão ao seu serviço

Meditatio

"Eu te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos". Com estas palavras, Jesus louva os desígnios do Pai celeste: "Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do Teu agrado". Quiseste abrir o Reino aos pequeninos. Por desígnio divino, veio do céu a esta terra, à procura dos pequeninos privilegiados do Pai, uma mulher revestida com o Sol. Fala-lhes com voz e coração de Mãe: convida-os a oferecerem-se como vítimas de reparação, oferecendo-se ela para os conduzir, seguros, até Deus. Foi então que das suas mãos maternais saiu uma luz que os penetrou intimamente, sentindo-se imersos em Deus como quando uma pessoa - explicam eles - se contempla num espelho. Mais tarde, Francisco, um dos três privilegiados, exclamava: nós estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos. Como é Deus? Não se pode dizer. Isto sim que a gente não pode dizer. Deus: uma luz que arde mas não queima. A mesma sensação teve Moisés quando viu Deus na sarça-ardente. Ao beato Francisco, o que mais o impressionava e absorvia era Deus naquela luz imensa que penetrara no íntimo dos três. Na sua vida, dá-se uma transformação que poderíamos chamar radical; uma transformação certamente não comum em crianças da sua idade. Entrega-se a uma vida espiritual intensa que se traduz em oração assídua e fervorosa, chegando a uma verdadeira forma de união mística com o Senhor. Isto mesmo leva-o a uma progressiva purificação do espírito através da renúncia aos seus gostos e até às brincadeiras inocentes de criança. Suportou os grandes sofrimentos da doença que o levou à morte, sem nunca se lamentar. Grande era no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia animada pelos mesmos sentimentos. Na sua solicitude materna, a Santíssima Virgem veio a Fátima, pedir aos homens para não ofenderem mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido. Dizia aos pastorinhos: Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver que se sacrifique e peça por elas. A pequena Jacinta sentiu e viveu como própria esta aflição de Nossa Senhora, oferecendo-se heroicamente como vítima pelos pecadores. Um dia - já ela e Francisco tinham contraído a doença que os obrigava a estarem de cama - a Virgem Maria veio visitá-los a casa, como conta a pequenita: Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito em breve para o céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. E, ao aproximar-se o momento da partida do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: Dá muitas saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes que sofro tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores. Jacinta ficara tão impressionada com a visão do inferno, durante a aparição de treze de Julho, que nenhuma mortificação e penitência era demais para salvar os pecadores. (João Paulo II, Homilia da Missa da Beatificação de Francisco e Jacinta Marto no dia 13 de Maio 2000, em Fátima)

Oratio

Deus de infinita bondade, que amais a inocência e exaltais os humildes, concedei, pela intercessão da Imaculada Mãe do vosso Filho, que, à imitação dos bem-aventurados Francisco e Jacinta, Vos sirvamos na simplicidade de coração, para podermos entrar no reino dos Céus. Ámen. (Coleta da Missa).

Contemplatio

Jesus acolhia as crianças e abençoava-as... Os apóstolos querem afastar as crianças, mas Jesus não deixa. «Deixai-as vir a mim, diz. São semelhantes aos anjos do céu. A criança é dócil, simples, crente, obediente. Em lugar de afastardes as crianças, imitai as suas qualidades». Abraçava-as, impunha-lhes as mãos e abençoava-as. É uma curta lição de educação cristã. É preciso encorajar as crianças à piedade, abençoá-las e ensinar-lhes a rezar. Alguns dias antes, Jesus já tinha apresentado uma criança aos seus apóstolos como um modelo a imitar, porque a criança é simples, humilde, doce. «Se não tiverdes, dizia Jesus, estas disposições da infância espiritual, não entrareis no reino dos céus». E recomendava-lhes as crianças: «Quem as recebe em meu nome, recebe-me a mim, dizia. Tenho como feito a mim mesmo o que fizerem por elas. Ai daqueles que as escandalizam! Melhor seria que não tivessem nascido» (L. Dehon, OSP 4, p. 278s.).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
"O Senhor exaltou os humildes" (Lc 1, 46).

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Beatos Francisco e Jacinta Marto (20 Fevereiro)

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