Todos os voluntários estão empenhados

Afinal, no dia 10 de Agosto, domingo, os planos alteraram-se. Não havia electricidade na cidade de Nampula.
A eucaristia a que presidi na paróquia de S. Pedro foi apoiada por uma bateria controlada pelo Ir. José Meone.
Acabada a missa, saí para a rua e o P. Elias Ciscato veio a correr trazer-me a camisa que eu tinha esquecido na sacristia. Estava só com T-shirt. Quando me entregou, vi a Ir. Gabriela com uma senhora chamada Gracinda. Perguntei se tinha marido. Disse-me que tinha marido e filhos. Então dei-lhe a camisa para levar para o marido. Ela vestiu-a e disse logo que era para ela. A mulher era gorda, mas pronto…
Portanto, como não havia electricidade, não pudemos projectar filmes para crianças, jovens e adultos.
Preparámos coisas para outros momentos. Graças a Deus não temos nenhum voluntário desinteressado. Todos os voluntários estão empenhados. Desde a mais nova (Catarina) à mais idosa (Serafina).
Depois de almoço, partimos para a ilha de Moçambique que ninguém conhecia.
Saímos em dois carros. Qual o nosso espanto, quando a Martina tinha o carro avariado. Depois de vermos que era falta de gasóleo e resolvidos os diversos passos (desde buscar gasóleo, empurrar o carro, chamar um mecânico), lá partimos em direcção à ilha de Moçambique.
Fizemos a primeira paragem em Monapo, onde se encontram os padres verbitas. Aí encontrava-se um antigo aluno meu da Universidade que ficou satisfeito de ter encontrado o seu antigo professor de Pastoral. Vá lá que ainda há alunos que respeitam os professores de pastoral.
Depois de tomarmos alguns refrescos e trocado umas ideias, lá continuamos viagem em direcção à ilha de Moçambique.
Antes abastecemos os carros, porque o gasóleo é mais barato, junto a Nacala. E era a Galp.
Como eu ia com uma T-shirt da selecção nacional e um chapéu também com o emblema de Portugal, o segurança disse: estou a gostar muito dessa camisola e eu respondi: se me deres uma para pôr no corpo, ofereço-te esta. Ela disse que não tinha. Portanto, não houve troca de galhardetes.
Continuamos a viagem e pelas 19.00h do dia 10 de Agosto de 2008, estavam 9 portugueses a entrar na ilha de Moçambique através de uma estreita ponte de 3.800 metros de cumprimento. Os primeiros portugueses chegaram em 1498 segundo alguns cicerones pouco científicos.
A primeira sensação foi indescritível. Fomos à procura da pensão Mocheliwa (em português, como estás). Quando estávamos a entrar para esta simples, barata, espectacular pensão, encontrámos o pároco da ilha, P. Atanásio. Fomos bem recebidos.
Depois de nos instalarmos, lá fomos à procura do restaurante Relíquas para jantarmos. Parecia que estávamos num filme de Hollywood. Jantámos. Convivemos.
Depois, alguns (os cotas) retiraram-se para descansar, outros foram ver a ilha.
De manhã, fomos à fortaleza de S. Sebastião que está em obras e portanto não pudemos ver a primeira igreja construída pelos portugueses na ilha. Mas estava lá uma engenheira portuguesa nas obras, desesperada, porque as obras nunca mais acabavam.
A fortaleza levou 62 anos a construir segundo um cicerone improvisado.
Visitámos a capela de S. António. Enquanto eu guardava o carro, para outros tirarem fotografias, diz-me uma criança: amigo intelectual. Fiquei parvo a olhar para a criança. Passamos ao lado da capela de S. Francisco Xavier, onde ele esteve 6 meses antes de continuar para a Índia.
Depois, rumámos às Chocas, onde fomos marcar o almoço no Complexo e mergulhar no mar Índico para sentir a água quente. Ainda fizemos uma peladinha de futebol. Claro. Ganhou a Catarina com o Gil e o Eduardo. Eu, o Elmano e o Paulo perdemos por 3-2. Depois do almoço, retomámos a nossa viagem de regresso a Nampula que dista mais ou menos 250kms da ilha.
Paramos outra vez na Galp para abastecer. Aí tive pena do segurança e ofereci-lhe a T-shirt de Portugal. Para não ficar mal, ofereci o chapéu de Portugal ao homem que estava a abastecer o gasóleo.
Mas toda a gente se abeirou das maçarocas, assadas, vendidas pelas crianças a 10 meticais e não houve ninguém que não mordesse uma maçaroca. A partir daí, foi sempre a andar até chegar a Nampula pelas 19.00 horas.
No dia seguinte, tinha que ir para o Molocuè. Mas conto isto amanhã…

| Adérito Barbosa, scj |

 

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