04º Domingo da Páscoa – Ano C [atualizado]

11 de Maio, 2025

ANO C

4.º DOMINGO DA PÁSCOA

Tema do 4.º Domingo do Tempo Pascal

O quarto Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos, neste domingo, somos convidados a escutar um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.

O Evangelho apresenta Cristo como o Pastor bom e verdadeiro, que ama as suas ovelhas e que conhece cada uma delas. Aqueles e aquelas que querem fazer parte do rebanho de Jesus, devem escutar as suas indicações, acolher as suas propostas, dispor-se a segui-l’O. Jesus conduzi-las-á onde há vida verdadeira e nunca permitirá que as suas ovelhas – essas ovelhas a quem Ele tanto quer – lhe sejam roubadas.

A primeira leitura fala-nos de pessoas que assumem atitudes diferentes diante da proposta que o Pastor (Cristo) apresenta. De um lado estão “ovelhas” comodamente instaladas nas suas certezas, no seu orgulho, nas suas velhas seguranças, na sua autossuficiência, que recusam pertencer ao rebanho de Jesus; de outro, estão ovelhas interessadas em escutar a voz de Jesus e dispostas a segui-l’O até às pastagens da vida abundante. É esta última atitude que nos é proposta.

A segunda leitura mostra-nos o reencontro final de Jesus com as suas ovelhas. Aquelas ovelhas que escutaram a voz de Jesus e O seguiram, venceram a injustiça, a violência e a morte. No final do seu caminho na terra, reencontraram Jesus, o Bom Pastor; com Ele acederão eternamente às fontes da água viva.

 

LEITURA I – Atos dos Apóstolos 13,14.43-52

Naqueles dias,
Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia.
A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se.
Terminada a reunião da sinagoga,
muitos judeus e prosélitos piedosos
seguiram Paulo e Barnabé,
que nas suas conversas com eles
os exortavam a perseverar na graça de Deus.
No sábado seguinte,
reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor.
Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja
e responderam com blasfémias.
Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam:
«Era a vós
que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus.
Uma vez, porém, que a rejeitais
e não vos julgais dignos da vida eterna,
voltamo-nos para os gentios,
pois assim nos mandou o Senhor:
‘Fiz de ti a luz das nações,
para levares a salvação até aos confins da terra’».
Ao ouvirem estas palavras,
os gentios encheram-se de alegria
e glorificavam a palavra do Senhor.
Todos os que estavam destinados à vida eterna
abraçaram a fé
e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região.
Mas os judeus,
instigando algumas senhoras piedosas mais distintas
e os homens principais da cidade,
desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé
e expulsaram-nos do seu território.
Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés,
seguiram para Icónio.
Entretanto, os discípulos
estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

 

CONTEXTO

No livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas centra a sua reflexão no “tempo da Igreja”: o “tempo” em que a proposta da salvação de Deus era apresentada ao mundo pelos discípulos de Jesus, animados e orientados pelo Espírito.

Nas primeiras páginas do livro dos Atos (cf. At 1,12-6,7), o olhar de Lucas detém-se sobre a comunidade cristã de Jerusalém e sobre o testemunho que os cristãos dessa cidade dão diante dos seus concidadãos. Depois, com a morte de Estevão e as dificuldades cada vez maiores que os cristãos de Jerusalém encontravam para testemunhar a sua fé, a comunidade dispersou-se pela Samaria e pelas regiões vizinhas, fazendo com que o Evangelho chegasse a outras paragens (cf. At 6,8-12,25).

A partir daqui, rapidamente o anúncio cristão ultrapassou as fronteiras palestinas e começou a chegar ao mundo greco-romano. O grande “responsável” por essa maravilhosa gesta foi um cristão de origem judaica, chamado Paulo. Nascido em Tarso (cf. At 21,39), na região da Cilícia (atual Turquia), Paulo era filho de judeus, da tribo de Benjamim (cf. Rm 11,1; Flp 3,5). Foi educado em Jerusalém e teve como mestre Gamaliel (cf. At 22,3), um famoso mestre judeu que ensinou em Jerusalém entre os anos 20 e 50. Paulo, judeu convicto, depois de perseguir os cristãos de Jerusalém, encontrou-se com Jesus, quando ia para Damasco para prender os cristãos dessa cidade. A sua vida mudou totalmente, depois desse encontro. Convertido a Jesus, Paulo foi para Jerusalém e daí, a convite de Barnabé, foi para Antioquia da Síria, onde existia uma numerosa comunidade cristã.

A grande aventura missionária de Paulo começa por volta do ano 46, quando a comunidade cristã de Antioquia da Síria, ansiosa por fazer chegar mais longe a Boa Nova de Jesus, decidiu enviar dois missionários (Barnabé e Paulo) a evangelizar. Entre 13,1 e 15,35, o autor dos “Atos” descreve o “envio” dos missionários, a viagem, a evangelização de Chipre e da Ásia Menor (Perga, Antioquia da Pisídia, Icónio, Listra, Derbe) e os problemas colocados à jovem Igreja pela entrada maciça de gentios.

O texto que a liturgia deste quarto domingo pascal nos propõe como primeira leitura refere-se a um episódio da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Chegados a Antioquia da Pisídia, uma cidade situada no interior da Ásia Menor, os dois apóstolos dirigem-se à comunidade judaica reunida na sinagoga. Convidado a falar, Paulo pronunciou um longo discurso no qual apresentou aos judeus ali reunidos a proposta de Jesus (cf. At 13,16-41). As suas palavra surpreenderam toda a gente; e os presentes pediram-lhe que, no sábado seguinte, voltasse à sinagoga para continuar a explicar o anúncio que trazia. O nosso texto refere a chegada de Paulo e Barnabé à cidade (vers. 14) e a reação ao discurso de Paulo naquele primeiro sábado (vers. 43). Descreve depois a reação dos judeus quando Paulo e Barnabé se apresentaram novamente na sinagoga no sábado seguinte (vers. 44-52).

 

MENSAGEM

O facto de um grande número de pessoas se ter deslocado à sinagoga de Antioquia da Pisídia para escutar a pregação de Paulo, provocou o ciúme dos líderes judaicos (vers. 44). Mas a reação negativa desses líderes ao testemunho de Paulo resultou sobretudo da autossuficiência que os caraterizava: convencidos das suas verdades, considerando-se os únicos intérpretes autorizados de Deus, não estavam disponíveis para acolher a novidade que lhes era anunciada (vers. 45). Que fazer, então, da proposta de salvação que Deus estava a oferecer através do labor missionário de Paulo e Barnabé? Ficaria desperdiçada? Paulo tinha uma resposta clara: já que os judeus recusavam a salvação que lhes era oferecida, chegara a altura de apresentar essa mesma proposta aos pagãos. Aliás, Paulo conhecia aquilo que, alguns séculos antes, Deus tinha dito através do Deutero-Isaías: “fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra” (vers. 47; cf. Is 49,6); e sentia que a sua missão seria concretizar esse projeto. O Evangelho de Jesus estava agora em condições de saltar as fronteiras estreitas do mundo judaico para se tornar uma proposta de salvação destinada às gentes de todas as raças, de todas as culturas e de todos os lugares. Os pagãos, por sua vez, acolheram com grande alegria esta decisão: Deus convidava-os a integrar a sua família; e o acolhimento desse convite abria-lhes perspetivas completamente novas de vida e de realização (vers. 48-49).

Lucas acrescenta, para finalizar este episódio, que os líderes judaicos procuraram criar um movimento de opinião pública contra Paulo e Barnabé. “Instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens principais da cidade”, conseguiram mesmo que os dois apóstolos fossem expulsos (vers. 50-51). Paulo e Barnabé foram forçados a deixar Antioquia da Pisídia; contudo, a semente estava lançada. Na cidade ficaram pessoas, cheias “de alegria e do Espírito Santo”, que tinham abraçado a fé e se dispunham a caminhar com Jesus (vers. 52). Quanto a Paulo e Barnabé, sem se deixarem desanimar, prosseguiram a missão que lhes tinha sido confiada por Deus. Dirigiram-se a outras cidades da Ásia Menor (Icónio, Listra e Derbe), para aí continuarem a dar testemunho de Jesus.

 

INTERPELAÇÕES

  • Os líderes da comunidade judaica de Antioquia da Pisídia, apesar da sua história e da sua tradição religiosa, manifestaram total indisponibilidade para se deixar interpelar por Deus. Comodamente instalados atrás das suas verdades imutáveis, presos às suas leis e tradições, agarrados ao seu orgulho e autossuficiência, convencidos das suas prerrogativas como “povo eleito”, acharam que já tinham a salvação assegurada. Quando Deus lhes apareceu no caminho para lhes apresentar novos desafios e para lhes propor mudanças, não reconheceram a sua voz. Tornaram-se surdos às indicações de Deus. Nós, crentes do séc. XXI, não estamos livres de cair em algo semelhante: instalados uma fé “morna” e pouco exigente, embalados por uma religião feita de ritos externos e de fórmulas que não mudam nada na nossa vida de todos os dias, paralisados pelo receio de pormos em causa o nosso conforto e a nossa segurança, vamos perdendo a capacidade de ouvir Deus. E quando Deus nos “visita”, ignoramos os seus apelos e indicações, pois não queremos mudar, converter o nosso coração, arriscar caminhos novos. Isto nunca se passou connosco? Como reagimos aos apelos que Deus faz à conversão, a um compromisso mais sério, a uma vida mais coerente com o Evangelho?
  • Os “pagãos” de que se fala nesta leitura estão totalmente disponíveis para acolher a salvação. São pessoas sedentas de Deus, que buscam uma vida mais autêntica e que aceitam o desafio de caminhar atrás de Jesus. De alguma forma representam todos aqueles que se sentem profundamente gratos pelo amor e pela misericórdia de Deus, os que estão dispostos a abraçar com todas as suas forças os desafios que Deus lhes apresenta. Também representam aqueles que, mesmo tendo uma história pessoal complicada e uma caminhada de fé nem sempre exemplar, estão abertos à novidade de Deus e se deixam questionar por Ele. Representam ainda os que não têm medo de se desinstalar, de arriscar partir para uma vida nova, de percorrer caminhos exigentes, de seguir Jesus no seu percurso de amor e de entrega, mesmo que isso implique a cruz e o dom da vida. Sentimo-nos disponíveis para abraçar a eterna novidade de Deus que nos espreita em cada curva da estrada da vida? Aceitamos viver numa dinâmica de conversão nunca terminada? Estamos dispostos a deixar que em cada “hoje” Deus reprograme a nossa vida conforme o seu projeto?
  • Paulo e Barnabé, expulsos da cidade por causa do seu testemunho sobre Jesus, não amuaram nem se deixaram abater pelo desânimo. Estavam convencidos que que traziam em mãos um tesouro do qual não podiam desistir. “Sacudindo o pó dos seus pés” contra aqueles que os rejeitavam, foram imediatamente levar o Evangelho a outras gentes, a pessoas disponíveis para acolher o projeto de Jesus. Como lidamos com as dificuldades, as incompreensões, as rejeições que encontramos quando damos testemunho de Jesus? Desistimos, ou renovamos a nossa decisão de sermos arautos de Jesus e da proposta de salvação que Ele veio trazer a todos os homens e mulheres?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 99 (100)

Refrão 1:

Nós somos o povo de Deus,
somos as ovelhas do seu rebanho.

Refrão 2:

Nós somos o povo do Senhor;
Ele é o nosso alimento.

Refrão 3: Aleluia.

Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo.

Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

O Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração.

 

LEITURA II – Apocalipse 7,9.14b-17

Eu, João, vi uma multidão imensa,
que ninguém podia contar,
de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro,
vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão.
Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer:
«Estes são os que vieram da grande tribulação,
os que lavaram as túnicas
e as branquearam no sangue do Cordeiro.
Por isso estão diante do trono de Deus,
servindo-O dia e noite no seu templo.
Aquele que está sentado no trono
abrigá-los-á na sua tenda.
Nunca mais terão fome nem sede,
nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles.
O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor
e os conduzirá às fontes da água viva.
E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos».

 

CONTEXTO

Nos últimos anos do séc. I, as comunidades cristãs da Ásia menor viviam numa situação bastante precária. As heresias – como a dos nicolaítas (cf. Ap 2,6.15) – traziam essas comunidades em sobressalto e criavam um clima de confusão generalizada; por outro lado, a perseguição ordenada pelo imperador Domiciano traduzia-se diariamente num grande sofrimento para as comunidades cristãs espelhadas pelos territórios do império romano. na prisão e na morte de um grande número de cristãos.

Neste contexto, um tal João, exilado na ilha de Patmos por causa da sua fé (cf. Ap 1,9), entendeu escrever um livro que ajudasse os seus irmãos a enfrentar as dificuldades internas e externas que os faziam sofrer tão duramente. Esse livro apresentava, antes de mais, um convite à conversão e a um empenho renovado na vivência fiel do Evangelho (cf. Ap 2,1-3,22); propunha, também, uma leitura profética da história, garantindo aos cristãos perseguidos a vitória final de Deus e dos “santos” sobre as forças do mal (cf. Ap 4,1-22,5). Os crentes que todos os dias enfrentavam as dificuldades do caminho cristão recebiam, deste modo, uma mensagem de alento e de esperança. O autor do livro escolheu um género literário especial, que privilegia a utilização de símbolos e imagens para expor a mensagem. Essa mensagem, percetível para os crentes, tornava-se praticamente incompreensível para os perseguidores.

O texto que a liturgia deste quarto domingo pascal nos propõe como segunda leitura, pertence à segunda parte do livro. Integra uma visão em que “o Cordeiro” (Jesus) revela a todos os seres criados, reunidos à volta de Deus, o conteúdo de um livro onde estão os segredos da história humana. Esse livro está fechado com sete selos. À medida que os selos vão sendo abertos, vai ficando patente a todos os presentes a realidade do mundo. A abertura do primeiro selo mostra um cavaleiro branco, que é Cristo vitorioso, continuamente em combate contra tudo aquilo que escraviza e destrói o mundo e os filhos de Deus; a abertura do segundo selo mostra a presença de um cavaleiro vermelho, símbolo da guerra e da violência que atordoam o mundo; a abertura do terceiro selo traz um cavaleiro negro, símbolo da fome e da miséria; a abertura do quarto selo revela um cavaleiro esverdeada, símbolo da morte, da doença e da decomposição; a abertura do quinto selo mostra os mártires que sofrem perseguição por causa da sua fé e que imploram a Deus por justiça; a abertura do sexto selo anuncia o “grande dia da ira” de Deus e a intervenção final de Deus na história para destruir o mal que oprime os seus filhos; a abertura do sétimo selo mostra o combate em que as forças de Deus derrotarão definitivamente as forças do mal.

Em concreto, a nossa leitura situa-nos no contexto do sexto selo, aquele que anuncia o “dia do Senhor” (cf. Ap 6,12-7,17). Aos mártires que clamam por justiça, o autor do “Apocalipse” descreve o que vai resultar da intervenção de Deus: a libertação definitiva, a vida em plenitude.

 

MENSAGEM

João, o profeta de Patmos, convida-nos a olhar para “uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas”. Essa multidão está de pé, em sinal de vitória, pois participa da vitória de Cristo sobre a morte. Todos os que integram essa multidão estão vestidos “com túnicas brancas” e “levam palmas nas mãos” (vers. 9). O branco é a cor de Deus: são, portanto, pessoas que pertencem a Deus. As “palmas” que levam na mão poderão apontar para os “ramos de verdura” com que Jesus foi acolhido quando entrou na sua cidade santa de Jerusalém (cf. Mc 11,8-10); mas o mais provável é que aludam à “festa das tendas” (a festa que evocava a passagem dos hebreus da terra da escravidão para a terra da liberdade) durante a qual os israelitas entravam no recinto do Templo cantando e agitando ramos de palmeira (cf. Lv 23,40). Os ramos de palmeira são símbolo de vitória, de festa, de uma vida nova e eterna.

Depois, o nosso texto passa diretamente para o vers. 14b (omitindo os vers. 10-14a), onde um dos seres vivos que está diante do trono de Deus explica que aquelas pessoas “vieram da grande tribulação”, “lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro” (vers. 14b). São os mártires, aqueles que suportaram a perseguição, mas que se mantiveram fiéis a Jesus. Redimidos pelo sacrifício de Cristo, não foram derrotados pela morte (vers. 14).

Que fazem agora estes mártires cristãos redimidos pelo sangue de Cristo? Estão diante de Deus tributando-Lhe culto, dia e noite (vers. 15). Livres de todo o sofrimento e de toda a precariedade (“nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles” – vers. 16), gozam de uma felicidade eterna, junto de Deus. O Cordeiro levá-los-á “às fontes da água viva”; e o próprio “Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos” (vers. 17).

Trata-se de uma mensagem magnífica, destinada a alimentar a esperança dos cristãos perseguidos.

A todos esses homens e mulheres injustiçados e magoados pela maldade e pela violência do império, João garante que se vai cumprir o novo e definitivo êxodo e que, depois da intervenção final de Deus na história, os “santos” vão passar da escravidão para a liberdade plena. Serão acolhidos na tenda de Deus, ficarão definitivamente livres da morte, do sofrimento, das lágrimas. Cristo ressuscitado é o pastor deste novo povo: garantir-lhe-á os bens definitivos e conduzi-lo-á à fonte de onde brota a vida plena e eterna.

 

INTERPELAÇÕES

  • Muitos homens e mulheres passam pela vida perante a indiferença de toda a gente. Ignorados e desprezados, vivem humildemente e os seus nomes não ficam registados nos livros que contam a história dos povos. As suas vidas terão feito sentido, ou terão fracassado? Deus conhece os seus nomes, os seus padecimentos, os seus sonhos, as suas obras, os seus corações? João, o profeta de Patmos, fala-nos de um “livro” onde Deus tem registada a história do mundo. Nesse livro estão os nomes, os rostos de todos os homens e mulheres, mesmo aqueles que, aparentemente, passaram ao lado da vida. As suas vidas não foram perdidas, pois Deus conhece-os e tomou nota de tudo aquilo que passaram. Quando, depois das suas vidas sofridas, se apresentarem diante de Deus, Deus “enxugar-lhes-á todas as lágrimas” e oferecer-lhes-á vida em abundância. Todos os filhos e filhas de Deus estão registados no livro da vida, mesmo os mais humildes, os mais pobres, os que nunca têm voz, aqueles que não entram na contabilidade da história que os homens escrevem, aqueles que o mundo despreza e deixa abandonados na berma da estrada da vida. Sabemos que constamos do livro de Deus, mesmo que os homens com quem nos cruzamos não nos conheçam, não reparem em nós, nos tratem com desprezo, apaguem qualquer sinal da nossa passagem pelo mundo?
  • No final do séc. I os cristãos sofriam duramente pela sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho. O mundo não os compreendia e o imperador Domiciano queria eliminá-los da face da terra. Hoje, vinte séculos depois, no tempo da liberdade e dos direitos humanos, muitos cristãos continuam a sofrer todos os dias por causa da sua fé e do testemunho que insistem em dar. Algumas vezes a incompreensão que o mundo lhes dedica traduz-se em derramamento de sangue; outras vezes em escárnio, troça, ridicularização, discriminação, indiferença. O quadro de uma imensa multidão de mártires “vestidos com túnicas brancas e de palmas nas mãos”, que “lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro”, que se apresentam vitoriosos diante de Deus e que serão conduzidos pelo Cordeiro “às fontes de água viva”, constitui, para todos os discípulos de Jesus, uma fonte de consolação e de esperança. Nenhum poder do mundo afastará da vida eterna aqueles que vivem na fidelidade a Jesus e ao seu Evangelho. No final, quando se fizerem as contas da história, eles estarão ao lado de Deus e participarão da vitória de Deus. Esta certeza que a Palavra de Deus deste domingo nos deixa é para nós fonte de alento e de encorajamento no difícil caminho que percorremos todos os dias?

 

ALELUIA – Jo 10,14

Aleluia. Aleluia.

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me.

 

EVANGELHO – João 10,27-30

Naquele tempo, disse Jesus:
«As minhas ovelhas escutam a minha voz.
Eu conheço
as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer
e ninguém as arrebatará da minha mão.
Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos
e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai.
Eu e o Pai somos um só».

 

CONTEXTO

O capítulo 10 do 4º Evangelho é dedicado à catequese do “Bom Pastor”. O autor utiliza esta imagem para propor uma catequese sobre a missão de Jesus: a obra do “Messias” consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a Vida em plenitude.

A imagem do “Bom Pastor” não foi inventada pelo autor do Quarto Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente o texto de Ez 34, onde se encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”. Falando aos exilados da Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o Povo por caminhos de sofrimento, de injustiça e de morte; mas – diz também Ezequiel – o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele irá colocar à frente do seu “rebanho” um “Bom Pastor” (o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à Vida. A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.

De acordo com o Evangelho de João, Jesus teria pronunciado o “discurso do Bom Pastor” (cf. Jo 10) em Jerusalém, em contexto da “festa da Dedicação do Templo” (cf. Jo 10,22). Esta festa (chamada, em hebraico, “Hanûkkah”) celebra a purificação do Templo de Jerusalém (164 a.C.), por Judas Macabeu, depois de o rei selêucida Antíoco IV Epifânio o ter profanado (167 a.C.), construindo um altar em honra de Zeus dentro do espaço sagrado. É a festa da Luz. O símbolo por excelência dessa festa é um candelabro de oito braços (“hanûkkiyyah”). Os braços desse candelabro vão sendo progressivamente acesos, um a um, durante os oito dias que a festa dura. Jesus tinha, pouco antes, curado um cego de nascença, assumindo-se como “a Luz” que veio para iluminar as trevas do mundo (cf. Jo 8,12; 9,1-41).

Apesar do ambiente festivo, a relação entre Jesus e os líderes judaicos é de grande tensão (cf. Jo 9,40; 10,19-21.24.31-39). Depois de ver a pressão que esses líderes colocaram sobre um cego de nascença para que ele não abraçasse a luz (cf. Jo 9,1-41), Jesus denuncia a forma como eles tratam a comunidade: estão apenas interessados em proteger os seus interesses pessoais e usam o Povo em benefício próprio; são, pois, “ladrões e salteadores” (Jo 10,1.8.10), que tomaram de assalto o rebanho que lhes foi confiado e roubam ao Povo a oportunidade de encontrar Vida.

 

MENSAGEM

Jesus está no templo de Jerusalém, no pórtico Salomão, uma grande passagem coberta que ficava do lado oriental do pátio externo do templo. Os dirigentes judaicos vão ter com Ele e, para clarificar definitivamente as coisas, perguntam-lhe diretamente se Ele é “o Messias” (Jo 10,23-24). Jesus confirma implicitamente a sua missão messiânica; mas observa que qualquer declaração que faça não vai mudar substancialmente as coisas: apesar de tudo o que tem dito, das suas obras em favor do homem, esses líderes que estão a confrontá-lo nunca o reconheceram como enviado de Deus para libertar Israel (Jo 10,25). Deus enviou-o como Pastor para dar vida ao seu povo; mas aqueles que presidem aos destinos da comunidade judaica nunca lhe deram crédito, nunca quiseram segui-l’O, nunca quiseram fazer parte das suas ovelhas (vers. 26).

Os dirigentes judaicos ficam calados. É verdade que eles nunca se mostraram disponíveis para acolher Jesus e para fazer parte do seu rebanho. Jesus, continuando a conversa, explica-lhes o que significa fazer parte do rebanho do qual Ele é o Pastor.

Fazem parte do rebanho de Jesus aqueles que escutam a sua voz e o seguem. O verbo “escutar” não implica apenas o “ouvir com os ouvidos” as palavras que foram ditas; mas indica o acolher e guardar no coração as propostas que Jesus faz. O verbo “seguir” implica o assumir o estilo de vida de Jesus, o tornar-se discípulo, o deixar-se guiar por Jesus, o ir atrás d’Ele no caminho do amor e do dom da vida.

Os que escutam a voz de Jesus, acolhem as suas propostas e vão atrás d’Ele, estão unidos a Jesus de uma forma especial. Recorrendo a uma linguagem muito típica, João diz que Jesus “conhece-os”. O verbo “conhecer” indica proximidade, intimidade, familiaridade, comunhão de vida e de destino. Aqueles que Jesus “conhece” são aqueles que estão intimamente unidos a Jesus por laços muito fortes, por laços de amor e de afeto. Os discípulos – aqueles que Jesus “conhece” – têm uma relação muito próxima com Jesus, veem Jesus como a sua referência e seguem-no sem hesitações (vers. 27).

A esses que escutam Jesus, que aderem às suas propostas, que vão atrás d’Ele, que aceitam fazer d’Ele a sua grande referência, Jesus dá-lhes vida verdadeira e definitiva (“Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer”). Como Bom Pastor, Jesus recria-os, vivifica-os, cuida deles, protege-os, defende-os condu-los às pastagens verdejantes e às fontes de onde brota a água que sacia a sede de vida. Esses nunca se perderão, pois a vida que Jesus lhes dá supera o próprio poder da morte. Nada os afastará do amor de Jesus (vers. 28).

Mesmo que os líderes judaicos não reconheçam Jesus como o seu Pastor, Jesus vai continuar a cuidar das suas ovelhas, de todos aqueles que O escutam, O seguem e O amam. Foi essa a missão que Ele recebeu do Pai: fazer nascer o Homem Novo, uma humanidade recriada, que vive animada pelo Espírito de Deus. Nenhum poder do mundo poderá impedir Jesus de concretizar o projeto do Pai para aquelas “ovelhas” (“Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai” – vers. 29).

Jesus termina a conversa com os dirigentes judaicos que o acossam no pórtico de Salomão garantindo-lhes que Deus está presente n’Ele e que se manifesta em tudo o que Ele faz (“Eu e o Pai somos um” – vers. 30). Jesus e o Pai identificam-se totalmente. Jesus atua em nome de Deus para recriar e vivificar o Homem. Quem recusar Jesus está a recusar o próprio Deus; quem se opõe a Jesus está a opor-se a Deus. Os dirigentes judaicos têm de decidir se querem continuar a recusar o próprio Deus.

Os líderes de Israel compreendem perfeitamente a importância do que Jesus está a dizer e a seriedade da acusação que Jesus está a fazer-lhes. A sua reação é apanhar pedras para liquidar Jesus (vers. 31). Continuam sem reconhecer em Jesus o Pastor que o próprio Deus enviou para pastorear o seu rebanho.

 

INTERPELAÇÕES

  • Todos nós temos os nossos heróis, os nossos mestres, os nossos modelos. São figuras que consideramos como referências, figuras que respeitamos e de quem esperamos orientações, figuras cujas opiniões acolhemos e seguimos. Os povos antigos, ainda muito ligados a contextos agrários e pastoris, facilmente designavam uma figura dessas como “o Pastor” (nós hoje utilizamos outras palavras: “presidente”, “rei”, “diretor”, “superior”, “chefe”, “professor”, “guru”). Será que todas essas figuras que admiramos e cujas opiniões seguimos merecem a nossa confiança? Todas elas estarão interessadas no nosso bem?
  • O Evangelho deste domingo diz-nos que, para o cristão, o “Pastor” por excelência é Jesus. Ele é a nossa referência; é n’Ele que encontramos vida (“Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão”). É em Jesus que devemos confiar, é à volta d’Ele que nos devemos juntar, são as suas indicações e propostas que devemos seguir. O nosso “Pastor” é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência? Quem é que nos dita os caminhos em que andamos e os valores em que apostamos: Jesus Cristo? O patrão que nos paga o salário? O presidente do nosso partido político? Um qualquer líder da moda ou um qualquer “influencer”? A conta bancária? O comodismo, a instalação, a ambição, o orgulho, a vaidade? Os aplausos dos que nos rodeiam? O triunfo profissional a qualquer custo?
  • No cumprimento da sua missão de “Pastor”, Jesus não atua por interesse, mas por amor. Ele não foge quando as ovelhas estão em perigo, mas defende-as e até é capaz de dar a vida por elas; Ele preocupa-se com as suas ovelhas e mantém com cada uma delas uma relação única, especial, pessoal (“Eu conheço as minhas ovelhas”); Ele não se serve das suas ovelhas, mas serve-as e condu-las onde há alimento em abundância; Ele cuida de cada uma delas, particularmente das mais frágeis e necessitadas. Ora, esta forma de atuar de Jesus deve ser uma referência para aqueles que têm responsabilidades na condução e animação da comunidade, quer em âmbito civil, quer em âmbito religioso. Quando somos chamados à missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade, de exercer o serviço da autoridade, cumprimos a nossa missão no dom total, no amor incondicional, no serviço desinteressado, a exemplo de Jesus?
  • No “rebanho” de Jesus, não se entra por convite especial, nem há um número restrito de vagas a partir do qual mais ninguém pode entrar. A proposta de salvação que Jesus faz destina-se a todos os homens e mulheres, sem exceção. O que é decisivo para entrar a fazer parte do rebanho de Deus é “escutar a voz” de Jesus, aceitar as suas indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa, concretamente, ir atrás de Jesus, aderir ao projeto de salvação que Ele veio apresentar, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Jesus) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva aonde nós pretendemos ir?
  • O nosso texto acentua a identificação total de Jesus com o Pai (“Eu e o Pai somos um”). Os interesses do Pai são os interesses de Jesus; o projeto do Pai é o projeto de Jesus. A preocupação fundamental de Jesus, desde o primeiro instante do seu caminho entre nós, foi obedecer ao Pai e cumprir o projeto do Pai (“ao entrar no mundo Cristo disse: ‘Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’” – Heb 10,7). Em todos os momentos, em todos os passos, Jesus procurou obedecer ao Pai e cumprir a vontade do Pai. O projeto do Pai passou a ser o projeto de Jesus. Dessa entrega livre, consciente, assumida, resulta vida verdadeira e definitiva para as “ovelhas” que o Pai entregou aos cuidados de Jesus. O exemplo de Jesus convida-nos a aderir, com a mesma liberdade, mas também com a mesma disponibilidade, às propostas de Deus e ao cumprimento do projeto de Deus para nós e para o mundo. Procuramos, como Jesus, discernir a vontade do Pai e obedecer ao projeto que Ele tem para nós, mesmo que isso signifique abandonar os nossos esquemas pessoais, as nossas conveniências, os nossos caminhos particulares? Acreditamos que da nossa obediência ao Pai resultará algo de bom para nós e para os irmãos que caminham ao nosso lado?
  • Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam, pessoas a quem foi confiado o serviço da autoridade. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Jesus e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições. Mas convém igualmente ter presente que o único “Pastor verdadeiro”, aquele que nunca falha, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Jesus. Procuremos escutar e acolher, com humildade, mas também com consciência crítica, as indicações que nos são dadas pelos líderes das nossas comunidades; mas não nos esqueçamos de as confrontar, para aquilatar da sua validade, com as indicações que nos foram deixadas por Jesus, o Bom Pastor, o nosso único Pastor. Como nos posicionamos diante daqueles a quem foi confiado, na comunidade cristã, o serviço da autoridade?
  • Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com “o Pastor” (Jesus), um confronto permanente com a sua Palavra e a participação ativa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece. Procuramos manter um diálogo frequente com Jesus, a fim de termos sempre vivas as suas indicações?

 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 4.º DOMINGO DO TEMPO PASCAL

(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 4.º Domingo do Tempo Pascal, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. PALAVRA DE ABERTURA.

Nas palavras de boas vindas, o presidente da assembleia procure não fazer deste domingo unicamente um “domingo das vocações”; é Cristo morto e ressuscitado que é festejado e cantado ao longo de todos os domingos da Páscoa. Hoje, é-nos apresentado com traços de Pastor, que nos precede e nos guia para as fontes de vida. O Ressuscitado é o Caminho, a Verdade e a Vida.

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.

Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
Pai, nós Te damos graças pelo teu Filho Jesus, que se revelou como Luz das nações, e pelos teus Apóstolos, que comunicaram esta Luz, para que a tua salvação chegue até aos confins da terra.

Nós Te pedimos por todos os novos batizados e pelos jovens que redizem pessoalmente a fé do seu Batismo.

No final da segunda leitura:
Nosso Pai dos céus, nós Te bendizemos pela multidão imensa de todas as nações, raças, povos e línguas, que está diante do teu trono e diante do Cordeiro: juntamo-nos ao grande louvor que eles Te dirigem.

Jesus, que és o Cordeiro e o Pastor, nós Te pedimos pelas Igrejas, ainda em peregrinação: conduz-nos a todos, juntos para a fonte da vida.

No final do Evangelho:
Jesus nosso Bom Pastor, nós Te damos graças pela tua voz que nos chama, porque Tu conheces-nos e dás-nos a vida eterna.

Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos torne atentos à tua voz, para que a possamos conhecer e possamos seguir-Te. Que nada nos afaste da tua mão, que é a do Pai, porque vós sois um.

4. BILHETE DE EVANGELHO.

Como está feliz, a criança a quem damos a mão! Sente-se em segurança, já não tem medo, é considerada como uma pessoa. Jesus, na parábola do Bom Pastor, evoca a ligação que existe entre o verdadeiro pastor e as suas ovelhas. Elas parecem estar na sua mão porque, diz Ele, “ninguém as arrancará da minha mão”. Jesus veio tomar a humanidade pela mão para dela cuidar, curar, conduzir, erguer, numa palavra, “salvar”. Ora, se Ele veio tomar a humanidade pela mão, é porque o Pai O enviou, como os dois fazem UM, é na mão do Pai que se encontra a humanidade, e, afirma Jesus, ninguém pode arrancar nada da mão do Pai. Que segurança para nós! Saber que estamos em segurança na mão de Deus: criando-nos e recriando-nos, tal como o oleiro, modela-nos e renova-nos. Perdoando-nos, tal como o pai do filho pródigo, reconcilia-nos com Ele, connosco mesmos e com os outros. Guiando-nos, tal como o Bom Pastor, faz-nos caminhar no caminho da felicidade. Oferecendo-nos a sua vida, tal como o Filho na cruz, faz de nós vivos.

5. À ESCUTA DA PALAVRA.

“Sou Eu!” Quem de nós não exclamou tantas vezes esta expressão? Nem é necessário dizer o nome… Hoje, diz Jesus: “Eu sou o Bom Pastor..:” Coloca-Se num registo de uma relação de intimidade para falar da sua ligação com os discípulos. Foi isso que Ele viveu com eles durante três anos. Tornaram-se seus amigos. Várias vezes, Jesus só precisou deste grito para Se fazer reconhecer: “Sou Eu!” Os discípulos não podiam enganar-se: esta voz era a sua, única no mundo. Não serve de nada dizer a um desconhecido: “Sou Eu!” Para entrar na intimidade de alguém, é preciso uma relação longa, um “viver-com”, uma familiaridade, no sentido pleno da palavra. Isso só se pode viver na duração, na fidelidade, na paciência. Com Jesus, é exatamente a mesma coisa. Não é o meu nervo auditivo que vibra à sua voz, mas a “audição do coração” que me torna atento quando a sua Palavra é proclamada em Igreja, quando leio e medito esta Palavra. É ela que vem fazer vibrar o meu ser profundo, que me toca o coração. Torno-me então, pouco a pouco, capaz de integrar na minha vida, na minha maneira de pensar e de agir, a sua maneira própria de falar e de agir. Pouco a pouco, a minha vida toma uma cor evangélica, a minha consciência afina-se, torno-me discípulo de Jesus, reconheço a sua presença na minha vida. Aí está um trabalho de longo alcance, de toda a vida. Então, pouco a pouco também, é um pouco d’Ele que trespassará através da minha vida para tocar os outros. Não está aí a vocação própria de todo o batizado: fazer-se eco da sua voz no coração do mundo?

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.

Pode-se escolher a Oração Eucarística III para as circunstâncias especiais, com a intercessão n.º 1.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO.

A minha participação no serviço das vocações… Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, cada um de nós é chamado a fazer o ponto da situação:

– Qual é a minha parte ao serviço das vocações e da missão?
– Alguns euros na altura do peditório?
– Uma oração uma vez por ano? Ou com mais frequência?
– Um compromisso bem concreto – mesmo pequeno – num serviço da Igreja?
– E, se sou pai ou mãe, que forma de despertar uma vocação possível nos próprios filhos?

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org

 

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