29º Domingo do Tempo Comum - Ano B [atualizado]
20 de Outubro, 2024
ANO B
29.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 29.º Domingo do Tempo Comum
O que é que determina o êxito ou o fracasso da nossa existência? Como devemos viver para que a nossa vida seja repleta de sentido? A liturgia do 29.º Domingo do Tempo Comum diz-nos que conseguiremos dar pleno sentido à nossa vida quando aprendermos a deixar de lado os nossos projetos de poder e de grandeza, para apostarmos no amor e no serviço àqueles que caminham connosco. Então seremos, de facto, uma luz que brilha no meio do mundo.
A primeira leitura fala-nos de um “servo de Deus”, que cumpriu a sua existência na terra no meio do sofrimento e do desprezo, mas que Deus exaltou e glorificou. A figura desse “servo” diz-nos que uma vida vivida na humildade, no sacrifício, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus, uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda e plenamente realizada, que trará libertação e esperança ao mundo e aos homens.
No Evangelho, Jesus mostra aos discípulos em que direção devem caminhar para que as suas vidas se encham de sentido. Confrontado com os sonhos de poder e de honrarias de Tiago e de João, Jesus garante-lhes que é no dom da vida, na entrega de si próprios, no serviço simples e humilde aos irmãos, que se sentirão plenamente realizados.
Na segunda leitura, o autor da Carta aos Hebreus apresenta Jesus como um sumo-sacerdote misericordioso que, depois de apresentar o seu sacrifício, “atravessou os céus” e se apresentou diante de Deus para interceder pelos homens. Assim, Ele alcançou de Deus a misericórdia para os homens pecadores. A nossa resposta à ação salvadora de Cristo em nosso favor deve traduzir-se na adesão plena às suas propostas.
LEITURA I – Isaías 53,10-11
Aprouve ao Senhor esmagar o seu Servo pelo sofrimento.
Mas, se oferecer a sua vida como vítima de expiação,
terá uma descendência duradoira, viverá longos dias,
e a obra do Senhor prosperará em suas mãos.
Terminados os sofrimentos,
verá a luz e ficará saciado.
Pela sua sabedoria, o Justo, meu Servo, justificará a muitos
e tomará sobre si as suas iniquidades.
CONTEXTO
O texto que a liturgia deste vigésimo nono domingo comum nos propõe como primeira leitura pertence ao “Livro da Consolação” do Deutero-Isaías (cf. Is 40-55). “Deutero-Isaías” é um nome convencional com que os biblistas designam um profeta anónimo da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética na Babilónia, entre os exilados judeus, na fase final do Exílio (entre 550 e 539 a.C., aproximadamente).
O Povo de Deus estava cansado e desanimado, depois de várias décadas de Exílio. Não via saída para a sua triste situação. Perguntava-se se Deus se tinha esquecido de Judá e se as promessas outrora feitas por Deus ainda eram válidas. Nesse contexto, o Deutero-Isaías recebeu de Deus a missão de consolar os exilados e de manter, com a sua mensagem, aberta a porta da esperança. Nesse sentido, o Deutro-Isaías começa por anunciar a iminência da libertação e por comparar a saída da Babilónia ao antigo êxodo, quando Deus libertou o seu Povo da escravidão do Egipto (cf. Is 40-48); depois, anuncia a reconstrução de Jerusalém, essa cidade que a guerra reduziu a cinzas, mas à qual Deus vai fazer regressar a alegria e a paz sem fim (cf. Is 49-55).
No meio desta proposta “consoladora” aparecem, contudo, quatro textos (cf. Is 42,1-9; 49,1-13; 50,4-11; 52,13-53,12) que fogem um tanto a esta temática. São cânticos que falam de uma personagem misteriosa e enigmática, que os biblistas designam como o “Servo de Javé”: ele é um predileto de Javé, a quem Deus chamou, a quem confiou uma missão profética e a quem enviou aos homens de todo o mundo; a sua missão cumpre-se no sofrimento e numa entrega incondicional à Palavra; o sofrimento do profeta tem, contudo, um valor expiatório e redentor, pois dele resulta o perdão para o pecado do Povo; Deus aprecia o sacrifício deste “Servo” e recompensá-lo-á, fazendo-o triunfar diante dos seus detratores e adversários.
Quem é este profeta? É Jeremias, o paradigma do profeta que sofre por causa da Palavra? É o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho da Palavra no ambiente hostil do Exílio? É um profeta desconhecido? É uma figura coletiva, que representa o Povo exilado, humilhado, esmagado, mas que continua a dar testemunho de Deus no meio das outras nações? É uma figura representativa, que une a recordação de personagens históricas (patriarcas, Moisés, David, profetas) com figuras míticas, de forma a representar o Povo de Deus na sua totalidade? Não sabemos; no entanto, a figura apresentada nesses poemas vai receber uma outra iluminação à luz de Jesus Cristo, da sua vida, do seu destino.
O texto que nos é proposto é parte (apenas dois versículos) do quarto cântico do “servo de Javé”. Nesse cântico, Deus toma a palavra, no início, para chamar a atenção para o seu “servo”, “de rosto desfigurado e aspeto disforme” (Is 52,13); depois a palavra passa para um “coro”, que narra a paixão, e a morte, bem como o sentido do sacrifício do “servo de Javé” (cf. Is 53,1-11a); finalmente, Deus retoma a palavra para confirmar as palavras do “coro” e para declarar a inocência do “servo”, cuja morte “justificará a muitos”. O nosso texto apresenta a leitura que o “coro” faz sobre o sentido da paixão e da morte do “servo” (Is 53,10-11a), bem como parte das palavras finais de Deus (Is 53,11bc).
MENSAGEM
Porque é que o “servo de Javé” foi maltratado (Is 53,7), “suprimido da terra dos vivos” (Is 53,8), sepultado entre os ímpios (Is 53,9), ele que não tinha feito mal algum? O coro comenta que o destino do “servo” foi concertado com Deus”: “aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento” (Is 53,10). Porquê?
O sofrimento que atingiu o “servo de Javé” ao longo de toda a existência não é um castigo de Deus por causa dos seus pecados pessoais, mas um “sacrifício de expiação” que justificará os pecados de muitos. A palavra “expiação” aqui utilizada pelo Deutero-Isaías é um termo cúltico por excelência. Refere-se a um ritual sacrificial através do qual o crente vétero-testamentário, consciente da sua situação de pecador, oferecia um animal em sacrifício e, por essa oferta, alcançava de Deus o perdão para os seus pecados. É à luz da teologia que está por detrás dos “sacrifícios de expiação”, que este “coro” lê a vida sacrificada e entregue à morte do “servo de Deus”. O seu sofrimento e a sua morte servirão para eliminar o pecado e para gerar vida nova para toda a comunidade do Povo de Deus (os “muitos” de que fala o texto). Ao abençoar o seu “servo”, ao dar-lhe “uma posteridade duradoura”, uma “vida longa” (vers. 10) e a possibilidade de “ver a luz” (vers. 11), Deus garante a verdade e a autenticidade da vida do “servo”.
Dito por outras palavras: o autor deste texto está convencido de que uma vida vivida na simplicidade, na humildade, no sacrifício, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus, uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda e plenamente realizada, que trará libertação, verdade, justiça, esperança e amor ao mundo e aos homens. Quando alguém vive como o “servo” e dedica a sua vida a carregar o sofrimento dos seus irmãos, com humildade e simplicidade, essa vida multiplica o bem e contribui para tornar menos pesada a ação do mal que desfeia o mundo. Portanto, o sofrimento do “servo” não caiu em saco roto; mas é fonte de vida para o mundo.
Os primeiros cristãos, impressionados pela beleza e pela profundidade deste texto, utilizaram-no frequentemente para procurar compreender a figura de Jesus, que “morreu pela salvação do povo”. Em Jesus, esta enigmática figura do “servo de Javé” alcançou o seu pleno significado.
INTERPELAÇÕES
- Como classificaríamos a vida do “servo de Javé”, se tivéssemos que lhe “dar nota”? À luz dos critérios que regem o nosso mundo, que diríamos sobre a vida de um homem que nunca atraiu as atenções (“cresceu como raiz em terra árida, sem figura, sem beleza e sem aspeto atraente” - Is 53,2), que foi marginalizado, maltratado e humilhado sem protestar ou se revoltar (cf. Is 53,3.7), que foi condenado e morto sem ser culpado (cf. Is 53,8), que mesmo depois de morto foi desprezado (cf. Is 53,9)? Hesitaríamos alguma vez em o colocar no lote dos “perdedores”, dos fracassados, dos que falharam a vida, dos que não deixaram a sua pegada na história do nosso mundo? No entanto – diz-nos a primeira leitura deste vigésimo nono domingo comum – o plano de Deus para o mundo concretizou-se por meio dele (cf. Is 53,10), e os seus gestos de amor e serviço trouxeram vida aos seus irmãos (cf. Is 53,11). Será possível que, para Deus, esse homem maltratado e humilhado, sem voz e sem vez, que os grandes do mundo desconsideraram e mataram seja um vencedor? Porque é que Deus aprecia este “servo”, até ao ponto de dizer que ele “terá êxito” e “será engrandecido e exaltado” (Is 52,13)? Deus terá critérios diferentes dos nossos para avaliar o sentido da vida? Que pensamos desta estranha lógica de Deus? E que pensamos sobre a lógica oposta – a lógica dos homens – que considera e promove os grandes, os poderosos, os triunfadores, os ambiciosos, os que levantam a voz para se impor e para reivindicar um estatuto de grandeza e de poder?
- Olhemos ainda outra vez para este “servo” insignificante e desprezado pelos homens, mas que é um sinal de Deus no mundo: através dele Deus vem ao encontro dos homens e oferece-lhes a salvação. Ora, o “servo de Javé” não é um caso isolado. Em todos os tempos da história têm surgido homens e mulheres – humildes, simples, despretensiosos, às vezes desprezados e desconsiderados pela gente importante da sociedade e das igrejas – que com os seus gestos de serviço, de doação e de entrega são sinais vivos de Deus no meio dos seus irmãos e irmãs. Neles “vemos”, ao vivo e a cores, a bondade e o amor de Deus. Seremos capazes de olhar para essas pessoas simples e boas, que amam e servem “a fundo perdido”, e ver nelas o rosto bondoso e terno de Deus?
- Qual o sentido do sofrimento? Porque é que há tantas pessoas boas, honestas, justas, generosas, que atravessam a vida mergulhadas na dor e no sofrimento? Trata-se de uma pergunta que fazemos frequentemente e que o autor do quarto cântico do “Servo” também punha a si próprio. A resposta que ele encontra é a seguinte: o sofrimento do justo não se perde; através dele, da sua entrega e do seu sofrimento, os pecados da comunidade são expiados e Deus dará vida e salvação ao seu Povo. Trata-se de uma resposta insatisfatória? Talvez. Mas por detrás desta resposta percebe-se a convicção profunda que alimenta a fé deste “catequista” de Israel: nos misteriosos caminhos de Deus, o sofrimento pode ser uma dinâmica geradora de vida nova. Aliás, alguns séculos mais tarde Jesus Cristo demonstrará, com a sua paixão, morte e ressurreição, a verdade desta afirmação. Como entendemos o sofrimento? Sentimo-lo como algo injusto e definitivamente incompreensível, ou como algo que, de uma forma que nem sempre é clara para nós, se insere no plano de Deus? Entendemos que o sofrimento poderá ser fonte de vida nova para nós e para o mundo? Como?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33)
Refrão: Desça sobre nós a vossa misericórdia,
porque em Vós esperamos, Senhor.
A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do senhor.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.
LEITURA II – Hebreus 4,14-16
Irmãos:
Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus,
Jesus, Filho de Deus,
permaneçamos firmes na profissão da nossa fé.
Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote
incapaz de se compadecer das nossas fraquezas.
Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo,
à nossa semelhança, exceto no pecado.
Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça,
a fim de alcançarmos misericórdia
e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
CONTEXTO
Não sabemos quem foi o autor do escrito a que se deu o nome de “Carta aos Hebreus”. A tradição oriental atribui-o a São Paulo; mas no ocidente há muito que este texto é considerado não paulino. Surgido na segunda metade da década de sessenta do primeiro século (antes da destruição de Jerusalém, no ano 70, pois fala da liturgia do Templo como uma realidade atual), poderá ser obra de um discípulo de Paulo, empenhado em estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé.
Embora a tradição tenha considerado como destinatários deste escrito os “hebreus”, isso não significa, efetivamente, que o seu autor o destinasse exclusivamente a cristãos oriundos do mundo judaico. É verdade que nele se referem continuamente factos e figuras do Antigo Testamento; mas, por essa altura, o Antigo Testamento era já património comum de todos os cristãos, mesmo dos que provinham do mundo greco-romano. Tratava-se, em qualquer caso, de comunidades cristãs em situação difícil, expostas a perseguições e que viviam num ambiente hostil à fé… Os membros dessas comunidades tinham já perdido o fervor inicial pelo Evangelho e começavam a ceder à sedução de certas doutrinas não muito coerentes com a fé recebida dos apóstolos…
A Carta aos Hebreus apresenta – recorrendo à linguagem da teologia judaica – o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência – através de quem os homens têm acesso a Deus e são inseridos na comunhão real e definitiva com Deus. O autor aproveita, na sequência, para refletir nas implicações desse facto: postos em relação com o Pai por Cristo/sacerdote, os crentes são inseridos nesse Povo sacerdotal que é a comunidade cristã e devem fazer da sua vida um contínuo sacrifício de louvor, de entrega e de amor. Desta forma, o autor oferece aos cristãos um aprofundamento e uma ampliação da fé primitiva, capaz de revitalizar a sua experiência de fé, enfraquecida pela acomodação e pela perseguição.
O texto que nos é proposto como segunda leitura neste vigésimo nono domingo comum está incluído na segunda parte da Carta aos Hebreus (cf. Heb 3,1-5,10). Aí, o autor apresenta Jesus como o sacerdote fiel e misericordioso que o Pai enviou ao mundo para mudar os corações dos homens e para os aproximar de Deus. Aos crentes pede-se que “acreditem” em Jesus – isto é, que escutem atentamente as propostas que Cristo veio fazer, que as acolham no coração e que as transformem em gestos concretos de vida.
MENSAGEM
Usando uma imagem com fortes conotações veterotestamentárias, o autor da Carta aos Hebreus, refere-se a Cristo como o “grande sumo-sacerdote que atravessou os céus” (vers. 14) e alcançou misericórdia para todos os crentes.
O sumo-sacerdote (“hakkohen haggâdôl”), “o maior sacerdote entre os seus irmãos” (Lv 21,10), tinha por missão (como os outros sacerdotes) estabelecer a ligação entre os homens e Deus. Mas, no exercício das suas funções sacerdotais competia-lhe especialmente, uma vez por ano, no grande dia da expiação (“yôm kippur”), entrar no “santo dos santos” (o lugar mais sagrado do Templo) com o sangue dos animais imolados e realizar rituais de purificação pelos pecados de toda a comunidade (cf. Lv 16,11-17). Esses rituais tinham um valor expiatório: através eles, Deus perdoava as faltas do seu Povo.
Ora, o autor da Carta aos Hebreus vê Cristo como um sumo-sacerdote que, depois de apresentar o seu sacrifício (que foi o dom de si próprio, na cruz), “atravessou os céus” e se apresentou diante de Deus para interceder pelos homens. Assim Ele alcançou de Deus a misericórdia para os homens pecadores. Ora, tendo no céu um sumo-sacerdote magnífico a interceder por nós, confiemos n’Ele e esforcemo-nos por aderir a Ele (“permaneçamos firmes na profissão da nossa fé”), pois com Ele atravessamos os céus e vamos até Deus.
Para reforçar a nossa confiança em Cristo e a nossa decisão de aderir a Ele, o autor da Carta aos Hebreus recorda-nos outro aspeto patente no sacerdócio de Cristo: a sua “compreensão” e a sua misericórdia. Cristo, apesar de ser Filho de Deus, não é um ser celestial estranho, incapaz de perceber os crentes na sua dramática luta de todos os dias, na sua fragilidade face à perseguição, na sua dificuldade em vencer o confronto com o egoísmo, a acomodação, a preguiça, a monotonia… Ele próprio, tendo “vestido” a nossa humanidade, foi submetido às mesmas provas que nós enfrentamos, conheceu a mordedura das mesmas tentações, experimentou as mesmas dificuldades. Soube manter-Se fiel a Deus e aos seus projetos, mostrando-nos que também nós podemos viver na fidelidade a Deus e às suas propostas (vers. 15); mas, tendo partilhado a nossa humanidade, constatado a nossa fragilidade, experimentado a nossa luta, Cristo entende as nossas fraquezas e compadece-se de nós. Por isso, Ele é o nosso intercessor perfeito junto de Deus.
Por tudo isto, nós, seguidores de Jesus, não estamos numa situação desesperada, apesar das nossas falhas e incoerências. Podemos e devemos aceitar a proposta de Jesus e dirigir-nos a Deus, na certeza de que seremos acolhidos por Ele como filhos muito amados. Graças a Jesus, o sumo-sacerdote que veio ao nosso encontro, que experimentou e entendeu a nossa fragilidade, que restabeleceu a comunhão entre nós e Deus, que nos leva ao encontro de Deus e que nos garante a sua misericórdia, estamos agora numa nova situação de graça e de liberdade. Podemos, com tranquilidade e confiança, sem qualquer medo, aproximar-nos desse “trono da graça” de onde brota perdão e misericórdia. Esta certeza deve ajudar-nos e dar-nos esperança nos momentos mais dramáticos da nossa caminhada pela história (vers. 16).
INTERPELAÇÕES
- A Palavra de Deus que escutamos cada domingo realça repetidamente o significado profundo dessa extraordinária história de amor que adivinhamos na incarnação de Jesus: Deus amou-nos de tal forma, que nos enviou o seu Filho, a fim de que, através d’Ele, chegássemos a integrar a família de Deus. Esta dimensão está bem presente também no texto da Carta aos Hebreus que escutamos neste domingo: Jesus, o Filho de Deus, veio ter connosco, caminhou connosco, partilhou as nossas dores e dificuldades, mostrou-nos como devemos viver, deu a própria vida para vencer o egoísmo e a maldade que nos afastavam de Deus, e apresentou-se de novo ao Pai levando com Ele a nossa humanidade redimida. Levados por Jesus, o nosso sumo-sacerdote, temos acesso definitivo a Deus e passamos a integrar a família de Deus. O autor da Carta aos Hebreus considera que isto deve fundamentar, de forma inabalável, a nossa confiança em Jesus e a nossa adesão a Ele. É isso que acontece? Vivemos conscientes do que Jesus fez em nosso favor e isso leva-nos realmente a comprometermo-nos com Ele, a vivermos com Ele, a deixarmo-nos orientar por Ele, a caminharmos sempre atrás d’Ele, como discípulos?
- Jesus, ao vir ao encontro dos homens e ao tornar-se homem, conheceu e amou a nossa fragilidade. Com coração de irmão, pôde entender-nos e ficar do nosso lado. Sentiu como suas as nossas dores e procurou dar-lhes remédio; experimentou as nossas alegrias e sentiu a felicidade que brota das coisas simples e dos gestos de bondade e de amor. Nada do que acontecia aos homens e mulheres que Ele encontrava nos caminhos da Galileia e da Judeia lhe era indiferente. Ele solidarizou-se a cada instante com os homens e as mulheres que com Ele se cruzavam; assim pôde entendê-los e ficar do lado deles. Ora, o exemplo de solidariedade que Cristo nos deixou deve tocar-nos e convidar-nos a seguir o seu exemplo. Estamos disponíveis para, seguindo o exemplo de Cristo, nos despirmos do nosso egoísmo, da nossa acomodação, da nossa preguiça, da nossa indiferença, para irmos ao encontro dos nossos irmãos, para vestirmos as suas dores e fragilidades, para nos fazermos solidários com eles, para partilharmos os seus dramas, lágrimas, sofrimentos, alegrias e esperanças? Sentimo-nos responsáveis pelos irmãos que connosco partilham os caminhos deste mundo, mesmo quando não os conhecemos pessoalmente ou mesmo que deles estejamos separados por fronteiras geográficas, históricas, étnicas ou outras?
- Ao assegurar-nos que nada temos a temer pois Deus ama-nos, quer integrar-nos na sua família e oferecer-nos Vida em abundância, o nosso texto convida-nos a encarar a vida e os seus caminhos com serenidade e confiança. A certeza do amor infinito de Deus é, para nós, fonte de serenidade e de paz? Sabemos que as nossas fragilidades e debilidades não nos afastam, nunca, de Deus e do seu amor?
ALELUIA – Marcos 10,45
Aleluia. Aleluia.
O Filho do homem veio para servir
e dar a vida pela redenção de todos.
EVANGELHO – Marcos 10,35-45
Naquele tempo,
Tiago e João, filhos de Zebedeu,
aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
«Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes:
«Que quereis que vos faça?»
Eles responderam:
«Concede-nos que, na tua glória,
nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus:
«Não sabeis o que pedis.
Podeis beber o cálice que Eu vou beber
e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?»
Eles responderam-Lhe: «Podemos».
Então Jesus disse-lhes:
«Bebereis o cálice que Eu vou beber
e sereis batizados com o batismo
com que Eu vou ser batizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda
não Me pertence a Mim concedê-lo;
é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto,
começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes:
«Sabeis que os que são considerados como chefes das nações
exercem domínio sobre elas
e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós:
Quem entre vós quiser tornar-se grande,
será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro,
será escravo de todos;
porque o Filho do homem não veio para ser servido,
mas para servir
e dar a vida pela redenção de todos».
CONTEXTO
Voltamos a encontrar-nos com Jesus e com o seu grupo de discípulos no caminho que conduz a Jerusalém. É um caminho não apenas geográfico, mas sobretudo espiritual: ao longo do percurso, Jesus vai completando a sua catequese sobre as exigências do Reino e as condições para integrar a comunidade messiânica.
Entretanto, Jerusalém já não está longe. Jesus vai à frente, a indicar o caminho; e os discípulos seguem-n’O “estupefactos” (Mc 10,32). Talvez estejam espantados por Jesus insistir naquele projeto aparentemente sem sentido e sem saída. É possível que ainda conservem a esperança de que Jesus volte atrás e se disponha a concretizar o projeto do Reino com a conquista do poder; mas cada metro que percorrem aproxima-os do destino final e Jesus não dá mostras de ceder. Como é que aquele “caminho” irá terminar? Os discípulos estão “cheios de medo” (Mc 10,32).
Jesus não lhes facilita a vida. Para dissipar todas as dúvidas fala-lhes, pela terceira vez, do que vão encontrar na cidade santa: Ele “vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, e estes por sua vez vão entregá-lo aos gentios”, que vão “escarnecê-lo, cuspir sobre Ele, açoitá-lo e matá-lo; mas três dias depois, ressuscitará”. A descrição que Jesus faz do que o espera em Jerusalém é ainda mais pormenorizada do que nos outros anúncios anteriores (cf. Mc 8,31-32; 9,31-32). Será que, desta vez, os discípulos ficaram convencidos e resolveram aceitar as palavras de Jesus? Não. Marcos vai mostrar-nos, logo a seguir, que os discípulos de Jesus ainda continuam a raciocinar em termos muito humanos e que a sua lógica está em absoluta contradição com o projeto de Deus.
MENSAGEM
Entram em cena dois discípulos, os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estão com Jesus desde a primeira hora (cf. Mc 1,16-20) e fazem parte do núcleo dos mais próximos de Jesus. Têm um pedido a fazer a Jesus: “Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir: concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda” (vers. 35-37). A questão nem sequer é apresentada como um pedido respeitoso; mas parece mais uma reivindicação de quem se sente com direito inquestionável a um privilégio (“nós queremos”). Certamente Tiago e João imaginam o Reino que Jesus veio propor de acordo com Dn 7,13-14 e querem assegurar, nesse Reino poderoso e glorioso, lugares de destaque ao lado de Jesus. O facto mostra como Tiago e João, mesmo depois das lições que Jesus foi dando ao longo do caminho, ainda não entenderam a lógica do Reino e ainda continuam a refletir e a sentir de acordo com a lógica do mundo. Para eles, o que é importante é a realização dos seus sonhos pessoais de autoridade, de poder e de grandeza.
Uma vez mais Jesus vê-se obrigado a esclarecer as coisas. Pergunta-lhes, antes de mais, se eles estão dispostos a “beber o cálice” que Ele vai beber e a “receber o batismo” que Ele vai receber (vers. 38). O “cálice” indica, no contexto bíblico, o destino de uma pessoa; ora, “beber o mesmo cálice” de Jesus significa partilhar esse destino de entrega e de dom da vida que Jesus, em Jerusalém, vai cumprir até às últimas consequências. O “receber o mesmo batismo” evoca a participação e imersão na paixão e morte de Jesus (cf. Rm 6,3-4; Cl 2,12). Assim, Jesus questiona Tiago e João sobre a disponibilidade deles para percorrerem o caminho do sofrimento, da entrega, do dom da vida até à morte.
Tiago e João, provavelmente, não entenderam a pergunta de Jesus nesse sentido. Viram nesse “cálice” e nesse “batismo” a participação na glória de Jesus; e responderam prontamente: “podemos” (vers. 39a). Jesus confirma que eles beberão do “cálice” que Ele vai beber e que serão batizados no mesmo “batismo” em que Ele vai ser batizado (vers. 39b); mas sabe que, por agora, Tiago e João ainda não percebem onde é que isso os vai levar… Só o saberão mais tarde, após a Páscoa. Um dia, depois de um longo caminho de dom da própria vida ao serviço do Reino, eles hão de efetivamente sentar-se ao lado de Jesus ressuscitado e participarão da Sua glória; mas a glória que então conhecerão não terá nada a ver com esses triunfos humanos que Tiago e João sonham enquanto vão atrás de Jesus no caminho para Jerusalém. De resto, Jesus não encoraja os discípulos a andar atrás d’Ele com a mira numa recompensa (vers. 40). A lógica da recompensa não é a lógica do Reino de Deus. O discípulo não pode seguir determinado caminho ou embarcar em determinado projeto por cálculo ou por interesse; de acordo com a lógica do Reino, o discípulo é chamado a seguir Jesus com total gratuidade, sem esperar nada em troca, permanentemente disponível para servir e dar a vida.
Marcos dá-nos conta, depois, da reação indignada dos outros discípulos à pretensão dos dois irmãos (vers. 41). Essa reação indica, afinal, que todos eles tinham as mesmas pretensões e os mesmos sonhos de grandeza. O pedido de Tiago e de João a Jesus aparece-lhes, portanto, como uma “jogada de antecipação” que ameaça as secretas ambições que todos eles guardavam no coração.
Jesus aproveita a circunstância para reiterar o seu ensinamento e para reafirmar a lógica do Reino. Começa por recordar-lhes o modelo dos “governantes das nações” e dos grandes do mundo (vers. 42): eles afirmam a sua autoridade absoluta, dominam os povos pela força e submetem-nos, exigem honras, privilégios e títulos, promovem-se à custa da comunidade, exercem o poder de uma forma arbitrária… Ora, este esquema não pode servir de modelo para a comunidade do Reino. A comunidade do Reino assenta sobre a lei do amor e do serviço. Os seus membros devem sentir-se “servos” dos irmãos, apostados em servir com humildade e simplicidade, sem qualquer pretensão de mandar ou de dominar (vers. 43-44). Mesmo aqueles que são designados para presidir à comunidade devem exercer a sua autoridade num verdadeiro espírito de serviço, sentindo-se servos de todos. Excluindo do seu universo qualquer ambição de poder e de domínio, os membros da comunidade do Reino darão testemunho de um mundo novo, regido por novos valores; e ensinarão os homens que com eles se cruzarem nos caminhos da vida a serem verdadeiramente livres e felizes.
Como modelo desta nova atitude, Jesus propõe-Se a Si próprio: Ele apresenta-Se como “o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (vers. 45). De facto, toda a vida de Jesus pode ser entendida em chave de amor e serviço. Desde o primeiro instante da incarnação, até ao último momento da sua caminhada nesta terra, Ele pôs-se ao serviço do projeto do Pai e fez da sua vida um dom de amor aos homens. Ele nunca Se deixou seduzir por projetos pessoais de ambição, de poder, de domínio; mas apenas quis entregar toda a sua vida ao serviço dos homens, a fim de que os homens pudessem encontrar a Vida plena e verdadeira.
O fruto da entrega de Jesus é o “resgate” (“lytron”) da humanidade. A palavra aqui usada indica o “preço” pago para resgatar um escravo ou um prisioneiro. Atendendo ao contexto, devemos pensar que o resgate diz respeito à situação de escravidão e de opressão a que a humanidade está submetida. Ao dar a sua vida (até à última gota de sangue) para propor um mundo livre da ambição, do egoísmo, do poder que escraviza, Jesus pagou o “preço” da nossa libertação. Com Ele e por Ele nasce, portanto, uma comunidade de “servos”, que são testemunhas no mundo de uma ordem nova – a ordem do Reino.
INTERPELAÇÕES
- O que é que determina o êxito ou o fracasso da nossa vida? Em que direção precisamos de caminhar para garantir que a nossa vida vale a pena? Sobre que valores devemos construir a nossa existência para que ela tenha pleno sentido? No Evangelho deste domingo temos a perspetiva de Jesus e a perspetiva dos discípulos quanto a estas questões. As duas posições são perfeitamente antagónicas. Para os discípulos, o êxito de uma vida passa por assegurar uma posição de poder e de domínio, de honras e de triunfos humanos, que permita a cada pessoa impor-se aos outros e concretizar a sua ambição. Para Jesus, no entanto, a vida só tem sentido se é gasta a servir, com humildade e simplicidade, até ao dom total de si próprio em favor dos outros (aliás, foi assim que Jesus viveu, desde o primeiro instante em que “construiu a sua tenda no meio de nós”). Que pensamos de cada uma destas posições? Com sinceridade: em qual destas duas mesas temos andado a apostar as nossas fichas? Em qual destes campos vislumbramos a nossa plena realização?
- “Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos” – diz Jesus. Aqui está uma estranha equação que, mesmo depois de dois mil anos de cristianismo, ainda não entra bem nos nossos cálculos e projetos de vida. Para Jesus, o êxito na vida passa simplesmente por servir humildemente e a fundo perdido quem necessita da nossa ajuda e do nosso cuidado. Que eco encontram estas palavras de Jesus na sociedade que temos vindo a construir? E nas nossas comunidades cristãs, como é que estas indicações de Jesus têm vindo a ser escutadas e vividas? Podemos dizer que a Igreja de Jesus tem testemunhado, de forma coerente, as indicações dadas a Tiago e João naquele caminho para Jerusalém? Que sentido é que fazem, à luz das palavras de Jesus, as nossas tentativas de nos impormos aos outros, as nossas ridículas guerras pelo poder ou pelo protagonismo, a nossa inqualificável apetência por honras e títulos honoríficos, as nossas ambições mesquinhas e rasteiras? Estamos disponíveis para servir quem necessita de nós, ou a nossa atitude é a de quem vive para ser servido, admirado e adulado? Como tratamos aqueles que caminham ao nosso lado – a família, os amigos, os empregados, os vizinhos – com sobranceria e agressividade, ou com respeito e amor?
- As pretensões de Tiago e de João provocaram a indignação dos outros discípulos. Afinal, também eles estavam preocupados em assegurar a sua própria fatia de honras e privilégios e não queriam ver-se ultrapassados. Eis uma realidade que todos os dias podemos observar no nosso mundo: a ambição, a ânsia de protagonismo, a apetência pelo poder são sempre fatores de divisão, de guerra, de ciúme, de conflito. Criam mal-estar, destroem a união, ferem gravemente a comunhão, põem em causa a fraternidade. Não são, portanto, estratégias recomendáveis para quem estiver interessado em integrar a comunidade do Reino. Estamos conscientes disso?
- “Os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder” – diz Jesus. Na verdade, o domínio sobre os outros, o exercício autoritário do poder, concretizam-se muitas vezes em tirania, em opressão dos mais fracos, em exploração dos pobres, em atentado ao bem comum, em indiferença face ao sofrimento dos mais vulneráveis, em imposição cega da própria autoridade, em desrespeito pela dignidade e direitos dos outros homens e mulheres. O exercício do poder, quando não é entendido e concretizado como serviço, pode contribuir para aumentar a maldade, a violência, a injustiça, a morte. Sabemos que um mundo construído sobre autoritarismos cegos e cultos de personalidade é um mundo que contradiz frontalmente o projeto de Deus?
- Há pessoas – muitas – que passam despercebidas, que não são nomeadas nos jornais, que não frequentam ambientes seletos, que nunca tiveram acesso a cargos de poder, que não têm dinheiro nem influência, que não possuem títulos nem nomes sonantes, que não se impõem pela sua beleza física ou pelas roupas finas que vestem, que não fazem ouvir a sua voz nem impõem a sua presença… mas são grandes pela sua bondade, pela sua humildade, pela sua compaixão, pela sua alegria serena, pelo serviço humilde que prestam aos mais necessitados, pela forma como cuidam dos seus irmãos e irmãs, pelo amor e carinho que põem em cada gesto que fazem. De acordo com Jesus, essas pessoas são aquelas cujas vidas são plenamente realizadas. Elas tornam o nosso mundo um lugar mais bonito, mais humano e mais feliz. No deserto inóspito e egoísta do nosso mundo, essas pessoas são pequenos oásis de paz, de fecundidade e de vida nova. Elas são o melhor do nosso mundo. Como avaliamos e consideramos esses homens e mulheres simples e humildes, que o mundo tantas vezes ignora ou despreza, mas que são testemunhas e sinais do amor e da bondade de Deus na vida dos seus irmãos e irmãs?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 29.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 29.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
É normal que toda a pessoa procure ser reconhecida; a sua dignidade depende disso. Mas será necessário, para ser reconhecido, procurar passar à frente dos outros, sem qualquer escrúpulo? Que cada um tome o seu lugar, mas não reclame o primeiro. Jesus não vem dar conselhos, começa por oferecer o seu testemunho. Ele, que era de condição divina, tomou o lugar de escravo. Deus elevou-O e deu-Lhe um Nome que ultrapassa todo o nome. Jesus não prega o abaixamento pelo abaixamento. Quem escolhe o serviço é elevado por Deus ao lugar de “grande”, Deus dá o primeiro lugar a quem escolheu o último. É Deus que altera as situações que o homem, na sua liberdade, escolhe para ser verdadeiro cidadão do Reino de Deus.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
A tentação dos discípulos é recorrente: quem é o maior? Eles pedem a Jesus para se sentarem um à direita e outro à esquerda na sua glória! A glória de Jesus, para Tiago e João, só podia ser a glória temporal do Messias. Eles pedem-Lhe para lhes dar os melhores ministérios no futuro governo! Mas Jesus pensa noutra glória: o cálice da Paixão, depois de ter mergulhado no batismo da sua morte. É evidente que os dois discípulos não podiam compreender isso. O trono de Jesus é a sua cruz. Na cruz raiará em supremo grau o amor do Pai por todos os homens. Na cruz, Jesus está rodeado por dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Eles simbolizam a humanidade, ao mesmo tempo mergulhada nas trevas e acolhedora da luz. É toda a humanidade que é chamada a entrar no Reino, a partilhar a glória do Rei: a parte da humanidade que reconhece Jesus e a parte que O rejeita. Deus quer que todos os homens se salvem. Jesus cumpriu perfeitamente a vontade do seu Pai: veio para servir e dar a vida pela humanidade! Cabe aos discípulos, a nós também seus discípulos, serem também servidores da salvação para todos os homens!
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Como servir? Este Dia Mundial das Missões recorda-nos a nossa vocação a sermos servidores do Evangelho… Concretamente, como fazer passar o Evangelho antes dos nossos próprios desejos? Fazer passar o respeito pelo outro antes da nossa própria vantagem? De que maneira vamos poder servir nesta semana? Ousaremos fazê-lo em nome de Cristo Servidor?
Como rezar? Isso diz respeito também à qualidade da nossa oração… A maior parte das vezes, somos como os filhos de Zebedeu: prontos a pedir. Mas se nos esforçamos por amar e servir como Cristo nos pede, então, melhor que pedir, poderemos oferecer-Lhe aquilo que, graças a Ele, faremos pelos nossos irmãos.
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org