Na manhã deste sábado, a comunidade do Seminário Missionário Padre Dehon fez uma visita à Obra ABC, inserida no Itinerário para o Jubileu Dehoniano, que propõe um gesto ou iniciativa a cada comunidade dehoniana, no dia 28 de cada mês.
Num primeiro momento, reunimo-nos sala para partilhar as impressões pessoais relativamente aos textos inspiradores propostos. Deste frutuoso diálogo, brotaram algumas conclusões interessantes, que partilho convosco:
- Em primeiro lugar, reconhecemos a importância da dimensão social no âmbito da fé cristã, mas estamos conscientes que ela não se pode reduzir a formas de assistencialismo, que acabam por criar dependência, nem a elementos institucionais, pois não se trata apenas de criar novas obras sociais.
- Em segundo lugar, aquilo que está em jogo hoje não é uma competição entre Igreja e Estado, mas antes procurar formas de colaboração, porque o Estado revela-se frequentemente uma “estrutura” lenta e pesada, que demora a dar a sua resposta, para além da impressão que muitas vezes falta o coração e sobra a política.
- Em terceiro lugar, reconhecemos que a espiritualidade do Coração de Jesus transporta consigo uma forte dimensão social, que se condensa na reparação e se exterioriza nos inúmeros institutos religiosos, consagrados ao Coração de Jesus, que trabalham em hospitais, escolas, lares…
- Neste sentido, em último lugar, estamos chamados a ser voz daqueles que não têm voz e voz contra aqueles que têm demasiada voz, sem nos deixarmos acomodar, mas seguindo o exemplo do Padre Dehon, no seu compromisso ardoroso com os mais pobres e desfavorecidos.
O segundo momento do encontro, depois de uma explicação de carácter mais histórico sobre a instituição, foi a visita aos diversos espaços que constituem a Obra ABC. A maior parte dos adolescentes e jovens não se encontrava na casa, mas pudemos perceber um pouco mais da sua forma de vida.
Concluo com o texto que rematou a nossa reflexão: «a Igreja, com a sua doutrina social, não só não se afasta da própria missão, mas também lhe é rigorosamente fiel. A redenção realizada por Cristo e confiada à sua missão salvífica é certamente de ordem sobrenatural. Esta dimensão não é expressão limitativa, mas integral da salvação. O sobrenatural não deve ser concebido como uma entidade ou um espaço que começa onde termina o natural, mas como uma elevação deste, de modo que nada da ordem da criação e do humano é alheio ou excluído da ordem sobrenatural e teologal da fé e da graça, antes aí é reconhecido, assumido e elevado» (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 64).
José Domingos Ferreira, scj