O evangelho de S. Tiago, escrito apócrifo do século II, reconstrói, decalcando a história de Ana, mãe de Samuel (cf. 1 Sam 1, 1-28), a história da Virgem Maria. Joaquim, idoso sacerdote do templo de Jerusalém, era casado com Ana, mulher estéril. Depois de uma aparição angélica, concebem a futura Mãe do Redentor, que oferecerão a Deus no templo (cf. 21 de Novembro). Mas não há qualquer referência a estes santos nos evangelhos canónicos. Na tradição da Igreja, Joaquim e Ana são protótipos dos esposos cristãos. De há uns anos para cá, a sua festa é também celebrada como “Dia dos Avós”.
Lectio
Primeira leitura: Ben Sirá 44, 1.10-15
Louvemos os homens ilustres, nossos antepassados,segundo as suas gerações.10Foram homens de misericórdia, cujas obras de piedade não foram esquecidas. 11Na sua descendência permanecem os seus bens, e a sua herança passa à sua posteridade. 12Os seus descendentes mantiveram-se fiéis à Aliança, os seus filhos também, graças a eles. 13A sua posteridade permanecerá para sempre, e a sua glória não terá fim. 14Os seus corpos foram sepultados em paz, e o seu nome vive de geração em geração; 15Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia cantará os seus louvores.
Ben Sirá evoca figuras ilustres que marcaram o passado da história de Israel, em ordem a infiltrar, com o seu exemplo, nova vida no presente e a projetar a esperança do povo na direção do futuro. O bem paticado é um capital precioso e fecundo, que permanece, e de que se pode dispor. Quando é praticado em e por homens virtuosos, tece a verdadeira trama da história da salvação. Deus intervém nessa história, para redimir o homem, mas servindo-se do próprio homem. A fidelidade do Senhor tem o seu fundamento no céu, mas radica na terra, graças aos que permanecem fiéis às suas promessas.
Evangelho: Mateus 13, 16-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.17Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»
Os discípulos de Jesus têm a sorte de ver a realização das promessas. Gerações de profetas e justos construíram, degrau a degrau, uma história de confiança, de espera e de esperança. Esses profetas e justos são ditosos porque, ainda que não tenham visto nem ouvido o que os discípulos veem e ouvem, acreditaram e apostaram a sua vida baseando-se na Palavra da aliança. Os discípulos são ditosos porque veem e ouvem a Palavra feita carne, Jesus Cristo nossa Vida e Salvação. Eles são o último elo da geração herdeira das promessas e o primeiro da que deve transmitir o testemunho da sua realização.
Meditatio
Sabemos muito pouco sobre os pais de Maria. Também eles estão sob a lei do silêncio e do escondimento que Deus aplicou à vida de Maria e à maior parte da vida histórica de Jesus.
Os evangelhos apócrifos falam das suas dificuldades. Um texto da igreja arménia do século XIII diz-nos que Joaquim e Ana eram justos e puros, levavam uma vida piedosa e um comportamento inocente e imune à calúnia. Eram zelosos na oração, no jejum e na abstinência. Eram uma família assídua ao templo, cheia de caridade, incansável no trabalho e, em consequência, rica de bens. Dividiam o rendimento anual em três partes: uma para o Templo e sustento dos sacerdotes; outra para os pobres, e a terceira para eles mesmos. É lógico pensar que Deus os tenha chamado a participar no mistério de Jesus, cuja chegada prepararam. Permanece a glória de terem sido os pais de Nossa Senhora.
S. Joaquim e S. Ana encorajam a nossa confiança: Deus é bom e na história da humanidade, história de pecado e de misericórdia, o que fica é a glória, é o positivo que construiu em nós.
Joaquim e Ana foram escolhidos entre o povo eleito, mas de dura cerviz, para que, entre esse povo, florescesse Maria e, dela, Jesus. É a maior manifestação do amor misericordioso de Deus.
Agradeçamos ao Senhor. Nós somos os ditosos, nós que vemos e ouvimos, o que muitos profetas e justos apenas entreviram na fé e na esperança.
Lembremos os nossos avós. Um provérbio africano afirma: “Das panelas velhas, tira-se a melhor sopa”. Os “avós” são verdadeiras preciosidades. Há que rodeá-los de cuidados e carinhos, e não desperdiçar o muito que têm para nos dizer e ensinar, particularmente a sua fé e a sua esperança.
Oratio
Pai Santo, hoje, “invocarei com confiança S. Joaquim e Santa Ana, que Jesus, teu Filho, honra como seus avós. Eles são poderosos sobre o seu Coração. Dai-me a graça de imitar a sua humildade, a sua confiança, o seu espírito de sacrifício. Lembrando-me de Nazaré, levá-los-ei em espírito até junto de Jesus e de Maria. Ámen. (cf. Leão Dehon, OSP 4, p. 95).
Contemplatio
S. Joaquim e Santa Ana tinham chegado a uma idade avançada sem terem filhos como a santa mãe de Samuel. Resignados à vontade de Deus, suplicavam, no entanto, ao mesmo Deus que realizasse os seus desejos dando-lhes um fruto da sua união, que consagrariam ao serviço do templo. Ana sobretudo multiplicava as orações e as boas obras para obter este favor. Um dia em que Joaquim rezava sobre uma colina, onde pastava o seu rebanho, e Ana no seu jardim onde ela tinha feito para si uma solidão, um anjo veio anunciar-lhes que o céu tinha atendido os seus pedidos e que eles iam ser consolados com uma criança de bênção. A oração perseverante é a fonte das maiores graças. No dia 8 de Setembro, Ana deu ao mundo uma filha que, segundo a ordem do Senhor, ela chamou Maria. Com que cuidado educou esta criança abençoada! É representada tendo diante de si a sua filha privilegiada e ensinando-a a ler as divinas Escrituras. Quando Maria atingiu a idade de três anos, Ana e Joaquim, lembrando-se da promessa que tinham feito, levaram-na ao templo de Jerusalém para a oferecerem ao Senhor. Segundo a tradição, Sant’Ana vivia ainda nos primeiros anos de Nosso Senhor. Ela pôde, portanto, levá-lo nos seus braços e sentá-lo nos seus joelhos. Contemplou os seus traços infantis tão belos. T
eve conhecimento dos milagres do seu nascimento. Oh! As doces emoções que ela sentiu! A recordação destes felizes momentos faz a sua alegria no céu, bem como a contemplação do seu neto, que reina nos céus eternamente. Invejamos a sua sorte, mas não esquecemos que na comunhão nós levamos também Nosso Senhor no nosso coração. (Leão Dehon, OSP 4, p. 93s.).
eve conhecimento dos milagres do seu nascimento. Oh! As doces emoções que ela sentiu! A recordação destes felizes momentos faz a sua alegria no céu, bem como a contemplação do seu neto, que reina nos céus eternamente. Invejamos a sua sorte, mas não esquecemos que na comunhão nós levamos também Nosso Senhor no nosso coração. (Leão Dehon, OSP 4, p. 93s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“O fruto do justo é uma árvore de Vida” (Prov 11, 30).
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S. Joaquim e S. Ana, Pais de Nossa Senhora (26 Julho)