28º Domingo do Tempo Comum - Ano B [atualizado]


13 de Outubro, 2024

ANO B

28.º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Tema do 28.º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 28.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre as escolhas que fazemos. Exorta-nos a não nos conformarmos com valores perecíveis, que “sabem a pouco” e não saciam a nossa fome de vida; encoraja-nos a abraçarmos os valores eternos, aqueles valores que nos trazem alegria e paz e que dão significado pleno à nossa existência.

Na primeira leitura, um “sábio” de Israel exalta a “sabedoria”, dom de Deus. A partir da sua própria experiência, esse sábio convida-nos a fazer da “sabedoria” a nossa aposta fundamental. Ela é, mais do que qualquer outro valor (o poder, a riqueza, a saúde, a beleza), a base perfeita para construir uma vida com sentido.

No Evangelho um homem de boa vontade questiona Jesus sobre o caminho que leva à vida eterna. Jesus desenha-lhe o mapa desse caminho. Convida aquele homem a despojar-se dos bens materiais que o aprisionam, a abrir o coração à solidariedade e à partilha, a percorrer o caminho do amor que se dá totalmente, a tornar-se discípulo e a integrar a comunidade do Reino. A indicação de Jesus continua válida, no séc. XXI, para quem estiver interessado em encher de significado a sua vida.

A segunda leitura convida-nos a escutar e a acolher a Palavra de Deus que nos chega através de Jesus. Essa Palavra é viva, eficaz, atuante. Uma vez acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a discernir o bem e o mal e a fazer as opções corretas, indica-lhe o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva.

 

LEITURA I – Sabedoria 7,7-11

Orei e foi-me dada a prudência;
implorei e veio a mim o espírito de sabedoria.
Preferi-a aos cetros e aos tronos
e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada.
Não a equiparei à pedra mais preciosa,
pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia
e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo.
Amei-a mais do que a saúde e a beleza
e decidi tê-la como luz,
porque o seu brilho jamais se extingue.
Com ela me vieram todos os bens
e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis.

 

CONTEXTO

O “Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento. Pensa-se que terá sido redigido durante o séc. I, em língua grega (por ser escrito em grego, nunca chegou a integrar o cânone judaico). O seu autor terá sido um judeu culto, provavelmente nascido e educado na Diáspora.

O “berço” do livro da Sabedoria parece ter sido Alexandria (no Egito). A brilhante cultura helénica marcava o ritmo de vida e impunha aos habitantes da cidade os valores dominantes. As outras culturas – nomeadamente a judaica – eram desvalorizadas e hostilizadas. A colónia judaica que vivia em Alexandria tinha sido obrigada a lidar, sobretudo nos reinados de Ptolomeu Alexandre (106-88 a.C.) e de Ptolomeu Dionísio (80-52 a.C.), com duras perseguições. Os sábios helénicos procuravam demonstrar, por um lado, a superioridade da cultura grega e, por outro, a incongruência do judaísmo e da sua proposta de vida… Os judeus eram encorajados a deixar a sua fé, a “modernizar-se” e a abrir-se aos brilhantes valores da cultura helénica.

Foi neste ambiente que o sábio autor do Livro da Sabedoria decidiu defender os valores da fé e da cultura do seu Povo. O seu objetivo era duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), exortava-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convidava-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Javé, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, o autor pretendia deixar esta ideia fundamental: só Javé garante a verdadeira “sabedoria” e a verdadeira felicidade.

O texto que nos é proposto integra a segunda parte do livro (cf. Sb 6,1-9,18). Aí, o autor apresenta o “elogio da sabedoria”. Este “elogio da sabedoria” pode dividir-se em três pontos… No primeiro (cf. Sb 6,1-21), há uma exortação aos reis no sentido de adquirirem a “sabedoria”; no segundo (cf. Sb 6,22-8,21), há uma descrição da natureza e das propriedades da “sabedoria”, aqui apresentada como o valor mais importante entre todos os valores que o homem pode adquirir; no terceiro (cf. Sb 9,1-18), aparece uma longa oração do autor, implorando de Javé a “sabedoria”.

O que é esta “sabedoria” de que se fala neste livro e em outros livros sapienciais que vieram a integrar o cânone dos livros sagrados? É, fundamentalmente, a capacidade de fazer as escolhas corretas, de tomar as decisões certas, de escolher os valores verdadeiros que conduzem o homem ao êxito, à realização, à felicidade. Na perspetiva dos “sábios” de Israel, esta “sabedoria” vem de Deus e é um dom que Deus oferece a todos os homens que tiverem o coração disponível para o acolher. É preciso, portanto, ter os ouvidos atentos para escutar e o coração disponível para acolher a “sabedoria” que Deus quer oferecer a todos os homens.

O autor deste “elogio da sabedoria” insinua claramente ser o rei Salomão (embora o nome do rei nunca seja referido explicitamente). Na realidade, o “Livro da Sabedoria” não vem de Salomão (já vimos que é um texto escrito no séc. I a.C., por um judeu de Alexandria); mas Salomão, o protótipo do rei sábio era, para os israelitas, a pessoa indicada para apresentar a “sabedoria” e para a recomendar a todos os homens. Usando uma ficção literária, o autor coloca, pois, na boca de Salomão este discurso sapiencial.

 

MENSAGEM

O rei Salomão pediu a Deus a “sabedoria” e ela foi-lhe concedida (vers. 7). Há aqui uma alusão evidente ao episódio narrado em 1 Re 3,5-15, que conta como Salomão, ainda um jovem rei inexperiente, assustado com a magnitude da tarefa que tinha diante de si enquanto condutor dos destinos do seu Povo, se dirigiu ao santuário de Guibeon (um lugar sagrado situado um pouco a norte de Jerusalém, no território da tribo de Benjamim) e pediu a Deus “um coração cheio de entendimento para governar o povo, para discernir entre o bem e o mal” (1 Re 3,9); e Deus, correspondendo a este pedido, deu-lhe “um coração sábio e perspicaz” (1 Re 3,12).

Para o rei, a “sabedoria” tornou-se o valor mais apreciado, superior ao poder, à riqueza, à saúde, à beleza, a todos os bens terrenos (vers. 8-10a) que os homens tanto apreciam. A sabedoria é a “luz” que indica caminhos e que permite ao homem discernir as opções corretas para ter êxito e ser feliz. Ao contrário dos bens terrenos, ela não se extingue nem perde o brilho (vers. 10b): é um valor duradouro, que vem de Deus e que conduz o homem ao encontro da Vida verdadeira, da felicidade que não tem fim.

Contudo, a “sabedoria” não afastou este rei dos outros bens (no episódio referido em 1 Re 3,5-15 Deus, depois de ter dado a Salomão a “sabedoria”, garantiu-lhe também “riquezas e glória” inigualáveis). Pelo contrário, a opção pela “sabedoria” conduziu-o por um caminho que lhe proporcionou “todos os bens” e “riquezas inumeráveis” (vers. 11), pois a “sabedoria” está na base de todos eles. É ela que permite ao homem gozar os bens terrenos com maturidade e equilíbrio, sem obsessão e sem cobiça; é ela que ajuda a colocar os bens materiais no seu devido lugar, não deixando que sejam eles a determinar o sentido da vida do homem.

 

INTERPELAÇÕES

  • Costumamos dizer que “só se vive uma vez” e que, por isso, temos de “aproveitar a vida”. Geralmente, quando falamos em “aproveitar a vida”, falamos de provar as coisas boas que a vida pode oferecer-nos, de aproveitar as oportunidades de concretizar os nossos sonhos e aspirações, de tirar o melhor partido de cada momento, de encher a nossa existência de significado… Mas, “aproveitar a vida” incluirá atirar-nos às cegas para agarrar tudo aquilo que os influencers de serviço nos impingem? “Aproveitar a vida” significará irmos atrás de tudo o que de alguma forma nos atrai, sem critérios nem limites? “Aproveitar a vida” será gastarmos o tempo e as forças a correr atrás de coisas fúteis, efémeras, que enchem a nossa existência de vazio, de frivolidade e de mediocridade? Temos consciência de que há caminhos e valores que nos permitem construir uma vida bonita, feliz e plenamente realizada, e também há caminhos e valores que nos escravizam e que nos limitam horizontes? Estamos disponíveis para acolher a sabedoria de Deus e para deixar que ela nos guie pelos caminhos que conduzem onde há Vida verdadeira?
  • O “sábio” que, no texto da primeira leitura deste domingo, reparte connosco a sua experiência de vida, tinha bem definida a sua hierarquia de valores. Sabia bem o que era prioritário e o que era secundário; sabia o que o ajudaria a definir bem a sua missão e aquilo que não seria fundamental para que a sua vida fizesse sentido. E nós, que até vivemos imersos num tempo de “modernidade líquida”, de mudança vertiginosa, de relativismo de valores, de certezas nunca consolidadas, temos bem definida a nossa lista dos valores prioritários? Em que valores apostamos para sobre eles construir, com coerência e verdade, a nossa história de vida?
  • O “sábio” autor do nosso texto assegura que a “sabedoria”, dom de Deus, não o afastou de outros valores desejáveis; mas que, pelo contrário, o ajudou a apreciá-los devidamente e a situá-los no lugar adequado. Por vezes existe a ideia de que viver de acordo com Deus significa renunciar a tudo aquilo que nos pode tornar felizes e realizados… Mas isso não é verdade. Há valores, mesmo efémeros, que são perfeitamente compatíveis com a nossa opção pelos valores de Deus e do Reino. Não se trata de nos fecharmos ao mundo, de desconfiarmos das coisas do mundo, de renunciarmos definitivamente às coisas boas que o mundo nos pode oferecer e que nos dão segurança e estabilidade; trata-se simplesmente de darmos às coisas o valor que têm, sem nos deixarmos iludir por aquilo que não é duradouro. Como é que nos relacionamos com os valores que o mundo nos oferece? Com desconfiança e condenação à priori, ou com a apreciação serena e equilibrada do que eles valem? Usamo-los parcimoniosamente, sem deixar que eles nos usem a nós?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90)

Refrão 1:  Saciai-nos, Senhor, com a vossa bondade
e exultaremos de alegria.

Refrão 2: Enchei-nos da vossa misericórdia:
será ela a nossa alegria.

 

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando?
tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos, desde a manhã, com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Compensai em alegria os dias de aflição,
os anos em que sentimos a desgraça.

Manifestai a vossa obra aos vossos servos
e aos seus filhos a vossa majestade.
Desça sobre nós a graça do Senhor.
confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos.

 

LEITURA II – Hebreus 4,12-13

A palavra de Deus é viva e eficaz,
mais cortante que uma espada de dois gumes:
ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito,
das articulações e medulas,
e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração.
Não há criatura que possa fugir à sua presença:
tudo está patente e descoberto a seus olhos.
É a ela que devemos prestar contas.

 

CONTEXTO

A “Carta aos Hebreus”, mais do que uma “carta” tradicional, parece um sermão destinado a ser proclamado oralmente. O texto foi atribuído, sobretudo pela tradição oriental, a São Paulo; no entanto, as diferenças de linguagem, de estilo e mesmo de ideias em relação a outros textos autenticamente paulinos levaram os biblistas a considerar que São Paulo não terá sido o seu autor. Apesar de tudo, é provável que o autor tenha sido alguém relacionado com São Paulo, talvez um discípulo do apóstolo.

Provavelmente a “Carta aos Hebreus” foi redigida nos anos anteriores ao ano 70, antes da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos: o autor fala da liturgia do Templo como uma realidade atual, o que não aconteceria se o Templo já tivesse sido destruído. Embora a tradição cite os “hebreus” como destinatários desta Carta, não é certo que ela se destine a comunidades cristãs de origem judaica. As referências constantes ao Antigo Testamento não são decisivas para identificar os destinatários da carta, uma vez que o Antigo Testamento era já referência, por essa altura, quer para os cristãos que vinham do mundo judaico como para os cristãos que vinham do mundo greco-romano. Em qualquer caso, os destinatários da Carta aos Hebreus são cristãos que vivem numa situação difícil, num ambiente hostil à fé cristã. O autor procura fortalecê-los na vivência do compromisso cristão e ajudá-los a crescer na fé.

A figura de Cristo é central na “Carta aos Hebreus”. Apresentado como sumo sacerdote, Ele é o mediador entre Deus e os homens. A sua entrega sacrificial na cruz substitui todos os sacrifícios do antigo culto judaico, estabelece uma nova Aliança entre Deus e os homens e inaugura um culto novo. Pelo sacerdócio de Cristo, os crentes são inseridos no Povo sacerdotal que é a comunidade cristã.

O texto que nos é proposto está incluído na segunda parte da Carta aos Hebreus (cf. Heb 3,1-5,10). Aí, o autor apresenta Jesus como o sacerdote fiel e misericordioso que o Pai enviou ao mundo para mudar os corações dos homens e para os aproximar de Deus. Aos crentes pede-se que “acreditem” em Jesus – isto é, que escutem atentamente as propostas que Cristo veio trazer. Nessa sequência, o autor introduz na sua reflexão uma espécie de hino à Palavra de Deus, a Palavra que Cristo veio transmitir aos homens. O objetivo do autor, ao propor-nos este “hino”, é levar-nos a escutar atentamente a Palavra proposta por Cristo.

 

MENSAGEM

Através de Cristo, incarnado na história dos homens, a Palavra de Deus ecoou no mundo. Essa Palavra não é um amontoado de frases ocas, vagas, estéreis, que uma vez ditas “entram por um ouvido e saem por outro”, sem tocarem as vidas daqueles que as escutam; mas é uma Palavra viva, atuante, desafiadora, transformadora, porque tem em si a força de Deus. O profeta Isaías já a tinha comparado com a chuva e a neve “que descem do céu e não voltam para lá senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer” (Is 55,10). Uma vez escutada, a Palavra de Deus vai direta ao coração do homem e aí atua eficazmente. Atua sobre os sentimentos e os pensamentos, influencia os valores, as opções e as atitudes do homem. Nada a pode deter: é como uma “espada de dois gumes”, afiada e imparável, que entra a direito e atinge o mais profundo do ser humano.

Ao penetrar nos corações, a Palavra de Deus conhece os mais profundos segredos do homem. Avalia tudo o que se passa nesse centro vital, sede dos pensamentos, sentimentos e ações; avalia a sinceridade das posições que o homem assume na sua relação com Deus, com o mundo e com os outros homens… E, depois de tudo avaliar e pesar, como juiz incorruptível e imparcial, pronuncia o seu julgamento sobre o homem.

A Palavra de Deus, mesmo que pareça frágil e débil, é uma força decisiva que enche a história e que traz ao homem a Vida e a salvação.

 

INTERPELAÇÕES

  • O nosso tempo é um tempo de muitas palavras. Toda a gente, a propósito e a despropósito, entende dar a sua opinião sobre tudo. É positivo ouvirmos opiniões e perspetivas diversas, pois isso sempre enriquece a nossa visão pessoal das coisas; mas isso cria, por vezes, um ruído de fundo que causa confusão, banaliza o poder da palavra e atira para segundo plano palavras fundamentais, como é o caso da Palavra de Deus. No meio desta autêntica floresta de palavras, de opiniões e de ditos, que lugar ocupa a Palavra de Deus? Para nós, é uma palavra decisiva, determinante, primordial na definição do sentido da nossa vida, ou é apenas “mais uma” palavra entre tantas outras? Conseguimos encontrar tempo para escutar a Palavra de Deus, disponibilidade para a discutir e partilhar, vontade de confrontar a nossa vida com as suas exigências?
  • A Palavra de Deus, diz a segunda leitura deste vigésimo oitavo domingo comum, é viva, atuante, eficaz e renovadora. Deveria, portanto, ter um impacto positivo e transformador nas nossas vidas, nas nossas famílias, nas nossas comunidades, na sociedade à nossa volta… Mas nem sempre isso acontece. Ouvimos diariamente a proclamação da Palavra de Deus nas nossas liturgias e continuamos a escolher valores errados, a erguer barreiras de separação entre pessoas, a marcar a nossa relação comunitária pela inveja, pelo ciúme, pela discórdia, a perpetuar mecanismos de injustiça, de violência, de exploração, de ódio… Será que a Palavra de Deus perdeu a força, ultrapassou o prazo de validade? Não. O problema não está na Palavra de Deus, mas está em nós. Talvez estejamos tão “habituados” à Palavra que já não a escutemos; talvez estejamos tão acomodados na nossa zona de segurança que recusemos o confronto com uma Palavra que incomoda e desinstala; talvez estejamos tão entrincheirados atrás da nossa autossuficiência, que acreditemos que a Palavra de Deus não acrescenta nada à nossa vida. Porque é que a Palavra de Deus não tem na nossa vida e no nosso mundo o impacto que deveria ter?
  • A nossa vivência da fé desenrola-se, muitas vezes, à volta de fórmulas de oração repetitivas, de práticas devocionais fixas, de rituais estéreis e desligados da vida, de tradições cheias de pó, de grandes manifestações de fé que, no entanto, têm pouca profundidade… E a Palavra de Deus é relegada, na experiência de fé de tantos crentes, para um papel muito secundário. Qual o papel e o lugar da Palavra de Deus na nossa forma de viver a fé?

 

ALELUIA – Mt 5,3

Aleluia. Aleluia.

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.

 

EVANGELHO – Marcos 10,17-30

Naquele tempo,
ia Jesus pôr-Se a caminho,
quando um homem se aproximou correndo,
ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou:
«Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?»
Jesus respondeu:
«Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
Tu sabes os mandamentos:
‘Não mates; não cometas adultério;
não roubes; não levantes falso testemunho;
não cometas fraudes; honra pai e mãe’».
O homem disse a Jesus:
«Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».
Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu:
«Falta-te uma coisa: vai vender o que tens,
dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu.
Depois, vem e segue-Me».
Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante
e retirou-se pesaroso,
porque era muito rico.
Então Jesus, olhando à volta, disse aos discípulos:
«Como será difícil para os que têm riquezas
entrar no reino de Deus!»
Os discípulos ficaram admirados com estas palavras.
Mas Jesus afirmou-lhes de novo:
«Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus!
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no reino de Deus».
Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros:
«Quem pode então salvar-se?»
Fitando neles os olhos, Jesus respondeu:
«Aos homens é impossível, mas não a Deus,
porque a Deus tudo é possível».
Pedro começou a dizer-Lhe:
«Vê como nós deixámos tudo para Te seguir».
Jesus respondeu:
«Em verdade vos digo:
Todo aquele que tenha deixado casa,
irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras,
por minha causa e por causa do Evangelho,
receberá cem vezes mais, já neste mundo,
em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras,
juntamente com perseguições,
e, no mundo futuro, a vida eterna».

 

CONTEXTO

Jesus está a caminhar com os discípulos através da Judeia e da Transjordânia, em direção a Jerusalém. Contudo, o caminho que fazem não é apenas geográfico; é, sobretudo, um caminho espiritual, durante o qual Jesus vai completando a sua catequese aos discípulos sobre as exigências do Reino e as condições para integrar a comunidade messiânica. Pretende-se que, à medida que vão avançando nesse caminho com Jesus, os discípulos deixem para trás os seus interesses egoístas e interiorizem cada vez mais a lógica do Reino. Só no final desse caminho serão verdadeiros discípulos de Jesus e estarão preparados para serem arautos do Reino de Deus.

O Evangelho deste vigésimo oitavo domingo comum narra o encontro de Jesus com um homem rico que está interessado em conhecer a maneira de alcançar a vida eterna. Esse encontro dá a Jesus a oportunidade para avisar os discípulos acerca da incompatibilidade entre o Reino e o apego às riquezas.

Na perspetiva dos teólogos de Israel, as riquezas são uma bênção de Deus (cf. Dt 28,3-8); mas a catequese tradicional também está consciente de que colocar a confiança e a esperança nos bens materiais envenena o coração do homem, torna-o orgulhoso e autossuficiente e afasta-o de Deus e das suas propostas (cf. Sl 49,7-8; 62,11). Jesus vai retomar a catequese tradicional, mas desta vez na perspetiva do Reino de Deus.

 

MENSAGEM

Um homem anónimo vem a correr ao encontro de Jesus.  A sua pressa indica que há algo que o inquieta e para o qual ele procura uma resposta urgente. Diante de Jesus, ajoelha-se: a sua atitude indica o respeito que ele tem por Jesus. É um homem sincero e bem-intencionado, que está realmente interessado em ouvir a opinião de Jesus. Ele acredita que Jesus pode ajudá-lo a encontrar o caminho que dá sentido pleno à sua vida.

Ajoelhado diante de Jesus, o homem coloca a sua grande questão: “Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?” (vers. 17). No Antigo Testamento, a ideia de uma “vida eterna” aparece, pela primeira vez, em Dn 12,2 e é retomada noutros textos tardios. Para alguns teólogos da época do judaísmo helenístico, os justos que se mantiverem fiéis a Deus e à Lei não irão para o sheol (onde os espíritos dos mortos levam uma existência obscura, no reino das sombras), mas ressuscitarão para uma vida nova, de alegria e de felicidade sem fim, com Deus (cf. 2 Mac 7,9.14.36). A vida eterna de que falam os teólogos desta época parece já incluir a ideia de imortalidade (cf. Sb 3,4; 15,3). É provavelmente isto que inquieta o tal homem que se encontra com Jesus: o que é necessário fazer para ter acesso a essa vida imortal que Deus oferece aos justos?

A primeira resposta de Jesus remete o homem para os mandamentos da Lei: “não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe” (vers. 19). De acordo com a catequese feita pelos mestres de Israel, quem vivesse de acordo com os mandamentos da Lei, receberia de Deus a vida eterna. O viver de acordo com as propostas de Deus é, também na perspetiva de Jesus, um primeiro patamar para chegar à vida eterna.

O homem explica, porém, que desde sempre a sua vida foi vivida em consonância com os mandamentos da Lei (vers. 20). É uma afirmação serena e convicta, que Jesus não contesta. O homem não é um hipócrita, mas um crente empenhado e sincero. A sua atitude e a forma como ele coloca as questões revelam a verdade da sua vida e da sua procura. Mas, provavelmente, este homem sente que tem de ir mais além da religião do cumprimento da Lei… Habituou-se a acumular boas obras; mas isso parece-lhe pouco. Que mais é preciso? Jesus reconhece a sinceridade, a honestidade, a verdade da busca deste homem; por isso, olha para ele “com simpatia” (vers. 21) e resolve convidá-lo a subir a um outro patamar nesse caminho para a vida eterna: convida-o viver numa lógica completamente nova e a integrar a comunidade do Reino.

Ora, esse novo patamar tem um outro grau de exigência… Jesus aponta três requisitos fundamentais que devem ser assumidos por quem quiser integrar a comunidade do Reino: não centrar a própria vida nos bens passageiros deste mundo, assumir a partilha e a solidariedade para com os irmãos mais pobres, seguir o próprio Jesus no seu caminho de amor e de entrega (vers. 21). É essa a proposta: que o homem que busca a vida eterna se torne discípulo, vá atrás de Jesus e passe a viver ao estilo de Jesus.

Apesar de toda a sua boa vontade e da sua ânsia de vida eterna, o homem não está preparado para a exigência deste caminho e afasta-se triste. Marcos explica que ele estava demasiado preso às suas riquezas e não estava disposto a renunciar a elas (vers. 22). O homem de que se fala nesta cena é um piedoso observante da Lei e vive de acordo com os mandamentos; mas não tem coragem para se despojar das suas seguranças humanas, para renunciar aos bens terrenos que lhe escravizam o coração. A sua incapacidade para assumir a lógica do dom, do despojamento, da partilha, do amor, da entrega, tornam-no inapto para o Reino. O Reino é incompatível com o egoísmo, com o fechamento em si próprio, com a lógica do “ter”, com o dar primazia aos bens deste mundo.

A triste história daquele homem rico que, apesar de ser boa pessoa, não consegue libertar-se do apego a si próprio e aos bens que lhe dão segurança, serve a Jesus para oferecer aos discípulos mais uma catequese sobre o Reino e as suas exigências. Os discípulos devem estar cientes de que o “caminho do Reino” é um caminho de despojamento de si próprio, que tem de ser percorrido no dom da vida, na partilha com os irmãos, na entrega por amor. Ora, quem não é capaz de renunciar aos bens passageiros deste mundo – ao dinheiro, ao sucesso, ao prestígio, às honras, aos privilégios, a tudo isso que prende o homem e o impede de dar-se aos irmãos – não pode integrar a comunidade do Reino (vers. 23-24). Não se trata apenas de uma dificuldade, mas de uma verdadeira impossibilidade. Jesus afirma-o de uma forma radical e contundente: “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus” – vers. 25). Os bens do mundo impõem ao homem uma lógica de egoísmo, de fechamento, de escravidão que são incompatíveis com a adesão plena ao Reino e aos seus valores.

Marcos propõe-nos, depois, a reação alarmada e desorientada, dos discípulos face a esta exigência de radicalidade: “quem pode, então, salvar-se?” (vers. 26). Mas Jesus, olhando-os com amor, lembra-lhes a bondade de Deus: não é o homem que se salva, por si; é Deus que lhe oferece a salvação. A salvação não é uma conquista do homem, mas um dom gratuito, fruto do amor de Deus.

Na segunda parte do nosso texto (vers. 28-30) os discípulos, pela voz de Pedro, recordam a Jesus que deixaram tudo para O seguir. Eles, ao contrário daquele homem rico que, cheio de tristeza, não quis tornar-se discípulo, renunciaram a muita coisa e dispuseram-se a seguir Jesus no caminho para Jerusalém; receberão alguma recompensa, quando for instaurado o Reino de Deus?

Jesus convida-os ver essa renúncia em função de um bem maior: o seguimento de Jesus e a opção pelo Evangelho do Reino. A opção pelo Reino não é um caminho de perda, de solidão, de morte, mas é um caminho de ganho, de comunhão, de vida. Quem acolhe o Reino de Deus encontra uma família nova, uma família universal, pois torna-se irmão e irmã de todos; quem abraça a dinâmica do Reino liberta-se da obsessão egoísta dos bens e passa a ver o mundo inteiro como um imenso dom de Deus para todos os seus filhos e filhas.

Esta opção dos discípulos será sempre incompreendida e recusada pelo mundo. Por isso, os discípulos conhecerão também a perseguição e o sofrimento. As tribulações não são um drama imprevisto e sem sentido: os discípulos devem estar preparados para as enfrentar, pois sabem que terão sempre de viver com a oposição do mundo, enquanto se mantiverem fiéis a Jesus e ao Evangelho.

Aconteça o que acontecer, os discípulos devem estar conscientes de que a opção pelo Reino e pelos seus valores lhes garantirá uma vida cheia e feliz nesta terra e, no mundo futuro, a vida eterna.

 

INTERPELAÇÕES

  • Aquele homem que vai ter com Jesus na estrada para Jerusalém, tem urgência em descobrir a reposta para uma questão que é, talvez, a mais decisiva que enfrentamos: que havemos de fazer e como devemos viver para alcançar a vida eterna, uma vida plena, verdadeira e com sentido? Trata-se de uma questão que nos inquieta a todos e que certamente já pusemos muitas vezes a nós próprios, com estas ou com outras palavras semelhantes. Já encontramos a resposta para esta questão? Qual é? Muitos dos nossos contemporâneos, mergulhados na cultura do “ter”, limitam-se a “navegar à vista”, sem horizontes amplos, procurando rodear-se de bem-estar e segurança, apostando tudo nas coisas fúteis e efémeras, apenas preocupados em satisfazer necessidades periféricas… Onde nos leva uma opção deste tipo? Ela é capaz de preencher o vazio existencial que tantas vezes toma conta da nossa vida?
  • Marcos diz-nos que Jesus tem uma resposta definitiva para a questão colocada por aquele homem inquieto. Para Jesus, viver “com sentido” passa, naturalmente, por respeitar a dignidade e os direitos dos irmãos e irmãs (“não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe”); mas, mais que tudo, aproxima-se da vida eterna quem se liberta da escravidão dos bens, está disponível para partilhar tudo o que tem com os irmãos que caminham ao seu lado, aceita tornar-se discípulo e seguir Jesus no caminho do amor que se dá até às últimas consequências. Afinal, alcança a vida eterna quem vive menos para si e mais para os outros; e afasta-se da vida eterna quem vive mais para si próprio e menos para os outros. Nas estranhas contas de Deus, menos dá mais, e mais dá menos. Estamos disponíveis para alinhar nesta paradoxal matemática de Deus e para nos despojarmos de nós próprios a fim de alcançarmos a vida eterna?
  • A história do homem rico, que coloca o seu amor ao dinheiro à frente do seguimento de Jesus alerta-nos para a impossibilidade de conjugar a pertença à comunidade do Reino com o amor aos bens deste mundo. Quando a “doença do dinheiro” toma conta de nós, encerra-nos no nosso próprio mundo, leva-nos a ignorar os nossos irmãos e as suas necessidades, endurece o nosso coração, faz com que sejamos corrompidos pela cobiça, torna-nos aliados da injustiça e da exploração, faz-nos ceder à corrupção e à desonestidade… É, portanto, incompatível com o seguimento de Jesus. Podemos levar vidas religiosamente corretas, participar nos atos litúrgicos mais relevantes, ter até o nosso lugar de destaque na comunidade paroquial; mas, se o nosso coração vive obcecado com os bens deste mundo e fechado ao amor, à partilha, à solidariedade, não podemos fazer parte da comunidade do Reino (“é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”). Como é a nossa relação com os bens materiais? Qual o lugar que os bens materiais ocupam na nossa vida?
  • O “império do dinheiro” é um império iníquo, que tem deixado feridas insaráveis na vida dos homens e do planeta. Nos “países de bem-estar”, situados maioritariamente a norte do nosso mundo, tudo está submetido a mecanismos económicos que atuam de forma cega e impessoal e que todos os dias deixam nas bermas da da sociedade um cortejo de vítimas; a “economia de mercado” sacrifica a dignidade das pessoas ao lucro e exclui os mais vulneráveis da mesa da vida; o reforço da competitividade atira irremediavelmente os menos preparados para a pobreza e a marginalidade; a exploração egoísta dos recursos naturais destrói esta casa comum que Deus preparou para todos os seus filhos e filhas… Podemos conformar-nos com um mundo assim? A Igreja poderá ser fiel a Jesus sem se pronunciar contra este “império do dinheiro” (o sistema económico neoliberal) que deixa marcas tão desastrosas no nosso mundo? E cada um de nós, pessoalmente, o que poderá fazer para que o mundo e a história dos homens sejam construídos noutros moldes?
  • A expressão “vida eterna” não define apenas essa outra vida que encontraremos no céu, quando terminarmos o nosso caminho na terra. Ela refere-se também à qualidade da nossa vida aqui e agora, à excelência da vida que construímos cada dia neste caminho marcado pela finitude e pela debilidade da nossa condição humana. Uma vida vivida ao estilo de Jesus oferece-nos, já aqui na terra, a possibilidade de nos libertarmos da escravidão das coisas, de vivermos o nosso dia a dia com o coração repleto de alegria e de paz; uma vida marcada pela solidariedade, pela partilha, pelo serviço aos irmãos oferece-nos, já aqui na terra, a possibilidade de nos sentirmos plenamente realizados, “cúmplices” de Deus na criação de um mundo novo… Assim talvez faça mais sentido abraçarmos sem hesitações a proposta de Jesus: ela dirige-se já ao nosso “hoje” e garante-nos, desde já, uma vida com sentido, uma vida que vale a pena viver. Temos consciência disto?
  • Jesus avisa aos discípulos que o “caminho do Reino” é um caminho contra a corrente, que gerará inevitavelmente o ódio do mundo e que se traduzirá em perseguições e incompreensões. É uma realidade que conhecemos bem… Quantas vezes as nossas opções cristãs são criticadas, incompreendidas, apresentadas como realidades incompreensíveis e ultrapassadas por aqueles que representam a ideologia dominante, que fazem a opinião pública, que definem o socialmente correto… Quem optou pelo seguimento de Jesus sabe, no entanto, que a perseguição e a incompreensão são realidades inevitáveis, que não podem desviar-nos do Reino de Deus e da sua justiça. Mantemo-nos fiéis ao caminho de Jesus, sem medo dos rótulos que nos colocam, das críticas que nos fazem, das perseguições que nos movem?

 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 28.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 28.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. BILHETE DE EVANGELHO.

Um homem corre, põe-se de joelhos, questiona. Jesus lança sobre ele um olhar de amizade. E é porque o ama que Jesus é exigente, pedindo-lhe para renunciar a tudo para O seguir. Golpe de teatro: o homem vira-se, o seu rosto está triste. Se este relato ficasse por aí, seria desencorajante, como pensam os apóstolos, testemunhas da cena. Mas uma palavra de esperança pode levar a imaginar que este homem poderá reencontrar o seu sorriso e a sua espontaneidade: “Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível”. As exigências que Jesus propõe só podem ser realizadas à força de impulsos do homem, mas com Deus tudo é possível. Se o homem tivesse respondido: “Sozinho, nunca chegarei, Senhor, mas com a tua ajuda, creio que é possível!” Se assim fosse, teríamos nesse dia mais um discípulo, um discípulo feliz!

3. À ESCUTA DA PALAVRA.

Os apóstolos tinham com que ficar desconcertados… e nós com eles! É verdadeiramente necessário abandonar tudo, nada possuir, ser “pobre como Job”, ou como Francisco de Assis, para ser discípulo de Cristo? Mas isso é irrealista e impossível! Olhemos um pouco mais de perto! Na primeira parte do diálogo, o jovem comete o mesmo erro dos fariseus. Fica-se pelo “fazer”. Para eles, a Lei era a norma suprema e a sua observação escrupulosa, o único meio para obter de Deus a salvação. Religião severa e exigente, sem dúvida, que tinha a sua grandeza. Ora, Jesus convida o homem rico a passar para outro registo. De repente, não se trata de vida eterna a ganhar, mas de seguir Jesus. Como se a vida eterna fosse estar com Jesus! Eis a grande transformação que Jesus vem provocar. Não se trata primeiro de fazer esforços para obedecer a mandamentos, trata-se primeiro de entrar numa relação de amor com Jesus. Mais profundamente ainda, trata-se primeiro de descobrir que Jesus, Ele em primeiro lugar, nos ama. Eis porque a referência de Marcos é fundamental: “Jesus olhou para ele com simpatia (amor)”. É este olhar que transforma tudo. Jesus quer fazer compreender ao homem rico que lhe falta o essencial: deixar-se amar em primeiro lugar, descobrir que todos os seus bens materiais nunca poderão preencher esta necessidade vital para todo o homem de ser amado. Senão, é impossível aprender a amar. As riquezas são mesmo um obstáculo ao amor, porque este, para ser verdadeiro, diz ao outro: “Preciso de ti. Sem ti, serei pobre em humanidade”. As riquezas do homem impediram-no de ler tudo isto no olhar de Jesus. O homem partiu. Mas Jesus não lhe retirou o seu amor, acompanhou-o sempre com o seu olhar de amor, como o pai do filho pródigo.

4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…

Qual é o meu tesouro? No princípio desta Semana Missionária, em que queremos anunciar o Evangelho, tomemos a resolução de perguntar em cada dia da semana: qual é o meu tesouro? O que me faz viver? E sejamos verdadeiros na nossa resposta…

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:

José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org

 

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