Interrompo por alguns momentos os estudos de Direito Internacional, Teorias e indicadores de pobreza, Introdução ao desenvolvimento sustentável, Mundo da solidariedade, Economia social, Desafios europeus: direito e políticas comunitários (é só para terem uma ideia das matérias que ando por aqui a estudar), mas interrompo, dizia, para umas notícias rápidas.
Está um frio de congelar! Mas isso não é notícia, que certamente as imagens vão chegando aí. As imagens chegam, mas não chega o frio que nos entra ossos dentro e nos deixa mais arreganhados que um mergulho de mar no dia de Ano Novo. Nem sempre é fácil se movimentar com um frio assim (ontem, 8 de Fevereiro, chegou, aqui na região de Paris, aos – 12º!). Andamos pela rua mais parecidos com chouriços embrulhados, mal se consegue ver os olhos (se calhar não era má ideia usar algumas máscaras carnavalescas). Apesar desta intensidade de frio, da neve que vai caindo dequando em quando, tudo tem funcionado normalmente e vou continuando a conciliar aulas com o trabalho paroquial.
O tempo agora é de aulas, exames, exposições orais, debates, preparação de dossiers. Até agora tenho feito tudo; quanto a resultados, no fim se verá. Nem sempre é fácil, porque isto de escrever e falar todo o tempo em francês e em algumas cadeiras em inglês… não é pêra doce. Mas o primeiro semestre termina já para a semana. Depois vem o segundo semestre, bastante diferente do atual: um estágio em contexto de trabalho nas áreas da Economia social e solidária. O estágio pode fazer-se em França ou no estrangeiro. Alguns ficarão por França, em ONG desta área de actividade, mas seremos muitos a espalhar-nos pelo mundo, sobretudo pela África e América Latina. Havendo a possibilidade de trabalhar diretamente em projetos da Congregação, irei até ao Equador, de Março a Agosto, trabalhar em projetos de microcrédito e de comércio solidário. Durante o estágio terei de redigir uma memória sobre o tema escolhido, neste caso o microcrédito.
Aproveitando a pausa que faz a Faculdade (estudo na Faculdade de Ciências Sociais e Económicas do Instituto Católico de Paris), vou uma semana a Portugal, visitar os pais e restante família e os confrades. Será no fim deste mês, princípio de Março. Até lá, irei continuar a preparar estas avaliações finais e a trabalhar nas paróquias que nos estão confiadas. Com tal carga de aulas e de trabalhos académicos, não fica muito tempo para a pastoral, mas sempre vou celebrando missas, funerais, baptismos… Faço o serviço de acolhimento duas vezes por semana, preparo todos os baptismos das três paróquias de Maisons Alfort e preparo alguns noivos para o casamento. Acaba por ser um ritmo de vida bastante intenso, mas a saúde vai-se aguentando. É uma experiência forte de comunhão e de partilha com esta Província da Europa Francófona, tão carente de pessoal: as mortes vão-se sucedendo e vocações… só alguns vietnamitas. Apesar da fragilidade de recursos humanos, a Província abraçou este projeto pastoral aqui na Diocese de Créteil e parece que as coisas têm corrido bastante bem. Claro que o bispo de Créteil também agradece, que o clero por aqui também não abunda.
É esta a experiência que vou vivendo aqui por Paris. Apesar do cansaço (já não sou jovem para estudar a este ritmo e com este grau de exigência), tem valido a pena. Felizmente que ao longo deste tempo vou tendo algumas visitas de confrades portugueses, oportunidade para matar saudades. Até tive direito a “visita canónica” e tudo, quando o Superior Provincial por aqui passou, muito bem acompanhado pelos confrades que com ele foram ao encontro de Clairefontaine. Obrigado pelas visitas!
Até um dia destes… em Portugal!
José Agostinho F. Sousa, scj