S. Barnabé, Apóstolo

36 Ioseph autem qui cognominatus est Barnabas ab apostolis quod est interpretatum Filius consolationis Levites Cyprius genere 37 cum haberet agrum vendidit illum et adtulit pretium et posuit ante pedes apostolorum (Act 4, 36-37).
 

36 José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, 37 como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos (Act 4, 36-37).
 

Primeiro Prelúdio. S. Barnabé aparece neste texto como um apóstolo amável, generoso e dedicado. Devia ser caro ao Sagrado Coração.

Segundo Prelúdio. Santo apóstolo, pedi a Nosso Senhor por mim o gosto do estudo e da piedade, o desapego dos bens da terra e o zelo pela salvação das almas.

PRIMEIRO PONTO: O desapego. – S. Barnabé não era do número dos doze apóstolos, mas foi-lhe acrescentado e trabalhou muito com S. Paulo. Levita e cipriota, estudava as santas Letras em Jerusalém sob a direcção do Rabino Gamaliel, quando foi testemunha da cura do paralítico na piscina. Uniu-se então imediatamente aos discípulos de Nosso Senhor. Era um homem jovem, amável e bom. Era bom, dizem os Actos, e cheio de fé e ricamente dotado com os dons do Espírito Santo. Os apóstolos chamaram-no Barnabé, o que quer dizer «o Filho da consolação». Depois do Pentecostes, estava em Damasco quando aconteceu o milagre da conversão de S. Paulo. Fez-se o anjo da guarda de S. Paulo, conduziu-o a Jerusalém e apresentou-o aos apóstolos. Trabalharam juntos vários anos, e receberam a missão de pregarem a fé aos gentios. Ganharam quase toda a cidade de Antioquia.
Barnabé era de uma família abastada. Tinha uma bela propriedade na ilha de Chipre. Vendeu-a e apresentou o valor aos apóstolos. Dava assim o grande exemplo do desapego e da vida religiosa.

SEGUNDO PONTO: O zelo. – Havia em Antioquia um grupo de padres, de profetas e de doutores. O Espírito Santo revelou-lhes positivamente a missão de Paulo e de Barnabé para a conversão dos gentios. Enviaram, portanto, estes dois apóstolos para os países do ocidente. Barnabé e Paulo passaram na ilha de Chipre onde fizeram maravilhas e ganharam para a fé o próprio procônsul, Sérgio Paulo. De lá foram para a Ásia Menor e pregaram em Pisídia, em Perga, em Antioquia, em Icónio, em Listra. Foi uma alternativa de sucessos e de perseguições.
Em Listra um curioso incidente mostra bem como os dois apóstolos eram admiráveis no seu zelo, no poder da sua palavra e /645 na sua dignidade de vida. O povo, testemunha dos seus milagres, tomou-os por deuses. Paulo, o brilhante orador devia ser Mercúrio, Barnabé, o santo levita com porte majestoso parecia ser Júpiter. Já lhes queriam oferecer sacrifícios. Tiveram de se desembaraçar para impedirem este sacrilégio. Mas no dia seguinte Judeus de Antioquia e de Icónio vêm persegui-los com as suas calúnias, e o povo tão móvel nos seus sentimentos expulsa-os à pedrada. Regressaram a Antioquia e separaram-se em seguida. Barnabé voltou a passar por Chipre e aí consolidou as cristandades que tinha fundado precedentemente. Foi em seguida pregar na Itália, e depois regressou a Chipre onde morreu.

TERCEIRO PONTO: A caridade. – Tinha o coração ardente e generoso de um discípulo e de um apóstolo de Nosso Senhor. Deixou tudo por Nosso Senhor e deu os seus bens aos pobres. Ama tanto a Cristo que toma o seu nome. Chama-se cristão e dá este nome aos convertidos de Antioquia. Como é bom para S. Paulo. Acompanha-o de Damasco a Jerusalém, apresenta-o aos apóstolos, vive com ele vários anos, partilhando as suas fadigas, os seus trabalhos, as suas privações, as suas perseguições. Prende-se às pessoas de Chipre, de Salamina, a capital da ilha e dedica-se a santificá-la. É lá que Nosso Senhor lhe pedirá o sacrifício da vida, depois de o ter confirmado no fervor e na caridade.
Barnabé tinha tanto sucesso em Salamina que os judeus recalcitrantes resolveram perdê-lo. Partilhou esta honra com Nosso Senhor. Como tinham crucificado o Mestre, apedrejaram o discípulo. Quiseram queimar o seu corpo, mas as chamas deixaram-no intacto, como pouparam S. João, o discípulo bem-amado. Alguns séculos mais tarde, em 465, abriram o seu túmulo, para transportarem as suas relíquias para Constantinopla, encontraram-no inteiro e, sobre o seu peito o Evangelho de S. Mateus, que tinha transcrito com a sua própria mão. Os seus discípulos tinham posto junto dele o Evangelho que tanto amava.

Resoluções. – Eis um belo modelo a imitar. S. Barnabé é um discípulo bem amável, é bom, piedoso, caridoso para com o próximo. Tem também as virtudes mais austeras, despojou-se dos seus bens, desafiou todas as contradições. Quero a seu exemplo sacudir a minha tibieza.

Colóquio com S. Barnabé.  

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