No momento da morte, um hino à vida – A morte do P. Carlos Silva, scj

Ainda estamos atordoados e mal refeitos da morte do P. Carlos Silva, que a todos nos apanhou de surpresa e desprevenidos. Têm sido dias muito intensos e carregados de emoção aqueles que temos vivido, marcados pelas palavras balbuciadas, vozes embargadas, silêncios espantados com os caminhos insondáveis que o mistério da vida às vezes nos reserva.

Raramente encontrei atitudes de revolta ou desespero por estes dias, porque todos sabemos que a nossa vida está nas mãos de Deus e Ele sabe sempre o que é melhor para nós, mesmo quando não nos é fácil compreender os seus desígnios. A nossa vida ganha sentido e dimensão quando a olhamos para além do nosso peregrinar terreno e nos centramos na Vida que só Deus pode dar, uma Vida plena e eterna. Acreditamos que é nessa dimensão que se encontra o P. Carlos Silva. Que descanse em paz!

O P. Carlos deixou-nos assim, de forma inesperada, sem aviso prévio, sem que nada o fizesse prever. Morreu no exercício do seu ministério, quando se preparava para celebrar a Missa. As conversas e contactos que mantínhamos levam-me a acreditar que estava feliz com o trabalho que estava a realizar no Santuário de Fátima, onde era muito apreciado e estimado. Também o acompanhamento de diferentes grupos do Renovamento Carismático Católico o preenchia e tornava feliz o seu ministério.

Os dias que se seguiram ao falecimento inesperado do P. Carlos mostraram bem a quantidade de pessoas que o admiravam, que se sentiam tocadas pela sua palavra, pelas suas celebrações e pela disponibilidade para a escuta e para o acompanhamento espiritual. Partiu demasiado cedo, mas deixa obra na Congregação e na Igreja, deixa uma marca de generosa dedicação à missão, que ninguém pode apagar ou ignorar. Deixa a imagem dum homem inquieto, dum buscador incansável de Deus, procurando descobrir os seus caminhos e aprofundar de forma intensa e continuada a espiritualidade da misericórdia e do amor do Coração de Jesus. Por tudo isto, estamos eternamente gratos a Deus pelo dom do P. Carlos Silva à nossa Província e à Igreja.

Nesta hora sinto necessidade de agradecer tudo o que se passou nos últimos dias, mesmo que tenham sido acontecimentos marcados pela dor e pela saudade:

  • a Deus, pelo dom da vida que concedeu ao P. Carlos Silva, as diferentes missões que lhe confiou na sua vida de consagrado e de presbítero, e que ele procurou sempre desempenhar com zelo apostólico e muita dedicação;
  • à família do P. Carlos pelo dom que fez dele à Congregação e à Igreja, acompanhando-o sempre bem de perto na sua consagração e missão, e dando-nos um grande exemplo de fé e de esperança nesta hora tão difícil;
  • a todos os Confrades, da Província ou de outras Entidades da Congregação, que fizeram questão de estar presentes, fisicamente ou através da oração e de mensagens de solidariedade e de amizade fraterna;
  • às muitas Congregações, Bispos e Dioceses que manifestaram o seu pesar à família e à Província e nos acompanharam na oração;
  • ao senhor Patriarca e aos nossos Bispos que presidiram ou participaram nas celebrações;
  • aos muitos presbíteros do Patriarcado e de outras Dioceses que vieram connosco celebrar;
  • ao Santuário de Fátima, especialmente na pessoa do seu Reitor, incansável no acompanhamento de todos os momentos que se seguiram à morte inesperada do P. Carlos e pela presença significativa na missa exequial;
  • às Paróquias de Alfragide, da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa, que acolheram com muita generosidade e disponibilidade as celebrações fúnebres e missa de 7º dia;
  • à Comunidade do Seminário Nossa Senhora de Fátima, que de braços abertos acolheu e acompanhou todos quantos quiseram prestar uma última homenagem ao P. Carlos;
  • aos milhares de fiéis, familiares, amigos, benfeitores, que encheram por completo as diferentes celebrações.

A todos expressamos a nossa mais profunda gratidão por tantos gestos de carinho, de conforto e de amizade, por tantas manifestações de fé e de esperança. Que a todos o Coração de Jesus recompense, na sua infinita bondade e misericórdia. Obrigado por terdes transformado este momento de morte e de dor num hino à Vida e ao Criador.

Descansa em paz, amigo Padre Carlos. Até sempre!

P. José Agostinho Sousa, scj
superior provincial

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