Week of Jan 8th

  • Solenidade da Epifania do Senhor - Ano B [atualizado]

    Solenidade da Epifania do Senhor - Ano B [atualizado]

    7 de Janeiro, 2024

    ANO B

    SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

    Tema da Solenidade da Epifania do Senhor

    A liturgia deste dia celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… O Menino do presépio é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Essa “luz” encarnou na nossa história e no nosso mundo, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação e da vida definitiva.

    A primeira leitura anuncia a Jerusalém a chegada da luz salvadora de Deus. Essa luz transfigurará o rosto da cidade, iluminará o regresso a casa dos exilados na Babilónia e atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.

    No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm uns “magos” do oriente, que representam todos os povos da terra… Atentos aos sinais da chegada do Messias, esses “magos” procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem exceção.

    A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.

     

    LEITURA I – Isaías 60,1-6

    Levanta-te e resplandece, Jerusalém,
    porque chegou a tua luz
    e brilha sobre ti a glória do Senhor.
    Vê como a noite cobre a terra,
    e a escuridão os povos.
    Mas sobre ti levanta-Se o Senhor,
    e a sua glória te ilumina.
    As nações caminharão à tua luz,
    e os reis ao esplendor da tua aurora.
    Olha ao redor e vê:
    todos se reúnem e vêm ao teu encontro;
    os teus filhos vão chegar de longe
    e as tuas filhas são trazidas nos braços.
    Quando o vires ficarás radiante,
    palpitará e dilatar-se-á o teu coração,
    pois a ti afluirão os tesouros do mar,
    a ti virão ter as riquezas das nações.
    Invadir-te-á uma multidão de camelos,
    de dromedários de Madiã e Efá.
    Virão todos os de Sabá,
    trazendo ouro e incenso
    e proclamando as glórias do Senhor.

     

    CONTEXTO

    Os capítulos 56-66 do Livro de Isaías apresentam um conjunto de profecias cuja proveniência não é, entre os estudiosos da Bíblia, totalmente consensual… Para alguns, são textos de um profeta anónimo, pós-exílico, que exerceu o seu ministério em Jerusalém após o regresso dos exilados da Babilónia, nos anos 537/520 a.C.; para a maioria, trata-se de textos que provêm de diversos autores pós-exílicos e que foram redigidos ao longo de um arco de tempo relativamente longo (provavelmente, entre os sécs. VI e V a.C.).

    Em geral, estas profecias situam-nos em Jerusalém, a cidade que os Babilónios deixaram em ruínas, em 586 a.C., e que agora começa a reerguer-se. As marcas do passado ainda se notam nas pedras calcinadas da cidade; os filhos e filhas de Jerusalém que regressaram do exílio na Babilónia são ainda em número reduzido; a pobreza geral obriga a que a reconstrução seja lenta e muito modesta; os inimigos estão à espreita e a população está desanimada… Sonha-se, no entanto, com o dia em que Deus vai voltar à sua cidade para trazer a salvação definitiva ao seu Povo. Então, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, o Templo será reconstruído e Deus habitará para sempre no meio do seu Povo.

    O texto que nos é proposto é uma glorificação de Jerusalém, a cidade da luz, a “cidade dos dois sóis” (o sol nascente e o sol poente: pela sua situação geográfica, no alto das montanhas da Judeia, a cidade é iluminada desde o nascer do dia, até ao pôr do sol).

     

    MENSAGEM

    É de noite. Jerusalém está mergulhada na obscuridade. Mas, de repente, soa o grito da sentinela, anunciando a aurora. O sol aparece atrás das montanhas, a oriente, e ilumina as pedras brancas das casas. A cidade está em reconstrução, mas parece transfigurada pela luz matutina. É como se Jerusalém tivesse tirado os seus vestidos negros de viúva e se vestisse de branco. Parece, agora, uma noiva preparada para acolher o seu amado.

    O profeta/poeta que contemplou esta transformação sente-se inspirado pelo que viu. E sonha… Sonha com uma Jerusalém nova, iluminada pela luz salvadora de Deus. Quando a luz de Deus se levantar sobre Jerusalém e a iluminar novamente, a cidade que parecia uma viúva triste, sem marido (porque Deus já não reside no Templo, destruído e queimado) e abandonada pelos filhos (exilados na Babilónia), irá vestir-se-á de alegria, como uma jovem resplandecente no seu vestido de noiva e adornada com joias belíssimas. Os filhos, exilados numa terra estrangeira, irão regressar em triunfo (“trazidos nos braços”), devolvendo a alegria e a vida à cidade. Mas a luz salvadora de Deus que brilha sobre Jerusalém fará ainda mais: atrairá homens e mulheres de todas as raças e nações, que convergirão para Jerusalém, inundando-a de riquezas (nomeadamente o incenso, para o serviço do Templo) e cantando os louvores de Deus.

    Este anúncio profético acende a esperança nos corações cansados e abatidos dos exilados. Todos ficarão à espera do dia supremamente festivo em que começará a brilhar essa “luz” salvadora e transformadora. O evangelista Mateus liga esta profecia à chegada de Jesus.

     

    INTERPELAÇÕES

    • É bela esta imagem de Deus como uma luz que se acende nas nossas vidas e nas nossas cidades, iluminando os caminhos que temos de percorrer, aquecendo os nossos corações cansados e abatidos e transformando o nosso pessimismo e derrotismo em esperança e vida nova. Às vezes temos a sensação de que este mundo onde peregrinamos se tornou um lugar sombrio e triste, onde o ódio pode mais do que o amor, a guerra se impõe aos esforços pela paz, o egoísmo é mais apreciado do que a comunhão… Mas a verdade é que, quando parecemos perdidos em becos sem saída, a luz de Deus vem iluminar o mapa dos caminhos que devemos andar para encontrar Vida. Não vivamos de olhos postos no chão, afogados numa escuridão que nos rouba a esperança; ousemos, mesmo em momentos complicados da história do mundo e da nossa história pessoal, levantar os olhos e perceber a presença desse Deus que nunca desistirá de iluminar todos os passos do nosso caminho rumo à Vida.
    • Podemos, naturalmente, ligar a chegada da “luz” salvadora de Deus a Jerusalém (anunciada pelo profeta) com o nascimento de Jesus. O projeto de libertação que Jesus veio apresentar aos homens será a luz que vence as trevas do pecado e da opressão e que dá ao mundo um rosto mais brilhante de vida e de esperança. Reconhecemos em Jesus a “luz” libertadora de Deus? Estamos dispostos a aceitar que essa “luz” nos fale, nos aponte caminhos de vida nova e nos liberte das trevas do egoísmo, do orgulho e do pecado? Estamos disponíveis para dar testemunho dessa luz junto dos irmãos que compartilham o caminho connosco?
    • Na catequese cristã dos primeiros tempos, esta Jerusalém nova, que já “não necessita de sol nem de lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus”, é a Igreja – a comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a luz salvadora que Ele veio trazer (cf. Ap 21,10-14.23-25). Será que nas nossas comunidades cristãs e religiosas brilha a luz libertadora de Jesus? Elas são, pelo seu brilho, uma luz que atrai os homens? As nossas desavenças e conflitos, a nossa falta de amor e de partilha, os nossos ciúmes e rivalidades, a nossa passividade e conformismo não contribuirão para embaciar o brilho dessa luz de Deus que devíamos refletir?
    • Será que na nossa comunidade cristã há espaço e voz para todos os que buscam a luz libertadora de Deus? Os irmãos cuja vida é considerada irregular ou pouco condizente com a visão oficial são acolhidos, respeitados e amados? As diferenças próprias da diversidade de culturas são vistas como uma riqueza que importa preservar, ou são rejeitadas porque ameaçam a uniformidade? A nossa comunidade cristã é o “hospital” onde “todos, todos, todos” podem curar as feridas que a vida lhes infligiu?

     

    SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72)

    Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.

    Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
    e a vossa justiça ao filho do rei.
    Ele governará o vosso povo com justiça
    e os vossos pobres com equidade.

    Florescerá a justiça nos seus dias
    e uma grande paz até ao fim dos tempos.
    Ele dominará de um ao outro mar,
    do grande rio até aos confins da terra.

    Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
    os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
    Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
    todos os povos o hão de servir.

    Socorrerá o pobre que pede auxílio
    e o miserável que não tem amparo.
    Terá compaixão dos fracos e dos pobres
    e defenderá a vida dos oprimidos.

     

    LEITURA II – Efésios 3,2-3a.5-6

    Irmãos:
    Certamente já ouvistes falar
    da graça que Deus me confiou a vosso favor:
    por uma revelação,
    foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo.
    Nas gerações passadas,
    ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens
    como agora foi revelado pelo Espírito Santo
    aos seus santos apóstolos e profetas:
    os gentios recebem a mesma herança que os judeus,
    pertencem ao mesmo corpo
    e participam da mesma promessa,
    em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.

     

    CONTEXTO

    A Carta aos Efésios apresenta-se como uma “carta de cativeiro”, escrita por Paulo da prisão (os que aceitam a autoria paulina desta carta discutem qual o lugar onde Paulo está preso, nesta altura, embora a maioria ligue a carta ao cativeiro de Paulo em Roma entre 61/63).

    É, de qualquer forma, uma apresentação sólida de uma catequese bem elaborada e amadurecida. A carta, talvez uma “carta circular” enviada a várias comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor, parece apresentar uma espécie de síntese do pensamento paulino.

    O tema mais importante da Carta aos Efésios é aquilo que o autor chama “o mistério”: trata-se do projeto salvador de Deus, definido e elaborado desde sempre, oculto durante séculos, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos “últimos tempos”, tornado presente no mundo pela Igreja.

    Na parte dogmática da carta (cf. Ef 1,3-3,19), Paulo apresenta a sua catequese sobre “o mistério”: depois de um hino que celebra a ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo na obra da salvação (cf. Ef 1,3-14), o autor fala da soberania de Cristo sobre os poderes angélicos e do seu papel como cabeça da Igreja (cf. Ef 1,15-23); depois, reflete sobre a situação universal do homem, mergulhado no pecado, e afirma a iniciativa salvadora e gratuita de Deus em favor do homem (cf. Ef 2,1-10); expõe ainda como é que Cristo – realizando “o mistério” – levou a cabo a reconciliação de judeus e pagãos num só corpo, que é a Igreja (cf. 2,11-22)… O texto que nos é proposto vem nesta sequência: nele, Paulo apresenta-se como testemunha do “mistério” diante dos judeus e diante dos pagãos (cf. Ef 3,1-13).

     

    MENSAGEM

    A Paulo, apóstolo como os Doze, também foi revelado “o mistério”. É esse “mistério” que Paulo aqui desvela aos crentes da Ásia Menor… Paulo insiste que, em Cristo, chegou a salvação definitiva para os homens; e essa salvação não se destina exclusivamente aos judeus, mas destina-se a todos os povos da terra, sem exceção. Paulo é, por chamamento divino, o pregoeiro desta novidade… Percebemos, assim, porque é que Paulo se fez o grande arauto da “boa nova” de Jesus entre os pagãos.

    Agora, judeus e gentios são membros de um mesmo e único “corpo” (o “corpo de Cristo” ou Igreja), partilham o mesmo projeto salvador que os faz, em igualdade de circunstâncias com os judeus, “filhos de Deus”; e todos participam da promessa feita por Deus a Abraão (cf. Gn 12,3), promessa cuja realização Cristo levou a cabo.

     

    INTERPELAÇÕES

    • Segundo Paulo, a salvação oferecida por Deus e revelada em Jesus não se destina apenas “a Jerusalém” (ao mundo judaico), mas é para todos os povos, sem distinção de raça, de cor, de cultura ou de estatuto social. Todos os homens e mulheres são filhos e filhas queridos de Deus. A todos Deus ama, todos fazem parte de uma família universal. Será que conseguimos ver em cada pessoa, independentemente das diferenças e particularismos que apresenta, um irmão ou uma irmã? Conseguimos apreciar devidamente a beleza de pertencer a uma família onde as diferenças não dividem, mas são um bem acrescentado que a todos enriquece?
    • A fraternidade implica o amor sem limites, a partilha, a solidariedade… Sentimo-nos solidários com todos os irmãos que partilham connosco esta vasta casa que é o mundo? Sentimo-nos responsáveis pela sorte de todos os nossos irmãos, mesmo aqueles que estão separados de nós pela geografia, pela diversidade de culturas e de raças?
    • A Igreja, “corpo de Cristo”, é a comunidade daqueles que acolheram “o mistério”. Esta comunidade é um espaço privilegiado onde se revela o projeto salvador que Deus tem para oferecer a todos os homens. É isso que, de facto, acontece? Na vida das nossas comunidades transparece realmente o amor de Deus? As nossas comunidades são verdadeiras comunidades fraternas, onde todos se amam sem distinção de raça, de cor, de estatuto social, ou de história de vida?

     

    ALELUIA – Mateus 2,2

    Aleluia. Aleluia.

    Vimos a sua estrela no Oriente
    e viemos adorar o Senhor.

     

    EVANGELHO – Mateus 2,1-12

    Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia,
    nos dias do rei Herodes,
    quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
    «Onde está – perguntaram eles –
    o rei dos judeus que acaba de nascer?
    Nós vimos a sua estrela no Oriente
    e viemos adorá-l’O».
    Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado,
    e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.
    Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo
    e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.
    Eles responderam:
    «Em Belém da Judeia,
    porque assim está escrito pelo profeta:
    ‘Tu, Belém, terra de Judá,
    não és de modo nenhum a menor
    entre as principais cidades de Judá,
    pois de ti sairá um chefe,
    que será o Pastor de Israel, meu povo’».
    Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos
    e pediu-lhes informações precisas
    sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
    Depois enviou-os a Belém e disse-lhes:
    «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino;
    e, quando O encontrardes, avisai-me,
    para que também eu vá adorá-l’O».
    Ouvido o rei, puseram-se a caminho.
    E eis que a estrela que tinham visto no Oriente
    seguia à sua frente
    e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
    Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
    Entraram na casa,
    viram o Menino com Maria, sua Mãe,
    e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O.
    Depois, abrindo os seus tesouros,
    ofereceram-Lhe presentes:
    ouro, incenso e mirra.
    E, avisados em sonhos
    para não voltarem à presença de Herodes,
    regressaram à sua terra por outro caminho.

     

    CONTEXTO

    O episódio da visita dos magos ao Menino de Belém, narrado no evangelho de Mateus, é um episódio de grande beleza, que rapidamente se tornou muito popular entre os cristãos. Ao longo dos séculos a piedade popular não cessou de o embelezar com acrescentos que, na maior parte dos casos, não encontram eco no texto de Mateus.

    Os biblistas estão de acordo em que este relato se encaixa na categoria do midrash haggádico, um método de leitura e de exploração do texto bíblico muito utilizado pelos rabis de Israel, que incluía o recurso a histórias fantasiosas para ilustrar um ensinamento. Na verdade, Mateus não pretende descrever uma visita de personagens importantes ao Menino do presépio, mas sim apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.

    Na base da inspiração de Mateus pode estar a crença generalizada, na região do Crescente Fértil, de que cada criança que nascia tinha a sua própria estrela e de que uma nova estrela anunciava um acontecimento que iria mudar a história humana. É provável também que Mateus se tenha inspirado, para construir esta bonita narrativa, num texto do livro dos Números onde um profeta chamado Balaão, “o homem de olhar penetrante” (Nm 24,15), anuncia “uma estrela que sai de Jacob e um cetro flamejante que surge do seio de Israel” (Nm 24,27). Esse anúncio teve sempre, para os teólogos de Israel, um claro sabor messiânico.

    Finalmente, o relato de Mateus faz uma referência ao rei que governava a Palestina na altura do nascimento de Jesus: Herodes, chamado “o Grande”, falecido no ano 4 a.C., cerca de dois anos após o nascimento de Jesus. Embora se tenha distinguido pelas grandes obras que levou a cabo, foi um rei cruel e despótico, sempre pronto a matar para defender o seu trono.

     

    MENSAGEM

    A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético.

    Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no facto de Jesus ter nascido em Belém de Judá (cf. vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-l’O a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino ideal de seu pai.

    Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “magos” para Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos astronómicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenómeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do antigo Médio Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa pois, como vimos, Mateus não está a narrar factos históricos. Mateus está, simplesmente, a dizer-nos que o Menino de Belém é essa “estrela de Jacob” de que falava o anúncio profético de Balaão (cf. Nm 24,17) e que, com o seu nascimento, se concretiza a chegada daquela “luz salvadora” de que falava a primeira leitura, que vai brilhar sobre Jerusalém e atrair à cidade santa povos de toda a terra.

    Temos ainda as figuras dos “magos”. A palavra “mágos” (que parece ser de origem persa) abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, em contacto com o messianismo judaico. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”.

    Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “magos” do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.

    Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “magos” reflete a caminhada que os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para O encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adoram-n’O como “o Senhor”. É muito possível que um grande número de pagano-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.

     

    INTERPELAÇÕES

    • Em primeiro lugar, atentemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os “magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, a “luz salvadora” enviada por Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os “magos”), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Com qual destes grupos nos identificamos? Será possível sermos “cristãos praticantes”, andarmos envolvidos nas atividades da comunidade cristã e, simultaneamente, passarmos ao lado das propostas de Jesus? Nós, os que conhecemos as Escrituras, levámo-las a sério quando elas nos desafiam à conversão, ao compromisso, à opção clara pelos valores do Evangelho?
    • Os “magos” são os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da luz libertadora de Deus. Talvez hoje, com toda a pressão que a vida nos coloca, não consigamos ter tempo para olhar para o céu, à procura dos sinais de Deus; talvez a vida nos obrigue a andar de olhos no chão, ocupados em coisas bem rasteiras e materiais… Mas a aventura da existência terá mais cor se arranjarmos tempo para parar, para meditar, para falar com Deus, para escutar as suas indicações, para tentar ler os sinais que Ele vai colocando ao longo do nosso caminho… Talvez a nossa peregrinação pela terra tenha mais sentido se aprendermos a ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus. Vale a pena pensar nisto…
    • O relato de Mateus sublinha, por outro lado, a “desinstalação” dos “magos”: eles descobriram a “estrela” e, imediatamente, deixaram tudo para procurar Jesus. O risco da viagem, a incomodidade do caminho, o confronto com o desconhecido, nada os impediu de partir. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, ao nosso comando da televisão, ao nosso computador, à nossa zona de conforto, à nossa segurança, ao nosso comodismo? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz, muitas vezes através dos irmãos que necessitam da nossa ajuda e do nosso cuidado?
    • Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor. Estamos bem conscientes de que Jesus é o centro para o qual todos convergimos e do qual irradia a luz salvadora que ilumina a nossa vida e a vida do mundo? E, quando olhamos para os irmãos e irmãs que connosco se reúnem à volta de Jesus, sentimos a comunhão, a fraternidade, os laços de família que a todos nos ligam?
    • Os “magos”, depois de se encontrarem com Jesus e de o reconhecerem como “o Senhor”, “regressaram ao seu país por outro caminho”. O encontro com o Menino do presépio tem sido, nestes dias, um momento de confronto que nos leva a reequacionar a nossa vida, os nossos valores e opções, e a enveredar por um caminho novo, mais simples, mais humilde, mais fraterno, mais humano?

     

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O DOMINGO DA EPIFANIA
    (adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

    1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

    Ao longo dos dias da semana anterior ao Domingo da Epifania, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

     

    2. PALAVRA DE VIDA.

    A caminho da estrela… Os magos tinham o hábito de perscrutar os astros. Eles viram uma estrela, sem dúvida nova para os seus olhos, então puseram-se a caminho… Aquele que procuravam parece querer fazer-se conhecer, um sinal basta para estes magos. Param, experimentam uma grande alegria, prostram-se e oferecem os seus presentes. A criança que eles descobrem não é uma criança como as outras: é rei, então oferecem-lhe oiro; é Deus, então queimam incenso; passará pela morte antes de ressuscitar, então apresentam a mirra. Para o regresso, não têm necessidade de estrela. Deus convida-os a regressar por outro caminho. O verdadeiro rei não é Herodes, mas esta criança que acaba de nascer.

     

    3. UM PONTO DE ATENÇÃO.

    Um convite ao acolhimento e à abertura… Festa da salvação para todos os povos, a Epifania convida as comunidades cristãs ao acolhimento e à abertura. Como viver isso concretamente hoje na celebração? Por exemplo, dando a cada um, ao chegar à igreja, uma pequena estrela. Em cada uma, está escrito o nome de um dos continentes: África, América, Ásia, Europa, Oceânia. No fim da primeira leitura que descreve em imagens sumptuosas Jerusalém como o cruzamento das nações, o animador diz o nome África, depois América, e os outros; a cada apelo, aqueles que têm o nome escrito na estrela levantam a estrela e mantêm-na levantada durante o salmo responsorial. Em seguida, vão colocá-la no presépio.

     

    4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…

    Aceitar pôr-se a caminho… Erguer os olhos: tal é o convite que nos é feito hoje. Uma estrela brilha sempre na noite, se nós a perscrutamos com atenção. Erguer os olhos: descentrar-se de si mesmo, procurar ajuda da parte de qualquer outro, de Deus. Depois de ver a estrela, aceitar pôr-se a caminho. Nos próximos dias, esta estrela será talvez uma caminhada a empreender para sair, encontrar ajuda ou levar ajuda a alguém, tomar uma decisão até aqui adiada…

     

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS

    Proposta para Escutar, Partilhar, Viver e Anunciar a Palavra

    Grupo Dinamizador:
    José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    www.dehonianos.org

     

  • Festa do Batismo do Senhor – Ano B [atualizado]

    Festa do Batismo do Senhor – Ano B [atualizado]

    8 de Janeiro, 2024

    ANO B

    FESTA DO BATISMO DO SENHOR

    Tema da Festa do Batismo do Senhor

    A liturgia deste dia celebra o Batismo de Jesus. Evoca o momento em que Jesus, ungido pelo Espírito Santo e apresentado aos homens como “Filho Amado” de Deus, abraçou a missão que o Pai lhe entregou: recriar o mundo, fazer nascer um Homem Novo. E propõe-nos, a todos nós que fomos batizados em Cristo, que tiremos desse facto as consequências que se impõem.

    A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Investido do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.

    No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética da primeira leitura: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à Vida em plenitude.

    A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação em favor dos homens; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

     

    LEITURA I – Isaías 42,1-4.6-7

    Diz o Senhor:
    «Eis o meu servo, a quem Eu protejo,
    o meu eleito, enlevo da minha alma.
    Sobre ele fiz repousar o meu espírito,
    para que leve a justiça às nações.
    Não gritará, nem levantará a voz,
    nem se fará ouvir nas praças;
    não quebrará a cana fendida,
    nem apagará a torcida que ainda fumega:
    proclamará fielmente a justiça.
    Não desfalecerá nem desistirá,
    enquanto não estabelecer a justiça na terra,
    a doutrina que as ilhas longínquas esperam.
    Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça;
    tomei-te pela mão, formei-te
    e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações,
    para abrires os olhos aos cegos,
    tirares do cárcere os prisioneiros
    e da prisão os que habitam nas trevas».

     

    CONTEXTO

    O texto pertence ao “Livro da Consolação” do Deutero-Isaías (cf. Is 40-55). Este profeta anónimo cumpriu a sua missão profética na Babilónia, na fase final do Exílio (entre 550 e 539 a.C.). Tinham passado algumas dezenas de anos desde que Nabucodonosor havia destruído Jerusalém e arrastado para o cativeiro a maior parte dos habitantes de Judá. Os judeus cativos desesperam porque o tempo vai passando e a libertação (anunciada por Ezequiel, um outro profeta do tempo do Exílio) nunca mais acontece. Será que Deus se esqueceu das suas promessas?

    O Deutero-Isaías sente que Deus o envia a dizer aos seus concidadãos, exilados e desanimados, palavras de esperança. Cumprindo o mandato de Deus, o profeta fala da iminência da libertação, comparando-a ao antigo êxodo, quando Deus salvou o seu Povo da escravidão do Egipto (cf. Is 40-48); e anuncia-lhes, também, a reconstrução de Jerusalém, a cidade que a guerra reduziu a cinzas, mas à qual Deus vai fazer regressar a alegria e a paz sem fim (cf. Is 49-55).

    No meio desta proposta “consoladora” do Deutero-Isaías aparecem, contudo, quatro textos (cf. Is 42,1-9; 49,1-13; 50,4-11; 52,13-53,12) que fogem um tanto a esta temática. São cânticos que falam de um personagem misterioso e enigmático, que os biblistas designam como o “Servo de Javé”. Esse personagem será Jeremias, o profeta que tanto sofreu por causa da missão? Será o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho de Deus num cenário tão difícil? Será Ciro, rei dos persas, que alguns anos depois libertará os judeus exilados e autorizará o seu regresso a Jerusalém? Não sabemos ao certo. Mas esse “Servo de Javé” é apresentado como um predileto de Javé, chamado para o serviço de Deus, enviado por Deus aos homens de todo o mundo. A sua missão cumpre-se no sofrimento e numa entrega incondicional à Palavra. O sofrimento do profeta tem, contudo, um valor expiatório e redentor, pois dele resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o sacrifício deste “Servo” e recompensá-lo-á, fazendo-o triunfar diante dos seus detratores e adversários.

    O texto que hoje nos é proposto é parte do primeiro cântico do “Servo” (cf. Is 42,1-9).

    MENSAGEM

    O texto tem duas partes; ambas afirmam – como se estivéssemos diante de dois movimentos concêntricos, que partem do mesmo lugar e terminam da mesma forma – a eleição do “Servo” e a sua missão. No entanto, a primeira desenvolve mais a dimensão do chamamento; a segunda define melhor a questão da missão.

    Na primeira parte (vers. 1-4), afirma-se que o “Servo” é um “eleito” (“behir”) de Deus: é alguém que Deus Se dignou “escolher” (“bahar”) entre muitos, em vista de uma função ou missão especial (cf. Nm 16,5.7; 17,20; Dt 4,37; 7,6.7; 10,15; 14,2; 18,5; 21,5; 1 Sm 2,28; 10,24; 2 Sm 6,21; 1 Re 3,8; etc.). Estamos no contexto da “eleição”, isto é, num contexto em que Deus, por uma iniciativa soberana e deliberada da sua vontade, destaca alguém de entre muitos para o seu serviço.

    A “ordenação” do “Servo” realiza-se através do dom do Espírito (“ruah”), que dará ao “eleito” o alento de Javé, a capacidade para levar a cabo a missão: é o mesmo Espírito que Deus derrama sobre os chefes carismáticos de Israel (cf. Jz 33,10; 1 Sm 9,17; 16,12-13). Animado por esse Espírito, o “Servo” irá levar “a justiça (“mishpat”) às nações”: será uma missão de âmbito universal, que consistirá na implementação das decisões justas dos tribunais, base de uma ordem social consentânea com os esquemas e os projetos de Deus. A instauração dessa “nova ordem” não se dará com o recurso à força, à violência, a gestos espetaculares; mas resultará de uma intervenção caraterizada pela bondade, pela mansidão, pela simplicidade, que são os sinais que identificam o estilo de Deus. Sobretudo, o “Servo” atuará com humildade, sem nada impor e sem desanimar perante as dificuldades da missão.

    A segunda parte (vers. 6-7), começa com a confirmação de que o “Servo” foi escolhido pelo próprio Deus para instaurar “a justiça” (“tzedeq” – a palavra refere-se a um ordenamento social reto, que esteja de acordo com as indicações de Deus). O “Servo”, atuando no exercício da missão que Deus lhe confiou, será uma luz que brilha no meio das nações; e todos os que são vítimas da injustiça, da exploração ou da violência conhecerão uma nova esperança, pois o “Servo” irá abrir os olhos aos cegos, tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas. A sua missão é, portanto, uma missão de libertação e de salvação.

    A figura misteriosa e enigmática do “Servo” de que fala o Deutero-Isaías apresenta evidentes pontos de contacto com a figura de Jesus… Aliás, os primeiros cristãos – colocados perante a dificuldade de explicar como é que o Messias tinha sido condenado pelos homens e pregado na cruz – irão utilizar os cânticos do “Servo” para justificar o sofrimento e o aparente fracasso humano de Jesus: Ele é esse “eleito de Deus”, que recebeu a plenitude do Espírito, que veio ao encontro dos homens com a missão de trazer a justiça e a paz definitivas, que sofreu e morreu para ser fiel a essa missão que o Pai lhe confiou.

    INTERPELAÇÕES

    • A história do “Servo de Javé”, que recebeu a plenitude do Espírito para ser “luz das nações”, abrir “os olhos aos cegos”, tirar “do cárcere os prisioneiros” e “da prisão os que habitam nas trevas”, lembra-nos, desde logo, que Deus age através de “profetas” a quem confia a transformação do mundo e a libertação dos homens. No dia em que fomos batizados, recebemos, também nós, o Espírito que nos capacitou para uma missão semelhante à desse “Servo”. Tenho consciência de que cada batizado é um instrumento de Deus na renovação e transformação do mundo? Estou disposto a corresponder ao chamamento de Deus e a assumir a minha responsabilidade profética? Os pobres, os oprimidos, os que “jazem nas trevas e nas sombras da morte”, os que não têm eira nem beira, nem voz nem vez, nem convite para se sentar à mesa da humanidade podem contar com a minha solidariedade ativa, com a minha ajuda fraterna, com o meu abraço, com a minha partilha generosa?
    • A missão profética só faz sentido à luz de Deus: é sempre Ele que toma a iniciativa, que escolhe, que chama, que envia e que capacita para a missão… Aquilo que fazemos, por mais válido que seja, não é obra nossa, mas sim de Deus; o nosso êxito na missão não resulta das nossas qualidades, mas da iniciativa de Deus que age em nós e através de nós. Somos apenas colaboradores de Deus, “humildes trabalhadores da vinha do Senhor”. É sempre Deus que projeta e que age, através da nossa fragilidade, para oferecer ao mundo a Vida e a salvação. Esquecer isto pode conduzir-nos à arrogância, à autossuficiência, à vaidade, ao convencimento; e, sempre que isso acontece, a nossa intervenção no mundo acaba por desvirtuar o projeto de Deus.
    • Atentemos ainda na forma de atuar do “Servo”: ele não se impõe pela força, pela violência, pelo dinheiro, ou pelos amigos poderosos; mas atua com suavidade, com mansidão, com humildade, no respeito pela liberdade dos irmãos e irmãs a quem é enviado… É esta lógica – a lógica de Deus – que eu utilizo no desempenho da missão profética que Deus me confiou?

     

    SALMO RESPONSORIAL – Salmo 28 (29)

    Refrão: O Senhor abençoará o seu povo na paz.

    Tributai ao Senhor, filhos de Deus,
    tributai ao Senhor glória e poder.
    Tributai ao Senhor a glória do seu nome,
    adorai o Senhor com ornamentos sagrados.

    A vos do Senhor ressoa sobre as nuvens,
    o Senhor está sobre a vastidão das águas.
    A voz do Senhor é poderosa,
    a voz do Senhor é majestosa.

    A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão
    e no seu templo todos clamam: Glória!
    Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,
    o Senhor senta-Se como rei eterno.

     

    LEITURA II – Atos 10,34-38

    Naqueles dias,
    Pedro tomou a palavra e disse:
    «Na verdade,
    eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas,
    mas, em qualquer nação,
    aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável.
    Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel,
    anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.
    Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia,
    a começar pela Galileia,
    depois do batismo que João pregou:
    Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré,
    que passou fazendo o bem
    e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio,
    porque Deus estava com Ele».

     

    CONTEXTO

    Os “Atos dos Apóstolos” são uma catequese sobre a “etapa da Igreja”, isto é, sobre a forma como os discípulos assumiram ou continuaram o projeto salvador do Pai e o levaram – após a partida de Jesus deste mundo – a todos os homens.

    O livro divide-se em duas partes. Na primeira (cf. At 1-12), a reflexão centra-se na difusão do Evangelho dentro das fronteiras palestinas, por ação de Pedro e dos Doze; na segunda (cf. At 13-28), conta-se a expansão do Evangelho fora da Palestina (sobretudo por ação de Paulo): no Mediterrâneo, na Ásia Menor, na Grécia, até atingir Roma, o coração do império.

    O texto de hoje está integrado na primeira parte dos “Atos”. Insere-se numa perícope que descreve a atividade missionária de Pedro na planície do Sharon (cf. At 9,32-11,18) – isto é, na planície junto da orla mediterrânica palestina. Em concreto, o texto propõe-nos o testemunho e a catequese de Pedro em Cesareia Marítima, em casa do centurião romano Cornélio. Convocado pelo Espírito (cf. At 10,19-20), Pedro entra em casa de Cornélio, expõe-lhe o essencial da fé e batiza-o, bem como a toda a sua família (cf. At 10,23b-48). O episódio é importante porque Cornélio é a primeira pessoa completamente pagã (o etíope evangelizado e convertido por Filipe e de que se fala em At 8,26-40 era “prosélito” e por isso já estava ligado ao judaísmo) admitida na comunidade cristã por um dos Doze. Admite-se, assim, que o Evangelho de Jesus não deve ficar circunscrito às fronteiras étnicas judaicas, mas é uma Boa Notícia destinada a todos os homens e mulheres, de todas as raças e culturas.

    Cesareia Marítima, cidade reconstruída por Herodes, o Grande, ficava na costa palestina. Era a sede do poder romano, pois era aí que residiam os governadores romanos da Judeia (como Pôncio Pilatos, o governador que, pelo ano 30, autorizou a morte de Jesus). A cidade foi evangelizada pelo diácono Filipe (cf. At 8,40).

    MENSAGEM

    No seu discurso, em casa de Cornélio, Pedro começa por reconhecer que a proposta de salvação oferecida por Deus e trazida por Cristo é universal e se destina a todas as pessoas, sem distinção de qualquer tipo (vers. 34-36). Israel foi, na verdade, o primeiro recetor privilegiado da Palavra de Deus; mas Cristo veio trazer a “boa nova da paz” (salvação) a todos os homens. Ao partir ao encontro do Pai, Jesus ressuscitado enviou os seus discípulos ao mundo e pediu-lhes que levassem a todos os homens a Boa Nova da salvação. Os discípulos, testemunhas de Jesus, devem cumprir esse mandato e fazer chegar a proposta da salvação a todos os homens e mulheres, sem distinção de raça, de cor ou de estatuto social.

    Depois de definir os contornos universais da proposta salvadora de Deus, Pedro apresenta uma espécie de resumo da fé primitiva (vers. 37-38). É, nem mais nem menos, do que o pôr em ato a missão fundamental dos discípulos: anunciar Jesus e testemunhar essa salvação que deve chegar a todos os homens. A leitura que nos é proposta conserva apenas a parte inicial do “kerigma” primitivo e resume a atividade de Jesus que, depois de ter sido ungido com a força Espírito Santo no rio Jordão, “passou pelo mundo fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele” (vers. 38). No entanto, o anúncio de Pedro continua (embora a nossa leitura de hoje não o refira) com a catequese sobre a morte (vers. 39), sobre a ressurreição (vers. 40) e sobre a dimensão salvífica da vida de Jesus (vers. 43).

    Cornélio e a sua família acolheram o “kerigma” cristão proclamado por Pedro, abraçaram a fé, receberam o Espírito, foram baptizados e passaram a fazer parte da comunidade de Jesus (cf. At 10,44-48).

    INTERPELAÇÕES

    • Jesus recebeu o Batismo e foi ungido com a força do Espírito; depois, “passou pelo mundo fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio”. Em cada passo do caminho que percorreu, Ele distribuiu, em gestos concretos, bondade, misericórdia, perdão, solidariedade, amor… Nós, cristãos, que “acreditamos” em Jesus, que nos comprometemos com Ele e O seguimos, assumimos este “programa”? Nós, que fomos batizados e ungidos com a força do Espírito, testemunhamos também, em gestos concretos, a bondade, a misericórdia, o perdão e o amor de Deus pelos homens? Empenhamo-nos em libertar todos os que são oprimidos pelo demónio do egoísmo, da injustiça, da exploração, da exclusão, da solidão, da doença, do analfabetismo, do sofrimento?
    • “Reconheço que Deus não faz aceção de pessoas” – diz Pedro no seu discurso em casa de Cornélio. E nós, filhos desse Deus que ama a todos da mesma forma e que a todos oferece igualmente a salvação, aceitamos todos os irmãos da mesma forma, reconhecendo a igualdade fundamental de todos os homens em direitos e dignidade? Temos consciência de que a discriminação de pessoas por causa da cor da pele, da raça, do sexo, da orientação sexual ou do estatuto social é uma grave subversão da lógica de Deus?

     

    ALELUIA – cf. Marcos 9,6

    Aleluia. Aleluia.

    Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai:
    «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».

     

    EVANGELHO – Marcos 1,7-11

    Naquele tempo,
    João começou a pregar, dizendo:
    «Vai chegar depois de mim
    quem é mais forte do que eu,
    diante do qual eu não sou digno de me inclinar
    para desatar as correias das suas sandálias.
    Eu batizo na água,
    mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo».
    Sucedeu que, naqueles dias,
    Jesus veio de Nazaré da Galileia
    e foi batizado por João no rio Jordão.
    Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se
    e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele.
    E dos céus ouviu-se uma voz:
    «Tu és o meu Filho muito amado,
    em Ti pus toda a minha complacência».

     

    CONTEXTO

    O Evangelho deste domingo refere o encontro entre Jesus e João Batista, nas margens do rio Jordão. Na circunstância, Jesus foi batizado por João.

    João foi o guia carismático de um movimento de cariz popular, que anunciava a proximidade do “juízo de Deus”. No final do ano 27 ou princípio do ano 28, a sua voz começou a ouvir-se lá para os lados do deserto de Judá, nas margens do rio Jordão, num lugar que a tradição identifica com o atual Qasr El Yahud, a cerca de 10 quilómetros do Mar Morto. A mensagem proposta por João estava centrada na urgência da conversão (pois, na opinião de João, a intervenção definitiva de Deus na história para destruir o mal estava iminente) e incluía um rito de purificação pela água.

    O judaísmo conhecia ritos diversos de imersão na água, sempre ligados a contextos de purificação ou de mudança de vida. Era, inclusive, um ritual usado na integração dos “prosélitos” (os pagãos que aderiam ao judaísmo) na comunidade do Povo de Deus. A imersão na água sugeria a rutura com a vida passada e o ressurgir para uma vida nova, um novo nascimento, um novo começo. No que diz respeito ao Batismo proposto por João, estamos provavelmente diante de um rito de iniciação à comunidade messiânica: quem aceitava este “batismo”, renunciava ao pecado, convertia-se a uma vida nova e passava a integrar a comunidade que esperava o Messias.

    O texto que hoje nos é proposto faz parte de um tríptico (cf. Mc 1,2-8; 1,9-11; 1,12-13) onde Marcos define, logo no início do seu Evangelho, a identidade e a missão específica de Jesus: Ele é o Messias, o Filho de Deus enviado ao mundo para oferecer aos homens a salvação de Deus. Marcos irá, nos capítulos seguintes, desenvolver estas coordenadas.

    MENSAGEM

    O relato de Marcos divide-se claramente em duas partes. A primeira incide sobre a figura de João Batista; a segunda sobre a figura de Jesus.

    Na primeira parte do texto (vers. 7-8), aparece João Batista a dar testemunho sobre “Aquele que vai chegar depois”. Os que escutam João não identificam imediatamente quem é esse de quem ele fala; mas percebem que será alguém muito importante, para cuja chegada é preciso preparar-se. João explicará também que essa preparação passará pela conversão, pela mudança de vida (cf. Mc 1,4). João revela ainda que “Aquele que vai chegar” será “mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias”; e há de batizar “no Espírito Santo”. Talvez as palavras de João soem de forma enigmática; mas apontam claramente numa direção: a fortaleza e a unção do Espírito estão associadas ao Messias que Israel esperava (cf. Is 9,5-6; 11,2). Portanto, o testemunho de João não oferece dúvidas: está para chegar o Messias anunciado pelos profetas, o enviado de Deus que vai libertar Israel.

    Na segunda parte do relato, entra em cena Jesus (Mc 1,9-11). É o auge do relato. Os leitores de Marcos percebem imediatamente que Jesus é esse cuja chegada João anunciava. Estranhamente, o Messias vem de Nazaré, uma cidade insignificante perdida nas montanhas da Galileia, que até essa altura nunca tinha desempenhado qualquer papel na história da salvação. São estranhos os caminhos e as lógicas de Deus. Outra coisa estranha: esse Messias a quem João não é digno de desatar as correias das sandálias faz-se batizar por João nas águas do rio Jordão. Para que precisava Jesus desse batismo purificador, que significava conversão e purificação do pecado? Por causa dos seus pecados? É claro que não. Mas, ao entrar na água juntamente com todos aqueles que pediam o batismo de João, Jesus coloca-se ao lado do povo pecador e afirma a sua solidariedade – a solidariedade de Deus – com todos os homens e mulheres que o pecado envolve e marca. Jesus veio para se colocar ao lado do homem pecador, para lhe dar a mão, para o ajudar a sair da sua triste situação e chegar a uma Vida nova. É tão grande, tão belo e tão comovente este gesto solidário de Deus com a humanidade pecadora!

    Marcos passa, depois, a descrever a cena do Batismo de Jesus... Nessa descrição há três elementos que, por aquilo que evocam, importa considerar…

    O primeiro é a abertura do céu. A imagem inspira-se, provavelmente, em Is 63,19, onde o profeta pede a Deus que “rasgue os céus” e desça ao encontro do seu Povo, refazendo a relação que o pecado do Povo tinha interrompido. O envio de Jesus ao mundo mostra a resposta favorável de Deus a esse pedido. A presença de Jesus na história dos homens relança a história de comunhão entre Deus e a humanidade pecadora.

    O segundo elemento é a descida do Espírito, como uma pomba, sobre Jesus. Esse Espírito que desce sobre Jesus é o sopro de vida de Deus que cria, que renova, que transforma, que cura os seres vivos. Leva-nos ao Espírito de Deus que, no momento da criação, “pairava sobre a superfície das águas” (Gn 1,2). Ungido com a força do Espírito, Jesus vai recriar o mundo e fazer nascer uma nova humanidade.

    Temos ainda um terceiro elemento: a voz do céu que ecoa quando Jesus saía da água. Os rabis usavam frequentemente a “voz do céu” como uma forma de expressar a opinião de Deus acerca de uma pessoa ou de um acontecimento. Ora, “a voz” que se ouve nas margens do rio Jordão declara solenemente que Jesus é o Filho de Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada daquele cântico do “Servo de Javé” que vimos na primeira leitura de hoje (cf. Is 42,1). Sim, Jesus é o eleito de Deus, o Filho no qual o Pai “pôs toda a sua complacência”, enviado ao encontro dos homens para recriar a humanidade; mas a missão de Jesus, como a do Servo de Javé, não se desenrolará no triunfalismo, mas na obediência total ao Pai; não se cumprirá com poder e prepotência, mas na suavidade, na simplicidade, no respeito pelos homens (“não gritará, nem levantará a voz; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega” – Is 42,2-3).

    Depois deste momento, as coisas estão bem definidas. Jesus, ungido pelo Espírito, partirá ao encontro do mundo para concretizar a missão que o Pai Lhe entregou.

    INTERPELAÇÕES

    • O episódio do batismo de Jesus coloca-nos frente a frente com um Deus que aceitou identificar-Se com o homem, partilhar a sua humanidade e fragilidade, a fim de oferecer ao homem um caminho de liberdade e de vida plena. Eu, filho deste Deus, aceito ir ao encontro dos meus irmãos mais desfavorecidos e estender-lhes a mão? Partilho a sorte dos pobres, dos sofredores, dos injustiçados, sofro na alma as suas dores, aceito identificar-me com eles e participar dos seus sofrimentos, a fim de melhor os ajudar a conquistar a liberdade e a vida plena? Não tenho medo de me sujar ao lado dos pecadores, dos marginalizados, se isso contribuir para os promover e para lhes dar mais dignidade e mais esperança?
    • Jesus, o Filho Amado de Deus, veio ao encontro dos homens, solidarizou-se com as suas dores e limitações e quebrou o muro que nos separava de Deus. Ao ser batizado no rio Jordão, foi ungido pelo Espírito de Deus e abraçou, sem reticências, a missão que o Pai lhe confiava: propor e construir o Reino de Deus. Todos nós que fomos batizados em Cristo recebemos o mesmo Espírito de Deus que Ele recebeu e entramos na comunidade do Reino. No dia do nosso batismo recebemos a missão de colaborar com Jesus na construção de um mundo mais fraterno e mais humano. Temos sido fiéis a essa missão? O nosso compromisso batismal é uma realidade que procuramos renovar a cada passo, ou é letra morta que não toca a forma como vivemos? Somos batizados “de assinatura” (porque o nosso nome aparece num qualquer livro de registos de Batismo), ou somos cristãos de facto, que procuram seguir Jesus em cada passo do caminho e colaborar com Ele no sentido de curar o mundo das suas feridas?
    • Jesus sempre levou muito a sério aquela declaração de Deus que se escutou junto do rio Jordão: “Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência”. Esse amor que o Pai lhe dedicava sempre sustentou as opções de Jesus e sempre iluminou o caminho que Ele ia percorrendo (mesmo quando no horizonte estava a cruz, o abandono dos amigos, o aparente fracasso da missão). Sustentado pelo amor de Deus, Jesus assumiu incondicionalmente o projeto do Pai de dar vida à humanidade. Obedeceu em tudo ao Pai, sem reticências de qualquer espécie. É esta mesma atitude de obediência radical, de entrega incondicional, de confiança absoluta que eu – filho amado de Deus – assumo na minha relação com o Pai? O projeto de Deus é, para mim, mais importante de que os meus projetos pessoais ou do que os desafios que o mundo me lança? Como Jesus, confio plenamente no Pai, nas suas propostas, no seu cuidado, no seu amor?
    • Depois de batizado e de ser ungido pelo Espírito, Jesus não se instalou numa crença religiosa de meias tintas ou de serviços mínimos. Animado pela força do Espírito, partiu para a Galileia a anunciar o Reino de Deus e a testemunhar – com palavras e com gestos – o projeto libertador do Pai. É dessa forma – coerente, comprometida, apaixonada – que eu procuro viver a missão que Deus me confiou no dia em que eu fui batizado? Os meus irmãos e irmãs maltratados pela vida e pelos homens podem contar com o meu empenho em levar-lhes a carícia do Deus que cura e que dá Vida?

     

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A FESTA DO BATISMO DO SENHOR

    (adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

    1. A PALAVRA meditada ao longo da semanA.

    Ao longo dos dias da semana anterior à Festa do Batismo do Senhor, procurar meditar a Palavra de Deus deste dia. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

     

    2. PALAVRA DE VIDA.

    Reunião de família… A voz do Pai profere uma palavra de ternura: “Tu és o meu Filho bem amado, em ti pus todo o meu amor”. Como se o Filho tivesse necessidade de ouvir dizer que era amado pelo seu Pai… A efusão é do Espírito para que o sopro de vida e de libertação que o Filho veio espalhar sobre a terra seja o sopro do Espírito, um sopro que não guardará para si, pois no Pentecostes derramará sobre os apóstolos. A solidariedade é a do Filho para manifestar a sua humanidade. Ele é verdadeiramente homem, homem no meio dos homens, partilhando toda a condição humana, exceto o pecado.

     

    3. UM PONTO DE ATENÇÃO.

    Neste dia tão significativo em que as comunidades vivem este sacramento da iniciação cristã, pode-se aproveitar para apelar à presença das famílias que celebraram batismos durante o ano. Depois, valorizar alguns momentos da celebração: rito penitencial com a aspersão da água; acompanhar gestualmente (um grupo de crianças e jovens) a cena do Batismo de Jesus no Evangelho; procurar partilhar sobre a forma como vivemos o nosso Batismo (homilia partilhada, se possível); escolher a oração eucarística para celebrações com crianças, envolvendo a assembleia nas respostas previstas; colocar as crianças junto do altar do Pai Nosso até à comunhão, onde reconhecemos a presença de Cristo no sinal do Pão partilhado.

     

    4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…

    Um tempo novo abre-se diante de nós: Jesus vai seguir, com toda a liberdade, o caminho de Jerusalém e nós iremos acompanhar, ao longo do ano litúrgico, o seu ensino e redescobrir os sinais que Ele realiza. Fazendo memória dos batismos que a Igreja celebra e do nosso próprio Batismo, somos convidados a seguir os passos de Cristo. Que Ele nos envolva no seu seguimento e nos leve a viver juntos como irmãos!

     

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
    Proposta para Escutar, Partilhar, Viver e Anunciar a Palavra

    Grupo Dinamizador:
    José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    www.dehonianos.org

     

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