Solenidade da Imaculada Conceição – Ano C [atualizado]
8 de Dezembro, 2024
ANO B
SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA
Tema da Solenidade da Imaculada Conceição
A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi inscrita no calendário litúrgico pelo Papa Sisto IV em 28 de fevereiro de 1477. No entanto, o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria só foi proclamado pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, através da Bula Ineffabilis Deus. Nesta solenidade a liturgia propõe-nos o exemplo de Maria, a mulher sempre disponível para abraçar as indicações e os projetos de Deus.
Na segunda leitura Paulo reflete sobre “o mistério”, o projeto de Deus para o mundo e para os homens. Esse projeto, inscrito desde sempre na mente do próprio Deus, foi-nos revelado por Jesus Cristo. Com a sua vida, as suas palavras, os seus gestos, o seu amor até ao extremo, Cristo disse-nos como devíamos viver para encontrar vida em plenitude. Cada um de nós terá de fazer a sua opção e de dar a sua resposta à oferta que Deus nos faz.
Na primeira leitura, recorrendo às figuras míticas de Adão e Eva, a catequese de Israel mostra-nos a humanidade que rejeita as propostas de Deus e prefere trilhar caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência, à margem de Deus. Essa opção afasta os seres humanos da vida verdadeira; atira-os para um horizonte de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu “sim” total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.
LEITURA I – Génesis 3,9-15.20
Depois de Adão ter comido da árvore,
o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?»
Ele respondeu:
«Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim
e, como estava nu, tive medo e escondi-me».
Disse Deus:
«Quem te deu a conhecer que estavas nu?
Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?»
Adão respondeu:
«A mulher que me destes por companheira
deu-me do fruto da árvore e eu comi».
O Senhor Deus perguntou à mulher:
«Que fizeste?»
E a mulher respondeu:
«A serpente enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor à serpente:
«Por teres feito semelhante coisa,
maldita sejas entre todos os animais domésticos
e entre todos os animais selvagens.
Hás de rastejar e comer do pó da terra
todos os dias da tua vida.
Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a descendência dela.
Esta te esmagará a cabeça
e tu a atingirás no calcanhar».
O homem deu à mulher o nome de ‘Eva’,
porque ela foi a mãe de todos os viventes.
CONTEXTO
O relato javista de Gn 2,4b-3,24 sobre as origens da vida e do pecado (ao qual pertence o texto que hoje nos é proposto como primeira leitura) é um texto do séc. X a.C., que deve ter aparecido em Judá na época do rei Salomão. Apresenta-se num estilo exuberante e vivo e parece ser obra de um catequista popular, que ensina recorrendo a imagens sugestivas, coloridas e fortes.
Não podemos, de forma nenhuma, ver neste texto uma reportagem realista de acontecimentos passados na aurora da humanidade. O seu autor não pretende deixar-nos uma informação factual sobre algo que ele viu ou que lhe contaram; mas está a dizer-nos, com a linguagem do homem de fé, que na origem da vida e dos seres humanos está Deus; e que na origem do mal e do pecado estão as opções erradas que todos os dias os homens fazem. Trata-se, portanto, de uma página de catequese.
Esta longa reflexão sobre as origens da vida e do mal que desfeia o mundo está estruturada num esquema tripartido, com duas situações claramente opostas e uma realidade central que aparece como charneira e ao redor da qual giram a primeira e a terceira parte… Na primeira parte (cf. Gn 2,4b-25), o autor descreve a criação do paraíso e do homem; apresenta a criação de Deus como um espaço ideal de felicidade, onde tudo é bom e o homem vive em comunhão total com o criador e com as outras criaturas. Na segunda parte (cf. Gn 3,1-7), o autor descreve o pecado do homem e da mulher; mostra como as opções erradas do homem introduziram na comunhão do homem com Deus e com o resto da criação fatores de desequilíbrio e de morte. Na terceira parte (cf. Gn 3,8-24), o autor apresenta o homem e a mulher confrontados com o resultado das suas opções erradas e as consequências que daí advieram, quer para o homem, quer para o resto da criação.
Na perspetiva do catequista javista, Deus criou o homem para a felicidade… Então, pergunta ele, como é que hoje conhecemos o egoísmo, a injustiça, a violência que destroem o mundo e a felicidade do homem? A resposta é: algures na história humana, o homem que Deus criou livre e feliz fez escolhas erradas e introduziu na criação boa de Deus dinamismos de sofrimento e de morte.
O nosso texto integra a terceira parte do tríptico. Adão e Eva – que representam os homens e as mulheres de todas as épocas, ávidos de autossuficiência e de liberdade absoluta – tinham tomado a opção de ir contra as indicações de Deus (cf. Gn 3,1-7). Agora, sentindo-se culpados, escondem-se envergonhados “por entre o arvoredo do jardim” (Gn 3,8b).
MENSAGEM
Deus, aquele que tudo sabe e tudo conhece, soube imediatamente que Adão e Eva tinham ignorado as indicações do Criador e enveredado por caminhos de autossuficiência. Enquanto “percorria o jardim pela brisa da tarde” (Gn 3,8a), Deus vem ao encontro deles e questiona-os. Começa por fazer ao homem uma pergunta: “onde estás?” A resposta do homem é já uma confissão da sua culpabilidade: “ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me” (vers. 9-10). A vergonha e o medo que o homem sente são sinal de uma perturbação interior, de uma rutura com a anterior situação de inocência, de harmonia, de serenidade e de paz. Como é que o homem chegou a esta nova situação, marcada pela vergonha e pelo medo? Evidentemente, desobedecendo a Deus e aventurando-se por caminhos onde Deus não está. A resposta do homem trai, logo à partida, o seu segredo e a sua culpa.
Depois desta constatação, a segunda pergunta feita por Deus ao homem é meramente retórica: “terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira de comer?” (vers. 11). A árvore em causa – a “árvore do conhecimento do bem e do mal” – significa o orgulho, a autossuficiência, o prescindir de Deus e das suas propostas, o querer decidir por si só o que é bem e o que é mal, o pôr-se a si próprio em lugar de Deus, o reivindicar autonomia total em relação ao Criador. Ora, quando o homem “come” do fruto dessa árvore, isso não lhe faz bem. As escolhas contra Deus atiram o homem para uma situação de perturbação, de rutura e de desequilíbrio; fazem-no perder a paz, a harmonia, o sentido da vida.
Adão formula uma resposta titubeante à pergunta de Deus. Na sua resposta tenta justificar a sua escolha errada: acusa veladamente Deus por lhe ter dado a mulher por companheira, e a mulher por lhe ter oferecido o fruto da árvore proibida (“a mulher que me deste por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi” – vers. 12). Adão representa a humanidade que, depois de ter feito opções discutíveis, esqueceu os dons de Deus e atribui ao próprio Deus a culpa da sua triste situação. Mais: ao culpar Eva, Adão está a assumir o rosto de uma humanidade que quebrou a sua unidade e se instalou na cobardia, na falta de solidariedade, na divisão, no conflito, no antagonismo. Escolher caminhos contrários aos de Deus não pode senão conduzir a uma vida de rutura com Deus e com os outros irmãos.
A mulher, por sua vez, defende-se culpando a serpente: “a serpente enganou-me e eu comi” (vers. 13). Entre os povos cananeus, a serpente estava ligada aos rituais de fertilidade e de fecundidade. Os israelitas deixavam-se fascinar por esses cultos e, com frequência, abandonavam Javé para seguir os rituais religiosos dos cananeus. Julgavam, dessa forma, assegurar a fecundidade dos campos e dos rebanhos. A serpente era, pois, o “fruto proibido”, que seduzia os crentes e os levava a abandonar a Lei de Deus. O autor javista, para representar literariamente tudo aquilo que “tentava” os israelitas e os afastava de Deus, trouxe para a sua catequese a figura da serpente. Ao culpar a serpente, Eva confirma tudo aquilo que já estava bem claro: a humanidade deixou-se enganar; fechou os ouvidos e o coração às indicações de Deus, foi atrás de outras vozes e de outras propostas de felicidade… Mas nesses caminhos só encontrou engano, mentira e desilusão.
Que tem Deus a acrescentar? Pouco mais, a não ser condenar como falsos e enganosos esses cultos, essas tentações, essas propostas de realização que seduzem os homens e mulheres de todas as épocas e que, afinal, não os levam a lado nenhum (vers. 14-15). A condenação da serpente significa que os caminhos que ela propõe e que afastam os homens de Deus são uma ilusão. Além disso (num desenvolvimento que o texto que lemos neste dia não conservou), Deus avisa os homens e as mulheres para a consequência das suas escolhas erradas: o egoísmo e a autossuficiência levam a um mundo de sofrimento, de conflito, de fadiga, de frustração e de morte (vers. 16-19).
O que é que significa a inimizade e a luta entre a “descendência” da mulher e a “descendência” da serpente (vers. 15)? Provavelmente, o autor javista está, apenas, a dar uma explicação etiológica (uma “etiologia” é uma tentativa de explicar o porquê de uma determinada realidade que o autor conhece no seu tempo, a partir de um pretenso acontecimento primordial, que seria o responsável pela situação atual) para o facto de a serpente inspirar horror aos humanos e de toda a gente lhe procurar “esmagar a cabeça”; mas a interpretação judaica e cristã viu nestas palavras uma profecia messiânica: Deus anuncia que um “filho da mulher” (o Messias) acabará com as consequências do pecado e inserirá a humanidade numa dinâmica de graça.
O relato termina, portanto, com uma nota de esperança. O Evangelho deste dia apresenta-nos a “mulher” que vai ser mãe do Messias e que inverterá o sentido dessa história de egoísmo e de pecado que a humanidade vai escrevendo.
INTERPELAÇÕES
- O mal é uma realidade omnipresente, que a cada instante enche de sombras a história do mundo e a vida dos homens. Apresenta-se na forma de egoísmo, de arrogância, de mentira, de opressão, de injustiça, de violência. Impede-nos de desfrutar de uma vida harmoniosa, pacífica, fecunda, verdadeiramente feliz e realizada. Quando o mal nos fere, sentimos incompreensão, frustração, desânimo, acusação, revolta… Magoados e indignados, reagimos de forma intempestiva e irracional. Por vezes culpamos Deus e acusámo-lo de não se importar connosco, de deixar que o mal se imponha e deixe feridas irreparáveis nas nossas vidas. Ao culpar Deus, estaremos a ser justos e razoáveis? A catequese bíblica garante-nos que o mal não vem de Deus e que Deus não se conforma com o mal. Deus criou-nos para a vida e fez tudo para que não nos tornássemos prisioneiros do mal. Deus ama-nos com um amor sem igual e só quer o nosso bem. Desde o início da história humana mostrou-nos, com paciência infinita, quais os caminhos que devíamos percorrer para chegar à vida plena. Faz algum sentido culparmos Deus, de alguma forma, pelo mal que desfeia o mundo e que traz sofrimento à nossa vida?
- A catequese bíblica ensina, também, que o mal resulta das nossas escolhas erradas, do nosso orgulho, da nossa arrogância, do nosso egoísmo e autossuficiência. Quando o homem escolhe ignorar as propostas de Deus e prescindir do amor, passa a construir a sua vida à volta dos seus projetos pessoais e dos seus interesses egoístas. O resultado de tudo isso traduz-se em injustiças, prepotências, mentiras, pecado… Não teremos, nós também, a nossa quota parte de responsabilidade no imenso caudal de mal que sufoca o mundo e afoga os homens? Procuramos conduzir a nossa vida de acordo com as propostas de Deus e seguir as indicações que Ele nos dá, ou preferimos fazer as nossas escolhas pessoais, à margem de Deus e até mesmo contra Deus?
- A opção por caminhos de egoísmo e de pecado, contra as indicações de Deus, leva-nos ao confronto com os outros homens e mulheres que “viajam” ao nosso lado. Quando nos erigimos em centro e referência de tudo, os outros deixam de ser irmãos, para passarem a ser uma ameaça ao nosso bem-estar, à nossa segurança, ao nosso comodismo, aos nossos interesses pessoais. De tudo isso resulta o conflito, a violência, a exploração, a injustiça; criamos barreiras que nos separam uns dos outros; cortamos as pontes de entendimento e de colaboração; riscamos a fraternidade do dicionário da nossa vida; destruímos a união e a comunhão que nos deviam unir. Como é que nos situamos face aos meus irmãos? Como é que nos relacionamos com aqueles que são diferentes, que invadem o nosso espaço, que atrapalham os nossos interesses, que nos questionam e nos interpelam?
- O nosso egocentrismo, além de afetar a nossa relação com os outros homens e mulheres, também afeta a nossa relação com o resto da criação. Quando só os nossos interesses pessoais comandam as nossas decisões e ações, a natureza deixa de ser a casa comum que Deus ofereceu a todos os homens como espaço de vida e de felicidade, para se tornar algo que usamos e exploramos em nosso proveito, sem considerar a sua dignidade, beleza e grandeza. O que é que a criação de Deus significa para nós: algo que podemos usar e explorar de forma egoísta, ou algo que Deus ofereceu a todos os homens e mulheres – inclusive àqueles que hão de vir depois de nós – e que devemos respeitar, guardar e cuidar com amor?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão: Cantai ao Senhor um cântico novo:
o Senhor fez maravilhas.
Cantai ao Senhor um cântico novo,
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
LEITURA II – Efésios 1,3-6.11-12
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que do alto dos Céus nos abençoou
com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.
N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis,
em caridade, na sua presença.
Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade,
a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo,
para louvor da sua glória
e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho.
Em Cristo fomos constituídos herdeiros,
por termos sido predestinados,
segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza
conforme a decisão da sua vontade,
para sermos um hino de louvor da sua glória,
nós que desde o começo esperámos em Cristo.
CONTEXTO
A cidade de Éfeso, capital da Província romana da Ásia, estava situada na costa ocidental da Ásia Menor, a cerca de três quilómetros a sudoeste da moderna Selçuk, na província de Esmirna (Turquia). Era um dos principais centros comerciais e religiosos do mundo antigo. O seu importante porto e a sua numerosa população faziam de Éfeso uma cidade florescente. Era famosa pelo templo de Artémis, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, e pelo imponente teatro, que levava cerca de 25.000 pessoas.
Paulo passou em Éfeso no final da sua segunda viagem missionária (cf. Act 18,19-21). Mas foi mais tarde, durante a sua terceira viagem missionária, que ele se deteve na cidade (cf. At 19,1). Encontrou lá alguns cristãos escassamente preparados. Paulo procurou instruí-los e dar-lhes uma adequada formação cristã. De acordo com o Livro dos Atos dos Apóstolos, Paulo permaneceu na cidade durante um longo período (mais de dois anos, segundo At 19,10), ensinando na sinagoga e, depois, na “escola de Tirano” (At 19,9). Assim, reuniu à sua volta um número considerável de pessoas convertidas ao “Caminho” (At 19,9.23). Paulo viveu em Éfeso alguns momentos delicados, como o tumulto que se levantou contra ele quando foi acusado pelos comerciantes efésios de estar a destruir a fé em Artémis, pondo em causa o negócio de imagens da deusa (cf. Ef 19,23-40). Ainda de acordo com o autor dos Atos, foi aos anciãos da Igreja de Éfeso que Paulo confiou, em Mileto (cf. At 20,17-38), o seu testamento espiritual, apostólico e pastoral, antes de ir a Jerusalém, onde acabaria por ser preso. Tudo isto faz supor uma relação muito estreita entre Paulo e a comunidade cristã de Éfeso.
Curiosamente, a carta aos Efésios é bastante impessoal e não reflete essa relação. Alguns dos comentadores dos textos paulinos duvidam, por isso, que esta carta venha de Paulo. Outros, porém, acreditam que o texto que chegou até nós com o nome de “Carta aos Efésios” é um dos exemplares de uma “carta circular” enviada a várias igrejas da Ásia Menor, inclusive à comunidade cristã de Éfeso.
Em qualquer caso, a Carta aos Efésios apresenta-se como uma carta escrita por Paulo, numa altura em que o apóstolo está na prisão (em Roma?). O seu portador teria sido um tal Tíquico. Estamos por volta dos anos 58/60.
Alguns veem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que Paulo considerava ter terminado a sua missão no oriente. O tema mais importante da carta aos Efésios é aquilo que o autor chama “o mistério”: trata-se do projeto salvador de Deus, definido e elaborado desde sempre, escondido durante séculos, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos “últimos tempos”, tornado presente no mundo pela Igreja.
O texto que nos é hoje proposto aparece no início da carta. É parte de um hino litúrgico que deve ter circulado nas comunidades cristãs antes de ser enxertado aqui por Paulo. Este hino dá graças pela ação do Pai (cf. Ef 1,3-6), do Filho (cf. Ef 1,7-12) e do Espírito Santo (cf. Ef 1,13-14), no sentido de oferecer aos homens a salvação.
MENSAGEM
O autor deste hino de ação de graças começa por “bendizer” a Deus, fonte última de todas as graças concedidas aos homens. Como é que o autor do hino define a ação de Deus em nosso favor?
Deus cumulou-nos das suas bênçãos (vers. 3-6). Ele elegeu-nos desde sempre (“antes da criação do mundo”). Elegeu-nos para quê? Para sermos “santos e irrepreensíveis”. A palavra “santo” indica a situação de alguém que foi separado do mundo e consagrado a Deus, para o serviço de Deus; a palavra “irrepreensível” (usada para falar das vítimas oferecidas em sacrifício a Deus, que deviam ser imaculadas e sem defeito), designa uma santidade (isto é, uma consagração a Deus) verdadeira e radical, que não é meramente externa, mas toca o mais profundo do nosso ser.
Mas, além de nos eleger, o Pai predestinou-nos “para sermos seus filhos adotivos”. Ele ofereceu-nos a sua vida e convidou-nos a integrar a sua família na qualidade de filhos. Essa adoção torna-nos participantes da própria natureza de Deus. Tanto a “eleição” como a “adoção como filhos” resultam do imenso amor de Deus pelos homens, um amor que é gratuito, incondicional e radical.
Mas, o autor do hino também se refere ao papel de Cristo no projeto do Pai em nosso favor: foi através de Cristo que os dons de Deus incarnaram na história dos homens e nos foram oferecidos.
Nos vers. 7-10 (um desenvolvimento que a liturgia deste dia não conservou), o autor do hino pormenoriza o papel de Cristo em todo este processo, referindo-se ao sangue por Ele derramado em nosso favor e que é fonte de redenção e de vida… Cumprindo o projeto do Pai, Cristo veio ao nosso encontro e apontou-nos caminhos de vida nova. Ofereceu a vida até à morte para nos mostrar a vida de Deus. Derramou o seu sangue para nos libertar do egoísmo, do pecado e de tudo aquilo que nos leva à morte. Com a sua vida e com a sua morte, ensinou-nos a viver no amor, no amor total e radical.
Mas Cristo fez mais: com a sua vida e com a sua entrega, mostrou-nos o amor que o Pai nos tem e deu-nos a conhecer o “mistério” da sua vontade. O conceito paulino de “mistério” designa o projeto salvador de Deus, oculto durante muitos séculos, mas revelado aos homens na vida, nas palavras e nos gestos de Jesus Cristo. O objetivo final do projeto de Deus é “instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos céus e na terra”, de modo que, na plenitude dos tempos, Cristo seja o centro para o qual tudo converge e à volta do qual tudo se articula, em total harmonia.
Aqueles que aderem a Cristo e aceitam viver de acordo com as suas propostas, tornam-se pessoas novas. Entram na família de Deus e tornam-se filhos adotivos de Deus, herdeiros dos bens eternos (vers. 11-12). É esse o projeto que Deus, desde toda a eternidade, Deus tem para nós.
Respondemos a esta extraordinária iniciativa de Deus, aos seus dons maravilhosos, ao seu amor sem limite, com o louvor e a ação de graças (vers. 11-12).
INTERPELAÇÕES
- Em pleno séc. XXI temos consciência, mais do que em qualquer outra época da história, das dimensões inabarcáveis deste universo, sempre em contínua expansão, onde Deus nos colocou. E nós, ao olhar para a imensidão do cosmos, sentimos especialmente a nossa pequenez de criaturas, finitas e limitadas; sentimo-nos pequenos grãos de pó perdidos num espaço cujos contornos nunca conseguiremos totalmente abarcar. Qual o nosso lugar e o nosso papel nesta fantástica arquitetura de Deus? Qual o nosso lugar no projeto de Deus para o universo? A propósito de tudo isto, o autor da Carta aos Efésios diz-nos algo muito belo e motivador: não somos um acidente de percurso na evolução inexorável do cosmos, nem somos imprestáveis grãos de pó perdidos na imensidão do universo; mas somos atores principais de uma história de amor que o nosso Deus sonhou e quis viver connosco… Deus “elegeu-nos” desde sempre, deu-nos um papel e um lugar centrais no seu projeto; e, ao longo da história, nunca se cansou de vir ao nosso encontro e de procurar relacionar-se connosco. No meio das nossas desilusões e dos nossos sofrimentos, da nossa finitude e do nosso pecado, dos nossos medos e dos nossos dramas, não esqueçamos que somos filhos amados de Deus, a quem Ele oferece continuamente a Vida definitiva, a verdadeira felicidade. Esta certeza alimenta a nossa peregrinação pela terra? Somos gratos a Deus por nos ter escolhido e amado, louvamo-l’O pela sua bondade e pelo seu amor?
- De acordo com o autor da Carta aos Efésios, Deus “elegeu-nos… para sermos santos e irrepreensíveis”. Os “santos” são aqueles que pertencem ao Deus santo, são aqueles que Deus chamou e consagrou para o seu serviço. Ora, essa consagração a Deus tem sempre implicações práticas. Requer que vivamos atentos a Deus, procurando descobrir e acolher os projetos que Ele tem para nós e para o mundo; implica procurarmos concretizar esses projetos, com verdade, fidelidade e radicalidade… Caminhamos pela vida conscientes desse chamamento que nos é feito à santidade? No meio das solicitações do mundo e das exigências da nossa vida profissional, social e familiar, conseguimos encontrar tempo para Deus, para dialogar com Ele e para tentar perceber os seus projetos e propostas? Temos disponibilidade e vontade de concretizar a “obra de Deus”, mesmo quando ela não parece conciliável com os nossos interesses pessoais?
- O hino da Carta aos Efésios que a liturgia deste domingo nos trouxe afirma a centralidade de Cristo nesta história de amor que Deus quis viver connosco… Jesus veio ao nosso encontro, mostrou-nos o amor que o Pai nos tem e deu-nos a conhecer o “mistério” da sua vontade. Ele apontou-nos o caminho que devemos percorrer para nos tornarmos “filhos de Deus”, herdeiros da Vida eterna. Cristo, o nosso irmão, o Deus que se fez um de nós e caminhou no meio de nós, é a nossa grande referência. Estamos conscientes disso e caminhamos atrás de Jesus, sem o perder de vista? As suas palavras e os seus gestos são para nós a suprema indicação do caminho que devemos percorrer? Aqueles que caminham pelo mundo ao nosso lado encontram nos nossos gestos e atitudes sinais vivos do amor de Deus revelado em Jesus?
ALELUIA – cf. Lucas 1,28
Aleluia. Aleluia.
Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois Vós entre as mulheres.
EVANGELHO – Lucas 1,26-38
Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo:
«Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?»
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso, o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».
CONTEXTO
O texto que nos é hoje proposto pertence ao chamado “Evangelho da Infância”. Ora, os “Evangelhos da Infância de Jesus (quer o de Mateus, quer o de Lucas) enquadram-se num género literário próprio, que recorre às técnicas do midrash haggádico (uma técnica de leitura e de interpretação do texto sagrado usada pelos rabis judeus) para nos apresentar o mistério de Jesus. A preocupação dos evangelistas que nos legaram os “Evangelhos da Infância” não é apresentar um relato factual dos acontecimentos dos primeiros anos de Jesus, mas sim oferecer às suas comunidades uma catequese que proclame determinadas realidades (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o “Deus connosco”). Com recurso a tipologias (correspondência entre certos factos e pessoas do Antigo Testamento, e outros factos e pessoas do Novo Testamento), a manifestações apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) e a outros recursos literários, Mateus e Lucas tecem as suas catequeses sobre Jesus, o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens. O Evangelho que nos é hoje proposto deve ser entendido a esta luz e neste enquadramento.
A cena situa-nos numa aldeia da Galileia, chamada Nazaré. A Galileia, região a norte da Palestina, à volta do Lago de Tiberíades, era considerada pelos judeus uma terra longínqua e estranha, em permanente contacto com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”. Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto (de acordo com a mentalidade judaica), completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.
Maria, a jovem de Nazaré que está no centro deste episódio, era “uma virgem desposada com um homem chamado José”. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimónias do matrimónio propriamente dito). Entre os “esponsais” e o rito do matrimónio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um carácter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27). E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimónio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
MENSAGEM
Depois da apresentação do “ambiente” do quadro, Lucas apresenta o diálogo entre Maria e o anjo.
A conversa começa com a saudação do anjo. Na boca deste, são colocados termos e expressões com ressonância veterotestamentária, ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão. Assim, o termo “avé” (em grego, “kaire”) com que o anjo se dirige a Maria é mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião” – uma figura fraca e delicada que personifica o Povo de Israel, em cuja fraqueza se apresenta e representa essa salvação oferecida por Deus e que Israel deve testemunhar diante dos outros povos (cf. 2Rs 19,21-28; Is 1,8; 12,6; Jr 4,31; Sf 3,14-17). A expressão “cheia de graça” significa que Maria é objeto da predileção e do amor de Deus. A outra expressão, “o Senhor está contigo”, é uma expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo Testamento (cf. Ex 3,12 – vocação de Moisés; Jz 6,12 – vocação de Gedeão; Jr 1,8.19 – vocação de Jeremias) e que serve para assegurar ao “chamado” a assistência de Deus na missão que lhe é pedida. Estamos, portanto, diante do “relato de vocação” de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar à jovem de Nazaré uma proposta de Deus. Essa proposta vai exigir uma resposta clara de Maria.
Qual é, então, o papel proposto a Maria no projeto de Deus?
A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial… Desse “filho” diz-se, em primeiro lugar, que Ele se chamará “Jesus”, nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos a 2Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Nathan. Esse “filho” é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o “Messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “Messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas.
Como é que Maria responde ao projeto de Deus?
A resposta de Maria começa com uma objeção… A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11; 6,30; Is 6,5; Jr 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspetiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo.
Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes (Oteniel – cf. Jz 3,10; Gedeão – cf. Jz 6,34; Jefté – cf. Jz 11,29; Sansão – cf. Jz 14,6), sobre os reis (Saul – cf. 1Sm 11,6; David – cf. 1Sm 16,13), sobre os profetas (cf. Maria, a profetisa irmã de Aarão – cf. Ex 15,20; os anciãos de Israel – cf. Nm 11,25-26; Ezequiel – cf. Ez 2,1; 3,12; o Trito-Isaías – cf. Is 61,1), a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo. A “sombra” ou “nuvem” leva-nos também à “coluna de nuvem” (cf. Ex 13,21) que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova. O mesmo Deus que outrora acompanhou o seu Povo ao longo do caminho do deserto, vai estar com Maria e, através dela, fazer-se presente no caminho dos homens para os conduzir à salvação.
O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica; no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que Ele reservou para o seu serviço e que Ele enviou ao mundo com uma missão (essa designação aparece, por exemplo, no Deutero-Isaías – cf. Is 42,1; 49,3; 50,10; 52,13; 53,2.11 – em referência à figura enigmática do “servo de Javé”). Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.
INTERPELAÇÕES
- O mal de que falava a primeira leitura desta solenidade, constituirá uma inevitabilidade? Estaremos condenados a fazer escolhas erradas, a não fazer caso das indicações de Deus? A verdade é que, desde o primeiro instante da nossa existência, integramos a família humana, uma família onde o pecado existe. Fazendo parte dessa família, estamos marcados e até mesmo condicionados por essa realidade. Resta-nos encolher os ombros, com fatalismo, invocar como desculpa a nossa fragilidade e resignar-nos á mediocridade? Hoje somos convidados a olhar para Maria de Nazaré, aquela que a Igreja chama a “Imaculada Conceição”. Ao contrário de Adão e Eva, ao contrário de todos os homens e mulheres que cedem à tentação de dizer “não” às indicações de Deus, ela ousou dizer “sim” a Deus. Mostrou-se disponível – não apenas num momento particular, mas em toda a sua vida – para deixar em segundo plano os seus projetos pessoais e para abraçar os planos de Deus. Maria de Nazaré mostrou-nos que é possível fazer escolhas acertadas; mostrou-nos que é possível não nos deixarmos submergir pelo egoísmo e pela autossuficiência. O que significa Maria de Nazaré, a “Imaculada Conceição”, para nós? Ela é apenas a “mãe de Deus e nossa mãe do céu”, por quem temos muita devoção, ou é também – e sobretudo – uma referência de vida, aquela que nos ensina a dizer “sim” a Deus e aos seus projetos?
- Deus tem, desde sempre, um projeto de salvação e de graça para os seus queridos filhos e filhas. Como é que Deus intervém na história humana e concretiza, dia a dia, a sua oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré (bem como a de tantos outros “chamados”) responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o serviço dos irmãos que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. Já pensámos que é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus Se torna presente no mundo e transforma o mundo?
- Outra questão é a dos “instrumentos” de que Deus se serve para realizar os seus planos… Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura dessa “Galileia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Não consta que tivesse uma significativa preparação intelectual, profundos conhecimentos teológicos, ou amigos poderosos nos círculos de poder e de influência da Palestina de então. Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A história vocacional de Maria deixa claro que, na perspetiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus. Estamos disponíveis – apesar da nossa pequenez, fragilidade e indignidade – para sermos colaboradores de Deus e testemunhas da sua salvação no meio dos nossos irmãos e irmãs?
- É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi certamente uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi seguramente uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. No meio da agitação de todos os dias, encontramos tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele nos dá?
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
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