Olá a todos os confrades e amigos que deixei em Portugal e arredores!
Deste país onde acabo de chegar faz agora um mês, partilho um pouco do que tem sido a minha vivência por esta terra vestida de barro vermelho e aquecida por um Verão sombrio, mas que de vez em quando tem escaldado…
A primeira grande diferença que encontrei ao desembarcar em Luanda, foi o choque com o clima, em que a temperatura nocturna era tão alta, que o ar se tornava irrespirável! Parecia um forno… mas lá sobrevivi na viagem até casa! Fui muito bem acolhido pelo Pe. Amândio, Superior da comunidade, pelo Pe. Jorge Alves e Pe. Jean Paul que estavam de passagem na nossa comunidade, pelo Pe. Max, pelo Pe. Domingos, pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, também pelo Pe. Vicente, ecónomo da comunidade e sem esquecer o casal de voluntários que estiveram durante um mês a colaborar com a comunidade em diversas áreas. Conhecidos entre as pessoas do bairro e da paróquia como “Ti Domingos” e “Tia Fátima”, durante o tempo em que estiveram connosco, não tiveram mãos a medir para atender às necessidades de tantos “sobrinhos”… Vieram para orientar um curso no qual participaram rapazes e raparigas, até, crianças, mães e avós. E com certezamuitas pessoas aprenderam coisas básicas, mas importantes para a resolução de pequenos problemas do quotidiano, pelo menos no vestir… Outras aprofundaram mais a arte da costura, aprendendo fazer coisas elaboradas como paramentos… Isto graças à Tia Fátima! Por sua vez o Ti Domingos fez um moroso trabalho de inventariado e organização de todos os materiais da nossa loja de artigos religiosos que é procurada por muita gente… Ajudou também ao Pe. Amândio na reparação de pequenas necessidades da casa… Ficando eu desde a minha chegada, como um dos responsáveis pela loja, a presença e acompanhamento do Ti Domingos foi essencial para a minha integração nesse âmbito. Já estou a exercer essetrabalho e apesar de ainda estar em fase de adaptação, o mesmo está a correr bem. A estes voluntários de Carnaxide não é demais salientar o agradecimento da comunidade e dos seminaristas pelo bem que nos proporcionaram, com a colaboração de tantas pessoas que os ajudaram em Portugal. A todos muito obrigado e esperamos por um possível regresso… Quem sabe!
Neste momento estou a acompanhar de perto o quotidiano de 10 seminaristas, com idades pelos 20 e poucos anos, que estão a fazer desde 11º e 12º até 1º, 2º e 3º anos de Filosofia.
Tal como não poderia deixar de ser, também na nossa casa, aqui no km 9 em Viana, temos muita área para capinar. Por isso, com os seminaristas, já dei início às limpezas do mato e aos poucos recomeçamos a plantar relva onde falta, a ver se desta vez pega…
Das necessidades que mais estranhei ao início, foram a falta de água nas torneiras a tempo inteiro, assim como a electricidade… Ambas existem, quando se liga o gerador (a certas horas) que produz a energia para o consumo da casa… Na rua, a água começa a ser canalizada aos poucos, para fontenários públicos nos bairros… As pessoas ainda passam por muitas carências ao nível de bens de primeira necessidade.
Ao início, alguma comida foi também um pouco estranha para mim, mas já estou habituado!
De resto falta-me partilhar aquilo que eu já esperava deste povo: o bom acolhimento nas comunidades onde os nossos padres fazem a pastoral, assim como a profunda eimpressionante vivência religiosa das pessoas, que é bem demonstrada na forma alegre como vivem as celebrações eucarísticas, sobretudo através do canto! Tudo isto me marca profundamente e me convida a estar disponível para o que puder colaborar nesta missão de partilha da fé em Cristo entre uma cultura e um povo diferentes… Espero ter muito a aprender…
A todos vós caros confrades e amigos, saudações cordiais no Coração de Jesus e até breve!
Delfino Pinto,scj