Um dia no Luau – visita dos superiores provinciais | 25/02 – 16/03 | 2010

04 | março | quinta-feira

Um dia no Luau

Como habitualmente começámos o dia rezando as Laudes em conjunto. Depois retomámos alguns pontos da reunião de ontem falando deles durante uma boa parte da manhã. Deste modo os superiores provinciais puderam sintonizar melhor com a vida e a missão da comunidade dehoniana do Luau.

De tarde celebrámos a missa às 15h30 na igreja do Luau. Estava um bom grupo de pessoas. Outras tantas foram-se juntando durante a celebração. Não faltaram os harmoniosos cânticos em língua cokwe, acompanhados com instrumentos tradicionais. Presidiu à celebração o Pe. Carlos Lobo, superior provincial de Moçambique.

O regresso de jeep a casa podia ter sido tranquilo, mas acabou por ser um contratempo. O condutor do jeep é um dos nossos missionários que está há pouco tempo no Luau. Já conhecedor de alguns dos bairros que cercam o centro, decidiu mostrar-nos o caminho que se faz para lá chegar. Nada mais nada menos do que atravessar os 2 km de pista do aeroporto que está encerrado ao movimento aéreo, e depois continuar em frente. Para esta manobra existe uma autorização do administrador dada especificamente para os missionários, visto que o caminho normal está intransitável devido a uma ravina. Fiando-se nessa autorização, o jeep avançou pista adiante. Mais ou menos a meio, do lado esquerdo da pista, estavam dois polícias. Viram o carro passar e não disseram nada. Terão reconhecido que era o carro da missão. Ainda antes de chegar ao fim da pista o dito condutor decidiu inverter a marcha e ao aproximar-se dos polícias recebe ordem de paragem com continuadas e estridentes apitadelas, como é habitual por estes lados. Um terá reconhecido que eram os padres da missão e não terá dado muita importância ao assunto. Outro, chefe, fez questão de salientar que é proibido circular na pista e que a ordem do governador tinha sido alterada. Irredutível, pediu que o condutor o acompanhasse. Lá fomos atrás da moto do polícia, expectantes sobre o que nos poderia acontecer. Seguimo-lo até ao mercado. Aí entregou os documentos ao seu chefe e terá contado o que se passou. O Ir. David que ía na parte do trás do jeep abriu a porta e foi ter com os polícias. O Ir. David está cá há muito mais tempo que o dito condutor e conhece bem os polícias e o modo de lidar com eles. A isso alia-se o facto de ser professor de informática de alguns deles. Por isso, depressa regressou ao carro com os documentos e seguimos para casa calmos e tranquilos, passando novamente ao lado da pista, mas sem entrar dentro!!!

Ao final do dia os superiores provinciais, o superior territorial de Angola e o superior do Luau, foram jantar fora… O Pe. Joaquim tinha combinado o jantar nas instalações da empresa que anda a refazer os cerca de 130 km da estrada que sai do Luau para Saurimo. O estaleiro, além de camiões e máquinas, tem dentro uma pequena aldeia, onde vivem cerca de 30 pessoas. Tudo pessoal especializado, vindo da Madeira, e ligado à execução da obra. A empresa tem 180 trabalhadores. 40 foram contratados em Luanda e os restantes no Luau e aldeias vizinhas. Além das pessoas que vivem no estaleiro, há toda esta gente que é preciso alimentar. Por isso o estaleiro tem um restaurante. Não falta também a padaria que logo pela manhã tem pão fresco para os trabalhadores da AFA.

Os dehonianos estão no Luau há 5 anos. Pouco depois chegaram os primeiros trabalhadores da AFA. Nenhum sabia da existência de outro. Mas quando se deram a conhecer estabeleceram-se boas relações de cooperação e de entreajuda, essenciais para a sobrevivência neste lugar tão distante. Daí o convite para jantar. O momento foi muito agradável. “Foi bom tirem vindo. Conversámos de coisas diferentes. Se não tivessem vindo estávamos ali na sala de convívio a fazer de coisas inúteis”, rematou na despedida o engenheiro responsável pela obra, um jovem de 32 anos.

» Zeferino Policarpo, scj

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