Week of Nov 28th

  • 01º Domingo do Tempo do Advento – Ano C

    01º Domingo do Tempo do Advento – Ano C


    28 de Novembro, 2021

    ANO C
    1º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO

    Tema do 1º Domingo do Tempo do Advento

    Neste 1º Domingo do Tempo do Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos uma primeira abordagem à “vinda” do Senhor.
    Na primeira leitura, pela boca do profeta Jeremias, o Deus da aliança anuncia que é fiel às suas promessas e vai enviar ao seu Povo um “rebento” da família de David. A sua missão será concretizar esse mundo sonhado de justiça e de paz: fecundidade, bem-estar, vida em abundância, serão os frutos da acção do Messias.
    O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Messias filho de David, a anunciar a todos os que se sentem prisioneiros: “alegrai-vos, a vossa libertação está próxima. O mundo velho a que estais presos vai cair e, em seu lugar, vai nascer um mundo novo, onde conhecereis a liberdade e a vida em plenitude. Estai atentos, a fim de acolherdes o Filho do Homem que vos traz o projecto desse mundo novo”. É preciso, no entanto, reconhecê-l’O, saber identificar os seus apelos e ter a coragem de construir, com Ele, a justiça e a paz.
    A segunda leitura convida-nos a não nos instalarmos na mediocridade e no comodismo, mas a esperar numa atitude activa a vinda do Senhor. É fundamental, nessa atitude, a vivência do amor: é ele o centro do nosso testemunho pessoal, comunitário, eclesial.

    LEITURA I – Jer 33,14-16

    Leitura do Livro de Jeremias

    Eis o que diz o Senhor:
    «Dias virão, em que cumprirei a promessa
    que fiz à casa de Israel e à casa de Judá:
    Naqueles dias, naquele tempo,
    farei germinar para David um rebento de justiça
    que exercerá o direito e a justiça na terra.
    Naqueles dias, o reino de Judá será salvo
    e Jerusalém viverá em segurança.
    Este é o nome que chamarão à cidade:
    ‘O Senhor é a nossa justiça’».

    AMBIENTE

    Estamos no ano décimo do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilónio de Nabucodonosor cerca Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jer 32,1). Parece o princípio do fim, a derrocada de todas as esperanças e seguranças do Povo. É neste contexto que o profeta, em nome de Jahwéh, vai proclamar a chegada de um tempo novo, no qual Deus vai “pensar as feridas” do seu povo e curá-las, proporcionar a Judá “abundância de paz e segurança” (Jer 33,6). A mensagem é tanto mais surpreendente quanto o futuro imediato parece sem saída e o próprio Jeremias é acusado de profetizar a inutilidade de resistir aos exércitos caldeus, a destruição de Jerusalém e o exílio de Sedecias (cf. Jer 32,3-5).

    MENSAGEM

    Nesse momento limite em que tudo parece comprometido, Jeremias anuncia a fidelidade de Jahwéh às promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7): no futuro, Deus irá fazer surgir um descendente de David (“zemah zaddîq” – “rebento justo”), que assegurará a paz e a salvação a todo o povo. A palavra “zemah” (“rebento”) evoca a fecundidade e a vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7). É o nome com que o profeta Zacarias designa o “Messias” (cf. Zac 3,8; 6,12).
    As palavras ligadas à área da “justiça” desempenham um papel fundamental neste anúncio de Jeremias. Diz-se que o descendente de David será “justo” e que a sua tarefa consistirá em assegurar a “justiça” e o “direito” (“mishpat” e “zedaqa”). A dupla “justiça/direito”, característica da linguagem profética, refere-se ao funcionamento recto da instituição responsável pela administração da justiça (tribunal) que possibilitará, por sua vez, uma correcta ordem social (“zedaqa”), fundamento da paz e da prosperidade. Sedecias nem garantiu a “justiça”, nem assegurou a paz; por isso, a catástrofe está iminente… Mas o rei futuro anunciado pelo profeta, da descendência de David, será o “ungido” de Deus. Terá por missão restaurar a “justiça” e transmitir a abundância de vida e de salvação ao Povo de Deus. Por isso, chamar-se-á “o Senhor é a nossa justiça” (“Jahwéh zidqenû”): por ele, Deus garante ao seu Povo um futuro fecundo, de justiça, de bem-estar, de salvação.
    Recordando as promessas de Deus, o profeta elimina a nostalgia de um passado mais ou menos distante, elimina o medo do presente e instaura o regime da esperança.

    ACTUALIZAÇÃO

    A actualização desta mensagem profética pode fazer-se de acordo com as seguintes coordenadas:

    • O ambiente em que estamos mergulhados potencia, tantas vezes, o medo, a frustração, o negativismo, a insegurança, o pessimismo… É possível acreditar no Deus da “justiça”, fiel à “aliança”, comprometido com os homens e continuar a olhar para o mundo nessa perspectiva negativa, como se Deus – o Deus da justiça e do amor – tivesse abandonado os homens e já não presidisse à nossa história?

    • De acordo com o Novo Testamento, esta “justiça” é comunicada pelo “Messias” a todos os membros do povo eleito (cf. Rom 1,17; 1 Cor 1,30; 2 Cor 5,21; Flp 3,9). Sentimo-nos, verdadeiramente, membros do povo messiânico, construtores desse mundo de justiça, de paz, de felicidade para todos? Qual é a atitude que define o nosso empenho: o compromisso sério com a justiça e a paz, ou o comodismo de quem prefere demitir-se das suas responsabilidades e passar ao lado da vida?

    SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)

    Refrão: Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.

    Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
    ensinai-me as vossas veredas.
    Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
    porque Vós sois Deus, meu Salvador.

    O Senhor é bom e recto,
    ensina o caminho aos pecadores.
    Orienta os humildes na justiça
    e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.

    Os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade
    para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos.
    O Senhor trata com familiaridade os que O temem
    e dá-lhes a conhecer a sua aliança.

    LEITURA II – 1 Tes 3,12–4,2

    Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses

    Irmãos:
    O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade
    uns para com os outros e para com todos,
    tal como nós a temos tido para convosco.
    O Senhor confirme os vossos corações
    numa santidade irrepreensível,
    diante de Deus, nosso Pai,
    no dia da vinda de Jesus, nosso Senhor,
    com todos os santos.
    Finalmente, irmãos,
    eis o que vos pedimos e recomendamos no Senhor Jesus:
    recebestes de nós instruções
    sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus,
    e assim estais procedendo;
    mas deveis progredir ainda mais.
    Conheceis bem as normas que vos demos
    da parte do Senhor Jesus.

    AMBIENTE

    A comunidade cristã de Tessalónica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, aí pelo ano 50 (cf. Act 17,1ss). Durante o pouco tempo que lá passou, Paulo desenvolveu uma intensa actividade missionária, de que resultou uma comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por pagãos convertidos (cf. 1 Tess 1,9-10). No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reacção da colónia judaica… Paulo teve de fugir, deixando atrás de si uma comunidade em perigo, insuficientemente catequizada e quase desarmada num contexto de perseguição e provação. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalónica para saber notícias e encorajar na fé os tessalonicenses. Quando Timóteo regressa, encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: a fé, a esperança e o amor dos tessalonicenses continuam bem vivos e até se aprofundaram com as provações (cf. 1 Tes 1,3; 3,6-8). Os tessalonicenses podem ser apontados como modelos aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1 Tes 1,7-8).

    MENSAGEM

    Apesar de tudo o que Deus já edificou no coração dos crentes de Tessalónica, a caminhada cristã destes não está concluída. Há que “progredir sempre” (1 Tes 4,1), sobretudo no amor para com todos (1 Tes 3,12). Só nesta atitude de não conformação será possível esperar a “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes 3,13).

    ACTUALIZAÇÃO

    A confrontação deste texto com a vida pode ter em conta os seguintes elementos:

    • A caminhada cristã nunca é um processo acabado, mas uma construção permanente, que recomeça em cada novo instante da vida. O cristão não é aquele que é perfeito; mas é aquele que, em cada dia, sente que há um caminho novo a fazer e não se conforma com o que já fez, nem se instala na mediocridade. É nesta atitude que somos chamados a viver este tempo de espera do Messias.

    • Uma dimensão fundamental da nossa experiência cristã é a caridade: só aprofundando-a cada vez mais podemos sentir-nos identificados com Aquele que partilhou a vida com todos nós, até à morte na cruz; só praticando-a, podemos fazer uma verdadeira experiência de Igreja e construir uma comunidade de irmãos; só vivendo-a, podemos ser, para os homens que partilham connosco esta vasta casa que é o mundo, o rosto do Deus que ama.

    ALELUIA – Salmo 84,8

    Aleluia. Aleluia.

    Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
    e dai-nos a vossa salvação.

    EVANGELHO – Lc 21,25-28.34-36

    Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

    Naquele tempo,
    disse Jesus aos seus discípulos:
    «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas
    e, na terra, angústia entre as nações,
    aterradas com o rugido e a agitação do mar.
    Os homens morrerão de pavor,
    na expectativa do que vai suceder ao universo,
    pois as forças celestes serão abaladas.
    Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem,
    com grande poder e glória.
    Quando estas coisas começarem a acontecer,
    erguei-vos e levantai a cabeça,
    porque a vossa libertação está próxima.
    Tende cuidado convosco,
    não suceda que os vossos corações se tornem pesados
    pela intemperança, a embriaguês e as preocupações da vida,
    e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha,
    pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra.
    Portanto, vigiai e orai em todo o tempo,
    para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer
    e comparecer diante do Filho do homem».

    AMBIENTE

    Estamos já nos últimos dias da vida terrena de Jesus, após a sua entrada triunfal em Jerusalém. Jesus está a completar a catequese dos discípulos e, nesse contexto, anuncia-lhes tempos difíceis de perseguição e de martírio. Avisa-os, também, de que a própria cidade de Jerusalém será, proximamente, sitiada e destruída (cf. Lc 21,20-24). Ora, é neste contexto e nesta sequência que aparece o texto do Evangelho de hoje.

    MENSAGEM

    O vector fundamental à volta do qual se estrutura o Evangelho de hoje está na referência à vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (Lc 21,27) e no convite a cobrar ânimo e a levantar a cabeça porque “a libertação está próxima” (Lc 21,28). A palavra “libertação” (“apolytrôsis” – “resgate de um cativo”) é uma palavra característica da teologia paulina (1 Cor 1,30; cf. Rom 3,24; 8,23; Col 1,14…), onde é usada para definir o resultado da acção redentora de Jesus em favor dos homens. O projecto de salvação/libertação da humanidade, concretizado nas palavras e nos gestos de Jesus, é apresentado como o “resgate” de uma humanidade prisioneira do egoísmo, do pecado, da morte. Trata-se, portanto, da libertação de tudo o que escraviza os homens e os impede de viver na dignidade de filhos de Deus.
    A mensagem proposta aos discípulos é clara: espera-vos um caminho marcado pelo sofrimento, pela perseguição (cf. Lc 21,12-19); no entanto, não vos deixeis afundar no desespero porque Jesus vem. Com a sua vinda gloriosa (de ontem, de hoje, de amanhã), cessará a escravidão insuportável que vos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas.
    Os “sinais” catastróficos apresentados não são um quadro do “fim do mundo”; são imagens utilizadas pelos profetas para falar do “dia do Senhor”, isto é, o dia em que Jahwéh vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão, inaugurando uma era de vida, de fecundidade e de paz sem fim (cf. Is 13,10; 34,4). O quadro destina-se, portanto, não a amedrontar, mas a abrir os corações à esperança: quando Jesus vier com a sua autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação/libertação sem fim.
    Há, ainda, um convite à vigilância (cf. Lc 21,34-36): é necessário manter uma atenção constante, a fim de que as preocupações terrenas e as cadeias escravizantes não impeçam os discípulos de reconhecer e de acolher o Senhor que vem.

    ACTUALIZAÇÃO

    A reflexão acerca do Evangelho de hoje pode tocar, entre outros, os seguintes pontos:

    • A realidade da história humana está marcada pelas nossas limitações, pelo nosso egoísmo, pelo destruição do planeta, pela escravidão, pela guerra e pelo ódio, pela prepotência dos senhores do mundo… Quantos milhões de homens conhecem, dia a
    dia, um quadro de miséria e de sofrimento que os torna escravos, roubando-lhes a vida e a dignidade… A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre a porta à esperança e grita a todos os que vivem na escravidão: “alegrai-vos, pois a vossa libertação está próxima. Com a vinda próxima de Jesus, o projecto de salvação/libertação de Deus vai tornar-se uma realidade viva; o mundo velho vai converter-se numa nova realidade, de vida e de felicidade para todos”.

    • No entanto, a salvação/libertação que há-de transformar as nossas existências não é uma realidade que deva ser esperada de braços cruzados. É preciso “estar atento” a essa salvação que nos é oferecida como dom, e aceitá-la. Jesus vem; mas é necessário reconhecê-l’O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. É preciso, também, ter a vontade e a liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que Ele nos transforme o coração e Se faça vida nos nossos gestos e palavras.

    • É preciso, ainda, ter presente, que este mundo novo – que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho – nunca será um realidade plena nesta terra, mas sim uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, haver destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 1º DOMINGO DO ADVENTO
    (adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

    1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
    Ao longo dos dias da semana anterior ao 1º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

    2. GESTO PARA O INÍCIO DO ADVENTO.
    Com o 1º Domingo do Advento, começa o ano litúrgico. Para os cristãos, é esta a altura propícia para se desejar um bom ano. O 1º Domingo do Advento é o momento oportuno para apresentar o desenrolar de um ciclo litúrgico no seu conjunto. Descobrir este caminho de oração, comum aos católicos do mundo inteiro, permite falar também da importância da prática regular. É tempo para tomar boas resoluções para o novo ano, o ano litúrgico. Pode-se marcar o início do Advento com uma procissão de entrada mais solenizada, escolhendo um cântico bem adaptado, ou com um acto penitencial mais desenvolvido. Isto para além dos símbolos tradicionais do Advento que podem ser valorizados…

    3. COROA DO ADVENTO.
    Entre os símbolos tradicionais, temos a “coroa do Advento”, com as quatro velas. Colocadas numa coroa ou de outra maneira, elas significam a progressão para o Natal. Muitas vezes, acende-se a vela ao longo da celebração. Este gesto ganha importância se for bem realizado. Pode ser durante o cântico inicial, no final da procissão, por uma criança ou um jovem, por um padre ou qualquer outro “actor” da liturgia. Pode também ser efectuado pelo próprio presidente da celebração, depois da saudação litúrgica. Tomar-se-á sempre o tempo de um belo gesto, que pode ser acompanhado por um breve refrão a apelar à vinda do Senhor… É importante cuidar da beleza dos objectos (velas, suporte, coroa), de tamanho adaptado ao edifício e dispostos de maneira coerente no espaço próprio.

    4. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
    Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

    No final da primeira leitura:
    “Ó Deus fiel, bendito és Tu pelo olhar que podemos ter sobre a obra que realizaste ao longo dos séculos, sobre as promessas dos profetas e sobre a sua realização pelo descendente de David, o teu Filho Jesus.
    Nós Te confiamos os povos e os países vítimas da insegurança, mas também os bairros das nossas cidades e os habitantes que vivem no temor”.

    No final da segunda leitura:
    “Pai, nós Te damos graças pelas instruções recebidas dos Apóstolos da parte do Senhor Jesus e pelos progressos que nos deixas realizar.
    Ó Deus nosso Pai, nós Te pedimos: dá-nos, entre nós e em relação a todos os homens, um amor cada vez mais intenso, coloca-nos no caminho de uma santidade irrepreensível, até ao dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo vier com todos os santos”.

    No final do Evangelho:
    “Ó Deus fiel, bendito és Tu pelas palavras de esperança que nos deste em Jesus, porque elas permitem-nos erguer a cabeça, mesmo nos momentos menos felizes.
    Nós Te pedimos: que o vosso Espírito nos mantenha vigilantes, numa oração perseverante, para que possamos estar firmes na presença de Jesus, teu Filho, e ressuscitar com Ele, quando vier com grande poder e glória”.

    5. BILHETE DE EVANGELHO.
    O sofrimento, as preocupações, o medo do futuro por vezes esmagam-nos e acabamos por baixar os braços.
    “Erguei-vos!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar os que se mantêm de pé, prontos a pôr-se a caminho para construir com Deus um futuro melhor. O medo faz baixar a cabeça; vive-se então no momento presente, com medo dos golpes que será necessário ainda suportar.
    “Levantai a cabeça!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que olham no horizonte Aquele que vem para nos salvar. A fadiga acaba por adormecer, sem dúvida porque não se espera mais nada e não se quer mais lutar.
    “Tende cuidado convosco e vigiai!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que permanecem atentos aos sinais que Deus não cessa de manifestar. A falta de confiança destrói a relação, sem se saber do que falar.
    “Orai em todo o tempo”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que entram em diálogo com Deus. A esperança nunca é passiva. Para esperar é preciso erguer-se, levantar a cabeça, estar atento e vigiar, orar: tais são os verbos activos que manifestam o que faz a grandeza do homem.

    6. À ESCUTA DA PALAVRA.
    Leitura do Livro de Jeremias: “Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá”. Palavra do Senhor!
    Leitura do Evangelho: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo”. Palavra do Senhor!
    Na mesma celebração, proclama-se como Palavra do Senhor duas afirmações tão afastadas uma da outra! Como resolver esta contradição? Primeiro, sendo realistas. O universo conhece transformações constantes, tremores de terra, erupç
    ões vulcânicas, tsunamis, meteoritos… A sol e as estrelas, um dia, apagar-se-ão. No fundo, Jesus, com os conhecimentos e a mentalidade da sua época, chama a nossa atenção para essa realidade: o nosso mundo, um dia, acabará. Não somente o “nosso” mundo, mas primeiro o “meu” próprio mundo, no dia da minha morte. Jesus convida-nos a não esquecer o fim de todas as coisas. Diz-nos: “Vigiai”. Vigiai para que não vos instaleis neste tempo como se ele fosse durar sempre! Mas aí, no coração da nossa condição mortal, Deus diz-nos uma palavra que não passará. Esta Palavra é o próprio Jesus.
    Começamos hoje um novo ciclo litúrgico. Mas não é um ciclo fechado sobre si mesmo. Cada ano que passa aproxima-nos do nosso fim terrestre, mas é-nos dado também como o tempo durante o qual Jesus vem visitar-nos, dar-nos a sua presença de Ressuscitado. Segundo a bela palavra de Jeremias, oferece-nos a nós como “um rebento de justiça”, como a “promessa de felicidade” que se realizará em plenitude no fim dos tempos. Desde agora, está em acção no segredo dos corações, como o poder da vida que, secretamente, constrói um novo ser no seio materno. “Vigiai e orai em todo o tempo”, a fim de estardes de pé no Dia da sua Vinda na plenitude da Luz.

    7. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
    Pode-se escolher a Oração Eucarística IV. É a mais adaptada para o início do Advento, porque recapitula a história da salvação e a obra de Cristo: a história dos homens é uma “história santa”.

    8. PALAVRAS PARA O CAMINHO…
    Na segunda leitura, Paulo lança-nos um forte apelo: “Irmãos, o Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos”. Ao longo da próxima semana, procuremos ir ao encontro de alguém que já não tem força para esperar: esperar um trabalho, esperar uma saúde melhor, esperar uma reconciliação… Que lhe vamos dizer? O Advento é o tempo propício para ajudar a erguer-se de novo, o tempo de voltar a dar gosto à vida que germina…
    Uma palavra de amor para cada dia… Porque Jesus nos pede para “orar em todo o tempo”, porque não experimentar agradar a Deus, nosso Pai, dizendo-lhe mais especialmente o nosso amor filial em cada dia deste tempo do Advento? Bastam alguns minutos, mas pode-se também de modo mais prolongado cuidar deste tempo privilegiado.

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
    PROPOSTA PARA
    ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
    Grupo Dinamizador:
    P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    Tel. 218540900 – Fax: 218540909
    portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

  • 01ª semana do Advento - Segunda-feira - Anos ímpares

    01ª semana do Advento - Segunda-feira - Anos ímpares


    29 de Novembro, 2021

    Tempo do Advento Primeira Semana - Segunda-feira

    Lectio
    Primeira leitura: Is 2, 1-5

    1 Visão profética de Isaías, filho de Amos. sobre Judá e Jerusalém: 2*No fim dos tempos o monte do templo do Senhor estará firme, será o mais alto de todos, e dominará sobre as colinas. Acorrerão a ele todas as gentes, 3virão muitos povos e dirão: «Vinde, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos, e nós andaremos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor. 4E1e julgará as nações, e dará as suas leis a muitos povos, os quais transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra. 5Vinde Casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.»
    Isaías, com o seu olhar de fé, descortina na história um duplo movimento: um movimento ascendente da parte do homem, que progride, que procura a Deus, e um movimento descendente da parte de Deus, que vem ao encontro do homem, por meio da sua Palavra, para o atrair para Si. O futuro da humanidade não será a catástrofe, mas a unidade, a paz universal. A vinda do Messias provocará entre os povos um movimento inverso ao que aconteceu em Babel. À confusão e à dispersão sucederá a união entre os homens e sua proximidade com Deus. Jerusalém será a cidade de Deus para sempre.
    A «palavra do senhor- (v. 3) dirigida aos homens, ensínar-lhes-á a concórdia e o caminho da paz, orientando nessa direcção as suas energias positivas. Assim, os instrumentos de guerra, serão transformados em instrumentos de paz: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em totces- (v. 4).
    As realizações humanas serão sempre frágeis. Mas ajudarão a compreender que a vida, que muitas vezes avança no meio de sofrimento, é uma santa peregrinação iluminada pela luz que emana do «monte do templo do Senhor» (v. 2). Essa luz, que será plena no fim dos tempos, brilha desde já iluminando o caminho do povo de Israel: « Vinde Casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor» (v. 5). A história avança, muitas vezes, no meio de grande turbulência e com muitas oscilações. Mas Isaías convida-nos ao optimismo.

    Evangelho: Mt. 8, 5-11
    Naquele tempo:5*entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos: 6«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.» 7Disse-Ihe Jesus: «Eu irei curá-to» 8Respondeu-Ihe o centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. 9porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: 'Vai; e ele vai; a outro: 'Vem; e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto; e ele faz.» 10*Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! 11*Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu.
    A fé do centurião causa espanto a Jesus. Trata-se de um pagão, pessoa considerada impura pelos judeus, de um soldado das forças estrangeiras de ocupação da terra de Israel! E todavia manifesta uma fé muito grande, uma fé convicta, determinada, acompanhada por um forte sentimento de indignidade, que não lhe permite ter pretensões. Reconhece que o povo eleito é Israel. Mas também sabe que o poder de Deus, manifestado em Jesus, não tem quaisquer limites. E, tal como a sua palavra de comandante é eficaz, está certo de que, com maior razão, também a palavra de Jesus será eficaz contra a doença do seu servo.
    Jesus exalta a fé desse "pagão" como verdadeira fé salvífica. Com este relato, Mateus propõe um caminho de fé que vai da confiança em Jesus, que pode e quer curar, ao acolhimento da sua pessoa como enviado de Deus, à abertura sincera e total que desemboca na fé.
    Ao terminar o relato, o evangelista acrescenta uma palavra de Jesus que evoca o banquete do fim dos tempos em que hão-de participar também os pagãos. Mateus, que é hebreu, parece querer provocar ciúmes nos seus irmãos hebreus e sacudir a sua excessiva segurança por serem o povo eleito.

    Meditatio
    As leituras de hoje abrem horizontes de esperança para todos os povos: Deus «dará as suas leis a muitos pOV09> (v. 4). Por isso, a nossa oração não pode limitar-se ao nosso horizonte pessoal, mas abrir-se aos desejos e aspirações de todos os homens, para que encontrem plena satisfação em Cristo, o verdadeiro templo a que «acorrerão todas as pentes» (v. 2).
    O Advento não é um tempo fictício. É verdade que Cristo já veio. Mas ainda não foi anunciado nem acolhido por todos os homens, por todos os povos, que por Ele anseiam. Também é certo que, Aquele que veio, há-de voltar no fim dos tempos, para completar a obra da salvação oferecida a todos os povos. Abramos, pois o coração a quantos ainda não conhecem o Senhor, ou não O querem conhecer, mas que d ' Ele precisam e, no fundo, por Ele anseiam.
    O evangelho diz-nos que, em Cristo, que vem ao nosso encontro, podemos descobrir o rosto de Deus que vem visitar a humanidade, que O procura ansiosamente. Mas também nos diz como se vai ao encontro de Cristo que vem. Em primeiro lugar, havemos de ter consciência daquilo que precisamos. O centurião precisa da intervenção de Cristo em favor do servo que sofre. Também nós havemos de estar conscientes das nossas reais necessidades, das nossas misérias ... Em segundo lugar, precisamos de humildade, isto é, de reconhecermos que não podemos salvar-nos só por nós mesmos. Em terceiro lugar, a humildade há ser acompanhada pela confiança no Senhor que vem ao nosso encontro para nos conduzir pelos caminhos da vida e da luz. A humildade também leva a reconhecer que, ainda que estejamos em urgente necessidade, não somos dignos, e muito menos podemos exigir, que o Filho de Deus se incomode por causa de nós. Não o merecemos. O que fizer por nós é puro dom da sua misericórdia.
    Precisamos também de fé. Sabemos que Deus tem os seus tempos e modos de actuar. Deixemo-lo actuar como e quando quiser. O centurião nada exige e está disponível para aceitar o que o Senhor quiser. Limita-se a crer em Jesus, a amar a sua vontade. E isso é o mais importante, como Jesus acaba por sublinhar
    O episódio narrado no evangelho de hoje também nos mostra que a fé não é monopólio de ninguém. Quem escutar a Palavra e aderir a Jesus Cristo, encontra a salvação. Por isso é que a Igreja continua a evangelizar todos os povos. E o Advento é também um tempo missionário que deve alertar-n
    os para a necessidade de evangelizar.
    Embora o nosso instituto não seja exclusivamente missionário, as missões «ed çentes» fazem parte das opções apostólicas preferenciais da Congregação. Já o Pe. Dehon, em carta ao Pe. Guillaume, em 3 de Outubro de 1910, indicava os motivos dessa opção: fazer conhecer o amor do Coração de Jesus nas terras infiéis; o espírito de sacrifício e, portanto, de imolação, a alegria de Nosso Senhor e da Igreja (AD B 44). A actividade missionária permanece no Instituto como um modo privilegiado de nos inserir no movimento de amor redentor, iniciado com o mistério da Encarnação e desenvolvermos riquezas da nossa vocação e oblatos-reparadores. O Advento é tempo de reavivarmos a consciência da nossa vocação missionária.

    Oratio
    Vem, Senhor Jesus! Precisamos de Ti, da realização das tuas promessas.
    Precisamos da tua palavra, que nos ensine a pôr de lado a prepotência, as incompreensões, as divisões e a violência e a percorrer os caminhos da paz.
    Vem, Senhor Jesus! Ilumina os nossos passos com a luz do teu rosto, e fortalece os nossos corações para sejamos capazes de transformar as lanças em foices e as espadas em relhas de arado.
    Vem, Senhor Jesus! Vem às nossas vidas, para nos iluminar, nos curar, nos dar
    a paz.
    Vem, Senhor Jesus! E, como o centurião, testemunharemos a nossa fé e a nossa confiança em Ti, bem como a nossa gratidão por Te fazeres nosso companheiro de viagem e nosso hóspede: «Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado!»
    Vem, Senhor Jesus! Vem, Senhor Jesus!

    Contemplatio
    Edificar e expandir benefícios, tal é o fim das relações exteriores de Jesus. Nós podemos considerá-lo nas suas relações com aqueles que são estranhos à fé judaica, depois nos seus encontros com os seus amigos e com os seus inimigos. As suas relações com aqueles que são estranhos à fé judaica: Várias vezes está em relação com estranhos a respeito da fé nacional, com pagãos, com samaritanos cismáticos. Ganha-os para a verdade pelos seus benefícios e pela sua santidade. Mas não tem sucesso junto de Pilatos, que está prevenido pelo orgulho e pelo interesse.
    Eis em primeiro lugar o centurião de Cafarnaúm. É pagão, mas é honesto e bom. Mandou mesmo construir uma sinagoga para os judeus. É um homem recto e humilde. Ouviu falar dos milagres de Jesus, e manda-lhe pedir a cura do seu servo. Jesus quer ir a sua casa. O centurião pronuncia esta palavra histórica: «Não sou digno de que entreis em minha casa». Jesus cura o seu servo sem ir mais longe e exalta a fé deste centurião: «Não encontrei uma tão grande fé em Israel» (Leão Dehon, OSP 2, p. 576).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
    «Senhor, eu não sou digno que entreis em minha morada, mas diz uma palavra e serei salvo!» (da Liturgia, cf. Mt 8, 8).

  • S. André, Apóstolo

    S. André, Apóstolo


    30 de Novembro, 2021

    André era discípulo de João Batista, e companheiro de João Evangelista. Quando o Precursor apontou Jesus que passava, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus" (cf. Jo 1, 35-40) tornou-se imediatamente discípulo do Senhor. Logo a seguir, comunicou a Pedro, seu irmão a descoberta do Messias (cf. Jo 1, 41s.). Jesus chamou a ambos para se tornarem "pescadores de homens" (Mt 4, 18s.). É André que, na multiplicação dos pães indica a Jesus o rapaz que tem cinco pães e dois peixes (Jo 6, 8s.). Com Filipe, André refere a Jesus que alguns gregos O querem ver (Jo 12, 20s.). A tradição reconhece em Santo André o evangelizador da Acaia (Grécia) e em Patras o lugar onde morreu após dois dias de suplício na Cruz, donde anunciou Cristo até ao último momento.
    Lectio
    Primeira leitura: Romanos 10,9-18

    Irmãos: Se confessares com a tua boca: «Jesus é o Senhor», e acreditares no teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo. 10É que acreditar de coração leva a obter a justiça, e confessar com a boca leva a obter a salvação. 11É a Escritura que o diz: Todo o que nele acreditar não ficará frustrado. 12Assim, não há diferença entre judeu e grego, pois todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam. 13De facto, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo. 14Ora, como hão-de invocar aquele em quem não acreditaram? E como hão-de acreditar naquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, sem alguém que o anuncie? 15E como hão-de anunciar, se não forem enviados? Por isso está escrito: Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas-novas! 16Porém, nem todos obedeceram à Boa-Nova. É Isaías quem o diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? 17Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. 18Mas, pergunto eu, será que não a ouviram? Pelo contrário: A voz deles ressoou por toda a terra e até aos confins do mundo as suas palavras.

    A fé leva à salvação quando nos abandonamos a Deus, reconhecendo-O como único Salvador. Mas a fé pressupõe a escuta da Palavra, pela pregação dos missionários. A pregação e a fé têm o mesmo objeto: o mistério de Jesus-Senhor, morto e ressuscitado pelo poder de Deus Pai. Por isso, quando alguém acredita, expropria-se de si mesmo e torna-se propriedade de Deus, garante e fundamento de toda a confiança dos homens n´Ele. Mas também a pregação pressupõe um evento histórico absolutamente necessário: ter sido enviado. Por outras palavras, a pregação pressupõe a missão. A mensagem evangélica, destinada a todos os povos, passa pela escolha que Jesus faz das suas testemunha e pelo seu envio em missão: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura." (Mc 16, 15).
    Evangelho: Mateus 4, 18-22

    Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. 21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.

    Jesus reúne à sua volta alguns discípulos aos quais dirige um especial ensinamento, porque os quer como discípulos e como testemunhas. Depois da Ressurreição, enviá-los-á ao mundo inteiro. Os Doze, de pescadores de peixes, tornam-se pescadores de homens. É o que Jesus lhes garante: "farei de vós pescadores de homens" (v. 19). André, com o seu irmão Simão, é um dos primeiros a ouvir o chamamento de Jesus e a segui-l´O. Mateus realça a prontidão com que o fizeram: "E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (v. 20). O seguimento de Jesus não admite hesitações ou demoras. Exige radicalidade!
    Meditatio

    A adesão pronta de André, e dos outros apóstolos, ao seguimento de Jesus e à missão que lhes confiava, permitiram-lhes levar a "Boa Notícia" da salvação aos confins da terra. A fé, adesão a Cristo e ao projeto de salvação que nos propõe, vem da escuta da Palavra, isto é, de Cristo, Palavra definitiva de Deus aos homens. Pregar essa Palavra, para que todos possam conhecê-la e aderir-lhe é, ainda hoje, a missão da Igreja.
    Somos, pois, convidados a escutar a Palavra, a acolhê-la no coração. É, sem dúvida, uma palavra exigente. Mas é Palavra salutar. Por isso, não podemos cair na tentação de lhe fechar os nossos ouvidos. Tal como certos remédios, a Palavra pode fazer-nos momentaneamente sofrer. Mas é a nossa salvação.
    A palavra é também alimento. Os profetas dizem que Deus promoverá no mundo uma fome, não de pão, mas da sua Palavra. Precisamos de experimentar essa fome, sabendo que a Palavra de Deus nos pode saciar para além de todas as realidades terrestres, e muito mais do que podemos imaginar.
    A palavra de Deus é exigência. Jesus fala de uma semente que deve crescer e espalhar-se por todo o lado. É a Palavra que torna fecundo o apostolado. Não pregamos palavras nossas, mas a Palavra que escutamos e acolhemos, e nos impele a proclamá-la, para pôr os homens em comunhão com Deus.
    S. João ensina-nos que não é fácil escutar a palavra, porque não é fácil ser dóceis a Deus. Mas só quem dócil ao Pai, escuta a sua Palavra: "Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim" (Jo 6, 45).
    A Palavra é a nossa felicidade. A palavra, meio de comunicação humana por excelência, permite-nos comunicar com Deus. Para entrar em comunicação e em comunhão com Deus, havemos de acolher a sua Palavra em nós.
    Que Santo André nos ensine a escutar e a acolher a Palavra de Deus, para estarmos em comunhão com Ele e uns com os outros.
    Oratio

    Senhor, abre-nos os ouvidos e o coração à tua Palavra para que estejamos dispostos a seguir-te em radicalidade evangélica e a ser tuas testemunhas onde e como dispuseres. Que a tua Palavra ecoe, hoje, mais eficazmente do que nunca. Que nos demos conta da tua presença e a reconheçamos, hoje, mais do que nunca, sobretudo os que somos jovens. Abandonados à tua solicitude de pastor, não faltarão vocações à tua Igreja. Ámen.
    Contemplatio

    Santo André foi um dos apóstolos que melhor compreendeu e saboreou o mistério da cruz. O seu bom coração foi penetrado pela graça do Calvário. Pregou a cruz na Cítia, no Ponto e noutras regiões. Desejava morrer sobre a cruz, para dar a Nosso Senhor amor por amor. Teve esta graça em Patras. Censurava ao juiz as suas perseguições contra a verdade. O juiz irritado ordenou-lhe que sacrificasse aos deuses. - «É ao Deus todo-poderoso, o único e verdadeiro, respondeu André, que imolo todos os dias, não a carne dos animais, mas o Cordeiro sem mancha, inteiro e cheio de vida sobre o altar, depois de ter sido imolado e dado em alimento aos cristãos». Mostrava assim sobretudo o seu amor pela Eucaristia. Contam que, vendo de longe a cruz sobre a qual devia ser ligado, exclamou: «Eu vos amo, cruz preciosa, que fostes consagrada pelo corpo do meu Deus, e ornada com os seus membros como com ricas pedrarias... Aproximo-me de vós com alegria, recebei-me nos vossos braços... Há muito tempo que vos desejo e que vos procuro. Os meus votos cumpriram-se. Que aquele, que de vós se serviu para me resgatar, se digne receber-me apresentado por vós». Na prática, unamos todas as nossas cruzes quotidianas à cruz de Jesus Cristo. Elas unir-nos-ão aos seus méritos. (Leão Dehon, OSP 4, p.505s.).
    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (Jo 3, 20)."

     

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    S. André, Apóstolo (30 de Novembro)

    S. André, Apóstolo

    S. André, Apóstolo


    30 de Novembro, 2021

    André era discípulo de João Batista, e companheiro de João Evangelista. Quando o Precursor apontou Jesus que passava, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus" (cf. Jo 1, 35-40) tornou-se imediatamente discípulo do Senhor. Logo a seguir, comunicou a Pedro, seu irmão a descoberta do Messias (cf. Jo 1, 41s.). Jesus chamou a ambos para se tornarem "pescadores de homens" (Mt 4, 18s.). É André que, na multiplicação dos pães indica a Jesus o rapaz que tem cinco pães e dois peixes (Jo 6, 8s.). Com Filipe, André refere a Jesus que alguns gregos O querem ver (Jo 12, 20s.). A tradição reconhece em Santo André o evangelizador da Acaia (Grécia) e em Patras o lugar onde morreu após dois dias de suplício na Cruz, donde anunciou Cristo até ao último momento.
    Lectio
    Primeira leitura: Romanos 10,9-18

    Irmãos: Se confessares com a tua boca: «Jesus é o Senhor», e acreditares no teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo. 10É que acreditar de coração leva a obter a justiça, e confessar com a boca leva a obter a salvação. 11É a Escritura que o diz: Todo o que nele acreditar não ficará frustrado. 12Assim, não há diferença entre judeu e grego, pois todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam. 13De facto, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo. 14Ora, como hão-de invocar aquele em quem não acreditaram? E como hão-de acreditar naquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, sem alguém que o anuncie? 15E como hão-de anunciar, se não forem enviados? Por isso está escrito: Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas-novas! 16Porém, nem todos obedeceram à Boa-Nova. É Isaías quem o diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? 17Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. 18Mas, pergunto eu, será que não a ouviram? Pelo contrário: A voz deles ressoou por toda a terra e até aos confins do mundo as suas palavras.

    A fé leva à salvação quando nos abandonamos a Deus, reconhecendo-O como único Salvador. Mas a fé pressupõe a escuta da Palavra, pela pregação dos missionários. A pregação e a fé têm o mesmo objeto: o mistério de Jesus-Senhor, morto e ressuscitado pelo poder de Deus Pai. Por isso, quando alguém acredita, expropria-se de si mesmo e torna-se propriedade de Deus, garante e fundamento de toda a confiança dos homens n´Ele. Mas também a pregação pressupõe um evento histórico absolutamente necessário: ter sido enviado. Por outras palavras, a pregação pressupõe a missão. A mensagem evangélica, destinada a todos os povos, passa pela escolha que Jesus faz das suas testemunha e pelo seu envio em missão: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura." (Mc 16, 15).
    Evangelho: Mateus 4, 18-22

    Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. 21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.

    Jesus reúne à sua volta alguns discípulos aos quais dirige um especial ensinamento, porque os quer como discípulos e como testemunhas. Depois da Ressurreição, enviá-los-á ao mundo inteiro. Os Doze, de pescadores de peixes, tornam-se pescadores de homens. É o que Jesus lhes garante: "farei de vós pescadores de homens" (v. 19). André, com o seu irmão Simão, é um dos primeiros a ouvir o chamamento de Jesus e a segui-l´O. Mateus realça a prontidão com que o fizeram: "E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (v. 20). O seguimento de Jesus não admite hesitações ou demoras. Exige radicalidade!
    Meditatio

    A adesão pronta de André, e dos outros apóstolos, ao seguimento de Jesus e à missão que lhes confiava, permitiram-lhes levar a "Boa Notícia" da salvação aos confins da terra. A fé, adesão a Cristo e ao projeto de salvação que nos propõe, vem da escuta da Palavra, isto é, de Cristo, Palavra definitiva de Deus aos homens. Pregar essa Palavra, para que todos possam conhecê-la e aderir-lhe é, ainda hoje, a missão da Igreja.
    Somos, pois, convidados a escutar a Palavra, a acolhê-la no coração. É, sem dúvida, uma palavra exigente. Mas é Palavra salutar. Por isso, não podemos cair na tentação de lhe fechar os nossos ouvidos. Tal como certos remédios, a Palavra pode fazer-nos momentaneamente sofrer. Mas é a nossa salvação.
    A palavra é também alimento. Os profetas dizem que Deus promoverá no mundo uma fome, não de pão, mas da sua Palavra. Precisamos de experimentar essa fome, sabendo que a Palavra de Deus nos pode saciar para além de todas as realidades terrestres, e muito mais do que podemos imaginar.
    A palavra de Deus é exigência. Jesus fala de uma semente que deve crescer e espalhar-se por todo o lado. É a Palavra que torna fecundo o apostolado. Não pregamos palavras nossas, mas a Palavra que escutamos e acolhemos, e nos impele a proclamá-la, para pôr os homens em comunhão com Deus.
    S. João ensina-nos que não é fácil escutar a palavra, porque não é fácil ser dóceis a Deus. Mas só quem dócil ao Pai, escuta a sua Palavra: "Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim" (Jo 6, 45).
    A Palavra é a nossa felicidade. A palavra, meio de comunicação humana por excelência, permite-nos comunicar com Deus. Para entrar em comunicação e em comunhão com Deus, havemos de acolher a sua Palavra em nós.
    Que Santo André nos ensine a escutar e a acolher a Palavra de Deus, para estarmos em comunhão com Ele e uns com os outros.
    Oratio

    Senhor, abre-nos os ouvidos e o coração à tua Palavra para que estejamos dispostos a seguir-te em radicalidade evangélica e a ser tuas testemunhas onde e como dispuseres. Que a tua Palavra ecoe, hoje, mais eficazmente do que nunca. Que nos demos conta da tua presença e a reconheçamos, hoje, mais do que nunca, sobretudo os que somos jovens. Abandonados à tua solicitude de pastor, não faltarão vocações à tua Igreja. Ámen.
    Contemplatio

    Santo André foi um dos apóstolos que melhor compreendeu e saboreou o mistério da cruz. O seu bom coração foi penetrado pela graça do Calvário. Pregou a cruz na Cítia, no Ponto e noutras regiões. Desejava morrer sobre a cruz, para dar a Nosso Senhor amor por amor. Teve esta graça em Patras. Censurava ao juiz as suas perseguições contra a verdade. O juiz irritado ordenou-lhe que sacrificasse aos deuses. - «É ao Deus todo-poderoso, o único e verdadeiro, respondeu André, que imolo todos os dias, não a carne dos animais, mas o Cordeiro sem mancha, inteiro e cheio de vida sobre o altar, depois de ter sido imolado e dado em alimento aos cristãos». Mostrava assim sobretudo o seu amor pela Eucaristia. Contam que, vendo de longe a cruz sobre a qual devia ser ligado, exclamou: «Eu vos amo, cruz preciosa, que fostes consagrada pelo corpo do meu Deus, e ornada com os seus membros como com ricas pedrarias... Aproximo-me de vós com alegria, recebei-me nos vossos braços... Há muito tempo que vos desejo e que vos procuro. Os meus votos cumpriram-se. Que aquele, que de vós se serviu para me resgatar, se digne receber-me apresentado por vós». Na prática, unamos todas as nossas cruzes quotidianas à cruz de Jesus Cristo. Elas unir-nos-ão aos seus méritos. (Leão Dehon, OSP 4, p.505s.).
    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (Jo 3, 20)."

     

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    S. André, Apóstolo (30 de Novembro)

  • 01ª semana do Advento - Quarta-feira - Anos Ímpares

    01ª semana do Advento - Quarta-feira - Anos Ímpares


    1 de Dezembro, 2021

    Tempo do Advento Primeira Semana - Quarta-feira

    Lectio
    Primeira leitura: Is. 25, 6-10a
    6*No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos um banquete de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e saborosas, vinhos velhos e bem tratados. 7Neste monte, Ele arrancará o véu de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações. 8*Aniquilará a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará o opróbrio que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação. Foi o Senhor quem o proclamou. 9Dir-se-á naquele dia: «Este é o nosso Deus, nele confiámos e Ele nos salva. Este é o Senhor em quem confiámos. Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua salvação. 1 DA mão do Senhor repousará sobre este monte.»
    o banquete simboliza a comunhão, o diálogo, a festa, a vitória. O banquete anunciado por Isaías celebrará a derrota, por Deus, dos poderes que subjugam o homem, mas também a realeza universal do mesmo Deus. Esse banquete será oferecido em Sião, símbolo da eleição de Israel.
    Como era costume, o Rei, ao ser entronizado, oferece presentes aos convidados.
    O primeiro é a sua presença, e a sua manifestação aos povos: «arrancará o véu de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações» (v. 7). Outro presente será a aniquilação da morte. Finalmente, o próprio Deus passará a enxugar as lágrimas de todas as faces, a consolar todos os que sofrem. É o terceiro dom, um dom personalizado.
    Esta esperança baseia-se unicamente na promessa de Deus, e não em cálculos humanos: «Foi o Senhor quem o prodsrnoo» (v. 8). É uma esperança segura. Por isso, irrompe o hino de louvor, ainda antes da realização da promessa da salvação. Deus não falha: «Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua sstvsçêo. (v. 9).

    Evangelho: Mt. 15, 29-37

    29Naquele tempo, Jesus foi para junto do mar da Galileia. Subiu ao monte e sentou-se. 3DVieram ter com Ele numerosas multidões, transportando coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os, 31 *de sorte que as multidões ficaram maravilhadas ao ver os mudos a falar, os aleijados escorreitos: os coxos a andar e os cegos com vista. E davam glória ao Deus de Israel. 32*Jesus, chamando os discípulos, disse-lhes: «Tenho compaixão desta gente, porque há já três dias que está comigo e não tem que comer. Não quero despedi-los em jejum, pois receio que desfaleçam pelo caminho.» 330s discípulos disseram-lhe: «Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?» 34Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Responderam: «Sete, e alguns peixinhos.» 350rdenou à multidão que se sentasse. 36Tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e dava-os aos discípulos, e estes, à multidão. 37*Todos comeram e ficaram saciados; e, com os bocados que sobejaram, encheram sete cestos.
    Mateus apresenta-nos um magnifico quadro em que Jesus que cura os doentes e dá a todos o pão, sinal do banquete messiânico. Assim revela a sua compaixão para com a multidão que O seguiam. Os discípulos nem tinham reparado na fome e falta de meios daquela gente. Por isso, antes de fazer o milagre, Jesus chama-os e convida-os a participar da sua compaixão para com os pobres e carenciados.
    Mateus narrara, pouco antes, uma viagem de Jesus a terra estrangeira (15, 21), o que nos permite pensar que a multidão fosse formada, pelo menos em boa parte, por pagãos. O evangelista, que sabe que a missão universal é pós-pascal, quer sublinhar que a compaixão de Deus, manifestada em Jesus, abrange todos os povos. Na primeira multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), Jesus tinha-se revelado o bom pastor de Israel. Agora, também os pagãos são convidados para o banquete messiânico.
    Os pães que sobejam mostram que nesse banquete há sempre lugar para todos. O número 7 dos cestos do pão que sobejou, bem como o número 4.000 dos que comeram, simbolizam, mais uma vez, o tema da salvação universal, que Jesus tem em mente.

    Meditatio
    Todos nós sentimos um forte desejo de felicidade. Foi Deus que pôs em nós esse desejo, para que O procurássemos. Por isso quer satisfazer-nos.
    Na liturgia de hoje, Deus promete-nos o fim das nossas penas e muita felicidade. De facto as leituras são uma ilustração coerente do rosto de Deus, que vem curar a humanidade ferida e satisfazer o nosso desejo de salvação. Desejamos essa salvação, mas só Deus no-Ia pode dar, iluminando os nossos corações ameaçados pelo não conhecimento d ' Ele e pelo desânimo. Reconhecemo-nos a nós mesmos no meio da multidão de pobres e doentes que se acotovelam ao redor de Jesus, pois n ' Ele descobrem Deus hóspede da humanidade, que cura os doentes e a todos oferece uma refeição, símbolo do banquete eterno para o qual vem convidar todos os homens. Por isso, todos nos sentimentos também convidados a proclamar o poder do Hóspede divino, que vence a dor e a morte, que prepara o banquete para todos os povos, e a contemplar o seu rosto. De facto, a misericórdia divina assume para nós os contornos do rosto e dos gestos de Jesus que cura os doentes e sacia as multidões famintas que O seguem. Na compaixão de Jesus, torna-se visível, para nós, o rosto de um Deus, médico que cura a nossa humanidade cansada e doente. Nele encontramos o divino e generoso Hóspede que nos acolhe à sua mesa e declara quanto somos importantes e preciosos aos seus olhos.
    Ao lermos este evangelho no Advento, podemos ver nele alguns símbolos da Incarnação. Jesus fez-se homem porque teve compaixão dos homens e lhes quis dar de comer. Para poder dar-nos a sua carne e o seu sangue, pediu a colaboração da Virgem Maria. Mais tarde pedirá aos Apóstolos para estarem disponíveis, isto é, para darem o que têm para que Ele possa multiplicar o pouco de que dispõem e responder aos grande problemas do mundo.
    O mesmo quer continuar a fazer nos nossos dias. Por isso nos mostra as necessidades do mundo de hoje, nos sensibiliza para elas e nos pergunta: «Quantos pães tendes?» Pede-nos para pormos à disposição de todos o pouco que temos, pede¬nos disponibilidade, para continuar a sua obra de salvação, de libertação.

    "A nossa união com Cristo" (Cst. 18), "no seu amor pelo Pai e pelos homens" (Cst. 17) manifesta-se, não só "na escuta da Palavra e na partilha do Pão" (Cst. 17), mas também "na disponibilidade e no amor para com todos" (Cst. 18).
    Foi na disponibilidade e no amor para com todos que o Pe. Dehon realizou a sua "solidariedade" afectiva e efectiva com Cristo. Daí o seu apostolado, caracterizado por uma extrema atenção aos homens, especialmente aos mais desprotegidos e pela solicitude em remediar activamente as insufici&ec
    irc;ncias pastorais da Igreja do seu tempo" (Cst. 5). Foi assim que realizou o "carisma profético" de oblato na "oblação reparadora de Cristo ao Pai pelos homens" (Cst. 6), fazendo de "toda a sua vida ... uma missa permanente' (Cst. 5), um dom para Deus e um dom para os homens.

    Oratio
    Senhor Jesus, queremos juntar-nos àqueles que, há dois mil anos, e ao longo dos séculos, procuraram em Ti a saúde, a consolação e o alimento que sacia para a vida eterna. Sara as nossas feridas do passado, os nossos males do presente e fortalece-nos para o futuro. Consola-nos com o teu amor, mata-nos a fome com o teu pão de cada dia, e com o Pão eucarístico. Sacia-nos com o teu Espírito.
    Aumenta em nós a feliz esperança, a tensão para o banquete da vida plena e definitiva que, com o Pai, preparas para todos os povos.
    Nós Te bendizemos pela tua compaixão para com os pobres e sofredores, aos
    quais revelas o amor misericordioso do Pai.
    Nós Te bendizemos pelo pão de cada dia, sinal da tua solicitude por nós. Nós Te bendizemos pelo Pão da Eucaristia, alimento das nossas almas.
    Aumenta em nós a caridade para que, na partilha e no serviço, possamos ser verdadeiras testemunhas do teu imenso coração de pastor, que cuida e apascenta as suas ovelhas.

    Contemplatio
    «A terceira virtude que é preciso honrar no Sagrado Coração, diz ainda o P.
    Cláudio de la Colornbíêre, é a sua compaixão muito sensível pelas nossas misérias, o seu amor imenso por nós apesar destas mesmas misérias, e, apesar destes movimentos e impressões, a sua igualdade inalterável causada por uma conformidade tão perfeita à vontade de Deus, que não podia ser perturbada por nenhum aconteci mente».
    Não foi na misericórdia do seu Coração que ele nos visitou: Per viscera misericordiae in qulbus visitavit nos (Lc 1, 78). Quando Jesus encontra doentes, mortos, o seu Coração não pode resistir às lágrimas daqueles que os envolvem. Emudecido de piedade, cura-os, dá-lhes a vida: misericordia motus(lc 7, 13).
    Vendo a multidão sem provisões para a sua refeição, tem compaixão dela: misereor super turbam (Lc 10, 33).
    «Este Coração está ainda, quanto isso ainda possa ser, nos mesmos sentimentos, observa o P. Cláudio de la Colombíere, está sempre ardente de amor pelos homens, sempre aberto para espalhar todas as espécies de graças e de bênçãos, sempre tocado pelos nossos males, sempre pressionado pelo desejo de nos dar a participar nos seus tesouros e a dar-se a si mesmo a nós, sempre disposto a nos receber, e a nos servir de asilo, de morada e de paraíso, desde esta vida».
    Mantendo-me unido ao Coração de Jesus e meditando nos seus mistérios, participarei cada vez mais nas suas virtudes (leão Dehon, OSP 3, p. 668s.).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: « Tenho compaixão desta gente» ele 15, 32).

  • 01ª semana do Advento - Sexta-feira - Anos ímpares

    01ª semana do Advento - Sexta-feira - Anos ímpares


    3 de Dezembro, 2021

    Tempo do Advento Primeira Semana - Sexta-feira

    Lectio
    Primeira leitura: Is. 29, 17-24

    Assim fala o Senhor Deus:17Dentro de muito pouco tempo, o Líbano converter¬se-e em pomar, e o pomar será como uma floresta.18Nesse dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e, livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão.190s oprimidos voltarão a alegrar-se no Senhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. 20Foi eliminado o tirano e desapareceu o cínico, e todos os que buscam a iniquidade serão exterminados: 21 *os que acusam de crime os inocentes, os que procuram enganar o juiz, os que por uma coisa de nada condenam os outros. 22Por isso, o Senhor fala aos descendentes de Jacob -Ele que resgatou Abraão: «Daqui em diante, Jacob não será mais envergonhado, o seu rosto não mais ficará corado. 23Quando os seus filhos virem o que Eu fiz por eles, bendirão o meu nome, bendirão o Santo de Jacob e temerão o Deus de Israel. 240s espíritos desencaminhados compreenderão, e os que protestavam, aprenderão a lição.»
    A locução «nesse di~> (v. 18) introduz o anúncio de uma mudança profunda realizada pelo Senhor no seu povo que se tinha deixado perverter, caindo numa situação de cegueira e de incompreensão. Isaías canta essa mudança, essa passagem das trevas à luz, provocada pelas maravilhas que o Senhor realiza, destruindo os projectos escondidos em que o povo incrédulo baseava a sua sabedoria (cf. Is 29, 15). A acção de Deus realiza-se na natureza (v. 17), nas enfermidades físicas (v. 18) e no campo moral e religioso, onde reina a injustiça (vv. 19-21).
    A salvação provoca o júbilo dos «humíldes» (v. 19), isto ~ daqueles que confiam no Senhor e perseveram na espera da salvação que vem dele. Com a alegria dos carenciados e dos últimos, e com o desaparecimento dos violentos, dos cínicos e dos enganadores, a obra do Senhor atinge o vértice, porque nela os crentes reconhecem¬no como o redentor de Abraão e de Jacob: «livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão» (v. 18).

    Evangelho: Mt. 9, 27-31

    Naquele tempo: 27*Jesus pôs-se a caminho e seguiram-n 'O dois cegos, gritando: «Filho de David, tem misericórdia de nôst» 28Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele, e Jesus disse-lhes: «Credes que tenho poder para fazer isso?» Responderam-lhe: «Cremos, Senhor!» 29Então, tocou-lhes nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé.» 30E os olhos abriram-se-Ihes. Jesus advertiu-os em tom severo: «Vede lá, que ninguém o saiba.» 31Mas eles, saindo, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
    Um dos sinais da salvação anunciada pelos profetas para indicar o Messias é dar vista aos cegos (cf. Is 29, 18ss; 35, 10). A narrativa da cura dos dois cegos revela a tendência de Mateus para reduzir os elementos descritivos e dar relevo ao tema da autoridade de Jesus e da fé do discípulo ou do miraculado. A fé daquele que procura a cura junto de Jesus manifesta-se, em primeiro lugar, no seguimento (v. 27) e torna-se súplica insistente, confiante.
    Os dois cegos devem entrar em casa para se aproximarem de Jesus, quase a sugerir que, para chegar à luz da fé, é preciso entrar na comunidade dos crentes. Aproximar-se de Jesus é necessariamente entrar em comunhão com a sua Pessoa e escutar a sua Palavra. Jesus faz como que um exame à fé dos cegos, isto é, à confiança que têm no seu poder salvador (v. 28).
    A palavra de cura que Jesus dirige aos cegos é semelhante à que dirigiu ao centurião (Mt 8, 13) e parece estabelecer uma certa proporcionalidade entre a fé e a cura. Mas oferece sobretudo um ensinamento à comunidade para que ultrapasse a necessária prova da fé na oração, reconhecendo que a ajuda concedida é resultado da escuta da súplica de um coração sincero.

    Meditatio
    Isaías anunciou para os tempos messiânicos que, «livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão: Jesus realiza a palavra do profeta curando vários cegos, também os dois de que nos fala o evangelho de hoje. Ao recuperaram a vista, podem contemplar o mundo criado por Deus e as suas belezas. Mas aconteceu neles algo de mais profundo, uma verdadeira transformação, realizada pelo acolhimento da Boa Nova na fé: passaram a ver toda a realidade, e a si mesmos, com olhos novos. Antes de chegarem à fé, tinham uma visão distorcida do mundo, de si mesmos, dos outros e da história. A Boa Nova fê-los darem-se conta da sua cegueira e da necessidade que tinham de ser curados.
    Quem julga ver, permanece cego, permanece no pecado, como lembra João (9, 41). O Evangelho abre-me os olhos, faz-me tomar consciência de que não vejo. Mas, se tenho a dita de me encontrar com o Senhor, se acreditar n ' Ele e invocar a sua misericórdia para a minha cegueira, recebo d ' Ele o dom da vista. É a fé que me abre os olhos, e é a misericórdia de Cristo, isto é, o movimento do seu coração em direcção aos miseráveis, que O leva a fazer o milagre. A liturgia de hoje mostra-nos a relação entre olhos e coração.
    Quando chego à fé, começo a ver, inicialmente de modo algo confuso, mas, depois, cada vez mais claramente, a acção do Senhor na minha história e na dos meus irmãos e irmãs. A fé faz-se descobrir os sinais luminosos das visitas de Deus à minha vida, em todos os seus momentos, mesmo naqueles em que, à primeira vista, só vejo trevas e marcas negativas.
    Como os cegos do evangelho, vejo-me envolvido na compaixão de Cristo, acolhido na sua casa, tocado pela sua mão misericordiosa. Mas o evangelho também me faz ver, de modo diferente os outros e os acontecimentos, e ensina-me a estimar aquilo que o mundo espontaneamente não aprecia: os humildes, os pobres, os oprimidos.
    Lemos nas nossas Constituições: «Sequiosos de intimidade com o Senhor, procuramos os sinais da sua presença na vida dos homens, onde actua o seu amor salvador. Partilhando as nossas alegrias e sofrimentos, Cristo identificou-Se com os pequenos e com os pobres, aos quais anuncia a Boa Nova. "Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes" (Mt 25,40). "0 Espírito do Senhor está sobre Mim ... enviou-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos, a proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19) (n. 28).
    Este número, que nos orienta de maneira esplêndida, para o apostolado dos "pequenos" e dos "pobres", começa com uma experiência contemplativa: "Sequiosos de intimidade com Senhor". A fé, leva-nos a haurir o amor oblativo na sua fonte, no Coração de Cristo. Por meio da "oração de intimidade", reconhecemos (isto é, fazemos experiência de vida) e cremos (isto é, aderimos com todo o nosso ser) "ao amor que Deus tem por nós" (1 Jo 4, 16). E, se a experiência contemplativa for autêntic
    a, sentimos a necessidade de irradiar este amor entre os irmãos, isto é, de viver "a oração perene" (ou caridade perene), de acordo com a exortação de Jesus: é preciso "rezar (= amar) sempre, sem desfalecer" (Lc 18, 1). É a passagem espontânea da contemplação à acção e o regresso da acção à contemplação, naquele único amor oblativo, que anima tanto a acção como a contemplação. É, pois, um desejo espontâneo de amor, que procura "os sinais da presença" do Senhor "na vida dos homens, onde actua o seu amor" (Cst. 28).

    Oratio
    Pai misericordioso, cura o meu coração e ilumina-o pela graça do Espírito Santo. Tu és a luz; e, à tua luz, vemos a luz!
    Senhor Jesus Cristo, luz do mundo, cura a minha cegueira, para que possa contemplar as maravilhas do amor do Pai entre nós.
    Espírito santo, luz dos corações, renova os nossos olhos para compreendermos que não vês como nós vemos, mas o que Deus ama.
    Santíssima Trindade, dá-nos um olhar puro, para que possamos ver-Te, contemplar as tuas obras no nosso mundo e viver como filhos da luz.
    Meu Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, dá-nos um coração cheio do teu amor, um coração aberto aos pobres e aos humildes para que possamos louvar os teus desígnios de amor e de justiça. Amen.
    Contemplatio
    o Coração de Jesus transborda de ternura e de compaixão por todos os que sofrem, por todos os que penam, por todos os que têm fome, por todos os que estão doentes. É um coração de pai, um coração de mãe, um coração de pastor.
    Jesus é o nosso pai como Deus, como Salvador, mas é-o também como Pontífice, como padre. É nosso pastor, é o Bom Pastor por excelência. É o seu coração de padre que sofre quando nós sofremos.
    Mais do que S. Paulo, pode dizer: «Quem de vós está a sofrer sem que eu não esteja também?» (2Cor 11, 29).
    Isaías descreveu-o sob este aspecto: «Fui enviado, diz o Messias, para evangelizar os pobres, para consolar os aflitos, para levantar os que sucumbem sob o peso da fadiga e do sofrimento, para restituir a vista aos cegos e o ouvido aos surdos» (Is 61).
    Nosso Senhor tem o coração todo cheio do sentimento da sua missão. Chama a si todos os que sofrem: «Vinde a mim vós todos os que estais em aflição e Eu vos aliviarei» (Mt 11).
    Ele sabe o que é sofrer, conheceu o exílio, a perseguição, a fome; tem sempre diante dos olhos os grandes sofrimentos que lhe estão reservados para o fim da sua vida.
    Assim deve ser o padre. Deve procurar aqueles que sofrem, visitá-los, consolá¬los. Se não os pode curar, pode consolá-los, encorajá-los à paciência; pode dar-lhes um conselho de higiene e oferecer-lhe remédios. Deve estar para eles mais do que para os que têm saúde. (Leão Dehon, OSP 2, p. 564).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Filho de David, tem misericórdia de nos»

    S. Francisco Xavier, Presbítero

    S. Francisco Xavier, Presbítero


    3 de Dezembro, 2021

    Francisco Xavier nasceu a 7 de Abril de 1506, no castelo da sua família, perto de Pamplona, Espanha. Fez os seus estudos académicos na Universidade de Paris, onde, em 1530, era já professor. Motivado por Inácio de Loiola, seu aluno e amigo, abandonou a prometedora carreia que iniciara, juntando-se a ele para fundar a Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote, foi enviado para a Índia. Desembarcou em Goa em 1542. Seguem dez anos de intensos trabalhos, que constituem uma das mais gloriosas epopeias, na História missionária da Igreja. Evangeliza as zonas costeiras da Índia, vai a Malaca, às Molucas e ao Japão. Acaba por falecer na ilha de Sanchão, às portas da China, que pretendia evangelizar. A sua vida foi marcada pelo amor de Deus e pelo zelo apostólico. Foi canonizada em 1622. É um dos padroeiros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos.
    Lectio
    Primeira leitura: 1 Coríntios 9, 16-19.22-23

    Irmãos: anunciar o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar! 17Se o fizesse por iniciativa própria, mereceria recompensa; mas, não sendo de maneira espontânea, é um encargo que me está confiado. 18Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere. 19De facto, embora livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, para ganhar o maior número. 20Fiz-me judeu com os judeus, para ganhar os judeus; com os que estão sujeitos à Lei, comportei-me como se estivesse sujeito à Lei - embora não estivesse sob a Lei - para ganhar os que estão sujeitos à Lei; 21com os que vivem sem a Lei, fiz-me como um sem Lei - embora eu não viva sem a lei de Deus porque tenho a lei de Cristo - para ganhar os que vivem sem a Lei. 22Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. 23E tudo faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante.

    Mais uma vez, Paulo se vê obrigado a defender, não tanto a sua pessoa, mas a sua ação de apóstolo no meio da comunidade cristã de Corinto. Havia quem o acusasse de interesse próprio no exercício do seu ministério: busca de bens materiais, afirmação pessoal. O Apóstolo reage afirmando que, para ele, evangelizar é "um dever". Quem livremente se põe ao serviço de um senhor, não pode furtar-se a esse serviço. É o que acontece com Paulo. Por isso afirma: «ai de mim, se eu não evangelizar!» (v. 16b).
    S. Francisco Xavier também estava consciente de que o chamamento ao apostolado é um encargo confiado por Deus. Vive a sua vocação e missão com inquebrantável e total fidelidade, total desinteresse e extraordinário elo apostólico.
    Evangelho: Marcos 16, 15-20

    Naquele tempo, Jesus apareceu aos one Apóstolos e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado. 17Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.» 19Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. 20Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

    O mandato de Cristo, "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura." (v. 15), destina-se aos Apóstolos e a todos os batizados, clérigos, religiosos ou leigos. "O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte" (vv. 19-20). Os Onze acolheram o mandato com prontidão. Ao realizá-lo deram-se conta de que, Aquele que subira ao céu, Jesus, na verdade continuava com eles, acompanhando-os, cooperando com palavras e prodígios (cf. vv. 17-18). É consolador para os evangelizadores saberem que não estão sós, que o Senhor caminham com eles e que podem contar com o seu poder para vencer os obstáculos, demónios e todos os males.
    Meditatio

    O ministério apostólico de S. Francisco Xavier, com o dinamismo com que o exerceu, é espantoso. Em 1542, foi mandado para as Índias, ou para os confins do mundo, como então se dizia. Chegou lá, depois de uma longa e perigosa viagem. Lançou-se imediatamente na evangelização de cidades e aldeias, em permanentes viagens, sem temer intempéries nem outros perigos. Apenas dois anos, após a chegada à Índia, foi a Ceilão e às Molucas. Regressou à Índia para confirmar os resultados da sua evangelização, para organizar e dar novo impulso à obra dos seus companheiros. Mas não ficou por aí. Tinham-no informado que o Japão era um reino muito importante e partiu para lá, pensando que a sua conversão poderia influir positivamente na evangelização de todo o Extremo Oriente. Prosseguiu, no reino do Sol nascente, as suas viagens e o anúncio do Evangelho. Ao regressar desse país, projeta evangelizar a China. Ao procurar realizar esse intento, é surpreendido pela morte, na ilha de Sanchão, no ano de 1552. Em aproximadamente dez anos, percorreu milhares de quilómetros, com os meios e as dificuldades que mal podemos imaginar, dirigindo-se a numerosos povos, que falavam diferentes línguas. O segredo da sua coragem e do seu dinamismo era a oração e a união com Cristo, na união ao mistério de Deus que quer comunicar com todos os homens.
    Também Jesus teve que ultrapassar uma distância infinita para vir até nós e estar connosco: deixou o Pai, como diz o evangelho de João, para vir ao mundo. Continuou a sua viagem durante o seu ministério de apenas três anos, indo ao encontro das pessoas para lhes anunciar a Boa Nova do Reino, não se limitando a esperar que O procurassem. Hoje, se queremos que o evangelho chegue aos nossos contemporâneos, não basta esperá-los na igreja. É preciso procura-los onde eles estão. É preciso "sair das sacristias" como dizia o P. Dehon aos sacerdotes do seu tempo.
    S. Francisco Xavier deixou-se iluminar pelo Espírito Santo, permitiu a Cristo habitar no seu coração inquieto e foi conduzido por Deus Pai através dos caminhos do mundo, capaz de tudo "naquele que me dá força". A nossa fé, tantas vezes opaca e apagada, recebe luz e paixão do grande missionário e santo, que hoje celebramos. Para receber o amor de Deus é preciso transmiti-lo. Para o receber ainda mais é preciso dá-lo aos outros de modo ainda mais fiel e generoso.
    Oratio

    S. Francisco Xavier, ficaríeis certamente espantado com os meios de transportes e as possibilidades de comunicação que, hoje, temos no mundo: nenhum país se encontra a mais de trinta horas de voo e a comunicação telemática é praticamente instantânea. Alcança-nos de Deus um pouco do teu zelo apostólico e do teu dinamismo, para que o Evangelho chegue, efetivamente a todos os homens. Alcança-nos de Deus uma fé viva que nos leve a um testemunho generoso e alegre da Boa Notícia de que Deus a todos chama para serem seus filhos. Ámen.
    Contemplatio

    O primeiro projeto de Xavier e dos seus companheiros era de irem para a Palestina para aí trabalharem na conversão dos infiéis. Tinham o secreto desejo do martírio. Mas a guerra que reinava entre Veneza e os Turcos pôs obstáculo aos seus desígnios. Puseram-se à disposição do Papa que lhes confiou o cuidado de pregarem missões em Roma, depois logo, a pedido do rei de Portugal, Xavier partiu para as Índias. Que zelo que ele mostrou! Em Goa, tomou alojamento entre os pobres no hospital. Recusou o apartamento que lhe era oferecido pelo vice-rei. Missionou na cidade, depois percorreu todas as Índias, a custo das maiores fadigas. A sua missão tornou-se semelhante à dos apóstolos, pela extensão e pela rapidez dos seus sucessos. Empregava os meios de que eles mesmos se tinham servido para converterem o mundo idólatra: a oração, a humildade, o desinteresse, a mortificação. Era ajudado pelo dom dos milagres. Sto. Inácio enviou-lhe companheiros. Deixou às Índias cristandades florescentes, depois passou ao Japão, onde teve também grandes sucessos, mas a custo das mesmas fadigas e de grandes humilhações. Morreu como missionário na ilha de Sanchão, perto da China. Qual é o nosso zelo? Fazemos o que podemos pelo próximo, segundo a nossa vocação? (Leão Dehon, OSP 4, p.520s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Tudo posso n´Aquele que me dá força" (Fl 4, 13).

     

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    S. Francisco Xavier, Presbítero (3 de Dezembro)

  • 01ª semana do Advento - Sábado - Anos ímpares

    01ª semana do Advento - Sábado - Anos ímpares


    4 de Dezembro, 2021

    Tempo do Advento Primeira Semana - Sábado

    Lectio
    Primeira leitura: Is. 30, 19-21.23-26

    19Povo de Sião, que habitas em Jerusalém, já não chorarás mais, porque o Senhor terá piedade de ti quando ouvir a tua súplica, e, mal te ouça, logo te responderá. 20Embora o Senhor te dê o pão da angústia e a água da tribulação, já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olhos. 210uvirás atrás de ti esta palavra, quando tiveres de caminhar para a direita ou para a esquerda: «Este é o caminho a seguir.»
    23Então o Senhor te enviará as chuvas para a sementeira que semeares na terra, e o pão que a terra produzir será nutritivo e saboroso. Naquele dia, o teu gado pastará em amplas pastagens. 240s bois e os jumentos que lavrarem a terra comerão uma forragem salgada, remexida com a pá e a forquilha. 25No dia da grande mortandade, em que desabarão as fortalezas, haverá torrentes de água abundante em todas as montanhas e colinas. 26No dia em que o Senhor curar a ferida do seu povo, e tratar da chaga que lhe foi infligida, a lua refulgirá como um sol, e o sol brilhará sete vezes mais.
    o profeta assegura à comunidade reunida em acção culto, depois da tribulação, a eficácia da oração feita ao Senhor. Se souber esperar e confiar, será certamente ouvida. A súplica a Deus não livra de dificuldades. Mas fará experimentar a quem está atribulado a verdade do Deus do êxodo, um Deus atento, presente e actuante em favor do seu povo.
    A comunidade poderá viver na presença do Senhor, que está no meio dela, e que será o seu Mestre. Assim, não se deixará seduzir por falsas sabedorias, como acontecera muitas vezes no passado. O ensino do Senhor não excluirá uma dura disciplina, «o pão da angústia e a água da trtooteção. (v 20), como já aconteceu no deserto. A lei de Deus já não será vista como um peso, uma imposição, mas como uma guia segura no caminho da vida (v. 22) e como experiência de verdadeira libertação e de plenitude, expressa pelas imagens da abundância de pastagens e de água.
    O ensinamento divino levará a verificar como foi útil a correcção divina, que não deixa o povo da aliança nas trevas da falsidade, mas o cura com a luz do seu amor (v. 26).

    Evangelho: Mt. 9, 35-10, 1.6-8

    Naquele tempo: 35*Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. 36*Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. 37*Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe.»l* Depois chamou a Si os doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos malignos e de curar todas as enfermidades e doenças.
    6Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7*Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto. 8Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça.
    Jesus prepara os Doze para a missão, fazendo-os participar da sua compaixão pelas multidões que alimenta e pelos doentes que acolhe e cura, e ensinando-os a rezar para que o Dono da messe mande trabalhadores para a sua messe. Este mandato de oração há-de recordar aos discípulos que não são donos da messe, mas simples trabalhadores que partilham a missão que Jesus recebeu do Pai. Por isso, não devem ser presumidos nem desanimar, porque só o Dono da messe dispõe dos tempos e da fecundidade da missão.
    Depois de escolher os missionários (cf. Mt 10, 2-5), antes de os enviar, Jesus dá¬lhes instruções adequadas. O seu campo de acção deve limitar-se a Israel. Assim é significada a prioridade teológica de Israel enquanto povo da Promessa, que a Igreja deve respeitar. O seu estilo de acção deve ser o de Jesus: generosidade sem medida (v. 8b), em total sintonia com o seu Mestre. São enviados a proclamar a proximidade do reino dos céus (v. 7), a dar sinais concretos (curas, exorcismos: v. 8a) da libertação integral do homem, em nome d ' Aquele que realiza a vinda do reino de Deus à vida da humanidade.

    Meditatio
    No mistério da Incarnação, que nos preparamos para celebrar, tornam-se realidade as palavras de Isaías: «já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olho. (v. 20). O Invisível torna-se visível: «quem me vê, vê o Pe», diz Jesus. E tudo muda. Deus que antes falava da nuvem, do trovão. A sua presença era visualizada na nuvem que vinha e ia. Agora, Deus torna-se presente no meio de nós, de modo estável, na pessoa de Jesus, verdadeiro Emanuel, Deus connosco.
    Isaías lembra-nos que a prece dirigida a Deus é sempre ouvida. Jesus ensina¬nos a rezar, não só pelos nossos pequenos interesses, mas pelos interesses do seu coração. Rezamos, não para convencer a Deus, que sempre nos escuta, mas para nos dispormos para o encontro com Ele. Ele quer libertar-nos, renovar para nós as maravilhas do êxodo, fazer-se nosso bom samaritano para nos aliviar os sofrimentos, curar as feridas e reacender a esperança.
    Hoje convida-nos particularmente a pedir ceifeiros para a sua messe. E seu grande interesse é que a messe não se perca por falta de trabalhadores: «Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe. (v. 38). As necessidades da evangelização são enormes, e os recursos humanos das comunidades são geralmente muito escassos. Se soubermos ler a situação com os olhos de Jesus, não desanimaremos, mas sentir-nos-emos motivados a corresponder ao convite do Senhor. Perceberemos que a força da missão cristã não está nos recursos humanos, mas na oração confiante e perseverante, e na fidelidade ao mandato recebido.

    A oração também me ensinará que a missão não é propaganda de ideias e de certos costumes de vida, mas participação no anúncio e na praxe de libertação de Jesus, que torna visíveis no mundo as entranhas de misericórdia de Deus Pai.
    Para o Leão Dehon, e para nós, a actividade missionária assume particular importância (cf. Cst. 33); é um modo privilegiado de viver "o nosso carisma profético" que "nos coloca ao serviço da missão salvífica do Povo de Deus no mundo de hoje (cf. LG 12)" (Cst. 27) e nos insere no "movimento de amor redentor" (Cst. 21) "na missão eclesial", e nos permite, de modo muito especial, "desenvolver as riquezas da nossa vocação" (Cst. 34) de oblatos-reparadores. Por isso, damos a nossa quota-parte no serviço da messe, e estamos todos presentes ao "ministério
    de evangelização, pelo qual (os missionários) dão aos homens esta prova de amizade: estar no meio deles ao serviço da Boa Nova" (Cst. 33), para que haja Natal no coração de todos os homens e mulheres da terra.
    Oratio
    Senhor Jesus, acende em mim a compaixao do teu Coração diante das multidões, dos que sofrem no corpo ou no espírito, dos que jazem nas trevas ou andam dispersos como ovelhas sem pastor.
    É verdade que todos têm os seus pastores ou chefes políticos. Mas não têm pastores que lhes orientem as almas, que lhes apontem o Bom Pastor e os ajudem a chegar à luz da fé. Na verdade, a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Que eu sinta a necessidade e a urgência de viver a dimensão missionária do meu baptismo, e da minha vocação específica, para cooperar na obra de redenção que realizas no coração do mundo. Abençoa o Santo Padre, os Bispos, os Sacerdotes, os Religiosos e os Leigos missionários para que cumpram com generosidade e fidelidade o mando de evangelizar. Concede à tua Igreja muitas e santas vocações missionárias. Amen.

    Contemplatio
    Um dos deveres do padre é cultivar as vocações, favorecê-Ias, prepará-Ias.
    Nisto ainda o Coração sacerdotal de Jesus é o seu modelo.
    Jesus desejou e favoreceu as vocações
    E antes de mais, como desejou as vocações! Tinha percorrido as cidades e as aldeias, pregando nas sinagogas e curando os doentes. Tinha visto estas multidões sem educação, sem direcção. Tinha piedade delas. «São como um rebanho sem pastor», dizia. A miséria moral e física deprimia estas multidões. E Jesus dizia aos seus discípulos: «Como a seara é grande! Pedi pois ao Senhor para enviar trabalhadores para a sua seara».
    Ama as crianças, abençoa-as, e a sua bênção faz germinar vocações.
    Chama as crianças, testemunha-lhes amizade. «Deixai-as vir a mim», diz aos apóstolos.
    Um adolescente de boa família vem ter com Ele. Jesus queria fazer dele um apóstolo: «Vai, diz-lhe, vem o que tens e segue-me». O jovem resiste à graça e Jesus entristeceu-se (Mc 10).
    Um menino seguia Nosso Senhor e os apóstolos e levava as suas pequenas provisões. A tradição diz-nos que era Marcial, o apóstolo do Languedoc (Jo 6).
    Um dia, Nosso Senhor pega numa criança: «Eis o vosso modelo, sede simples como crianças». E acrescentava:

    «Quem receber as crianças em meu nome, a mim recebe».
    Que encorajamentos para nós para nos ocuparmos com as crianças, para nos dedicarmos a elas, para procurarmos entre elas as vocações e favorecê-Ias! Um padre que não se interessa pelas vocações tem verdadeiramente o espírito apostólico? (Leão Dehon, OSP 2, p. 567).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Mandai, Senhor, trabalhadores para a vossa messe»

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