Peregrinação aos “Lugares Dehonianos”

Às famosas ditas “Conférences de Paris” podem juntar-se dès hors et maintenant as de La Capelle/Saint Quentin assim como as de Bruxelles… depois das jornadas de Madrid. E tudo ad maiorem Dei gloriam à la suite des pas de Père Dehon; ele que aproveitava as suas inúmeras viagens para se enriquecer de humanismo e para encher as bagagens de sentimentos de proximidade com os povos visitados, suas civilizações, usos e costumes, e tudo levando no coração para colocar no Coração de seu Mestre. Que isto de passar mais de duas semanas em sancta peregrinatio tem muito que se lhe diga: o estar atento a uma imensidão de culturas, de línguas e desavoir-faire, ir, de certa forma e muito rapidamente, até algumas das periferias da própria Congregação, desde os prêtres ouvriers-syndycalistes de Saint Quentin aosdoyens de faculdades de teologia wallon-flamands não é assim de tão fácil assimilação. Embora de inegável cariz turístico, numa era dita de turismo religioso, queiramos nisso ver mais uma espécie de viagem ao passado, transportando ao presente as nossas raízes para a construção de um futuro para a Congregação inserida na Igreja peregrina e sempre atenta à vida do seu tempo. Mais que para refundação, para re-visão do que somos e que futuro teremos. Passar pelos locais percorridos pelo Padre Fundador, tocar de suas próprias mãos os objetos que ele utilizou, permanecer em locais que ele habitou, pisar pedras de caminhos que ele certamente calcorreou, rezar diante dos mesmos altares onde ele certamente celebrou os Mistérios da Redenção, ver de seus próprios olhos o seu leito de descanso eterno e a sua morada de espera da eternidade, sentir, digamos, o hálito da sua presença, são, enfim, experiências inesquecíveis, voire indizíveis… Graças a Deus que a possibilidade de o fazer é dada a uns para entusiasmar no início do seu percurso de consagração, e a outros para firmar na sua experiência de fé e de comunhão.

Se a experiência da casa natal permitiu reviver o percurso de crescimento humano, cristão e vocacional (conferências de La Capelle), a reflexão sobre a vivência nas nossas relações e nas nossas comunidades pretendem levar-nos a cultivar uma profunda vida espiritual e a tornarmo-nos, neste mundo em permanente mutação, sem esperança e sem seguranças, mais profetas do amor e mais servidores da reconciliação dos homens com Deus, de Deus com os homens e dos homens entre si (conferências de Saint Quentin). E se a obra das obras é a de formar sacerdotes instruídos, zelosos, virtuosos, seja a nossa originalidade, à maneira de Padre Dehon, a de termos um “savoir-vivre” que nos identifique, mais que un “savoir-faire”(conferências de Bruxelas).

A nós, agora e em cada situação, de descobrir, pessoal e comunitariamente, nos sinais dos tempos – comment faire quoi – na atenção às realidades sociais e humanas. A subida a Montmartre – e porque não à Tour Eiffel!!! – poderia então ser interpretada como uma ascensão que leva à contemplação do sofrer da humanidade e, no serviço comunitário e social, tudo levar ao Coração de Jesus presente na Eucaristia celebrada e adorada; numa arte de viver juntos e construir em cada dia um projeto comum, sabendo-se aceitar mutuamente como chamados e escolhidos, ajudando-se a carregar as cruzes de cada dia e sendo todos um apoio e um incentivo uns para com os outros. Admirando, na sua profundidade, as belezas do Criado e as artes do ser humano, e em tudo vendo o dedo do Artista que nos criou à Sua imagem e semelhança e nos quer livres e felizes, construtores de Verdade, Justiça, Liberdade, Fraternidade, e Unidade mais que igualdade, continuamos a nossa busca de Infinito sabendo que somos peregrinos nesta terra em busca da Jerusalém celeste de que os nossos Santuários, Basílicas e Catedrais pretendem ser um sinal visível – de Liesse a Notre Dame de Paris, de Laon a Saint Sulpice, de Soissons a Reims, de Saint Martin au Sacré-Coeur de Bruxelles ou à celui de Montmartre…

Vivat Cor Iesu per Cor Mariae.

 José Manuel Braz, scj

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