Moçambique: Ordenação Episcopal de D. Claudio

Um dos motivos da minha vinda a Moçambique foi para participar na Ordenação episcopal de D. Claudio Dalla Zuanna. Saí de Lisboa na manhã do dia 4 de Outubro e, após onze horas de viagem, estava a aterrar no aeroporto de Maputo, capital de Moçambique. Uma moderna infraestrutura inaugurada recentemente e que proporciona uma boa impressão a quem chega a Moçambique.

Fiquei um dia hospedado na casa dehoniana situada na capital.

De Roma chegou também nesse mesmo dia D. Claudio, arcebispo-nomeado da Beira e o Pe. John van der Hengel, Vigário-Geral da Congregação e uma comitiva de 15 familiares e outras pessoas da paróquia de S. Nazário, paróquia de D. Claudio, acompanhada pelo respectivo pároco.

Neste primeiro dia em Maputo pude ter uma panorâmica da cidade, visitando os pontos mais importantes. Fiquei com boa impressão da capital. Um cidade pensada no tempo colonial, bem projectada, com largas avenidas e edifícios que em tempos reflectiam a prosperidade e o desenvolvimento deste imenso território. Há imensa gente a circular pelos passeios, o comércio parece bastante activo e a circulação automóvel é muito intensa o que obrigou a uma recente alteração no ordenamento da tráfego dentro da cidade.
O Oceano Índico beija a longa baía pontilhada por hotéis e habitações de luxo.

No dia 6 pela manhã a casa ficou sem os hóspedes que partiram de avião para a cidade da Beira. O aeroporto da Beira estava engalanado e uma multidão aguardava o novo arcebispo da cidade. Depois da cerimónia tradicional de acolhimento e da saudação das autoridades religiosos e civis, o cortejo seguiu até ao Paço Episcopal. É um belo e grande edifício com uma colunata monumental que será habitado apenas por duas pessoas: D. Claudio e o Ir. Vicente, um confrade da Província da Indonésia que vem para apoiar o novo arcebispo da Beira.

A cerimónia de acolhimento a D. Claudio teve o seu ponto alto no almoço no qual participaram o Núncio Apostólico, alguns bispos e sacerdotes e as forças vivas da diocese.

7 de Outubro foi o grande dia: a Ordenação Episcopal de D. Claudio, que coincidiu com a celebração da Festa de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da arquidiocese da Beira.

A celebração decorreu no pavilhão do Clube Ferroviário da Beira que albergou mais de seis mil pessoas. De facto a diocese movimentou-se e organizou-se muito bem para acolher em grande festa o seu novo pastor. Dos lugares mais recônditos da diocese vieram cristãos que percorreram centenas de quilómetros.

A celebração da Ordenação Episcopal teve início às oito horas da manhã e terminou por volta das catorze horas. Foram muitas horas, mas intensamente vividas, porque a cerimónia estava muito bem organizada e tudo decorreu com dignidade e beleza. Não podiam faltar os cânticos acompanhados pelos instrumentos tradicionais, as coreografias, as danças… Presidiu à celebração o bispo D. Lúcio Muandula, bispo de Xai-Xai e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique.

No final da celebração o novo arcebispo da Beira tomou a palavra para saudar os milhares de pessoas presentes no pavilhão. Salientou que queria estar no meio do povo, para aprender com ele para melhor o poder servir segundo Jesus Cristo modelo de todos os pastores da Igreja. A lema escolhido por D. Claudio “para que tenham vida” exprime este seu projecto de servir generosamente a arquidiocese da Beira.

Após as suas palavras lidas com comoção, D. Claudio foi efusivamente aclamado e saudado pelos presentes que no final da celebração foram também cumprimentá-lo e oferecer-lhe os presentes típicos que costumam levar no ofertório e que por razões organizativas transferiu-se para a conclusão da missa.

A festa continuou no salão da catedral com o banquete, os discursos, o partir do bolo, os brindes e a sessão recreativa no pátio da Escola da Catedral.

Com esta Ordenação Episcopal, passam a ser três os bispos da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) que estão ao serviço da Igreja em Moçambique: D. Tomé, arcebispo de Nampula; D. Élio, bispo de Lixinga e D. Claudio, arcebispo da Beira.

Os navegadores portugueses chegaram à Beira e ali terão celebrado a primeira missa em 1505. A diocese da Beira foi criada em 1940, sendo D. Sebastião de Resende o seu primeiro bispo. D. Sebastião teve um papel muito importante na organização e na evangelização do território. Foi elevada a arquidiocese em 1984, por João Paulo II, que a visitou em 1988. A Beira é a segunda cidade de Moçambique. O seu grande porto marítimo possibilita o escoamento dos produtos – sobretudo o carvão – da província de Sofala e de outras províncias do centro e norte de Moçambique. Nesta diocese com um milhão e meio de habitantes, os católicos representam cerca de 40% da população. D. Claudio sucede a D. Jaime Gonçalves.

Zeferino Policarpo, scj

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