Events in Julho 2022

  • S. Tomé, Apóstolo

    S. Tomé, Apóstolo


    3 de Julho, 2022

    O martirológio jeronimiano do século VI coloca no dia 3 de Julho a transladação do corpo de S. Tomé para Edessa, na atual Turquia. Este apóstolo, também chamado Dídimo, é-nos dado a conhecer sobretudo por S. João evangelista. É Tomé que convida os outros apóstolos a acompanharem Jesus para a Judeia, para morrerem com Ele (Jo 11, 16). É a pergunta de Tomé que leva Jesus a definir-se: "

    Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." (Jo 14, 5s.). Finalmente, Tome, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus, por meio de uma profissão de fé muito clara: "Meu Senhor e meu Deus!" (Jo 20, 24-29).Como escreve S. Gregório Magno, "A incredulidade de Tomé foi mais útil à nossa fé do que a fé dos discípulos crentes". Após o Pentecostes, partiu em missão. Mas não temos dados precisos acerca do seu apostolado.

    Lectio

    Primeira leitura: Efésios 2, 19-22

    Irmãos: Já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus, 20edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. 21É nele que toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo, no Senhor. 22É nele que também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus, pelo Espírito.

    Para Paulo, Cristo é a nossa paz. Por isso, na Igreja, não fazem sentido as divisões, as discriminações, as discórdias. Em Cristo, fomos todos reconciliados e unidos, seja que tenhamos vindo de longe, como os pagãos, seja que tenhamos vindo de mais perto, como os judeus. Já não existem dois povos, mas um só povo. Tudo isto é dom de Deus Pai, por meio de Cristo Senhor, no Espírito Santo. A Igreja é como que um grande edifício, um templo santo, onde habita Deus. Os Apóstolos e os Profetas são fundamento desse edifício onde todos estamos e vivemos como "concidadãos dos santos e membros da casa de Deus" (v. 19), e que tem Cristo como "pedra angular".

    Evangelho: João 20, 24-29

    Naquele tempo, Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio.25Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» 26Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» 27Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» 28Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» 29Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»

    A incredulidade de Tomé, como referimos na introdução a esta festa, citando S. Gregório Magno, foi "mais útil à nossa fé do que a fé dos discípulos crentes". Aproveitando o episódio, João abre diante de nós uma pista nova para chegarmos à libertadora experiência da fé em Jesus ressuscitado. Na aparição seguinte aos seus discípulos, Jesus convida Tomé a percorrer o caminho de busca, que os seus colegas já tinham feito. Tomé, disponível e dócil à ordem de Jesus, chega a um ato de fé claro e convicto: "Meu Senhor e meu Deus!" (v. 28). A bem-aventurança, que Jesus proclama em seguida, dirige-se a nós que, percorrendo um itinerário de fé, em atitude de completo abandono, chegamos a Jesus morto e ressuscitado.

    Meditatio

    No episódio narrado no evangelho, Tomé não é, certamente, um modelo para nós. Jesus di-lo claramente: "Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!" (v. 29). Mas, como já referimos, a sua incredulidade foi útil para nós.
    O que mais impressiona é que Tomé acompanhara Jesus, tal como os outros apóstolos. Conhecia bem o seu rosto e as suas palavras. Mas, agora, para acreditar, quer ver os sinais da Paixão: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito." (v. 25). Mas, exatamente nisto, Tomé torna-se modelo para nós, pois sabe discernir o que carateriza Jesus. Depois da Paixão, Jesus é caraterizado pelas suas chagas. Esses sinais do seu amor são suficientes para O reconhecermos. Por isso, as conserva na sua carne gloriosa: "Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel." (v. 27). Tomé, podemos dizê-lo, foi o primeiro devoto do Coração de Jesus. Quis contatar, também fisicamente, com esse Coração trespassado por nosso amor. Quantos cristãos contemplaram o Lado aberto e o Coração trespassado de Jesus. O P. Dehon compara-o ao livro escrito por fora e por dentro, referido no Apocalipse, e que nos fala só de amor.
    A contemplação do Lado aberto e do Coração de Jesus levou Tomé à sua fortíssima expressão de fé: "Meu Senhor e meu Deus!" (v. 28). Que essa mesma contemplação do mais expressivo sinal do amor do nosso Salvador nos leve a uma fé clara, decidida, forte, apostólica.

    Oratio

    Meu Senhor e meu Deus! Quero tirar das vossas chagas a bebida da salvação. Sede condescendente comigo como fostes com S. Tomé. Emprestai-me as vossas mãos e os vossos pés para que aí cole os meus lábios. Tenho tanta necessidade de forças. Ousarei mesmo aproximar-me do vosso Coração para dele tirar o arrependimento e o fervor. Perdoai-me! (Leão Dehon, OSP 3, p. 297).

    Contemplatio

    S. Tomé exprimiu a sua fé: «Meu Senhor e meu Deus!». Meu Senhor, é o Filho do homem, é o Cristo, é o Messias. Meu Deus, é o Filho de Deus, é o Verbo incarnado. A fé é completa e explícita. «Tu és feliz, Tomé, diz-lhe Nosso Senhor, viste e acreditaste; mas mais felizes, isto é, mais meritórios, serão os que acreditarem sem terem visto». Eu devia ser destes, Senhor. Não vi as chagas, mas tenho tantos motivos de fé: o testemunho do Evangelho, a Igreja e as suas graças, os santos, a ação sobrenatural sempre viva na Igreja. E não toquei, por assim dizer, com o dedo a vossa ação e a vossa graça, em mil circunstâncias da minha vida, seja em mim mesmo seja nas almas com as quais estive em contacto? Não seria mais culpado do que Tomé, se não tivesse uma fé viva? E porque é que a minha fé é ainda tão fraca, tão inerte e quase morta? Creio, mas vivo como se não tivesse fé. Quero hoje pedir o milagre da minha conversão às cinco chagas. Contemplo-as em espírito. Aproximo delas os meus lábios. Queria beber nestas fontes de água vivificante de que fala S. João. (Leão Dehon, OSP 3, p. 296s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Meu Senhor e meu Deus!" (Jo 20, 28).

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    S. Tomé, Apóstolo (03 Julho)

  • S. Bento, Abade, Padroeiro da Europa

    S. Bento, Abade, Padroeiro da Europa


    11 de Julho, 2022

    S. Bento, patriarca dos monges ocidentais, nasceu em Núrcia, no ano 480. Ainda muito jovem, seduzido e impelido pelo Espírito, abraçou um período de absoluta solidão numa gruta em Subiaco. A sua fama atraiu-lhe discípulos. Organizou para eles a vida cenobítica, inicialmente em doze pequenos mosteiros à volta de Subiaco e, depois, no célebre cenóbio de Monte Cassino. Escreveu uma Regra que resume sabiamente a tradição monástica oriental, adaptando-a ao mundo latino. Esta escola de "serviço ao Senhor" é construída à volta da Palavra de Deus (Lectio divina), da Liturgia de louvor realizada em coro, e do trabalho em ambiente de fraternidade, de humilde e obediente serviço. S. Bento faleceu com 67 anos de idade, em Monte Cassino, no ano 547.

    Lectio

    Primeira leitura: Provérbios 2, 1-9

    Meu filho, se receberes as minhas palavrase guardares cuidadosamente os meus mandamentos,2prestando o teu ouvido à sabedoria, e inclinando o teu coração ao entendimento; 3se invocares a inteligência e fizeres apelo ao entendimento, 4se a buscares como se procura a prata e a pesquisares como um tesouro escondido,5então, compreenderás o temor do Senhor e chegarás ao conhecimento de Deus. 6Porque o Senhor é quem dá a sabedoria e da sua boca procedem o saber e o entendimento. 7Ele reserva a salvação para os rectos e é um escudo para os que procedem honestamente. 8Protege os caminhos dos justos e dirige os passos dos seus fiéis. 9Então, compreenderás a justiça e a equidade, a rectidão e todos os caminhos que conduzem ao bem.

    Só a busca interessada da verdade permite estabelecer uma relação correta com Javé, que dá a sabedoria e protege o sábio. É o ensinamento preciso que um pai dá ao seu filho, segundo esta página do livro dos Provérbios.
    S. Bento utiliza o mesmo estilo literário ao introduzir a Regra que escreve para os seus monges: "Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai,..." Acolher a Palavra de Deus é o caminho seguro para nos conformarmos a Cristo, Sabedoria do Pai.

    Evangelho: Mateus 19, 27-29

    Naquele tempo, disse Pedro a Jesus: «Nós deixámos tudo e seguimos-te. Qual será a nossa recompensa?»28Jesus respondeu-lhes: «Em verdade vos digo: No dia da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono de glória, vós, que me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna

    Jesus responde a Pedro com a linguagem figurada do profeta Daniel (cf. Dn 7, 9-14), onde se fala de tronos e do Filho do homem. Jesus realça o aspeto judicial desta figura misteriosa. Os discípulos, a quem foi dado conhecer o mistério do Reino (13, 11), estão intimamente associados a Jesus. O prémio prometido por Jesus parece que terá lugar "no dia da regeneração de todas as coisas" (v. 28), isto é, no mundo renovado, que resultou da última intervenção de Deus na história, que já teve lugar, quando enviou o seu Filho. A "regeneração" é a nova vida do homem novo concedida pela ação de Deus. Indica, pois o tempo da Igreja e refere-se a todos os crentes, àqueles que se submetem à senhoria de Deus e participam dela. Os discípulos são "juízes", isto é, "dirigentes" do povo de Deus, que devem administrar e defender esse povo.

    Meditatio

    S. Bento, depois de longo tempo na presença de Deus, a escutar a sua Palavra, vivendo em total desapego do mundo, em completo silêncio e em austera solidão, tornou-se um homem, capaz de orientar outros, que buscavam a Deus. Só dá fruto quem acolhe no coração e medita a Palavra de Deus, quem se deixa transformar por ela. As comunidades criadas por S. Bento caraterizam-se pela busca apaixonada de Deus, pela escuta atenta da Palavra, meditada e guardada no coração. Assim descobrem Jesus Cristo como sabedoria do Pai, como o verdadeiro tesouro, ao qual nada se deve antepor. Permanecendo estavelmente unidos a Ele, os discípulos permitem ao Espírito produzir neles os seus frutos. Esses frutos são o melhor prémio para quem deixa tudo para estar com o Senhor e "permanecer" n´Ele.
    A união de S. Bento com Deus explica a sublimidade da sua Regra, exigente e equilibrada, e a sua influência perene na vida de perfeição da Igreja. Bossuet falou assim da Regra de S. Bento: "Suma do cristianismo, resumo douto e misterioso do Evangelho, das instituições dos Santos Padres, de todos os conselhos de perfeição, na qual atingem o seu mais alto apogeu a prudência e a simplicidade, a humildade e o valor, a severidade e a doçura, a liberdade e a dependência, na qual a correção encontra toda a firmeza, a condescendência todo o encanto, a voz de comando todo o vigor, a sujeição todo o repoiso, o silêncio a sua gravidade, a palavra a sua graça, a força o seu exercício e a debilidade o seu apoio".
    Chamado por Pio XII "Pai da Europa", S. Bento foi proclamado por Paulo VI patrono do mesmo continente, em 1964.

    Oratio

    Senhor, nosso Deus e nosso Pai, eis-nos aqui, como filhos que se sentem amados por ti. Os nossos ouvidos estão atentos à tua palavra. Queremos corresponder ao teu amor. Sabes como ainda somos instáveis na fé e frágeis na caridade. Faz-nos, uns para os outros, sinais e sacramentos da tua mansidão e da tua bondade. Que todos possam verificar como é bom amar-nos como filhos do mesmo Pai, que és Tu, e servir-nos e honrar-nos uns aos outros em teu santo Nome. Ámen.

    Contemplatio

    S. Bento teve também a graça de trabalhar pelas almas. Na sua solidão, catequizava os pastores da montanha. Mais tarde, aceitou fazer a educação de alguns jovens piedosos de Roma, que as suas famílias lhe confiavam em Subiaco. Foi entre eles que recrutou S. Mauro e S. Plácido, seus amáveis discípulos. Sabia falar corajosamente aos grandes e recordar-lhes os seus deveres. Repreendeu ao bárbaro Tótila as suas depredações e as suas crueldades. Ordenou-lhe que não abusasse das suas vitórias, especialmente na ocupação da cidade de Roma. Que variedade nas suas obras e na sua ação social! Os seus discípulos, ao longo dos séculos, dedicar-se-ão também ao apostolado em todas as suas formas, segundo os tempos e as necessidades da Igreja. É preciso tomar forças no recolhimento, especialmente em cada manhã, e dedicar-se depois às obras, segundo a nossa vocação, segundo a vontade de Deus que nos é conhecida. É um dever para nós hoje rezar pela conservação da vida regular e monástica através das dificuldades que o demónio lhe suscita. Senhor, não priveis a vossa Igreja dos asilos que lhe destes para pôr os seus filhos ao abrigo das tempestades do século; mas fazei que, ao renunciarem ao mundo, se entreguem verdadeiramente à perfeição no claustro. (Leão Dehon, OSP 3, p. 314s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "O Senhor é quem dá a sabedoria" (Prov 2, 6).

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    S. Bento, Abade, Padroeiro da Europa (11 Julho)

  • S. Maria Madalena

    S. Maria Madalena


    22 de Julho, 2022

    Maria, presumivelmente nascida em Magdala, pequena povoação nas margens do lago de Tiberíade, é uma das mulheres que seguiram e serviram o Senhor durante a sua vida pública (cf. Mt 20, 55s.). Diz-se que, libertada por Jesus da opressão dos demónios, O seguiu fielmente até aos pés da cruz. Quando, no primeiro dia da semana, foi ao túmulo de Jesus, e o encontrou vazio, permaneceu junto dele a chorar e a perguntar pelo seu Mestre. Encontrou-O quando O ouviu chamar pelo seu nome: "Maria!". E tornou-se a primeira testemunha da Ressurreição, levando a Boa Notícia aos próprios Apóstolos.

    Lectio

    Primeira leitura: Cântico dos Cânticos 3, 1-4ª

    Eis o que diz a esposa: No meu leito, toda a noite, procurei aquele que o meu coração ama; procurei-o e não o encontrei. 2Vou levantar-me e dar voltas pela cidade: pelas praças e pelas ruas, procurarei aquele que o meu coração ama.Procurei-o e não o encontrei.3Encontraram-me os guardas que fazem ronda pela cidade: «Vistes aquele que o meu coração ama?» 4Mal me apartei deles, logo encontrei aquele que o meu coração ama.

    O livro do Cântico dos Cânticos, não só consagra o amor entre o homem e a mulher, mas é, sobretudo, a expressão simbólica do amor de Deus pelo seu povo. Também aquele e aquela que têm sede de Deus experimentam longas noites de silêncio, de incompreensível ausência, que lhes purificam os desejos, por vezes bastante redutivos. E, então, reacende-se o desejo de Deus, mais ardente, mais desinteressado, mais vital. É preciso perseverar na ânsia de encontrar a Deus, pedir ajuda e conselho a quem possa ajudar a encontrá-lo, sabendo que Ele é maior do que os nossos desejos e do que aqueles que nos ajudam a procurá-lo. Se não desistirmos de O procurar, Ele aparecerá quando e onde menos O esperarmos.

    Evangelho: João 20, 1.11-18

    No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. 11E ficou junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, 12e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. 13Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» 14Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. 15E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» 16Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» - que quer dizer: «Mestre!» 17Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'» 18Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.

    Maria de Magdala, com o seu ardente amor por Jesus, permanece fiel mesmo depois da tragédia do Calvário. Procura-o obstinadamente, e nem o sepulcro vazio a fazem desanimar. Esta mulher é símbolo da Igreja/Esposa, e de toda a alma que procura a Cristo, sabendo que não tem para Lhe oferecer senão lágrimas de amor. O Senhor Ressuscitado e Glorioso deixa-se encontrar por quem assim O procura. Mas só O reconheceremos quando Ele nos chamar pelo nome e nos der a perceber que nos conhece mais a fundo do que pensamos. O encontro encher-nos-á de alegria e far-nos-á viver uma vida nova transfigurada pelo Senhor.

    Meditatio

    Maria Madalena é, para nós, modelo de amor ardente, fiel, reverente, um amor que não sabe e não quer estar longe d´Aquele que ama e que O procura mesmo depois da morte.

    Há diversos tipos de investigação, de procura. A investigação científica, a investigação literária, a procura do sucesso. E todas dão algum sentido à vida. Mas a investigação mais adequada ao homem, mais digna dele é a procura de Deus por amor. Tal procura faz o homem sair de si mesmo em direção ao outro, ao amado, a Cristo, Deus feito homem. "Procurei-o e não o encontrei", diz a esposa dos Cantares. E teve que sair de casa e da cidade para o encontrar. Maria Madalena poderia dizer o mesmo, pois nem sequer encontrou o corpo do seu Senhor. Mas não desistiu de O encontrar, como, tantas vezes, fazemos nós, nos momentos de desolação. Ficou junto ao túmulo, a chorar, a fazer perguntas... E encontrou-O! Encontrou-O quando, Ele mesmo, se deu a conhecer, chamando-a pelo nome: "Maria!". Então, abriram-se-lhe os olhos da mente e do coração: "Rabuni!", exclamou. Os nossos esforços são precisos. Mas não são suficientes para encontrar Jesus. A fé é um dom, uma graça. Há que procurar persistentemente, tenazmente, na oração. Mais tarde ou mais cedo o Senhor revela-nos a sua grandeza e poderemos gritar: "Vi o Senhor!" e dar testemunho do Ressuscitado, como Madalena, os Apóstolos e tantos irmãos ao longo da história, e ainda nos nossos dias. Quem conheceu a longa noite da espera e do desejo tornou-se, muitas vezes, testemunha ardorosa e eficaz da Ressurreição do Senhor.

    Oratio

    Santa Maria Madalena, derramando lágrimas, e procurando Jesus, acabaste por encontrá-lo. Bebeste na fonte da misericórdia, e foste saciada. Tornaste-te a primeira testemunha da Ressurreição, e a evangelizadora dos próprios Apóstolos. Hoje, dirijo-me a ti, confiando na tua poderosa intercessão junto do Senhor Jesus. Também eu sou pecador. Também eu procuro o meu Senhor, no meio de muitas trevas. Alcança-me a graça da compunção, a graça da humildade, e o desejo da pátria celeste. Que lave os meus pecados nas lágrimas do arrependimento e seja saciado do amor e da misericórdia que brotam do Lado aberto e do Coração trespassado do meu Senhor. Ámen.

    Contemplatio

    Jesus pede o amor puro, o amor desinteressado. Quer que aceitemos a aridez, se ela se apresenta, e que mesmo procurando-o, saibamos prescindir da doçura da sua presença. Procuremos Jesus com um amor desvelado, como Madalena, com um amor verdadeiramente dedicado, com o desejo de lhe oferecer o perfume do nosso afeto e da nossa compaixão. Não podemos estar sempre junto de Jesus na oração, saibamos também servi-lo na pessoa dos seus irmãos. Jesus diz a Madalena: «Vai ter com os meus irmãos para lhes participares a minha ressurreição». Vamos ter com os seus irmãos para lhes sermos piedosamente úteis, edificando-os, falando-lhes d'Ele, realizando junto deles algum ato de apostolado. Procuremos Jesus fielmente e de todo nunca o abandonemos, nem por temor, nem por desânimo, nem por causa da nossa vida passada, nem por causa das tentações e das perseguições. Com que ardor Madalena procura o seu bem amado! Ela é a primeira junto do sepulcro no dia de Páscoa. Lá está antes do nascer do dia. Corre a informar-se junto de S. Pedro e de S. João. Volta, mantém-se lá à espera, chora. Dirige-se àquele que ela julga ser o jardineiro, e é Jesus mesmo que a recompensa com o seu afeto tão terno. Mas diz-lhe o «Não me toques!», para lhe recordar que o nosso amor deve ser absolutamente puro, sobrenatural e desinteressado. (Leão Dehon, OSP 4, p. 82s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:

    "Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura" (2 Cor 5, 17)

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    S. Maria Madalena (22 Julho)

  • S. Brígida, Religiosa, Padroeira da Europa

    S. Brígida, Religiosa, Padroeira da Europa


    23 de Julho, 2022

    Santa Brígida nasceu na Suécia em 1303. Casou muito jovem e teve oito filhos. Já membro da Ordem terceira de S. Francisco, depois da morte do marido, iniciou uma vida de grande austeridade e penitência, continuando a viver na família. Acabou por fundar uma Ordem Religiosa e, partindo para Roma, foi para todos exemplo de grande virtude. Fez diversas peregrinações e escreveu muitas obras em que narra as suas experiências místicas. Morreu em Roma em 1373. É a santa mais famosa dos países escandinavos. Com S. Catarina de Sena e S. Teresa Benedita da Cruz, é padroeira da Europa.

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 2, 19-20

    Irmãos: Eu pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo. 20Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

    Paulo diz, "pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus" (v. 19). Ele era um daqueles judeus que afirmavam que a aceitação da Lei produzia por si mesma (ex opere operato) a vinculação a Deus. Ao converter-se, morreu para essa conceção pelagiana do religioso: considerar que, nas relações do homem com Deus, é o homem que tem a iniciativa. Pelo contrário, a vida religiosa está, por assim dizer, acima do "eu": "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim." (v. 20). Não se trata de nenhuma substituição. Paulo não está a fazer antropologia, mas a expor a sua experiência religiosa. Se a presença de Deus no homem fosse o resultado de um esforço puramente humano, "a graça de Deus" seria como que "inútil". A fé é sempre um dom gratuito. Não há mecanismo catequético ou evangelizador que, por si só, produza a graça nos crentes. A "graça" é mesmo gratuidade de Deus. Compete-nos "apenas" acolhê-la e corresponder-lhe.

    Evangelho: João 15, 1-8

    Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: "Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. 8Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos."

    A alegoria da videira e dos ramos garante-nos que a promessa da presença de Jesus no meio de nós está cumprida. Há que "permanecer" n´Ele para produzir os frutos que Deus espera de nós, ou melhor, permitir ao Espírito, a "seiva" divina, que produza em nós os seus frutos. Por nós mesmos, não podemos produzi-los. A obra de Jesus, que culminou na sua morte, "limpou-nos". No nosso texto é a Palavra que aparece como meio de purificação. Esta Palavra é a comunicação de Jesus aos seus discípulos através da sua vida, da sua morte, da sua pessoa. Há que permanecer n´Ele.

    Meditatio

    Santa Brígida deixou-se purificar pela Palavra. Na capela do SS. Sacramento, na Basílica de S. Paulo, em Roma, há uma estátua de mármore da santa em atitude de quem escuta a voz de Jesus Cristo, que lhe fala da cruz. Aos pés da estátua há uma legenda que diz: "Com o ouvido atento recebe as palavras do seu Deus Crucificado; recebe o Verbo de Deus no seu coração". Efetivamente, uma caraterística de S. Brígida foi a sua intimidade constante com Jesus, a sua familiaridade, as suas íntimas comunicações, e a sua docilidade infantil. O que mais nos espanta nela é a união extraordinária da vida interior e exterior. É uma santa mística que vivia no céu e também uma santa peregrina, em constante movimento de fundações e visitas a santuários.
    Casada com o príncipe Merício, descendente dos reis da Suécia, levou, com o marido, uma vida feliz, no cumprimento fiel dos seus deveres de esposos e de pais. Deus, todavia, tinha um outro projeto de vida para ela. O marido morreu muito mais cedo do que ambos imaginavam. Então, Brígida repartiu equitativamente os bens pelos filhos e consagrou-se inteiramente a Deus, numa vida austera de oração e penitência. Em 1349, Brígida seguiu para Roma com uma filha, a futura S. Catarina da Suécia. Praticou uma vida de grande pobreza, chegando a pedir esmolas. A quem a repreendia, por causa da sua condição nobre, respondeu: "Como Jesus se abaixou sem pedir o vosso consentimento, porque não havia eu de prescindir dele quando me esforço por imitá-lo?".
    Uns dez anos antes de morrer, fundou a ordem de S. Salvador, que ainda hoje existe em diversos países. Depois de peregrinar à Terra Santa, com a filha Catarina e outros dois filhos, regressou a Roma, onde faleceu a 23 de Julho de 1373. Da peregrinação à Terra Santa, dizia: "Foram os mais belos quinze meses da minha vida". Foi na Terra Santa que "se cumpriu o mistério da nossa redenção e donde a Palavra de Deus se difundiu até aos confins do mundo... As pedras sobre as quais caminhou o nosso Redentor permanecem para nós carregadas de recordações e continuam a "gritar" a Boa Nova". É uma espécie de "quinto evangelho". (Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Dei, 89). Como tantos outros cristãos, ao longo dos séculos, S. Brígida, fez essa experiência, no século XIV.

    Oratio

    "Bendito sejais, meu Senhor Jesus Cristo, que, para nossa salvação, permitistes que o vosso Lado e o vosso Coração fossem trespassados pela lança e fizestes brotar abundantemente do vosso peito sangue e água para nossa redenção... Honra sempiterna vos seja dada, meu Senhor Jesus Cristo, que ao terceiro dia ressuscitastes dos mortos e Vos manifestastes vivo àqueles que escolhestes... Louvor e glória eterna a Vós, Senhor Jesus Cristo, que enviastes o Espírito Santo aos corações dos discípulos e comunicastes às almas o vosso imenso amor. Louvor e glória eterna a Vós, Senhor Jesus Cristo". Ámen. (S. Brígida).

    Contemplatio

    Permaneçamos unidos à videira. O agricultor corta da videira os ramos mortos e aqueles que não dão frutos. Limpa os sarmentos que dão frutos, para que produzam ainda mais. «É assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á, purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações depravadas, para que deem ainda mais frutos». «Quanto a vós, dizia ainda Nosso Senhor, estais todos podados e purificados pelas instruções que vos dei; mas para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim, permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não permanecerdes em mim». Sim, Senhor, quero permanecer em vós. Sinto que é a condição da vida, da fecundidade e da felicidade. Quero permanecer em vós pela fidelidade da minha recordação, da minha ternura e da minha dedicação, pela conformidade dos meus pensamentos aos vossos pensamentos, dos meus sentimentos aos vossos sentimentos, das minhas alegrias às vossas alegrias, das minhas tristezas às vossas tristezas, do meu querer à vossa vontade. Só quero ter convosco uma existência, um fim, uma felicidade: a glória de Deus, o reino do Sagrado Coração e a salvação das almas. (Leão Dehon, OSP 3, p. 457s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós" (Jo 15, 4).

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    S. Brígida, Religiosa, Padroeira da Europa (23 Julho)

  • S. Tiago, Apóstolo

    S. Tiago, Apóstolo


    25 de Julho, 2022

    S. Tiago, chamado "o Maior", para se distinguir de outro apóstolo do mesmo nome, era filho de Zebedeu e de Salomé, e irmão de S. João Evangelista (cf. Mc 15, 40; Mt 27, 56). Com ele, e com Pedro, fez parte do grupo dos primeiros três discípulos de Jesus, o grupo mais íntimo, que acompanhou o Senhor na Transfiguração e na Agonia. Figura proeminente da igreja, Tiago foi preso em Jerusalém, por ordem de Herodes Agripa, sendo o primeiro apóstolo a derramar o seu sangue, em testemunho da sua fé, nos dias da Páscoa (cf. At 12, 1-3), por volta do ano 44. O seu culto desenvolveu-se notavelmente em Compostela que, desde a Idade Média, se tornou um dos centros de peregrinação mais concorridos, em todo o mundo.

    Lectio

    Primeira leitura: Segunda Coríntios 4, 7-15

    Irmãos: Nós trazemos este tesouro em vasos de barro, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso. 8Em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; 9perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados. 10Trazemos sempre no nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifesta no nosso corpo. 11Estando ainda vivos, estamos continuamente expostos à morte por causa de Jesus, para que a vida de Jesus seja manifesta também na nossa carne mortal. 12Assim, em nós opera a morte, e em vós a vida. 13Animados do mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: Acreditei e por isso falei, também nós acreditamos e por isso falamos, 14sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos há-de ressuscitar com Jesus, e nos fará comparecer diante dele junto de vós. 15E tudo isto faço por vós, para que a graça, multiplicando-se na comunidade, faça aumentar a acção de graças, para a glória de Deus.

    A liturgia aplica literalmente ao apóstolo Tiago o que Paulo diz a partir da sua própria experiência: "Trazemos sempre no nosso corpo a morte de Jesus" (10ª). Há uma mensagem que começa em Jesus, passa de Jesus a Paulo, de Paulo a Tiago e assim sucessivamente, ao longo da história, formando uma corrente de testemunhas, ou melhor, de "mártires" no sentido próprio do termo. Quem recebe a graça de derramar o sangue por amor de Cristo e dos irmãos, pode dizer, com verdade, que leva em si a morte de Cristo. Mas também o pode dizer quem vive serenamente a radicalidade evangélica no seu dia-a-dia. A Palavra do "mártir" é significativa e eficaz porque, à eloquência da palavra, junta a do sangue derramado.

    Evangelho: Mateus 20, 20-28

    Naquele tempo, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido. 21«Que queres?» - perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.»23Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.» 24Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. 25Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. 26Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e 27quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.»

    Mateus parece usar de uma fina ironia ao narrar o episódio que hoje escutamos. Facilmente desculpamos a mãe, que, como tal, quere o melhor para os filhos. Mas já não somos tão compreensivos para com os dois irmãos que, sem pensar muito, se declaram prontos a beber o cálice com Jesus. Mas Jesus, muito ao seu jeito, transformando a hipótese em profecia, prediz, efetivamente, a morte que Tiago irá padecer por causa da sua radical fidelidade ao Mestre e ao Evangelho. Ao mesmo tempo, aproveita para dar uma lição de humildade útil a todos, também outros apóstolos irritados e desdenhosos.

    Meditatio

    Partimos, hoje, de uma afirmação de Jesus que nos permite penetrar no seu coração, conhecer as suas disposições mais profundas: "o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão" (v. 28). Jesus tem consciência de ser o Filho imolado por amor, para redenção dos irmãos. Vive conscientemente e decididamente a espiritualidade do Servo de Javé, a espiritualidade do Cordeiro imolado. E não fica por belas palavras ou ideais meramente românticos. A sua espiritualidade "vitimal" ou, se preferirmos, "oblativa" até à imolação concretiza-se no "serviço" vivido no total despojamento de si mesmo e em plena confiança no Pai. É o Servo de Deus, mas também o servo "de muitos", isto é, de todos aqueles que o Pai lhe confiou como irmãos, oprimidos pelo pecado mas abertos ao dom da libertação. Recebeu das mãos do Pai o cálice da paixão, e bebeu-o até à última gota, até à morte de cruz, entregando-se confiadamente nas mãos do Pai.
    Os Apóstolos também "beberam o cálice do Senhor, e tornaram-se amigos de Deus", como diz a antífona da comunhão da festa de S. Tiago inspirada em Mt 20, 22-23. Foi esta a glória dos Apóstolos, e concretamente a de Tiago, que esperava outra bem diferente, quando decidiu seguir Jesus. Quem está com Jesus só pode aspirar a uma glória semelhante à d´Ele: a de participar na sua cruz, nos seus sofrimentos, em profunda união com Ele, em favor de muitos.

    Oratio

    Senhor Jesus, tu és o Filho de Deus Pai que vives e manifestas a tua submissão numa total disponibilidade. Tu és a Palavra que ilumina o nosso caminho: o que dizes vale para ti e vale para nós, e para todos os que livremente te escolheram como Senhor e Mestre. Viveste o teu martírio em todos os momentos da tua vida na terra. Quem te conhece sabe que, para ti, ser servo significa viver tudo por Deus e tudo pelos irmãos. É a "lei real", de que fala na sua carta, o teu apóstolo Tiago. Enche-me do teu Espírito, para toda a minha vida se torne uma oblação santa e agradável ao Pai, pelos homens. Ámen.

    Contemplatio

    Tiago e João, Pedro e André eram muito afetuosos, muito amigos para com Nosso senhor, sobretudo os três primeiros. Eram os discípulos do Sagrado Coração, os amigos de Jesus. Por isso, Nosso Senhor os tinha sempre junto de si. Eram os seus íntimos, os seus confidentes. Muitas vezes os tomava à parte e lhes dava uma confiança que não dava aos outros. Para a ressurreição da filha de Jairo, a exclusão dos outros é fortemente assinalada no Evangelho. S. Marcos diz: «Jesus não permitiu a nenhum dos seus discípulos que o seguisse, exceto Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago». S. Lucas diz: «Não permitiu a ninguém entrar na casa com os pais, exceto Pedro, Tiago e João» (8, 51). Para a transfiguração, S. Mateus (17, 2) e S. Marcos (9, 1) dizem-nos: Jesus tomou à parte Pedro, Tiago e João, sozinhos consigo, e levou-os à montanha para rezar. O privilégio é ainda acentuado. No repouso do Monte das Oliveiras, diante de Jerusalém, da qual Nosso Senhor predisse a destruição, tem alguns privilegiados sentados junto de si. E era sem dúvida normalmente assim. Estes tinham os seus segredos. Interrogavam-no em segredo, secretamente, diz S. Mateus (24, 4) à parte, separadamente, diz S. Marcos (13, 3); mas quem eram estes quatro privilegiados? S. Marcos dá-nos os seus nomes. Era Pedro, Tiago, João e André. Na Ceia, Pedro, João e Tiago estavam sentados junto de Jesus. Se eu pudesse pelo meu amor e pela minha fidelidade merecer ser um verdadeiro discípulo do Sagrado Coração! Para o Getsémani, S. Mateus (26, 36) e S. Marcos (14, 33) dizem-nos: «Jesus deixou os seus discípulos à entrada do jardim, mas tomou consigo Pedro, Tiago e João». Os outros não estavam suficientemente formados para suportarem sem escândalo o espetáculo da agonia, mas estes três fizeram um melhor noviciado, foram tão dóceis e tão afetuosos! (L. Dehon, OSP 3, p. 311-312).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Beberam o cálice do Senhor, e tornaram-se amigos de Deus"
    (antífona da comunhão da festa de S. Tiago).
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    S. Tiago, Apóstolo (25 Julho)

     

  • S. Joaquim e S. Ana, Pais de Nossa Senhora

    S. Joaquim e S. Ana, Pais de Nossa Senhora


    26 de Julho, 2022

    O evangelho de S. Tiago, escrito apócrifo do século II, reconstrói, decalcando a história de Ana, mãe de Samuel (cf. 1 Sam 1, 1-28), a história da Virgem Maria. Joaquim, idoso sacerdote do templo de Jerusalém, era casado com Ana, mulher estéril. Depois de uma aparição angélica, concebem a futura Mãe do Redentor, que oferecerão a Deus no templo (cf. 21 de Novembro). Mas não há qualquer referência a estes santos nos evangelhos canónicos. Na tradição da Igreja, Joaquim e Ana são protótipos dos esposos cristãos. De há uns anos para cá, a sua festa é também celebrada como "Dia dos Avós".

    Lectio

    Primeira leitura: Ben Sirá 44, 1.10-15

    Louvemos os homens ilustres, nossos antepassados,segundo as suas gerações.10Foram homens de misericórdia, cujas obras de piedade não foram esquecidas. 11Na sua descendência permanecem os seus bens, e a sua herança passa à sua posteridade. 12Os seus descendentes mantiveram-se fiéis à Aliança, os seus filhos também, graças a eles. 13A sua posteridade permanecerá para sempre, e a sua glória não terá fim. 14Os seus corpos foram sepultados em paz, e o seu nome vive de geração em geração; 15Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia cantará os seus louvores.

    Ben Sirá evoca figuras ilustres que marcaram o passado da história de Israel, em ordem a infiltrar, com o seu exemplo, nova vida no presente e a projetar a esperança do povo na direção do futuro. O bem paticado é um capital precioso e fecundo, que permanece, e de que se pode dispor. Quando é praticado em e por homens virtuosos, tece a verdadeira trama da história da salvação. Deus intervém nessa história, para redimir o homem, mas servindo-se do próprio homem. A fidelidade do Senhor tem o seu fundamento no céu, mas radica na terra, graças aos que permanecem fiéis às suas promessas.

    Evangelho: Mateus 13, 16-17

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.17Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»

    Os discípulos de Jesus têm a sorte de ver a realização das promessas. Gerações de profetas e justos construíram, degrau a degrau, uma história de confiança, de espera e de esperança. Esses profetas e justos são ditosos porque, ainda que não tenham visto nem ouvido o que os discípulos veem e ouvem, acreditaram e apostaram a sua vida baseando-se na Palavra da aliança. Os discípulos são ditosos porque veem e ouvem a Palavra feita carne, Jesus Cristo nossa Vida e Salvação. Eles são o último elo da geração herdeira das promessas e o primeiro da que deve transmitir o testemunho da sua realização.

    Meditatio

    Sabemos muito pouco sobre os pais de Maria. Também eles estão sob a lei do silêncio e do escondimento que Deus aplicou à vida de Maria e à maior parte da vida histórica de Jesus.
    Os evangelhos apócrifos falam das suas dificuldades. Um texto da igreja arménia do século XIII diz-nos que Joaquim e Ana eram justos e puros, levavam uma vida piedosa e um comportamento inocente e imune à calúnia. Eram zelosos na oração, no jejum e na abstinência. Eram uma família assídua ao templo, cheia de caridade, incansável no trabalho e, em consequência, rica de bens. Dividiam o rendimento anual em três partes: uma para o Templo e sustento dos sacerdotes; outra para os pobres, e a terceira para eles mesmos. É lógico pensar que Deus os tenha chamado a participar no mistério de Jesus, cuja chegada prepararam. Permanece a glória de terem sido os pais de Nossa Senhora.
    S. Joaquim e S. Ana encorajam a nossa confiança: Deus é bom e na história da humanidade, história de pecado e de misericórdia, o que fica é a glória, é o positivo que construiu em nós.
    Joaquim e Ana foram escolhidos entre o povo eleito, mas de dura cerviz, para que, entre esse povo, florescesse Maria e, dela, Jesus. É a maior manifestação do amor misericordioso de Deus.
    Agradeçamos ao Senhor. Nós somos os ditosos, nós que vemos e ouvimos, o que muitos profetas e justos apenas entreviram na fé e na esperança.
    Lembremos os nossos avós. Um provérbio africano afirma: "Das panelas velhas, tira-se a melhor sopa". Os "avós" são verdadeiras preciosidades. Há que rodeá-los de cuidados e carinhos, e não desperdiçar o muito que têm para nos dizer e ensinar, particularmente a sua fé e a sua esperança.

    Oratio

    Pai Santo, hoje, "invocarei com confiança S. Joaquim e Santa Ana, que Jesus, teu Filho, honra como seus avós. Eles são poderosos sobre o seu Coração. Dai-me a graça de imitar a sua humildade, a sua confiança, o seu espírito de sacrifício. Lembrando-me de Nazaré, levá-los-ei em espírito até junto de Jesus e de Maria. Ámen. (cf. Leão Dehon, OSP 4, p. 95).

    Contemplatio

    S. Joaquim e Santa Ana tinham chegado a uma idade avançada sem terem filhos como a santa mãe de Samuel. Resignados à vontade de Deus, suplicavam, no entanto, ao mesmo Deus que realizasse os seus desejos dando-lhes um fruto da sua união, que consagrariam ao serviço do templo. Ana sobretudo multiplicava as orações e as boas obras para obter este favor. Um dia em que Joaquim rezava sobre uma colina, onde pastava o seu rebanho, e Ana no seu jardim onde ela tinha feito para si uma solidão, um anjo veio anunciar-lhes que o céu tinha atendido os seus pedidos e que eles iam ser consolados com uma criança de bênção. A oração perseverante é a fonte das maiores graças. No dia 8 de Setembro, Ana deu ao mundo uma filha que, segundo a ordem do Senhor, ela chamou Maria. Com que cuidado educou esta criança abençoada! É representada tendo diante de si a sua filha privilegiada e ensinando-a a ler as divinas Escrituras. Quando Maria atingiu a idade de três anos, Ana e Joaquim, lembrando-se da promessa que tinham feito, levaram-na ao templo de Jerusalém para a oferecerem ao Senhor. Segundo a tradição, Sant'Ana vivia ainda nos primeiros anos de Nosso Senhor. Ela pôde, portanto, levá-lo nos seus braços e sentá-lo nos seus joelhos. Contemplou os seus traços infantis tão belos. Teve conhecimento dos milagres do seu nascimento. Oh! As doces emoções que ela sentiu! A recordação destes felizes momentos faz a sua alegria no céu, bem como a contemplação do seu neto, que reina nos céus eternamente. Invejamos a sua sorte, mas não esquecemos que na comunhão nós levamos também Nosso Senhor no nosso coração. (Leão Dehon, OSP 4, p. 93s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "O fruto do justo é uma árvore de Vida" (Prov 11, 30).

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    S. Joaquim e S. Ana, Pais de Nossa Senhora (26 Julho)

  • SS. Marta, Maria e Lázaro, Hospedeiros do Senhor

    SS. Marta, Maria e Lázaro, Hospedeiros do Senhor


    29 de Julho, 2022

    (Próprio da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus - Dehonianos)

    Marta é irmã de Maria e de Lázaro de Betânia. No evangelho aparece em apenas três episódios (Lc 10, 38-42; Jo 11, 1-44; Jo 12, 1-11). É uma mulher dinâmica, que acolhe desveladamente Jesus. Maria, também aparece apenas três vezes em cena, nos evangelhos, (Lc 10; Jo 11; Mt 26). É a mulher atenta e contemplativa, que dá mais atenção ao Senhor do que às "coisas do Senhor". De Lázaro sabemos apenas o que dele se diz no evangelho de João (11, 1-14; 12, 1-2). Os três são amigos e hospedeiros do Senhor.

    Lectio

    Primeira leitura: 1 João 4,7-16

    Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. 8Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 9E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida. 10É nisto que está o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. 11Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros. 12A Deus nunca ninguém o viu; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor chegou à perfeição em nós. 13Damos conta de que permanecemos nele, e Ele em nós, por nos ter feito participar do seu Espírito. 14Nós o contemplámos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15Quem confessar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.

    "Amor com amor se paga", diz o nosso povo. "Deus é amor" e amou-nos por primeiro; "Amemo-nos uns aos outros". São os pensamentos centrais deste texto. No capítulo III da sua carta, João abordou o tema do amor do ponto de vista negativo: quem não ama, comete pecado, e o pecador não pode ver a Deus. Agora expõe o mesmo pensamento, mas do ponto de vista positivo: o amor é necessário porque Deus é amor, "porque o amor vem de Deus".
    O nosso amor a Deus é sempre resposta ao seu amor por nós. O amor de Deus manifestou-se, historicamente, em Cristo. A família de Lázaro de Betânia experimentou esse amor, e correspondeu-lhe acolhendo Jesus com delicadeza e generosidade.

    Evangelho: Lucas 10,38-42

    Naquele tempo, Jesus, continuando o seu caminho, entrou numa aldeia. E uma mulher, de nomeMarta, recebeu-o em sua casa.39Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. 40Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» 41O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; 42mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»

    Amar o próximo, como Jesus ensinou na parábola do bom samaritano (Lc 10, 25-37), é necessário. Mas não basta, como verificamos logo a seguir, em Lc 10, 38-42. Jesus entra em casa de Marta e Maria. Marta entrega-se ao trabalho por Jesus; Maria, sentada aos pés do Senhor, escuta-O. Marta protesta, e Jesus diz-lhe: "Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada." (v. 41s.). Não se trata de opor ação e contemplação. Marta apenas representa aqueles cuja ação não se baseia na palavra de Jesus; Maria, pelo contrário, representa os que dão atenção à palavra, que necessariamente deve traduzir-se em serviço amoroso a Deus e ao próximo.

    Meditatio

    Santa Marta é a mulher eficiente e segura de si mesma. Por isso, se deixa levar excessivamente pelo que deve fazer, perdendo de vista a motivação do seu trabalho. No confronto com Jesus, percebe que a eficiência não é o valor mais alto, e que só é importante na medida em que for equilibrado pelo acolhimento, pela atenção ao outro e pelo "temor de Deus", isto é, movido pelo amor. Se assim não for, a ação pode tornar-se ativismo, que descuida o essencial e se torna fonte de ansiedade e de fragmentação.
    O episódio que hoje escutamos levou Santa Marta, não só a fazer coisas pelo Senhor, mas, sobretudo, a colocar-se diante d´Ele em verdade e diálogo. Dessa atitude resultou aquela fé segura com que, ainda que chorosa e desiludida com a morte do irmão Lázaro, se dirigiu ao Senhor: "Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá." (Jo 11, 21s.). Marta deixou-se conduzir por Jesus no caminho do sofrimento que a levou a conhecer melhor a Jesus e a si mesma.
    Maria é exemplo do discípulo que descobre a Palavra de Deus em Jesus Cristo e a acolhe com atenção. Ela não é um místico que se eleva até Deus, mas um crente que está atento à palavra concreta que Deus lhe dirige, e a procura pôr em prática.
    Lázaro é o chefe de família que acolhe Jesus, Palavra de Deus feita carne, e se deixa transformar por ela. O amor de Jesus fê-lo regressar da morte à vida. E Lázaro, com as suas irmãs, souberam corresponder ao amor de Jesus, acolhendo com entusiasmo, delicadeza e generosidade em sua casa: "Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Então, Maria ungiu os pés de Jesus com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume." (Jo 12, 1-3).

    Oratio

    Pai santo, que na casa de Betânia, fizeste experimentar ao teu Filho muito amado a alegria da amizade, a solicitude do serviço e a escuta atenta da sua palavra, concede, também a nós, a graça de aderirmos a Ele, nosso único Mestre, pelo ardor da meditação e das obras de caridade, para que, tornando-nos agradáveis aos seus olhos, sejamos acolhidos na alegria eterna. Ámen. (uma das coletas propostas para esta festa).

    Contemplatio

    Marta e Maria têm cuidados assíduos por Nosso Senhor e pelos apóstolos. Assistem-nos nas suas necessidades. Recebem-nos e cuidam deles em Betânia. Nosso Senhor encontra lá o seu repouso, a sua consolação. Volta para lá à noite, depois das suas pregações no templo e é envolvido de cuidados. Marta e Maria são fiéis a Jesus nas suas provações. São vítimas com Ele. Seguem-no até ao Calvário, partilham as suas dores. São humilhadas e insultadas com Ele e por Ele. Madalena não conhece temor nem hesitação. Está ao pé da cruz com a santa Virgem e S. João. É regada com o sangue de Jesus. Recolhe este sangue precioso. Sepulta Jesus. Leva o sudário e os perfumes. O grande sábado mantém-na afastada do sepulcro, mas volta lá na primeira hora depois do sábado. Procura o seu Jesus crucificado. Madalena e as santas mulheres são os nossos modelos para procurarmos Jesus. Procuremo-lo sempre, procuremo-lo por toda a parte. Procuremo-lo, não para fruirmos já, para dele recebermos graças gratuitas e extraordinárias, mas para compreendermos o seu amor, para imitarmos o seu exemplo, para nos imolarmos com ele. O anjo diz às santas mulheres: «Não temais, procurais Jesus crucificado». Nós também já nada temos a temer, se procurarmos Jesus crucificado. Não nos podemos enganar, se seguirmos Jesus até ao Calvário, na humildade e na imolação. Podemos encontrar a ilusão nas consolações espirituais, não temos que a temer na obediência e no sacrifício, no humilde serviço de Jesus e na fidelidade à nossa regra de vida. Vemos em todas as circunstâncias Santa Madalena, aos pés de Jesus, era assim que ela exprimia a sua humildade e a sua fidelidade. Imitemo-la. (Leão Dehon, OSP 4, p. 81s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
    Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).

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    SS. Marta, Maria E Lázaro, Hospedeiros do Senhor (29 Julho)

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