Events in Março 2024

  • S. João de Deus, Religioso

    S. João de Deus, Religioso


    8 de Março, 2024

    S. João de Deus nasceu a 8 de Março de 1495, em Montemor-o-Novo. Aos 8 anos saiu de casa, dirigindo-se para Oropesa, Espanha, onde foi pastor e, mais tarde, soldado de Carlos V. Exerceu outras atividades até descobrir a vocação a que Deus o chamava. Em 1539, assistiu às exéquias da Imperatriz Isabel, mulher de Carlos V, e, à semelhança do Duque de Gandia, futuro S. Francisco de Borja, ficou profundamente impressionado. A pregação e a orientação de S. João de Ávila ajudaram João de Deus a encontrar o caminho a que Deus o chamava. Instalou, em Granada, um hospital para os pobres, aos quais se entregou generosamente, tornando-se para eles, e para todos, um sinal vivo da misericórdia de Deus. Começaram a juntar-lhe colaboradores que, mais tarde, se constituíram em instituto religioso, a "Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de Deus", aprovada por Sixto V, em 1583. S. João de Deus faleceu em Granada, a 8 de Março de 1550. É padroeiro dos hospitais católicos, bem como dos enfermeiros católicos e suas associações.
    Lectio
    Primeira leitura: Da féria (ou do Comum)
    Segunda leitura: Mateus 25, 31-40

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. 32Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. 34O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. 35Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, 36estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.' 37Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? 38Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? 39E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?' 40E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.'

    Jesus, como filho do seu tempo e participante da mentalidade da sua época, tem presente as ideias comuns sobre os acontecimentos extraordinários do fim dos tempos e parte delas para inculcar nos homens a necessária preparação para superarem, com êxito, a provação final. Além disso, pretende afirmar que os homens serão julgados pela atitude que tiverem em relação a Ele.
    A reunião universal dos povos pressupõe a ressurreição dos mortos. Os bons serão colocados à direita, lugar de sorte, e os maus à esquerda, lugar de desgraça. Esta colocação pressupõe que o juízo já foi efetuado. Daí que, logo de seguida, seja proferida a sentença. O Filho do homem revela-se como rei, e convida os da sua direita a receberem o prémio, justificando essa decisão com as obras de caridade feitas por eles aos "irmãos pequeninos" de Jesus (v. 40). O serviço caritativo prestado ao próximo necessitado justifica o prémio, tal como a ausência desse serviço justifica o castigo. Além do mais, o que se faz de bem ao próximo, é a Jesus que se faz, tal como o que não se faz de bem ao próximo é a Jesus que não se faz. Não se fazem distinções sobre a identidade ou a condição de quem faz o bem ou dos necessitados a quem é feito. As obras feitas por amor, praticadas por quem quer que seja, ao próximo necessitado, seja ele quem for, honram a Jesus e são premiadas.
    Meditatio

    "O que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes" (v. 40). Jesus dirige-se a todos, sem qualquer distinção. Isto significa que, também fora do âmbito visível dos seus discípulos, da sua Igreja, pode haver autêntico reino e verdadeiro "cristianismo". Esta universalidade estende-se também àqueles a quem fazemos os bem: a única condição é que sejam necessitados. Quando fazemos o bem a um necessitado, é a Cristo que o fazemos. Quem faz o bem, por amor, é sempre um sinal, consciente ou inconsciente, e mais ou menos claro, da misericórdia de Deus.
    S. João de Deus foi para os seus contemporâneos, especialmente para os doentes, um rosto da misericórdia de Deus. Ardendo na caridade divina, só podia manifestá-la aos outros. Para salvar os doentes do seu hospital em chamas, não exitou em correr para o meio do fogo: "Ensinando a caridade, demonstrou que o fogo exterior tinha menor força do fogo que o queimava interiormente", - comentava outrora a liturgia da sua festa. Numa das suas cartas, o santo escreve: "Vêm aqui tantos pobres, que até eu me espanto como é possível sustentar a todos; mas Jesus Cristo a tudo provê e a todos alimenta. Vêm muitos pobres à casa de Deus, porque a cidade de Granada é muito fria, e mais agora que estamos no Inverno. Entre todos - doentes e sãos, gente de serviço e peregrinos - há aqui mais de cento e dez pessoas. Como esta casa é geral, recebe gente de todos os géneros e condições: tolhidos, mancos, leprosos, mudos, dementes, paralíticos, tinhosos, alguns já muito velhos e outros muito crianças ainda, e por cima disto muitos peregrinos e viajantes, que cá chegam e aqui encontram lume, água, sal e vasilhas para cozinhar os alimentos. E para tudo isto não se recebe renda especial, mas Cristo a tudo provê". Noutra carta dizia: "Não tenho sequer o espaço de um "creio em Deus Pai" para poder respirar." O seu amor, a sua dedicação e generosidade para com os pobres granjearam-lhe a admiração de Granada inteira. Quando faleceu, a cidade desfilou diante daquele homem-prodígio de humildade e de caridade. Como dizia João Paulo II de S. Camilo de Lellis, também o testemunho de S. João de Deus "constitui, ainda hoje, um forte apelo a amar a Cristo, presente nos irmãos que carregam sobre si mesmos o fardo da doença".
    A nossa união com Cristo, no seu amor pelo Pai e pelos homens manifesta-se também na disponibilidade e no amor para com todos. A escuta da Palavra, e sobretudo a eucaristia que celebramos são um convite diário para nós, dehonianos, a que sejamos pão bom, partido pelos irmãos, de modo especial para os mais fracos e carenciados: "os pequenos e os que sofrem" (cf. Cst 18). As palavras de Cristo, na instituição da eucaristia, "Fazei isto em memória de Mim" (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25), não se referem apenas à Eucaristia como memorial, mas são um convite a todo o discípulo de Jesus para que seja "pão partido" e "sangue derramado" por todos. Tal como Cristo, também nós...
    Oratio

    Senhor, entre os caminhos que me apontas para me encontrar contigo e unir-me a ti, há o do amor aos irmãos que passam pela difícil fase do sofrimento. Foi esse o caminho percorrido por Jesus, teu Filho divino, o verdadeiro bom samaritano da humanidade. Torna-me cada vez mais consciente de que o serviço aos pequenos e aos que sofrem podem conduzir-me à contemplação do teu rosto, e libertar o amor que derramaste no meu coração para me tornar sinal da tua misericórdia para com todos os homens, particularmente os mais necessitados. Ámen.
    Contemplatio

    (A caridade para com o próximo) é o segundo mandamento e é semelhante ao primeiro. Mas Nosso Senhor fez dele o seu mandamento preferido, porque o outro era evidente. «Este é o meu mandamento, diz, que vos ameis como eu vos amei» (Jo 15, 12). Fez deste mandamento a característica da lei nova e o traço principal dos seus verdadeiros discípulos. «É assim, diz, que reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)... Que Deus vos faça a graça, dizia S. Paulo, de estardes sempre unidos pelos sentimentos e pelo afeto uns para com os outros, segundo o espírito de Jesus Cristo, e conforme ao seu exemplo. Estai unidos no culto e no amor de Deus, e para permanecerdes unidos suportai-vos uns aos outros: o forte ajudará o fraco, o sábio ajudará o ignorante, o judeu e o gentio serão caridosos entre si. Nosso Senhor não nos suportou? Não nos tomou ele consigo e não nos uniu ao seu corpo místico para nos apresentar ao seu Pai? A caridade para com o próximo é necessária a quem quer amar a Deus. - O amor de Deus e o amor do próximo fazem um só. Pode amar-se a Deus e não amar os homens seus filhos? Estes dois amores não faziam senão um só no coração de Nosso Senhor. Quando pronuncia o Ecce venio ao entrar na sua vida mortal, vinha ao mesmo tempo por amor de seu Pai e por amor dos seus irmãos... O amor do próximo está inscrito em cada página do Evangelho. Nosso Senhor podia fazer mais para o recomendar do que nos dizer que teria como feito a si mesmo o que fizéssemos pelo mais pequeno de entre os seus? Não é sobre esta caridade que consistirá sobretudo o juízo? «Tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber...». (Pe. Dehon, OSP 3, p. 201s.).
    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "O que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos,
    a mim mesmo o fizestes" (Mt 25, 40).

     

    ----

    S. João de Deus, Religioso (08 Março)

  • S. José, Esposo da Virgem S. Maria

    S. José, Esposo da Virgem S. Maria


    19 de Março, 2024

    O culto litúrgico a S. José celebra-se, pelo menos, desde o século IV, quando Santa Helena lhe dedicou uma igreja. No Oriente, celebrava-se, a partir do século IX, uma festa em sua honra. No Ocidente o culto é mais tardio. No século XII, é celebrado entre os Beneditinos. No século XII, é celebrado entre os Carmelitas, que o propagam na Europa. No século XV, João Gerson e S. Bernardino de Sena são os seus fervorosos propagandistas. Santa Teresa de Jesus era uma devota fervorosa de S. José e muito promoveu o seu culto.

    S. José, descendente de David, era provavelmente de Belém. Por motivos familiares ou de trabalho, transferiu-se para Nazaré e tornou-se esposo de Maria. O anjo de Deus comunicou-lhe o mistério da incarnação do Messias no seio de Maria, e José, homem justo, aceitou-o apesar da dura crise por que passou. Indo a Belém para o recenseamento, lá nasceu o Menino Jesus. Pouco depois, teve de fugir com ele para o Egipto, donde regressou a Nazaré. Quando Jesus tinha doze anos, vemos José e Maria em Jerusalém, onde perdem o filho e acabam por o reencontrar entre os doutores do templo. A partir deste episódio, os evangelhos nada mais dizem sobre José. É possível que tenha morrido antes de Jesus iniciar a sua vida pública.

    S. José é padroeiro da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos.

    Lectio

    Primeira leitura: 2 Samuel 7, 4-5a.12-14a.16

    Naqueles dias, a palavra do Senhor foi dirigida ao profeta Natã, dizendo-lhe: 5«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: 12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino. 13Ele construirá um templo ao meu nome, e Eu firmarei para sempre o seu trono régio. 14Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim, e o teu trono estará firme para sempre".»

    A profecia de Natã acena a Salomão, filho de David e construtor do templo. Mas as palavras: "manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino" (v. 12), indicam uma longa descendência no trono de Judá. Esta descendência teve um fim histórico, recebendo força profética na alusão velada ao Messias, descendente de David. Ele reinará para sempre. Mas o seu reino não será deste mundo. Será um reino espiritual para salvação da humanidade. A tradição cristã sempre aplicou este texto a Jesus, Messias descendente de David, e indiretamente também a José, o último elo da genealogia davídica.
    Segunda leitura: Romanos 4, 13.16-18.22

    Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança. 16Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós, 17conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. 18Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência. 22Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.

    Paulo evoca a figura de Abraão, pai dos crentes, que reconheceu a sua indigência e se apoiou, isto é, "acreditou" em Deus recebendo o "juízo de salvação", a "justificação". A sua indigência foi superada e pôde realizar a sua "tarefa existencial", a sua "obra", que naquelas circunstâncias consistia na sua paternidade para com Isaac. A liturgia aplica a S. José o elogio de Paulo a Abraão. A fé do esposo de Maria, submetida a duras provas, manteve-se firme, fazendo dele "homem justo", e pai adoptivo de Jesus. A sua resposta de fé manteve-se durante toda a sua vida. Por isso, colaborou com disponibilidade e generosidade no projeto de salvação a que Deus o associou. Se Abraão é "tipo" do cristão, José também o é. Abraão sabia-se condenado à morte, pois não teria descendência. Mas acreditou e recebeu uma grande descendência da mão de Deus. José aceitou ser "pai" de Quem não era seu filho, mas Filho de Deus e de Maria, e colaborou na geração da humanidade nova, nascida da morte e da ressurreição de Cristo.
    Evangelho: Lucas 2, 41-51a

    Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. 42Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. 43Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. 44Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. 46Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. 47Todos quantos o ouviam, estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas. 48Ao vê-lo, ficaram assombrados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!» 49Ele respondeu-lhes: «Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» 50Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse. 51Depois desceu com eles, voltou para Nazaré.

    A lei judaica mandava que os primogénitos, sendo sagrados, deviam ser entregues a Deus ou sacrificados. Como o sacrifício humano era proibido, a lei obrigava a fazer uma espécie de troca, de maneira que em vez do menino, era oferecido um animal puro (cordeiros, pombas) (cf. Ex 13 e Lv 12). Lucas parece ter presente que Jesus, primogénito de Maria, era primogénito de Deus. Por isso, com a substituição do sacrifício - oferecem-s duas pombas - é evidenciado o fato de Jesus ser "apresentado ao Senhor", isto é, solenemente oferecido ao Pai. O sentido deste oferecimento só se compreende à luz da cena do calvário, onde Jesus já não pode ser substituído e morrerá como autêntico primogénito, que se entrega ao Pai pela salvação dos homens.

    Como pai adoptivo, José preocupa-se por tudo uanto diz respeito a Jesus. Embora não lhe seja dado penetrar completamente no mistério das relações de Jesus com o Pai, e também não compreendendo tudo quanto Jesus faz e diz, deixa-se no entanto, conduzir por Deus, com uma fé dócil e silenciosa. A sua máxima, à semelhança da de Jesus e da de Maria, poderia ser: "Ecce servus tuus", eis o teu servo.

    Meditatio

    A Igreja convida-nos, hoje, a voltar-nos para S. José, a alegrar-nos e a bendizermos a Deus pelas graças com que o cumulou. S. José é o "homem justo" (Mt 1, 19). A sua justiça vem-lhe do acolhimento do dom da fé, da retidão interior e do respeito para com Deus e para com os homens, para com a lei e para com os acontecimentos. É o que nos sugere a segunda leitura. Não foi fácil para José aceitar uma paternidade que não era dele e, depois, a responsabilidade de ser o mestre e guia d´Aquele que, um dia, havia de ser o pastor de Israel. Respeito, obediência e humildade estão na base da "justiça" de José. Foi esta atitude interior, no desempenho da sua missão única, que guindaram José ao cume da santidade cristã, junto de Maria, a sua esposa.

    As atitudes de José são características dos grandes homens, de que nos fala a Bíblia, escolhidos e chamados por Deus para missões importantes. Embora se considerassem pequenos, fracos e indignos, aceitavam e realizavam a missão, confiando n´Aquele que lhes dizia: "Eu estarei contigo".

    José não procurou os seus interesses e satisfações, mas colocou-se inteiramente aos serviços dos que amava. O seu amor pela esposa, Maria, visava unicamente servir a vocação a ela que fora chamada. Deste modo, o casal chegou a uma união espiritual admirável, donde brotava uma enorme e puríssima alegria. Era a perfeição do amor. O amor de José por Jesus apenas visava servir a vocação de Jesus, a missão de Jesus. Para José, o filho não era uma espécie de propriedade a quem impunha uma autoridade e afeto tirânico, como, por vezes, acontece com alguns pais. José sabia que Jesus não era dele, e nada mais desejava do que prepará-lo, conforme as suas capacidades, para a missão de Salvador, como lhe fora dito pelo Anjo.

    Por intercessão do nosso santo, peçamos a Deus a fé, a confiança, a docilidade, a generosidade e a pureza do amor para nós mesmos e para quantos têm responsabilidades na Igreja, para que as maravilhas de Deus se realizem também nos nossos dias.

    Oratio

    Ó S. José, eu admiro e louvo a vossa perfeição e a vossa santidade. Que exemplos e que méritos! A vossa intercessão no céu é sempre escutada. O Coração de Jesus não pode ficar insensível à vossa oração. Pedi hoje a minha conversão, a minha santificação. Pedi o perdão de todas as minhas faltas e a graça de corresponder ao que Nosso Senhor espera de mim. Fiat! Fiat! (Leão Dehon, OSP 3, p. 309).

    Contemplatio

    José, o justo, o santo, entra simplesmente nos desígnios do céu sobre ele e torna-se esposo de Maria por um casamento virginal; esposo de uma Virgem, de uma Rainha, esposo da Mãe de Deus e da Esposa do Espírito Santo! Mas o seu coração é digno dela. Na sua alma reúnem-se a fé viva dos patriarcas, as nobres aspirações dos profetas, as esperanças das gerações passadas. O seu coração é o mais puro, o mais amável, o mais celeste de todos, depois do Coração de Jesus e do Coração imaculado de Maria. José é o esposo da Virgem Maria, com que respeito a envolve! Que delicadeza, que discrição nas suas relações com ela! Aprendeu de cor a sua sublime missão de castidade e de amor. E quando foi advertido pelo anjo a respeito dos grandes desígnios de Deus sobre o filho de Maria, associou-se de coração à missão de vítima do seu filho adotivo e aceitou sem reserva todos os sofrimentos que daí resultariam para ele. Esposo de Maria! Que conjunto de graças este título supõe. José esteve unido mais do que ninguém neste mundo à Mãe de Deus. Tiveram todos as mesmas vistas, todos as mesmas orações e os mesmos sofrimentos. Os méritos de S. José aproximam-se dos de Maria. Que grandeza e que dignidade! José é o pai nutritivo de Jesus, pai legal e pai putativo. Tem tudo o que pode pertencer à paternidade sem ferir a virgindade. Tem todos os direitos e toda a autoridade de um pai. É o chefe da Sagrada Família. (Pe. Dehon, OSP 3, p. 308).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Ecce servus tuus! Eis o teu servo!"

     

    ----

    S. José, Esposo da Virgem S. Maria (19 Março)

  • Anunciação do Senhor

    Anunciação do Senhor


    25 de Março, 2024

    A solenidade da Anunciação do Senhor é a celebração do grande mistério cristão da Encarnação do Verbo de Deus. A data de 25 de Março está em função do Nascimento de Jesus, que é celebração exatamente nove meses depois. A catequese sempre fez coincidir a Anunciação e a Encarnação. Estes mistérios começaram a ser celebrados liturgicamente provavelmente depois da edificação da basílica constantiniana sobre a casa de Maria, em Nazaré, no século IV. A celebração no Oriente e no Ocidente data do século VII. Durante séculos, esta solenidade teve sobretudo carácter mariano. Mas Paulo VI devolveu-lhe o título de "Anunciação do Senhor", repondo o seu carácter predominantemente cristológico. Em síntese, trata-se de uma "celebração (que) era e é festa de Cristo e da Virgem: do Verbo que se torna filho de Maria e da Virgem que se torna Mãe de Deus" (Marialis cultus 6).

    Lectio

    Primeira leitura: Isaías 7, 10-14; 8, 10

    Naqueles dias, o Senhor mandou dizer de novo a Acaz: 11«Pede ao Senhor teu Deus um sinal, quer no fundo dos abismos, quer lá no alto dos céus.» 12Acaz respondeu: «Não pedirei tal coisa, não tentarei o Senhor.» 13Isaías respondeu: «Escuta, pois, casa de David: Não vos basta já ser molestos para os homens, senão que também ousais sê-lo para o meu Deus? 14Por isso, o Senhor, por sua conta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel. 10Traçai planos, que serão frustrados; ordenai ameaças, que não serão executadas, pois temos o Emanuel: «Deus-connosco.»

    Acaz, rei de Jerusalém, vê vacilar o seu trono devido à aproximação de exércitos inimigos. A sua primeira reação é entrar numa política de alianças humanas. Isaías, pelo contrário, propõe a resolução do problema pela confiança em Deus. Convida o rei a pedir um «sinal» (v. 11) que seja confirmação da assistência divina. Acaz recusa a proposta: «não tentarei o Senhor» (v. 12). Fá-lo por hipocrisia, e não por verdadeiro sentido religioso. Isaías insiste que, apesar da recusa do rei, Deus lhe dará um sinal: «a jovem está grávida e vai dar à luz um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel: «Deus-connosco». O sentido imediato destas palavras refere-se a Ezequias, filho de Acaz, que a rainha está para dar à luz. O seu nascimento, nesse momento histórico, é interpretado como sinal da presença salvadora de Deus em favor do seu povo aflito. Mais profundamente, as palavras de Isaías são profecia de um futuro rei Salvador. A tradição cristã sempre viu neste oráculo o anúncio profético do nascimento de Jesus, filho de Maria Virgem.

    Segunda leitura: Hebreus 10, 4-10

    Irmãos, é impossível que o sangue dos touros e dos bodes apague os pecados. 5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo diz: «Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas reparaste-me um corpo. 6Não te agradaram holocaustos nem sacrifícios pelos pecados. 7Então, Eu disse: Eis que venho - como está escrito no livro a meu respeito -para fazer, ó Deus, a tua vontade. 8Disse primeiro: Não quiseste nem te agradaram sacrifícios, oferendas e holocaustos pelos pecados - e, no entanto, eram oferecidos segundo a Lei. 9Disse em seguida: Eis que venho para fazer a tua vontade. Suprime, assim, o primeiro culto, para instaurar o segundo. 10E foi por essa vontade que nós fomos santificados, pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre.

    Este texto, retirado do seu contexto, procura demonstrar que o sacrifício de Cristo é superior aos sacrifícios do Antigo Testamento. O autor da Carta aos Hebreus relê o Salmo 39 - utilizado pela liturgia desta solenidade como Salmo Responsorial - como se fosse uma declaração de intenções do próprio Cristo ao entrar no mundo, no momento da Incarnação. Esta é também a atitude obediencial do povo da antiga aliança e de todo o piedoso cantor do salmo: «: Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade.». A Incarnação como atitude obediencial acontece no dia da Anunciação do Senhor a Maria. Esse dia inaugura a peregrinação messiânica que conduzirá à doação do corpo de Cristo no sacrifício salvífico, novo e inovador, único e indispensável, que se completa no sacrifício da cruz.

    Evangelho: Lucas 1, 26-38

    Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. 28Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.» 34Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37porque nada é impossível a Deus.» 38Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

    Uma possível chave de leitura deste texto é ver nele um relato biográfico feito por Lucas que terá ouvido atentamente as confidências de Maria. No diálogo entre Deus e a menina de Nazaré - pela mediação do anjo Gabriel - revela-nos uma relação viva entre o divino e o humano, em que a proposta do alto vai sendo progressivamente esclarecida. O mensageiro respeita a condição humana de uma rapariga virgem que recebe uma proposta inesperada: ser mãe do Messias. Maria, a virgem prometida como esposa a José, aproxima-se progressivamente do mistério, deixando-se conscientemente envolver por ele, disponibilizando-se e adequando à proposta de Deus o seu próprio projeto. E termina pronunciando o seu «Eis-me aqui!» (cf. v. 38).

    Meditatio

    O mistério celebrado hoje é a conceição do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Na basílica nazaretana da Anunciação, diante do altar, há uma placa de mármore que os peregrinos beijam com emoção e onde está escrito: "Aqui de Maria Virgem fez-se carne o Verbo".
    No texto da Carta aos Hebreus, o hagiógrafo refere ou interpreta a anunciação de Cristo; no texto de Lucas, o evangelista narra a anunciação a Maria. Cristo toma a iniciativa de declarar aquilo que Ele mesmo compreende; Maria recebe uma palavra que vem de fora de si mesma, uma palavra cheia de propostas de um Outro. O paralelismo transforma-se em coincidência na explicitação da disponibilidade de ambos para fazerem a vontade divina; é uma disponibilidade separada por qualidade e quantidade de consciência, mas que converge na finalidade de obediência total ao projeto de Deus: Ecce venio, ecce ancilla, eis-me aqui! Eis a serva!
    A atitude de obediência irá aproximar a mãe e o filho, Maria "anunciada" e Jesus Cristo "anunciado". Ambos pronunciam o seu «Eis-me aqui!». Ambos se exprimem com voz quase idêntica: «faça-se em mim segundo a tua palavra», «Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade». Ambos entram na fisionomia de «serva» e de «servo» do Senhor. Esta sintonia encoraja os discípulos à disponibilidade para servir a palavra de Deus, porque o próprio Filho de Deus é servo e porque a Mãe de Deus é serva; ambos são servos de uma palavra que salva quem a serve e que traz salvação.
    Os Sacerdotes do Coração de Jesus são chamados a viver a espiritualidade oblativa, a fazerem da sua vida e obras uma oferta de amor que se concretiza, em primeiro lugar, na disponibilidade para cumprir a vontade de Deus, mesmo quando ela exige renúncia, sacrifício. Unem-se à oblação perfeita de Cristo ao Pai com o sacrifício das suas vidas, "como oblação viva, santa e agradável a Deus" (cf. Rom 12, 1), a realizar-se na contemplação e no apostolado (cf. Cst nn. 24 e 58).
    Esta espiritualidade oblativa é bem expressa, segundo o P. Dehon, pelo "Ecce venio" (Eis-me aqui!) (Heb 10, 7): "Nestas palavras: Ecce venio,.. Ecce ancilla..., encerram-se toda a nossa vocação, a nossa finalidade, o nosso dever, as nossas promessas" (Dir. Esp. I. 3)." (Cst. n. 6; cf. Cst nn. 53.58.85).

    Oratio

    Salve Santa Maria, serva humilde do Senhor, mãe gloriosa de Cristo! Salve, Virgem fiel! Ensina-nos a ser dóceis ao Espírito. Ensina-nos a viver em atitude de escuta da Palavra, atentos às suas inspirações e às suas manifestações na vida dos irmãos, nos acontecimentos da história, no gemido e no júbilo da criação. Virgem da escuta, virgem orante, acolhe as súplicas dos teus servos. Ajuda-nos a abandonar-nos ao Senhor, a unir-nos ao Ecce venio de Jesus e ao teu Ecce ancilla. Ajuda-nos a compreender que já não podemos ter outra vontade que não a do Pai, outra regra que o seu beneplácito. Que, em cada instante, procuremos a vontade de Deus e nos conformemos a ela (cf. Leão Dehon, OSP 3, p. 329).

    Contemplatio

    Ecce venio, regra de vida de Jesus. - Foi neste dia que Nosso Senhor disse o seu Ece venio e que Maria disse o seu Ecce ancilla. O apóstolo S. Paulo regista-o, foi ao entrar neste mundo pela Incarnação que Nosso Senhor formulou o seu abandono ao beneplácito do Pai e a regra de toda a sua vida: Eis que venho, meu Pai, para fazer a vossa vontade (Heb 10,5). Tinha dito por David que tal seria a lei do seu Coração (Sl 39). Colocou esta lei do abandono, da obediência, da conformidade à vontade do seu Pai, no fundo do seu Coração para a consultar sem cessar, para a seguir sempre, para dela fazer a rega de toda a sua vida. E do seu Coração ela subia sem cessar aos seus lábios, como o Evangelho mesmo o indica: «Meu Pai, que a vossa vontade seja feita. - Meu Pai, que assim seja, pois que vós o quereis. - Meu Pai, não a minha vontade, mas a vossa». Estas indicações do Evangelho bastam para mostrar que aí estava para Nosso Senhor uma regra de vida e um pensamento habitual do seu Coração. O que Ele procura sempre, não é nem o interesse nem o prazer, mas a vontade do seu Pai. A única questão que se coloca antes de agir é sempre esta: «Meu Pai, que quereis que Eu faça?» (Leão Dehon, OSP 3, p. 328).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
    «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 2, 38).

     

    ----

    Anunciação do Senhor (25 Março)

     

plugins premium WordPress