06º Domingo da Páscoa – Ano C [atualizado]

25 de Maio, 2025

ANO C

6.º DOMINGO DA PÁSCOA

Tema do 6.º Domingo do Tempo Pascal

Na liturgia do sexto domingo do tempo pascal sobressai a promessa de Jesus de acompanhar e de orientar os seus discípulos ao longo de todo o caminho histórico que eles vão percorrer. Alimentados pela Palavra de Jesus, conduzidos pelo Espírito, os discípulos caminham ao encontro da cidade perfeita, onde os espera o abraço eterno de Deus.

No Evangelho Jesus, na véspera da sua morte, despede-se dos discípulos. Diz-lhes que vai para o Pai, mas que estará sempre em comunhão com eles. O Espírito Santo que vão receber ensinará aos discípulos “todas as coisas”, recordar-lhes-á tudo o que Jesus lhes disse enquanto andou com eles, fará com que eles se mantenham em comunhão com Jesus. Dessa forma os discípulos poderão continuar no mundo o projeto de Jesus, até ao reencontro final com Ele.

A primeira leitura mostra-nos a comunidade dos discípulos de Jesus a caminhar pela história e a ser confrontada com novos desafios e com novas realidades. Cumpre-se o que Jesus tinha dito: o Espírito Santo, dom de Deus, ajuda os discípulos a discernir o caminho certo, a separar o essencial do acessório, a desenhar caminhos por onde o Evangelho chegue a todos os povos da terra.

Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, a cidade da luz e da paz, o Templo perfeito onde os discípulos do “Cordeiro” (Jesus) viverão em comunhão plena com Deus.

 

LEITURA I – Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29

Naqueles dias,
alguns homens que desceram da Judeia
ensinavam aos irmãos de Antioquia:
«Se não receberdes a circuncisão,
segundo a Lei de Moisés,
não podereis salvar-vos».
Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa
que Paulo e Barnabé tiveram com eles.
Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos
subissem a Jerusalém
para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos.
Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja,
decidiram escolher alguns irmãos
e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo.
Eram Judas, a quem chamavam Barsabás,
e Silas, homens de autoridade entre os irmãos.
Mandaram por eles esta carta:
«Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos,
saúdam os irmãos de origem pagã
residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia.
Tendo sabido que, sem nossa autorização,
alguns dos nossos vos foram inquietar,
perturbando as vossas almas com as suas palavras,
resolvemos, de comum acordo,
escolher delegados para vo-los enviarmos
juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo,
homens que expuseram a sua vida
pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso vos mandamos Judas e Silas,
que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões.
O Espírito Santo e nós
decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação,
além destas que são indispensáveis:
abster-se da carne imolada aos ídolos,
do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais.
Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».

 

CONTEXTO

Em Antioquia da Pisídia, durante a sua primeira viagem missionária, Paulo pregou primeiro aos judeus na sinagoga da cidade; mas, diante da resistência e do desinteresse dos judeus, Paulo manifestou abertamente a sua intenção de dirigir-se, daí em diante, preferencialmente aos gentios cf. At 13,44-48). Os pagãos, ao saberem dessa decisão, “encheram-se de alegria e glorificavam a palavra do Senhor”. Esta notícia espelha uma realidade: muitos pagãos, tendo conhecimento da proposta cristã, manifestaram-se disponíveis para abraçá-la. Quando chegou a Antioquia da Síria (a Igreja que o tinha enviado em missão), Paulo apresentou aos responsáveis dessa comunidade o relatório da missão e contou como Deus “abrira aos pagãos a porta da fé” (At 14,27).

Esse facto, contudo, colocava a Igreja de Jesus diante de novos desafios e levantava algumas questões até agora não equacionadas. A circuncisão -prática habitual dos judeus – era obrigatória, como defendiam os cristãos que provinham do judaísmo? A observância da Lei de Moisés era obrigatória? As prescrições farisaicas relativas aos alimentos eram obrigatórias? Não se trata, aqui, de algo acidental ou secundário, de simples medidas disciplinares ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental como saber se a salvação vem através da circuncisão e da observância da Lei judaica, ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma: Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?

Paulo e Barnabé tinham ideias definidas quanto a isto. Achavam que Cristo e o seu Evangelho eram suficientes e que não deviam ser impostos aos cristãos de origem greco-romana obrigações que não eram essenciais; mas outros cristãos pensavam de maneira diferente. Como proceder?

 

MENSAGEM

A chegada a Antioquia da Síria de cristãos palestinos que consideravam fundamental, para os membros das comunidades cristãs, o respeito pela Lei e pelas tradições judaicas, vai exigir uma definição daquilo que o anúncio cristão devia propor a quem queria entrar na comunidade nascida de Jesus (vers. 1). A comunidade cristã de Antioquia, incapaz de dirimir as divergências entre Paulo e Barnabé, por um lado, e esses cristãos “judaizantes”, por outro, decidiu enviar a Jerusalém uma delegação para tratar do assunto com os “apóstolos e os anciãos” da Igreja. Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) faziam parte dessa delegação (vers. 2).

A questão é de tal importância que se organiza uma magna assembleia, conhecida como “concílio apostólico” ou “concílio de Jerusalém”, para debater a questão. Essa assembleia vai discutir o que é essencial na proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade fundamental da fé cristã).

O texto que nos é proposto como primeira leitura neste sexto domingo da Páscoa interrompe aqui a descrição dos acontecimentos. Sabemos, contudo, pela descrição dos “Atos”, que nessa “assembleia eclesial” se enfrentaram perspetivas diversas. Pedro reconhecia a igualdade fundamental de todos – judeus e pagãos – diante da proposta de salvação; reconhecia, também, que a Lei é um jugo que não deve ser imposto aos pagãos; reconhecia, finalmente, que é “pela graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (cf. At 15,7-12). Tiago, representante da ala “judaizante, sem se opor à perspetiva de Pedro, procurava salvar o possível das tradições judaicas e propunha que fossem mantidas algumas tradições particularmente caras aos judeus (cf. At 15,13-21). Na realidade, havia acordo quanto ao essencial. Embora o texto de Lucas não seja totalmente explícito, percebe-se a decisão final: não se pode impor aos gentios a Lei judaica; Cristo e o Evangelho bastam. Isto correspondia, de facto, a dar luz verde à missão entre os pagãos. É a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo cortou, neste momento, o cordão umbilical com o judaísmo. Podia, agora, ser uma proposta universal de salvação, aberta a todos os homens, de todas as raças e culturas.

O nosso texto retoma a questão neste ponto. Nos vers. 22-29 da leitura de hoje apresenta-se o “comunicado final” da “assembleia de Jerusalém”: a práxis judaica não pode ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No entanto, pede-se a abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes para os judeus: o consumo da carne de animais imolados aos ídolos, o consumo de sangue, o consumo de carnes de animais sufocados e as relações imorais (vers. 29).

É de destacar, ainda, a referência ao Espírito Santo do vers. 28: a decisão é tomada por homens, mas assistidos pelo Espírito. Manifesta-se, assim, a consciência da presença do Espírito, que conduz e que assiste a Igreja na sua caminhada pela história.

 

INTERPELAÇÕES

  • A questão do cumprimento ou do não cumprimento dos rituais previstos pela Lei de Moisés é uma questão que hoje não preocupa nenhum cristão. Contudo, evoca questões que afetam a nossa forma de viver a fé e, sobretudo, de traduzir a fé de uma forma que os homens e as mulheres do séc. XXI a possam entender e acolher. Que valor e que importância devemos dar a certos rituais litúrgicos, a determinadas práticas de piedade, a algumas fórmulas teológicas que são decididamente datadas e que se tornam difíceis de entender no mundo da pós-modernidade? Será legítimo impormos – como os “judaizantes” do tempo de Paulo queriam impor a circuncisão – os nossos esquemas culturais ou a nossa maneira de exprimirmos a fé a gentes de culturas e de vivências tão diferentes das nossas? Não há dúvida que temos de formular o discurso da fé numa linguagem “humana”; mas todas as linguagens “humanas” têm os seus limites e estão marcadas pela finitude. A linguagem é o acessório, o conteúdo da mensagem é o essencial; o essencial deve ser preservado, o acessório deve ser constantemente atualizado. Quais são os ritos e as práticas decididamente obsoletos, que impedem o homem de hoje de redescobrir o núcleo central da mensagem cristã? Será que hoje não estamos a impedir, como outrora, o nascimento de Cristo para o mundo, mantendo-nos presos a esquemas, a modos de pensar e de viver que têm pouco a ver com a realidade do mundo que nos rodeia?
  • Os “judaizantes” consideravam que a salvação dependia, não apenas da adesão a Cristo, mas também do cumprimento da Lei de Moisés; Paulo, por seu lado, afirmava a absoluta suficiência de Cristo, “caminho, verdade e vida” para todos os interessados em acolher a salvação de Deus. Cristo é o essencial na nossa experiência de fé. Tudo o resto só tem importância na medida em que nos conduz a Cristo e ao seu Evangelho. Estamos conscientes disto? Em que é que assenta o edifício da nossa fé? Qual o lugar de Cristo na nossa vida? A sua Palavra é decisiva na definição do nosso estilo de vida e na definição dos nossos valores? Cristo está no centro da vida das nossas comunidades cristãs?
  • Os cristãos dos primeiros tempos estavam conscientes de que era o Espírito quem conduzia a Igreja de Jesus no seu caminho pela história. Sentiram isso, de uma forma especial, no momento em que tiveram de decidir sobre o núcleo fundamental da proposta cristã. Ao comunicar ao mundo, após o “concílio de Jerusalém”, o resultado do discernimento aí feito sobre o essencial da fé, disseram: “o Espírito Santo e nós decidimos…”. É bela esta imagem de uma comunidade que marcha pela história conduzida e animada pelo Espírito de Deus, que procura escutar a voz do Espírito e discernir, com a ajuda do Espírito, os caminhos a percorrer. Sentimos que a Igreja é, também nos nossos dias, conduzida e animada pelo Espírito? Procuramos estar atentos aos apelos e indicações que o Espírito nos deixa? Temos consciência que, muitas vezes, o Espírito nos interpela através dos “sinais dos tempos” e dos desafios que estão constantemente a surgir?
  • Paulo, Barnabé e os líderes das primeiras comunidades cristãs, confrontados com desafios dos novos tempos, não responderam com posturas defensivas, conservadoras, intransigentes, paralisantes, temerosas. Encararam a realidade com audácia, com imaginação, com liberdade, com desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito. Dessa forma, a Igreja de Jesus superou a mentalidade de “ghetto” e tornou-se uma proposta de salvação ao alcance de todos os homens e mulheres. É assim que a Igreja de Jesus hoje enfrenta os apelos e os desafios que o mundo lhe coloca? Somos uma Igreja escondida atrás de barreiras protetoras, apenas preocupada em não se sujar, ou somos uma Igreja audaz, sem medo, que vai ao encontro do mundo e que testemunha a todos a misericórdia de Deus?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)

Refrão 1: Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.

 

Refrão 2: Aleluia.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça e
governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu louvor aos confins da terra.

 

LEITURA II – Apocalipse 21,10-14.22-23

Um Anjo transportou-me em espírito
ao cimo de uma alta montanha
e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém,
que descia do Céu, da presença de Deus,
resplandecente da glória de Deus.
O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima,
como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande e alta muralha,
com doze portas e, junto delas, doze Anjos;
tinha também nomes gravados,
os nomes das doze tribos dos filhos de Israel:
três portas a nascente, três portas ao norte,
três portas ao sul e três portas a poente.
A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes
e neles doze nomes: os doze Apóstolos do Cordeiro.
Na cidade não vi nenhum templo,
porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro.
A cidade não precisa da luz do sol nem da lua,
porque a glória de Deus a ilumina
e a sua lâmpada é o Cordeiro.

 

CONTEXTO

O livro do Apocalipse foi escrito por volta do ano 95, numa altura em que o imperador romano Domiciano ordenara uma violenta perseguição contra os cristãos. Nas comunidades cristãs da Ásia Menor, o desânimo era generalizado. Haveria futuro para a fé cristã, ou estaria destinada a desaparecer, afogada no sangue dos mártires? Quem manda no mundo e tem a última palavra na história dos homens: Deus ou as forças que combatem contra Deus e que Domiciano de alguma forma corporiza?

Neste contexto João, um cristão exilado na ilha de Patmos, no mar Egeu, por causa da sua fé, entendeu oferecer aos cristãos perseguidos uma mensagem de esperança. No livro que compôs, reflete longamente sobre o que está a acontecer no mundo e alarga depois a sua reflexão a toda a história dos homens. Garante aos crentes perseguidos que o Mal que eles conhecem não terá a última palavra e que a vitória final será de Deus e dos seus “santos”. Jesus, o “Cordeiro” que os homens imolaram na cruz, mas que derrotou a morte, vencerá a batalha contra as forças que se opõem à vida e à felicidade dos filhos de Deus. A história humana não caminha para um beco sem saída, mas para o “novo céu” e a “nova terra” preparados por Deus para aqueles que aceitarem o Seu convite à salvação e se mantiverem fiéis ao “Cordeiro”. Tudo isto é expresso através de uma simbologia muito rica e muito expressiva, que os cristãos entendiam, mas que os perseguidores não conheciam.

No final do livro, o “profeta” João apresenta, sempre em imagens, a conclusão da história: o mundo novo que Deus vai oferecer ao seu Povo (cf. Ap 21). Chama-lhe “a nova Jerusalém”. Será lá que os “santos”, libertos da morte, do luto, do pranto, da dor, viverão para sempre com Deus. João descreve essa “cidade nova” em dois quadros (cf. At 21,2-8; 21,9-22,5). A segunda leitura deste sexto domingo pascal apresenta-nos precisamente o segundo desses quadros.

 

MENSAGEM

A “nova Jerusalém”, é apresentada a João, o “profeta”, como “a noiva, a esposa do Cordeiro” (Ap 21,9). Trata-se da Igreja, a comunidade escatológica, transformada e renovada pela ação salvadora e libertadora de Deus na história. Essa comunidade é “esposa” porque está consagrada a Deus, pertence a Deus, vive com Deus uma história de amor sem fim. A glória de Deus habita nela e ilumina-a; e essa “cidade-esposa”, iluminada pela glória de Deus, é como “uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino” (vers. 11).

Na descrição da “cidade”, domina o número “doze”: na base da muralha há doze reforços salientes e neles os doze nomes dos Apóstolos do “cordeiro”; a cidade tem doze portas (três a nascente, três ao norte, três ao sul e três a poente), nas quais estão gravados os nomes das doze tribos de Israel; há, ainda, doze anjos junto das portas (vers. 12-14). O número “doze”, aqui omnipresente, indica a totalidade do Povo de Deus (as doze tribos de Israel e os doze Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos – testemunhas do “cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento, conduzido à vida plena pela ação salvadora e libertadora de Cristo. As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos os povos (vindos do norte, do sul, de este e do oeste) podem entrar e encontrar lugar nesse lugar de felicidade plena.

Num desenvolvimento que a leitura desse domingo não conservou (vers. 15-17), enunciam-se as dimensões dessa “cidade”: cento e quarenta e quatro côvados (doze vezes doze), formando um perfeito cubo geométrico. Sugere-se, assim, que a cidade (perfeita, harmoniosa) está desenhada segundo o modelo bíblico do “santo dos santos” (cf. 1 Re 6,19-20), o “lugar” mais sagrado do antigo Templo de Jerusalém, o lugar onde Deus residia no meio do seu Povo. Aqui, no entanto, é a cidade inteira que é o “santo dos santos”, o lugar onde Deus está.

É por isso que, na última parte deste texto (vers. 22-23), se diz que a cidade não tem Templo: nesse lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de mediações (ritos, cerimónias religiosas) para se aproximar de Deus, pois viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is 2,5; 24,23; 60,19): Deus e o “cordeiro” estarão sempre presentes, fundamentando a convivência e a harmonia de todos os “santos” e serão a luz que ilumina eternamente esta comunidade de vida plena.

A nova Jerusalém, “noiva” do Cordeiro, cidade de portas abertas para que todos nela possam entrar, cidade para onde convergem todos os povos que buscam a salvação de Deus, é a Igreja na sua plenitude. Nela cumprem-se plenamente as promessas feitas por Deus através dos profetas (cf. Is 60,11). Nessa “cidade” morada dos “santos”, todos poderão encontrar Deus, viver na sua presença e receber de Deus vida em plenitude.

 

INTERPELAÇÕES

  • Este “grande domingo da ressurreição” que é o tempo de Páscoa convida-nos a levantar os olhos do chão e a olhar para além do horizonte limitado e finito em que decorre a nossa vida de todos os dias. Tropeçamos continuamente na maldade, sentimo-nos impotentes diante da violência, vivemos asfixiados pelo medo, ficamos sem forças ao enfrentar as crises que nos esperam a cada esquina; mas a vitória de Jesus que temos andado a celebrar neste tempo diz-nos que a injustiça não derrotará a equidade, que a mentira não se sobreporá à verdade, que o egoísmo não vencerá o amor, que a morte não será mais forte do que a vida. Neste domingo, o quadro da “nova Jerusalém”, a “cidade” perfeita e harmoniosa para onde caminhamos e onde os “santos” de Deus viverão para sempre numa felicidade sem fim, lado a lado com Deus, ajuda a renovar as nossas forças, a nossa alegria, a nossa convicção, a nossa esperança, o nosso compromisso. É neste quadro que vivemos, que caminhamos e que enfrentamos as vicissitudes, as contingências e os reveses que a vida nos traz?
  • A Igreja que peregrina na história não é, ainda, essa comunidade messiânica da vida plena, bela como uma “noiva adornada para o seu esposo”, de que fala a visão do “profeta” de Patmos. O caminho que ela vai fazendo todos os dias está marcado pela debilidade, pela fragilidade e pelo pecado dos seus membros. Mesmo assim, ela tem de ser já, aqui e agora, um anúncio e uma prefiguração da comunidade escatológica da salvação, uma comunidade viva que dá testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade necessita desse testemunho. A Igreja de Jesus que caminha na história, entre cansaços e esperanças, fracassos e vitórias, sombras e luzes, constitui, para os homens e mulheres do séc. XXI, um anúncio do mundo que há de vir? O que podemos fazer, nós que somos membros desta Igreja, para tornar mais vivo, mais atraente, mais efetivo, esse anúncio e esse testemunho?
  • É algo de que todos temos consciência, mas que nunca é demais lembrar: ainda que a vida verdadeira e definitiva só se concretize plenamente na “nova Jerusalém”, ela pode e deve começar a ser construída desde já nesta terra. Nós não vivemos apenas de olhos postos nesse mundo que há de vir, alheados das realidades do mundo transitório onde caminhamos todos os dias; mas, enquanto andamos aqui, temos a responsabilidade de construir um mundo de justiça, de amor e de paz, que seja, o mais possível, um reflexo do mundo futuro que nos espera. Jesus, o Filho de Deus que veio ao nosso encontro e que “vestiu” a nossa humanidade, não nos falou apenas do mundo de Deus e do encontro com Deus; mas lutou até à morte para construir, já aqui na terra, um mundo mais justo e mais humano. Estamos empenhados na construção de um mundo “segundo Deus”, onde todos os homens e mulheres possam viver com dignidade e em paz?

 

ALELUIA– João 14,23

Aleluia. Aleluia.
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.

 

EVANGELHO – João 14,23-29

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Quem Me ama guardará a minha palavra
e meu Pai o amará;
Nós viremos a ele
e faremos nele a nossa morada.
Quem Me não ama não guarda a minha palavra.
Ora a palavra que ouvis não é minha,
mas do Pai que Me enviou.
Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco.
Mas o Paráclito, o Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome,
vos ensinará todas as coisas
e vos recordará tudo o que Eu vos disse.
Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.
Não vo-la dou como a dá o mundo.
Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
Ouvistes o que Eu vos disse:
Vou partir, mas voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis,
ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai,
porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora, antes de acontecer,
para que, quando acontecer, acrediteis».

 

CONTEXTO

Era uma noite de quinta-feira do mês de Nisan do ano trinta. De acordo com o calendário do autor do Quarto Evangelho, faltava um dia para a celebração da Páscoa judaica. Jesus estava à mesa com os discípulos, na sala de uma casa de Jerusalém. Daí a poucas horas seria preso pelos soldados do Templo, levado diante do Sinédrio e condenado à morte. Na manhã do dia seguinte, depois de o governador romano Pôncio Pilatos ter confirmado a sentença, Jesus seria conduzido pelas ruas da cidade até uma pequena colina fora das muralhas, no chamado “Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota” (Jo 19,17), para aí ser crucificado. Para Jesus, aquela refeição com os discípulos comida depois do pôr-do-sol é uma ceia de despedida. A sombra da cruz paira sobre tudo o que vai ser dito à volta daquela mesa.

Mais do que com o seu destino imediato, nessa noite Jesus está preocupado com os seus discípulos, aqueles que estão com Ele à volta da mesa: são pessoas frágeis, com ideias pouco claras, que ainda não interiorizaram suficientemente os valores do Reino. Como reagirão à morte de Jesus? Ao verem o seu Mestre ser-lhes tirado, fraquejarão e abandonarão o projeto do Reino de Deus? Ou acolherão o Espírito Santo e assumirão a missão de dar testemunho de Jesus e do seu projeto em todos os lugares por onde andarem? Jesus, consciente de que lhe resta pouco tempo, procura lembrar aos discípulos o essencial da proposta que lhes transmitiu enquanto andava com eles pelos caminhos da Galileia e da Judeia; e procura também fazê-los entender a importância de se manterem em comunhão com Ele.

Poucos antes de lhes dizer as palavras que o Evangelho deste sexto domingo da Páscoa nos apresenta, Jesus tinha afirmado que era “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6); e tinha convidado os discípulos a percorrerem, sem hesitações, esse “caminho”. Tinha-lhes mesmo garantido que quem percorre esse “caminho” – o “caminho” do amor e do dom da vida – vai ao encontro do Pai. Contudo, os discípulos ouviram Jesus com algum ceticismo: será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles? Como poderão, pelo tempo fora, manter a comunhão com Jesus e receber dele a força para doar, dia a dia, a própria vida? Como é que eles, sem Jesus a guiá-los, encontrarão o “caminho” para o Pai?  As palavras que o Evangelho deste dia nos convida a escutar contêm a resposta de Jesus a estas questões.

 

MENSAGEM

Jesus vai partir ao encontro do Pai e os discípulos deixarão de o ver a caminhar à frente deles, como tinha acontecido até agora. Mas isso não significa que a ligação que têm com Jesus seja rompida e que eles fiquem sozinhos no mundo, abandonados à sua sorte (“não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós!” – Jo 14,18). A comunhão de amor que existe entre os discípulos e Jesus manter-se-á; e os discípulos, através de Jesus, também estarão em ligação com o Pai (“quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada” – Jo 14,23). Os discípulos mostrarão o seu amor a Jesus acolhendo e cumprindo a sua palavra, vivendo ao seu estilo, seguindo os seus passos. Viver nesta dinâmica é estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade de uma nova família (vers. 23-24).

A fim de que possam manter-se fiéis a Jesus e, através de Jesus, ao projeto do Pai, os discípulos irão receber a força de Deus, o Espírito Santo, o “Paráclito” (vers. 25-26). A palavra grega “paráklêtos”, aqui utilizada, pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. Traduz uma presença solícita e cuidadora na vida desses discípulos que caminham na história entre sombras e luzes, entre dificuldades e conquistas. A função desse “paráclito” junto dos discípulos será a de “ensinar” e de “recordar” tudo aquilo que Jesus lhes disse. O Espírito Santo será, portanto, uma presença dinâmica, que auxiliará os discípulos, trazendo-lhes continuamente à memória os ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de Jesus à luz dos novos desafios que o mundo lhes colocar. Assim, os discípulos poderão continuar a percorrer, na história, o “caminho” cristão, numa fidelidade dinâmica às propostas de Jesus, atualizando-as em cada momento e dando-lhes a cada passo um sentido mais completo. O Espírito garante que os discípulos possam continuar a percorrer, na história, o “caminho” que lhes foi apontado, unidos a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada homem tornam-se a morada de Deus: na ação dos crentes revela-se o Deus libertador, que reside na comunidade e no coração de cada crente e que tem um projeto de salvação para o homem e para o mundo.

Finalmente, Jesus oferece aos discípulos a “paz” (“deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” – vers. 27). Desejar a “paz” (“shalom”) era, entre os judeus, a saudação habitual à chegada e à partida. No entanto, neste contexto, a saudação não é uma despedida trivial, uma fórmula corriqueira usada nas despedidas sociais (“não vo-la dou como a dá o mundo”). Ao deixar aos discípulos “a paz”, Jesus está, antes de mais, a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se aproximam não porão fim à relação entre Ele e a sua comunidade; mas está também a oferecer-lhes essa “paz bíblica” que é a síntese dos bens messiânicos e a concretização plena das promessas de Deus. A “paz” oferecida por Jesus é a “vida” nova que Ele veio trazer aos homens, o amor misericordioso de Deus que cura e que salva, tudo aquilo de que o homem necessita para se sentir em harmonia com Deus, com os outros homens e consigo próprio.

As últimas palavras referidas neste texto (vers. 28-29) sublinham que a ausência de Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De resto, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos homens; e, como tal, é fonte de vida verdadeira e eterna.

 

INTERPELAÇÕES

  • Jesus, naquela inolvidável ceia de despedida comida na véspera da sua morte, prometeu aos discípulos que não os deixaria sozinhos a percorrer os caminhos do mundo e da história. São palavras que podem mudar completamente a nossa perspetiva das coisas. É verdade que não é fácil, nos nossos dias, seguir os passos de Jesus. Para a maior parte dos nossos contemporâneos, os valores de Jesus não despertam um interesse significativo; soam até a algo ilógico, obsoleto, desfasado da realidade do nosso tempo. Nesse cenário, muitos discípulos de Jesus sentem-se perdidos, desanimados, com vontade de baixar os braços e de se deixar levar pela onda do facilitismo, do relativismo, da indiferença, da pressão social, do “deixar correr”. No entanto Jesus – esse mesmo Jesus que todos os dias se senta connosco à mesa para nos alimentar com a sua Palavra e o seu Pão – diz-nos: “quem me ama guardará a minha palavra e o meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada”. Afinal, os discípulos de Jesus não estão por sua conta, abandonados à sua sorte num cenário desencorajador. Caminhamos com Jesus, abraçados pelo Pai; e Jesus continua a apontar-nos, a par e passo, o caminho que leva à vida. Temos tudo isto presente, sempre que sentimos dificuldade em entrever o sentido dos nossos passos?
  • A comunhão do crente com o Pai e com Jesus – fonte de vida e de esperança – não resulta de empatias rebuscadas, de construções intelectuais, de especiais práticas de piedade, da execução de determinados ritos no decorrer dos quais a vida de Deus inunda inesperadamente o coração do crente; mas resulta do “guardar a Palavra” de Jesus e do percorrer com Jesus o caminho do amor e da entrega, numa doação total a Deus e aos irmãos. Como é que cultivamos a nossa comunhão com Jesus e com o Pai? Procuramos todos os dias, neste tempo que nos tocou viver e com as condições que marcam o nosso caminho diário, escutar Jesus, entender e acolher as suas propostas, ir atrás d’Ele, viver ao seu estilo?
  • Jesus garante aos discípulos que o Pai lhes enviará “o paráclito” e que este os defenderá do risco de desviar-se do caminho que conduz à vida. O Espírito será, para os discípulos, a memória viva de Jesus. Uma das funções do “paráclito” será, segundo Jesus, “ensinar” aos discípulos “todas as coisas”. Jesus esqueceu-se de nos dizer alguma coisa fundamental? Não. Jesus disse-nos tudo o que precisávamos escutar. Mas o Espírito ensinar-nos-á a compreender plenamente o Evangelho, a aplicar corretamente as palavras e os ensinamentos de Jesus aos desafios novos que a vida nos traz a todos os instantes. O Espírito também nos recordará tudo o que Jesus disse. Às vezes não recordamos tudo porque a nossa memória é fraca e não retém tudo o que ouvimos; mas, mais vezes ainda, “não recordamos” porque não nos interessa, porque o que Jesus diz são coisas que nos incomodam, que nos desinstalam e que abalam as nossas certezas e as nossas seguranças. Procuramos escutar o Espírito para encontrar o caminho que somos chamados a percorrer na história? Temos a coragem de seguir as indicações do Espírito, mesmo quando Ele nos convida a mudanças radicais, a ruturas dolorosas, a compromissos exigentes, a opções radicais?
  • Jesus deixa aos discípulos “a paz”. A “paz” é um grande dom, um dom que só Jesus pode dar. É essa “paz” que nos permite encarar com serenidade as vicissitudes e as tempestades que surgem ao longo do caminho; é essa “paz” que nos ajuda a vencer o medo, esse medo que paralisa e que nos impede de lutar por um mundo mais justo e mais humano; é essa “paz” que nos faz vencer o egoísmo, o fechamento em nós próprios, a cegueira que não nos deixa ver as necessidades dos nossos irmãos; é essa “paz” que nos leva a construir pontes de diálogo e de entendimento com os irmãos e irmãs que caminham ao nosso lado; é essa “paz” que nos dá a força para enfrentar o ódio, a violência, a agressão, a mentira que desfeiam o mundo; é essa “paz” que nos liberta do ressentimento, da intolerância, da prepotência, do dogmatismo; é essa “paz” que nos capacita para sermos no mundo sinal da bondade, da misericórdia, da ternura, do amor de Deus… A “paz” de Jesus reside em nós? Testemunhamos essa “paz” na maneira como vivemos e como nos relacionamos com os homens e mulheres que caminham connosco?

 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 6.º DOMINGO DO TEMPO PASCAL

(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 6.º Domingo do Tempo Pascal, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. FAVORECER O ACOLHIMENTO DA BOA NOVA.

Como no domingo passado, a riqueza do Evangelho é grande: será suficiente uma única audição? Pode-se valorizar e fazer eco da Boa Nova durante toda a celebração: na palavra de acolhimento à celebração, podem-se inserir já algumas frases da Boa Nova; no momento da proclamação do Evangelho, o presidente procurará ler o texto sem se apressar, com um tom meditativo, fazendo breves pausas; no momento do gesto de paz, o padre (ou o diácono) pode recordar que é a paz do Senhor que é oferecida – “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”; depois da comunhão, algumas frases do Evangelho poderão ainda ajudar à meditação…

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.

Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:

Nosso Pai, nós Te damos graças pelo teu Espírito Santo, que Tu comunicaste generosamente aos Apóstolos e, por eles, às tuas Igrejas, para orientar, guiar, sustentar e encorajar o teu povo na fidelidade à tua vontade.

Nós Te pedimos pela Igrejas que estão em sínodo e por todas as equipas pastorais: pelo teu Espírito, ilumina-as na tomada de decisões!

No final da segunda leitura:
Deus Pai, estás presente em todas as assembleias de oração, por mais modestas que sejam, até nas nossas famílias, para aí revelar a Jerusalém celeste e a nova terra que desejas criar connosco. Bendito sejas!

Nós Te pedimos pelas paróquias e pelas comunidades que constroem, decoram ou reparam as suas igrejas. Que o teu Espírito as oriente nas suas escolhas.

No final do Evangelho:
Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, nós Te damos graças pela tua presença fiel no teu Povo, primeiro pelo teu Filho, que habitou no meio dos discípulos, em seguida pelo teu Espírito, o Defensor, que habita connosco.

Nós Te pedimos: mantém-nos fiéis à tua Palavra, dá-nos a paz, a tua paz, aquela de que o mundo tem necessidade. O teu Espírito de Paz.

4. BILHETE DE EVANGELHO.

Jesus gostava de dizer que nunca estava só. Vemo-l’O retirar-Se para a montanha, sozinho, mas para se juntar a seu Pai. E promete aos discípulos não os deixar órfãos porque lhes enviará o seu Espírito, o Espírito Santo, o Defensor. Na hora das grandes confidências, pouco tempo antes da sua paixão, Jesus anuncia aos seus discípulos que virá habitar neles com o seu Pai, na condição de permanecerem fiéis à sua palavra. Parece dizer: “se quereis que venhamos habitar em vós, aceitai permanecer fiéis a toda a mensagem que vos transmiti”. Não somente o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos, mas o Espírito Santo também habitará neles para os ensinar e fazê-los recordar-se de tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de morte: a morte física e o esquecimento. Jesus veio anunciar aos seus discípulos que, após a sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os discípulos a não esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se d’Ele, mas, sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.

5. À ESCUTA DA PALAVRA.

“Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada”. Uma vez mais, Jesus parece pôr uma condição para que o Pai possa amar-nos. Quem pode pretender amar o Senhor, guardar a sua Palavra? Parece mesmo que, quanto mais os anos passam, mais se instala em nós uma certa lassidão e esmorece o ardor em amar o Senhor. Apesar de todos os esforços, parece que estamos longe da intimidade com Jesus. Mesmo sendo fiéis à oração, frequentando os sacramentos, em particular a Eucaristia, sentimos um vazio… Parece que não amamos bastante o Senhor! Mas recordemo-nos do essencial: a absoluta anterioridade do amor de Deus por nós, foi Ele que nos amou primeiro… O que Jesus nos pede é que reconheçamos primeiro o amor do Pai por nós, que nos precede sempre. Na medida em que guardamos este amor de Jesus com seu Pai, este amor primeiro, podemos guardar a sua Palavra e aprender a amar.

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.

Pode-se escolher a Oração Eucarística III para Assembleia com Crianças. Os textos próprios do tempo pascal são particularmente significativos.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO.

Que fazemos da Palavra? Em cada domingo a Palavra é-nos oferecida. Que fazemos dela? Ela é o “fio condutor” da nossa semana? Ou esquecemo-la mal a escutamos? Nesta semana, procuremos recordar a Palavra evangélica e deixemo-nos transformar por ela. O Espírito Santo ensinar-nos-á, far-nos-á compreender, diz-nos Jesus. Basta estarmos abertos à sua ação!

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org

 

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