Solenidade de S. Pedro e S. Paulo - Ano C [atualizado]
Todo o dia
29 de Junho, 2025
ANO C
SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO
Tema da Solenidade de S. Pedro e S. Paulo
A Igreja celebra, no dia 29 de junho, a Solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Eles chegaram a Jesus por caminhos diferentes. Pedro, o pescador, ouviu o chamamento de Jesus nas margens do Mar da Galileia; Paulo, o rabi judeu, encontrou-se com Jesus no caminho de Damasco. Ambos apostaram tudo em Jesus e seguiram-no até ao martírio (os dois foram mortos em Roma, durante a perseguição ordenada pelo imperador Nero). São Pedro e São Paulo, cada um à sua maneira, são duas grandes referências para os cristãos de todas as épocas. As leituras deste dia desafiam-nos a seguir o seu exemplo de fidelidade a Jesus e ao Evangelho.
O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a verem-no como “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro, que tem como missão dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
A primeira leitura mostra como Deus cauciona o testemunho dos discípulos e como cuida deles quando o mundo os condena. A maravilhosa libertação de Pedro da prisão onde estava encerrado mostra a solicitude de Deus pela sua Igreja e pelos discípulos que testemunham no mundo a Boa Nova da salvação.
A segunda leitura apresenta-se como o “testamento” de Paulo. Numa espécie de “balanço final” da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto comovente e desafiante, que convida os discípulos de todas as épocas a percorrerem o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo, a exemplo de Paulo.
LEITURA I – Atos 12,1-11
Naqueles dias,
o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja.
Mandou matar à espada Tiago, irmão de João,
e, vendo que tal procedimento agradava aos Judeus,
mandou prender também Pedro.
Era nos dias dos Ázimos.
Mandou-o prender e meter na cadeia,
entregando-o à guarda
de quatro piquetes de quatro soldados cada um,
com a intenção de o fazer comparecer perante o povo,
depois das festas da Páscoa.
Enquanto Pedro era guardado na prisão,
a Igreja orava instantemente a Deus por ele.
Na noite anterior ao dia em que Herodes
pensava fazê-lo comparecer,
Pedro dormia entre dois soldados,
preso a duas correntes,
enquanto as sentinelas, à porta, guardavam a prisão.
De repente, apareceu o Anjo do Senhor,
e uma luz iluminou a cela da cadeia.
O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe:
«Levanta-te depressa».
E as correntes caíram-lhe das mãos.
Então, o Anjo disse-lhe:
«Põe o cinto e calça as sandálias».
Ele assim fez.
Depois, acrescentou:
«Envolve-te no teu manto e segue-me».
Pedro saiu e foi-o seguindo,
sem perceber a realidade do que estava a acontecer
por meio do Anjo;
julgava que era uma visão.
Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda,
chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade,
e a porta abriu-se por si mesma diante deles.
Saíram, avançando por uma rua,
e subitamente o Anjo desapareceu.
Então, Pedro, voltando a si, exclamou:
«Agora sei realmente que o Senhor enviou o Seu Anjo
e me libertou das mãos de Herodes
e de toda a expetativa do povo judeu».
CONTEXTO
No livro dos Atos dos Apóstolos Lucas propôs-se narrar-nos a maravilhosa aventura missionária que levou o Evangelho desde Jerusalém até Roma, o coração do império. Nesta fase são os discípulos que, guiados pelo Espírito Santo, são as testemunhas de Jesus e do seu projeto.
O texto que a liturgia nos propõe como primeira leitura na Solenidade de São Pedro e São Paulo, praticamente encerra a primeira parte do Livro dos Atos dos Apóstolos – a história da expansão do cristianismo dentro das fronteiras palestinas (cf. At 1-12). O Evangelho de Jesus, levado pelos missionários cristãos já tinha chegado à Samaria e a toda a faixa costeira palestina, incluindo Ashdod, Cesareia Marítima (cf. At 8,4-40), Lida e Jope (cf. At 9,31-35).
Por esta altura (por volta do ano 42) Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, refizera praticamente o reino do seu avô. No ano 37, o imperador Calígula deu-lhe o título de rei e confiou-lhe os antigos territórios da tetrarquia de Herodes Filipe (a Itureia, a Traconítide, a Bataneia, a Gaulanítide e a Auranítide); mais tarde, no ano 40, o mesmo Calígula acrescentou ao reino de Herodes Agripa os territórios da antiga tetrarquia de Herodes Antipas (a Galileia e a Pereia); finalmente, no ano 41, o imperador Cláudio (que sucedeu a Calígula) colocou sob a autoridade de Herodes Agripa a Samaria e a Judeia. Herodes Agripa reinou sobre este vasto território até ao ano 44, altura em que morreu repentinamente em Cesareia, durante uma cerimónia pública (cf. At 12,20-23).
Herodes Agripa I procurou sempre estar em boas relações com os líderes judaicos. Observava as prescrições da Lei de Moisés, cumpria os rituais de purificação dos judeus e diariamente oferecia os sacrifícios prescritos no templo de Jerusalém. Fazia-o, no entanto, mais por cálculo político do que por convicção pessoal, pois quando estava fora do território judaico vivia à maneira helénica. Foi certamente para agradar aos líderes judaicos que Herodes Antipas mandou matar à espada o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. Este Tiago era uma figura proeminente da comunidade cristã de Jerusalém. Jesus tinha-lhe predito, certa vez, que ele iria beber o mesmo cálice que Jesus ia beber – quer dizer, iria partilhar do destino do próprio Jesus (cf. Mc 10,38-39).
MENSAGEM
Depois da morte/ressurreição/exaltação de Jesus, os discípulos passaram a ser, no mundo, os arautos desse projeto de salvação que Deus ofereceu aos homens através do seu Filho. Como é que o mundo – esse mundo que rejeitou Jesus e o crucificou numa colina situada fora das muralhas de Jerusalém – irá acolher o testemunho dos discípulos?
O autor dos Atos dos Apóstolos responde à questão com factos concretos. Depois de contar, de passagem, a morte de Tiago, refere que o próprio Pedro foi preso por ordem de Herodes Agripa I (vers. 2-3). O plano de Herodes Agripa era, provavelmente, condenar Pedro à morte, assegurando assim os aplausos e a admiração dos líderes judaicos; mas, uma vez que estavam a decorrer as festas pascais, o julgamento foi adiado para depois da celebração da Páscoa (vers. 4).
Enquanto Pedro estava na prisão, “a Igreja orava instantemente a Deus por ele” (vers. 5). A comunidade primitiva era uma comunidade unida e solidária, uma família que se preocupava com a sorte de cada um dos seus membros. Por isso, no momento em que Pedro corria perigo, a comunidade pedia para ele a ajuda de Deus.
Na véspera do julgamento, Pedro escapou da prisão, durante a noite (vers. 6-11). O que terá acontecido? Não sabemos exatamente; mas a libertação de Pedro foi vista pela comunidade como o resultado da intervenção de Deus. A narração de Lucas fala da intervenção de um “anjo do Senhor” (vers. 7), que teria tirado Pedro da prisão sem que Pedro tivesse qualquer papel ativo em todo o processo (vers. 8-10). Provavelmente devemos ver nos pormenores maravilhosos narrados (o aparecimento do “anjo do Senhor”, a luz que iluminou a cela da cadeia, a passagem pelos guardas sem que nenhum deles se tivesse apercebido da fuga do prisioneiro, a abertura milagrosa da porta da prisão), não tanto uma descrição factual de acontecimentos concretos, mas sim uma catequese sobre a solicitude de Deus pelos apóstolos que envia ao mundo a dar testemunho da salvação. Seja como for que as coisas se passaram, a verdade é que os cristãos de Jerusalém viram o dedo de Deus naquela história extraordinária da fuga de Pedro da prisão.
A catequese de Lucas dirige-se aos cristãos de todas as épocas, frequentemente incompreendidos e perseguidos por causa da sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho. Garante-lhes que não estão sozinhos diante da hostilidade do mundo. Deus acompanha-os em cada passo, dá-lhes a força para serem testemunhas, cuida deles, livra-os dos perigos, fá-los vencer as ciladas dos seus inimigos. Os enviados de Jesus sabem, assim, que “viajam” e enfrentam o mundo sob o olhar atento e paterno de Deus.
INTERPELAÇÕES
- A proposta de salvação que Deus fez aos homens através de Jesus continua válida? Como é que ela chega ao mundo em cada época e em cada passo da turbulenta história dos homens? O livro dos Atos dos Apóstolos tem uma resposta clara para estas questões: sim, Deus continua a oferecer aos homens e mulheres de cada época a sua salvação; e são os discípulos que Jesus deixou no mundo que têm a missão de tornar realidade, em cada tempo, em cada “hoje”, a proposta libertadora de Deus. A Igreja nascida de Jesus não é uma comunidade de homens e mulheres que vivem apenas de olhos postos no céu, a murmurar orações e a contemplar a majestade de Deus; nem é uma comunidade de teólogos que gasta o tempo a discutir doutrinas elevadas e transcendentes… Mas é uma comunidade de discípulos de Jesus que, com gestos concretos de amor, de misericórdia, de partilha, de serviço, de perdão, leva ao mundo – inclusive às periferias, aos sítios onde ninguém vai, aos lugares do choro e do desespero – a Boa notícia da salvação de Deus. Pedro e Paulo, os apóstolos que a liturgia de hoje nos convida a celebrar, fizeram-no. Seremos capazes de o fazer também nós, neste tempo histórico tão exigente e tão desafiante que nos tocou viver?
- A história que o autor dos Atos dos Apóstolos nos conta sobre a prisão do apóstolo Pedro, lembra-nos uma realidade incontornável: o testemunho do projeto de Jesus gera sempre incompreensão e oposição. O Evangelho de Jesus incomoda, ainda hoje. Incomoda especialmente aqueles que estão apostados em perpetuar mecanismos de exploração, de injustiça, de morte; mas também incomoda aqueles que estão comodamente instalados na escravidão e não têm a coragem de questionar as cadeias que os prendem. A reação de quem se sente incomodado com o anúncio da Boa nova de Jesus traduz-se muitas vezes na oposição, nas calúnias, nos sarcasmos, nas piadas estúpidas que tanto custam a aceitar. É necessário, contudo, que a incompreensão e a perseguição não nos desanimem e não nos impeçam de dar testemunho dos valores em que acreditamos. Não temos diante de nós o exemplo de Jesus, morto na cruz por ser fiel ao projeto do Pai? E não temos também o exemplo de Pedro e de Paulo, mortos em Roma, por causa do Evangelho de Jesus durante a perseguição ordenada pelo imperador Nero? Estamos dispostos a dar testemunho dos valores do Reino, com sinceridade e verticalidade, independentemente da forma como o nosso testemunho é acolhido?
- A forma como o autor dos Atos dos Apóstolos descreve a libertação de Pedro da prisão onde Herodes Agripa o tinha mandado encerrar, pretende sugerir que Deus sempre fará tudo para salvar os seus enviados das mãos daqueles que os perseguem e ameaçam. É uma mensagem consoladora, que fortalece o ânimo daqueles que aceitam o risco de dar testemunho da salvação de Deus no meio dos seus irmãos. Os enviados de Deus não são imunes ao sofrimento, à adversidade, à contestação, à maledicência, ao escárnio, à perseguição; mas são, como os outros homens e mulheres, pessoas frágeis, que no decurso da sua missão experimentam a cada passo a solidão, o abandono, o desânimo, a desilusão, a angústia. A história do apóstolo Pedro diz-lhes, contudo, que podem confiar no amor e na solicitude de Deus, pois Deus nunca dececiona aqueles que n’Ele põem a sua confiança. Temos feito esta experiência? Quando caminhamos “sem rede”, ameaçados por todo o tipo de perigos, conscientes da nossa fragilidade, sentimo-nos tranquilos nas mãos de Deus? Acreditamos mesmo que Deus nunca nos abandona, aconteça o que acontecer?
- É muito sugestiva, na história que o autor dos Atos dos Apóstolos hoje nos conta, a indicação de que a comunidade cristã “orava insistentemente a Deus” por Pedro, prisioneiro por causa do Evangelho. Mostra uma comunidade solidária, fraterna, unida, atenta, que se coloca ao lado dos irmãos que sofrem e que são injustiçados por causa do seu testemunho, da sua coerência, do seu compromisso com a verdade. As nossas comunidades cristãs são comunidades onde cada um sente as dores e os sofrimentos dos seus irmãos? Sentimos que é nossa responsabilidade fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para “consolar” e para “libertar” os irmãos que são vítimas da injustiça, da maldade, da prepotência? Lembramo-nos de pedir a Deus que cuide dos nossos irmãos que, por qualquer razão, estão prisioneiros do sofrimento?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: O Senhor libertou-me de toda a ansiedade.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o Seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor;
escutem e alegrem-se os humildes.
Enaltecei comigo ao Senhor,
e exaltemos juntos o Seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes:
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.
O anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.
LEITURA II – 2 Timóteo 4,6-8.17-18
Caríssimo:
Eu já estou oferecido em libação
e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate,
terminei a minha carreira,
guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça,
que o Senhor, justo Juiz, me há de dar naquele dia;
e não só a mim, mas a todos aqueles
que tiverem esperado com amor a Sua vinda.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força,
para que, por meu intermédio,
a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada
e todos os pagãos a ouvissem;
e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal
e me dará a salvação no Seu Reino celeste.
Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen.
CONTEXTO
O Timóteo cujo nome aparece no endereço desta carta (cf. 2Tm 1,2) é um cristão nascido em Listra (Ásia Menor), de pai grego e de mãe judeo-cristã (cf. At 16,1-3). Paulo encontrou-o no decurso da sua segunda viagem missionária (cf. At 16,2) e associou-o à aventura do anúncio do Evangelho. Timóteo tornou-se, a partir de então, companheiro inseparável de Paulo. Aparece ao lado de Paulo em Atenas (cf. At 17,14-15), em Corinto (cf. At 18,5), em Éfeso (cf. At 19,22), colaborando no esforço missionário. Paulo confiava plenamente nele e encarregou-o de algumas missões delicadas junto das igrejas (cf. 1 Cor 4,17; 16,10-11; Fil 2,19-24; 1 Ts 3,2-3). Segundo a tradição, foi o primeiro bispo da comunidade cristã de Éfeso.
É problemático que Paulo seja o autor das duas cartas “a Timóteo”: a linguagem, o estilo e mesmo a doutrina apresentam diferenças consideráveis em relação a outras cartas paulinas. Além disso, o contexto eclesial em que estas cartas nos situam – a estrutura das comunidades cristãs, os problemas que as comunidades têm de enfrentar – parece mais do final do séc. I, ou até mesmo de princípios do séc. II, do que da época de Paulo. Enquanto na época de Paulo a preocupação essencial era anunciar o Evangelho, na época em que estas cartas foram escritas a grande preocupação parece ser “conservar a fé”, uma vez que o tesouro da fé cristã estava ameaçado pela acomodação dos crentes e pelas falsas doutrinas que alguns “mestres” difundiam nas comunidades cristãs. É possível que um discípulo de Paulo, inspirando-se na teologia paulina, tenha composto estas cartas para responder às novas problemáticas que, no final do séc. I, a Igreja tinha de enfrentar.
Mais concretamente, a segunda Carta a Timóteo apresenta diversos conselhos pastorais que Paulo destina ao seu grande colaborador (Timóteo) na obra da evangelização. O autor da carta estaria, pretensamente, na prisão. Numa espécie de “testamento final”, recorda a Timóteo o ministério que recebeu (2 Tm 2,1-7), convida-o a manter-se fiel à graça recebida (cf. 2 Tm 1,6-18), alerta-o para os perigos dos novos tempos (cf. 2 Tm 3,1-17) e deixa-lhe as suas últimas recomendações (cf. 2 Tm 4,9-18).
MENSAGEM
O autor da carta apresenta-se na pele de Paulo, prisioneiro em Roma. Sentindo que a sua vida está a chegar ao fim, avalia a forma como viveu (vers. 6-8). O objetivo é levar os crentes a fazerem, como Paulo, o dom total das suas vidas a Deus.
A vida de Paulo sofreu uma transformação radical quando ele se encontrou com Cristo na estrada de Damasco (cf. At 9,1-9; 22,4-11; 26,9-18). A partir desse momento, deixou para trás todas as certezas e seguranças em que, até então, tinha apostado e começou a viver para Cristo: enfrentou todas as oposições, contornou todos os obstáculos, suportou todos os cansaços, deu tudo para levar a Boa nova da salvação a todas as nações, desde Jerusalém a Roma.
Para definir a sua vida de compromisso total com o projeto de Deus, Paulo recorre a três imagens. A primeira vem do culto judaico (vers. 6): a vida de Paulo foi como uma oferta sacrificial entregue a Deus. A sua vida foi derramada sobre o altar de Deus, à imagem dos ritos de libação que se faziam no santuário e que consistiam no derramamento de um pouco de vinho sobre o altar onde, depois, se queimava a oferenda destinada à divindade. A segunda imagem é tirada do mundo militar (vers. 7a). A vida de Paulo foi como que um combate, no qual o apóstolo se empenhou totalmente, até ao dom de si próprio. Paulo combateu bravamente e deu tudo pela vitória de Deus. A terceira imagem é a do atleta que corre em direção à meta para alcançar a vitória (vers. 7b). Paulo, qual atleta de eleição, correu sempre, com empenho total, com dedicação absoluta, pondo todas as suas forças ao serviço do projeto de Deus.
Agora, depois de uma vida gasta ao serviço de Deus, Paulo pressente que chegou ao fim do seu caminho. Está satisfeito com a sua prestação, pois manteve-se focado, foi fiel, fez tudo o que estava ao seu alcance para corresponder ao chamamento que recebeu de Jesus. Resta-lhe receber a “coroa da justiça” reservada aos vencedores. Paulo aproveita até para avisar que o mesmo prémio está reservado a todos aqueles que lutam com o mesmo denodo e o mesmo entusiasmo pela causa do Reino. Os discípulos de Jesus de todas as épocas devem ter isso em conta.
No final da carta, nuns versículos que a segunda leitura deste dia não conservou (vers. 9-16), o autor põe na boca de Paulo o lamento desiludido de um homem cansado que, apesar de tudo o que fez pelo Evangelho, se sente abandonado por alguns irmãos na fé. Apesar disso (e aqui voltamos ao texto que a nossa leitura nos apresenta) não se sente sozinho, pois tem experimentado, nestes dias de cativeiro, o apoio e o conforto de Deus. Está convicto de que Deus o livrará de todo o mal e lhe dará, no final da caminhada, a vida definitiva. Por isso, termina a sua partilha com um grito de louvor: “glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen”.
Ao apresentar aos crentes do final do séc. I o “testemunho” de Paulo, o autor desta carta pede-lhes que tenham uma atitude semelhante à do apóstolo: que não se deixem vencer pelo desânimo, pelo sofrimento, pelo medo, pela tribulação; que se mantenham fiéis a Jesus e ao Evangelho; que confiem no prémio que espera todos aqueles que combateram o bom combate e mantiveram a fé.
INTERPELAÇÕES
- Paulo de Tarso marcou de forma decisiva a história do cristianismo pela sua visão larga do projeto de Deus e pela forma como abriu ao Evangelho as portas do mundo greco-romano. Mas, para além disso, deixou aos cristãos de todas as épocas um impressionante testemunho pessoal de compromisso total com Jesus e com o Evangelho. O seu encontro com Jesus no caminho de Damasco marcou a sua vida de uma forma tão decisiva que ele dizia: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Passou a viver para Cristo, apenas para Cristo. A sua paixão por Cristo levou-o a dar testemunho do Evangelho em todo o mundo antigo, sem vacilar perante as dificuldades, os perigos, o cansaço, a contestação, a tortura, a prisão e até mesmo a morte. Nós, cristãos, encontramo-nos frequentemente com Jesus no caminho da nossa vida: escutamos a sua Palavra, conversamos com Ele, sentamo-nos com Ele à mesa e comemos do Pão que Ele oferece, dizemos que somos seus discípulos e que estamos em comunhão com Ele… O nosso compromisso com Cristo é tão profundo e tão decisivo como o de Paulo? Cristo é para nós – como foi para Paulo – a referência decisiva à volta da qual se constrói a nossa existência?
- Paulo experimentou, no seu caminho de testemunho missionário, o abandono, a solidão, a traição, a incompreensão de muita gente, inclusive de alguns irmãos na fé. Por outro lado, sentiu sempre que o Senhor estava com ele, o animava e lhe dava forças para que “a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem”. A experiência de Paulo é, afinal, a experiência de todos os “profetas” que Deus envia ao mundo para serem arautos da sua salvação no meio dos homens: de um lado está o ódio do mundo, que desgasta e traz desânimo; do outro está a solicitude de Deus que conforta, sustenta, defende, anima e renova as forças dos seus enviados. É esta também a nossa experiência? A certeza da presença de Deus ao nosso lado dá-nos a força necessária para cumprirmos fielmente a missão que nos foi confiada?
- Quase a chegar ao fim da sua vida, Paulo avalia desta forma a maneira como viveu: “combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”. Pelo que sabemos da vida de Paulo, esta avaliação é honesta e verdadeira. É muito bom chegar ao fim da vida e concluir que a vida valeu a pena e que se deixou uma marca positiva no mundo e na vida dos outros homens e mulheres. Se tivéssemos, neste preciso instante, de avaliar o sentido da nossa vida, o que diríamos? A nossa vida tem feito sentido? Há alguma coisa que possamos mudar ou acrescentar para sentirmos que a nossa vida está a valer a pena?
ALELUIA – Mateus 16,18
Aleluia. Aleluia.
Tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
EVANGELHO – Mateus 16,13-19
Naquele tempo,
Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe
e perguntou aos seus discípulos:
«Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»
Eles responderam:
«Uns dizem que é João Baptista,
outros que é Elias,
outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou:
«E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse:
«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!».
Jesus respondeu-lhe:
«Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram,
mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as forças do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».
CONTEXTO
O episódio que o texto evangélico da Solenidade de São Pedro e São Paulo nos propõe ocupa um lugar central no Evangelho de Mateus. Marca um momento de viragem no caminho de Jesus. A partir daqui começa a perfilar-se no horizonte de Jesus um destino de cruz.
Nos primeiros tempos do seu ministério, Jesus conhece um sucesso fulgurante. A sua fama espalha-se e reúnem-se à volta d’Ele “grandes multidões vindas da Galileia, da Decápole, da Judeia e de além Jordão” (Mt 4,25). Mas, passado o entusiasmo inicial, Jesus começa a encontrar sinais crescentes de resistência à proposta que traz: os fariseus e os doutores da Lei contestam-no abertamente (cf. Mt 9,3-6; 9,34; 12,1-8; 12,9-14; 12,24-32; 15,1-9; 16,1-12); e em muitas povoações da Galileia há gente que não acredita n’Ele e que recusa a sua mensagem (cf. Mt 8,34; 11,16-19; 11,20-24; 13,53-58). O anúncio que Jesus propõe sobre o Reino de Deus só encontra um acolhimento incondicional por parte daquele pequeno grupo de discípulos que o seguem passo a passo.
Jesus tem consciência de que está a aproximar-se a passos largos a altura de se dirigir a Jerusalém para enfrentar as autoridades judaicas. Ele sabe que, em Jerusalém, vai ser condenado e vai ser morto na cruz. Mas o sonho do Reino não pode morrer nessa cruz que vai ser erguida fora das muralhas da cidade santa: os discípulos ficarão no mundo e terão a missão de levar a todos os homens a Boa notícia do Reino. Antes, é necessário prepará-los: eles devem entender e acolher os valores do Reino, devem comprometer-se totalmente no seguimento de Jesus, devem manifestar a sua disponibilidade para integrar a comunidade do Reino. A conversa que Jesus um dia teve com os discípulos, nas proximidades de Cesareia de Filipe, aponta nesse sentido.
Cesareia de Filipe, o cenário geográfico onde a narração de Mateus nos coloca, era uma cidade situada no Norte da Galileia, no sopé do Monte Hermon, junto de uma das nascentes do rio Jordão, na zona da atual Bânias. Durante o período helenístico, a cidade tinha tomado o nome de Panion, em virtude de haver lá um santuário dedicado ao deus grego Pan; mas, no ano 2 ou 3 a.C., Herodes Filipe (filho de Herodes o Grande) reconstruiu-a e deu-lhe o nome de Cesareia, em honra de César Augusto, imperador de Roma. Era, portanto, uma cidade marcada pelo paganismo e pelo culto ao imperador.
MENSAGEM
O nosso texto pode dividir-se em duas partes. A primeira, de carácter cristológico, centra-se em Jesus e na definição da sua identidade. A segunda, de carácter eclesiológico, centra-se na Igreja, que Jesus convoca à volta de Pedro.
Na primeira parte (vers. 13-16), Jesus interroga duplamente os discípulos: acerca do que as pessoas dizem d’Ele e acerca do que os próprios discípulos pensam.
A opinião dos “homens” sobre Jesus reflete entendimentos e visões diversas. Os contemporâneos de Jesus veem-no em continuidade com o passado (“é João Baptista”, “Elias”, “Jeremias” ou “algum dos profetas”). Eles não captam a condição única de Jesus, a sua novidade, a sua originalidade. Reconhecem, apenas, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso. Na perspetiva dos “homens”, Jesus é apenas, um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus e que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele (vers. 13-14). É muito, mas não é o suficiente: significa que os “homens” não entenderam a novidade do Messias, nem a profundidade do seu mistério.
A opinião dos discípulos acerca de Jesus vai muito além da opinião comum. Eles acompanharam Jesus por toda a Galileia, conviveram com Ele noite e dia, escutaram as suas palavras e testemunharam os seus gestos… É natural que tenham visto em Jesus uma dimensão que as outras pessoas ainda não captaram. Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos, resume o sentir da comunidade do Reino na expressão: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (vers. 16). Nestes dois títulos resume-se a fé da Igreja de Mateus e a catequese aí feita sobre Jesus. Dizer que Jesus é “o Cristo” (Messias) significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. No entanto, para os membros da comunidade do Reino, Jesus não é, apenas, o Messias: é, também, o “Filho de Deus”. No Antigo Testamento, a expressão “Filho de Deus” é aplicada aos anjos (cf. Sl 29,1; Job 1,6), ao Povo eleito (cf. Ex 4,22; Os 11,1; Jr 3,19), aos vários membros do Povo de Deus (cf. Dt 14,1; Is 1,2; 30,1.9; Jr 3,14) ao rei (cf. 2 Sm 7,14) e ao Messias-rei da linhagem de David (cf. Sl 2,7; 89,27). Designa a condição de alguém que tem uma relação particular com Deus, a quem Deus elegeu e a quem Deus confiou uma missão. Definir Jesus como o “Filho de Deus” significa, não só que Ele recebe vida de Deus, mas que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus Lhe confiou uma missão única para a salvação dos homens; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus conhece e realiza os projetos do Pai no meio dos homens. Os discípulos são convidados a entender dessa forma o mistério de Jesus.
Na segunda parte (vers. 17-19), temos a resposta de Jesus à confissão de fé de Pedro. É um texto exclusivo de Mateus, pois não aparece nos outros sinóticos. Jesus começa por felicitar Pedro pela fé que o anima e que ele testemunha com a sua resposta. No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus (“não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus” – vers. 17). Pedro pertence a essa categoria dos “pobres”, dos “simples”, abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas de Deus (esses “pobres” e “simples” estão em contraposição com os líderes – os fariseus, os doutores da Lei, os escribas – instalados nas suas certezas, seguranças e preconceitos, incapazes de abrir o coração aos desafios de Deus).
A fé proclamada por Pedro (que encara Jesus como “o Messias”, “o Filho de Deus”) é a base sobre a qual deve assentar a comunidade do Reino. A Pedro (o nome é a tradução grega do aramaico “Kephâ”, que significa “rocha”), é confiada a missão de ser a “rocha” sobre a qual assentará a Igreja nascida de Jesus (vers. 18).
Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus e edificar a comunidade do Reino, Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar” (vers. 19). No mundo bíblico, aquele que detém as chaves é o “administrador do palácio”. Era ele que, entre outras coisas, administrava os bens do soberano, fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano. Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Assim, Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino. Quer isto dizer que a Igreja é um condomínio fechado ao qual só alguns têm acesso? Não. O que quer dizer é que todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino, mas só entram nela aqueles que aceitam Jesus como o Messias, o Filho de Deus, e se dispõem a acolher a sua proposta.
Trata-se, aqui, de confiar a um homem (Pedro) um primado, um papel de liderança absoluta (o poder das chaves, o poder de ligar e desligar) da comunidade dos discípulos? Ou Pedro é, aqui, um discípulo que dá voz a todos aqueles que acreditam em Jesus e que representa a comunidade dos discípulos? É difícil, a partir deste texto, fazer afirmações definitivas. O poder de “ligar e desligar”, por exemplo, aparece noutro contexto, confiado à totalidade da comunidade e não a Pedro em exclusivo (cf. Mt 18,18). Provavelmente, o mais correto é ver em Pedro o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que se reúne em volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir. Isso não invalida que Pedro fosse uma figura de referência para os primeiros cristãos e que desempenhasse um papel de primeiríssimo plano na animação da Igreja nascente, sobretudo nas comunidades cristãs da Síria (as comunidades a que o Evangelho de Mateus parece dirigir-se).
INTERPELAÇÕES
- Quem é Jesus? Como é que os homens do séc. XXI o veem? Muitos dos nossos contemporâneos – crentes, agnósticos ou mesmo ateus – veem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros veem em Jesus um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns veem em Jesus um admirável condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar pelo fenómeno; outros, ainda, veem em Jesus um revolucionário, ingénuo e inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre, que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos poderosos, preocupados em manter o “status quo”. Que achamos destas “visões” sobre Jesus? Consideramo-las redutoras, ou exatas? Jesus terá sido apenas um “homem” que deixou a sua pegada na história humana, como tantos outros que a história absorveu e digeriu?
- “E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada crente. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”?
- Pedro, em nome da comunidade dos discípulos, proclama a fé de todos em Jesus, Messias e salvador, o Filho que Deus enviou ao mundo para apresentar aos homens uma proposta de vida eterna e verdadeira. A Igreja assenta nesta fé e constrói-se a partir desta fé. A Igreja de Jesus é uma comunidade de discípulos reunida à volta de Jesus (“o Messias, o Filho de Deus vivo”), que vive da escuta de Jesus, que se alimenta de Jesus, que caminha incondicionalmente atrás de Jesus e que dá testemunho no mundo da proposta que Jesus deixou. Jesus é a grande referência das nossas vidas e ocupa o centro da nossa comunidade cristã? É n’Ele que assenta a nossa fé? Estamos completamente disponíveis para o escutar, para acolher as suas indicações, para o seguir no caminho que Ele nos aponta?
- Não esqueçamos, no entanto, que a Igreja de Jesus não existe para ficar a olhar para o céu, numa contemplação estéril e inconsequente do “Messias, Filho de Deus vivo”; mas existe para dar testemunho de Jesus, para continuar a obra de Jesus e para oferecer a cada homem e a cada mulher a proposta de salvação que Jesus veio trazer. Paulo, o grande missionário, estava plenamente consciente disto. Por isso, desde o momento em que se encontrou com Jesus, tornou-se arauto do Evangelho. Temos consciência desta dimensão “profética” e missionária da Igreja? Os homens e as mulheres com quem contactamos no dia a dia – no nosso espaço familiar, no emprego, na escola, na rua, no prédio, nos acontecimentos sociais – são contagiados pelo nosso entusiasmo por Jesus e recebem de nós o convite para integrar a comunidade da salvação?
- A comunidade dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas a quem foi confiada a missão de presidir, de coordenar e de desempenhar o serviço da autoridade. Essa autoridade que lhes é confiada não é, no entanto, absoluta e inquestionável; é uma autoridade que deve ser exercida em benefício da comunidade, como amor e serviço. O modelo dessa autoridade é o bom pastor, que orienta o rebanho, que cuida das suas ovelhas, que as defende dos perigos e que dá a vida por elas. Como vemos e entendemos, na Igreja de Jesus, o serviço da autoridade?
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org