33º Domingo do Tempo Comum - Ano C [atualizado]
16 de Novembro, 2025
ANO C
33.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 33.º Domingo do Tempo Comum
Quase no final do ano litúrgico, a Palavra de Deus convida-nos a lançar um olhar sobre a história dos homens e sobre aquilo que nos espera quando o nosso caminho na terra terminar. Garante-nos que caminhamos ao encontro de Deus, da vida verdadeira. A história dos homens não é uma história de perdição, mas sim uma história de salvação. É tendo diante dos olhos esse horizonte que enfrentamos a vida de todos os dias e derrotamos as dificuldades que o caminho apresenta.
Na primeira leitura, um “enviado de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada que, ao contrário do que dizem alguns céticos, Javé não abandonou o seu Povo nem deixou o mal assumir as rédeas da história dos homens. No tempo oportuno Deus vai atuar, vai limpar o mundo, vai derrotar as forças da opressão e da morte que privam os homens de vida. Das cinzas do mundo velho Deus vai fazer nascer um mundo novo, iluminado pela luz da salvação.
No Evangelho Jesus conversa com os seus discípulos sobre o sentido da história humana. Garante-lhes que a história dos homens não terminará num fracasso: no final do caminho estará Deus para oferecer aos seus queridos filhos a salvação, a vida definitiva. Essa certeza deve proporcionar-nos a força de que necessitamos para enfrentar as crises, os abalos, as convulsões da história, até mesmo as condenações e perseguições que se apresentarão em cada curva do caminho.
Na segunda leitura o apóstolo Paulo pede aos cristãos de Tessalónica – e aos cristãos de todas as épocas e lugares – que não se instalem na mediocridade, na apatia, na ociosidade, mas sejam protagonistas da história, gente comprometida com a construção do Reino de Deus. Viver de olhos postos em Deus não significa colocar-se à margem da construção do mundo.
LEITURA I – Malaquias 3,19-20a
Há de vir o dia do Senhor,
ardente como uma fornalha;
e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores.
O dia que há de vir os abrasará
– diz o Senhor do Universo –
e não lhes deixará raiz nem ramos.
Mas para vós que temeis o meu nome,
nascerá o sol de justiça,
trazendo nos seus raios a salvação.
CONTEXTO
O nome "Malaquias" não é um nome próprio. A palavra significa "o meu enviado". É o título tomado por um profeta anónimo, sobre o qual praticamente nada sabemos e que se apresenta como "enviado" de Javé.
Esse profeta exerceu a sua missão em Jerusalém, no período pós-exílico. O Templo já havia sido reconstruído (cf. Ml 1,10) e o culto já funcionava — ainda que mal (cf. Ml 1,7-9. 12-13). No entanto, o entusiasmo pela reconstrução estava apagado. Desanimado ao ver que as antigas promessas de Deus (veiculadas por Ezequiel e pelo Deutero-Isaías) não se tinham cumprido, o Povo tinha caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus. Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Todo este ceticismo tinha repercussões no culto (cada vez mais desleixado) e na ética (multiplicavam-se as falhas, as injustiças, as arbitrariedades). Este quadro situa-nos na primeira metade do séc. V a.C. (entre 480 e 450 a.C.), muito próximo da época de Esdras e Neemias.
Malaquias, o "mensageiro de Javé" reage vigorosamente contra a situação em que o Povo de Judá está a cair. Defende intransigentemente os valores judaicos e a fé dos antepassados; aponta o dedo aos sacerdotes, aos levitas e a outros responsáveis pelo culto, denunciando o seu desleixo e venalidade; profetiza a chegada do tempo em que se oferecerá a Deus um culto puro e santo; coloca cada pessoa diante das suas responsabilidades para com Javé e para com o próximo; exige a conversão do Povo e o afastamento da idolatria; condena veementemente os casamentos mistos (entre judeus e não judeus), que fazem perigar a fidelidade a Javé. A sua lógica é a lógica deuteronomista: se o Povo se obstinar em percorrer caminhos de infidelidade à Aliança, voltará a conhecer a morte e a infelicidade, como aconteceu num passado recente; mas se o Povo se voltar para Javé e cumprir os mandamentos, voltará a gozar da vida e da felicidade que Deus oferece àqueles que seguem os seus caminhos.
Por detrás do texto que a liturgia deste domingo nos oferece como primeira leitura, está o ceticismo dos habitantes de Judá em relação à justiça de Deus, ao interesse de Deus em intervir na ordem do mundo. Eles sentem-se desiludidos, pois parece-lhes que Deus assume uma atitude de perfeita indiferença diante da sorte dos justos: “de que vale servir a Deus? Que lucrámos em ter observado os seus preceitos e em ter andado de luto diante do Senhor do universo? E agora temos de chamar ditosos aos arrogantes, pois eles fazem o mal e prosperam; põem Deus à prova e ficam impunes” (Ml 3,14-15). É a eterna interrogação sobre o sentido do mal que cobre a terra, sobre a prosperidade dos pecadores em contraste com o sofrimento dos justos. Deus não quer saber? Deus não faz nada para restabelecer a justiça? Ele alheou-se dos problemas dos homens e deixa que cada um faça o que quer?
Malaquias procura responder a estas questões. Garante que Deus não esquece os justos, os que constam do livro onde estão inscritos “os que temem o Senhor e prezam o seu nome” (Ml 3,16). Mais: Deus terá compaixão deles “como um pai que se compadece do filho que o serve” (Ml 3,17). Por isso, Deus vai atuar. Então, todos verão “de novo a diferença entre o justo e o ímpio, entre quem serve a Deus e quem não O serve” (Ml 3,18).
MENSAGEM
Vai chegar o “Dia do Senhor”, o dia da intervenção de Deus no mundo. O “Dia do Senhor” é um conceito que aparece com frequência na literatura profética (cf. Am 5,18; Sf 1,14-18; Jl 2,11) para designar a intervenção de Deus na história, o momento em que Javé vai oferecer ao seu Povo a salvação definitiva. Será o dia do triunfo da justiça, o dia em que Deus vai repor a sua ordem no mundo. Que acontecerá?
Nesse dia, Deus irá acender uma grande fogueira. Na tradição bíblica, o fogo é um símbolo associado à purificação e à renovação. Esse fogo de Deus queimará “todos os soberbos e todos os malfeitores” “como a palha” que não serve para nada. Deus “não lhes deixará raiz nem ramos” (vers. 19): o mal, a injustiça, a opressão, a violência, a mentira, o pecado, serão destruídos e definitivamente banidos da vida dos homens.
Das cinzas desse grande fogo, emergirá um mundo novo, um mundo purificado e renovado, iluminado pelo “sol da justiça”. Dos raios desse sol brotará “a salvação” (vers. 20). Os justos, definitivamente libertos de tudo aquilo que os oprimia e escravizava, poderão sair, livres e felizes, e abraçar uma vida completamente nova.
Como interpretar tudo isto? Esse “Dia do Senhor” será um acontecimento real, catastrófico, avassalador, que atingirá o mundo, no final dos tempos e que eliminará todos aqueles que tiverem escolhido caminhos de maldade?
O discurso profético sobre o “Dia do Senhor” é, sobretudo, uma linguagem – muito ao gosto dos autores “apocalípticos” da época – para descrever o projeto de salvação que Deus tem para os homens e para o mundo. Diz-nos, através de imagens fortes e impressivas, que Deus ama muito os seus queridos filhos e tudo fará para os salvar; por isso, irá libertá-los de tudo aquilo que lhes faz mal e que os impede de ter vida em abundância. Aliás, Deus tem estado a concretizar esse projeto de salvação ao longo do caminho histórico que a humanidade vem percorrendo; mas chegará o dia em que o mal será definitivamente derrotado e nascerá o novo céu e a nova terra da justiça e da paz sem fim.
INTERPELAÇÕES
- Em 1947 uma organização fundada por cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial, criou o “Relógio do Juízo Final”, ou “Relógio do Apocalipse”. É uma ferramenta simbólica onde está representado o risco da destruição global, com a meia-noite simbolizando a hora da aniquilação da humanidade. O ponteiro desse relógio é ajustado periodicamente por um grupo de cientistas e especialistas, com base em diversos fatores de risco. Atualmente, considerando tudo aquilo que constitui uma ameaça para a humanidade – a proliferação das armas nucleares, a instabilidade política internacional, o aumento da temperatura, a frequência de eventos climáticos extremos, o desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial, a biologia sintética e outras tecnologias emergentes com potencial para usos destrutivos, o aparecimento de epidemias e doenças infeciosas globais – os cientistas colocaram os ponteiros do referido relógio muito perto da meia-noite, a “hora” fatídica em que a humanidade será destruída. Já não haverá esperança? Estamos condenados a acabar num inevitável cataclismo? E Deus? Fica indiferente ao ver os seus filhos a caminhar para um beco sem saída? Há 2450 anos um profeta anónimo garantia aos habitantes de Judá: Deus nunca nos abandona; Ele há de destruir, não a humanidade, mas sim aquilo que ameaça a vida dos seus filhos; o mal não triunfará, não terá a última palavra; a história que Deus está a construir connosco não é uma história de destruição, mas sim uma história de salvação. A nossa caminhada pela terra é ancorada nesta esperança?
- A história da salvação escreve-se todos os dias. A cada instante Deus apresenta-se na nossa vida, dá-nos as suas indicações, convida-nos a “queimar” tudo aquilo que nos impede de caminhar em direção à vida plena, chama-nos à conversão, à renovação, à construção de uma vida mais feliz e mais realizada. Da nossa parte, temos de andar atentos às indicações de Deus, escutar os seus apelos, ter a coragem de cortar da nossa vida tudo o que nos paralisa e nos impede de caminhar, atirar ao “fogo” purificador todos os lixos que obscurecem a nossa condição de filhos e de filhas de Deus. Estamos disponíveis para acolher as interpelações e desafios purificadores que Deus nos traz? Quais são as coisas que Deus nos convida a “queimar” para que em nós possa concretizar-se a salvação?
- O discurso sobre o fim do mundo e as catástrofes que esperam a humanidade pecadora é um discurso que alguns pregadores – muitas vezes da área das seitas, outras vezes de grupos ditos “cristãos”, mas que se movimentam em terrenos e conceções muito próximas das seitas – gostam de usar para incutir medo. Independentemente das boas ou más intenções desses pregadores, o medo não é uma boa base para construirmos a nossa experiência de fé e para nos aproximarmos do Deus que Jesus nos veio revelar. Usar certos textos – como este que a liturgia nos propõe hoje como primeira leitura – para fomentar o medo e para “forçar” à conversão poderá constituir uma grave distorção da Palavra de Deus. Como é que “ouvimos” discursos desse tipo? São discursos que nos impressionam e que condicionam a nossa visão de Deus e do seu projeto?
- A profecia de Malaquias começou a concretizar-se quando Jesus entrou na nossa história e se apresentou no meio de nós. Jesus é o “sol de justiça” de cujos raios colhemos a salvação. As palavras que Ele nos disse convidam-nos à mudança, à renovação, à vida nova; os seus gestos propõem-nos uma maneira de viver radicalmente nova; o Seu amor até ao extremo, até ao dom total de si próprio, mostra-nos como devemos amar; o Espírito que Ele deixou aos seus dá-nos a força para testemunharmos Evangelho e para renovarmos a face da terra. Com Jesus começou a tornar-se realidade o Reino de Deus, esse mundo de justiça e de paz que, no entanto, só se concretizará plenamente no final dos tempos, quando a humanidade tiver ultrapassado a etapa terrena da finitude e da contingência. Jesus é, para nós, o “sol de justiça” que ilumina a nossa vida e que nos mostra o caminho?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão 1: O Senhor virá governar com justiça.
Refrão 2: O Senhor julgará o mundo com justiça.
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.
Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,
a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios
e as montanhas exultem de alegria.
Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra;
julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade.
LEITURA II – 2Tessalonicenses 3, 7-12
Irmãos:
Vós sabeis como deveis imitar-nos,
pois não vivemos entre vós desordenadamente,
nem comemos de graça o pão de ninguém.
Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga,
para não sermos pesados a nenhum de vós.
Não é que não tivéssemos esse direito,
mas quisemos ser para vós exemplo a imitar.
Quando ainda estávamos convosco,
já vos dávamos esta ordem:
quem não quer trabalhar, também não deve comer.
Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade,
sem fazerem trabalho algum,
mas ocupados em futilidades.
A esses ordenamos e recomendamos,
em nome do Senhor Jesus Cristo,
que trabalhem tranquilamente,
para ganharem o pão que comem.
CONTEXTO
Tessalónica (a atual Salónica) era, em meados do séc. I, a cidade mais importante da Macedónia. . Tendo obtido do imperador Augusto o privilégio de “cidade livre”, era administrada por um conselho eleito pela assembleia do povo (cf. Act 17,5) e presidida por magistrados denominados “politarcas” (cf. Act 17,6-8). Importante porto marítimo e cidade de intenso comércio, Tessalónica era uma encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais e as religiões vindas do estrangeiro coexistiam lado a lado.
A cidade foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária, muito provavelmente no Inverno do ano 49 ou 50. Paulo chegou a Tessalónica acompanhado por Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade de Filipos. Essa primeira estadia de Paulo em Tessalónica foi curta, talvez de cerca de três meses; no entanto, do labor apostólico de Paulo nasceu uma comunidade cristã numerosa e entusiasta, constituída maioritariamente por pagãos convertidos. De acordo com a informação dos Atos dos Apóstolos, a obra missionária de Paulo teve a oposição de alguns membros da comunidade judaica. Na sequência, alguns cristãos da cidade foram acusados de agir contra os decretos do imperador e levados diante das autoridades da cidade (cf. At 17,5-9). Paulo foi obrigado a deixar a cidade à pressa, durante a noite. Dirigiu-se para a Bereia e, de seguida, para Atenas (cf. At 17,10-15).
No entanto, o apóstolo estava preocupado com a situação da comunidade que tinha deixado em Tessalónica. Pressionados pelas autoridades da cidade, conseguiriam eles manterem-se fiéis ao Evangelho? Por isso, Paulo enviou Timóteo a Tessalónica para saber informações e para encorajar os tessalonicenses na fé (cf. 1 Ts 3,2-5). Timóteo, depois de cumprir a missão que lhe fora confiada, reencontrou Paulo em Corinto. As notícias trazidas por Timóteo eram boas: os cristãos de Tessalónica enfrentavam as adversidades e mantinham-se fiéis à fé recebida. Confortado pelas informações trazidas por Timóteo, Paulo decidiu escrever aos cristãos de Tessalónica, felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho. Aproveitou também para esclarecer algumas dúvidas doutrinais que inquietavam os tessalonicenses – nomeadamente sobre a segunda vinda do Senhor – e para corrigir alguns aspetos menos exemplares da vida da comunidade. A Primeira Carta aos Tessalonicenses é, com toda a probabilidade, o primeiro escrito do Novo Testamento. Apareceu na Primavera-Verão do ano 50 ou 51.
Uns meses depois dessa primeira Carta à comunidade cristã de Tessalónica, Paulo escreveu uma outra. O objetivo seria corrigir algumas interpretações erradas que a primeira Carta tinha suscitado.
O texto da Carta aos Tessalonicenses que a liturgia deste domingo nos oferece como segunda leitura refere-se à forma como alguns cristãos de Tessalónica viviam, apenas ocupados em atividades inúteis. Não fica claro, pelo texto, se se trata de simples parasitismo e instalação numa vida fácil, ou se se trata de uma exaltação espiritualista resultante da convicção de que a segunda vinda de Jesus estava próxima e não valeria a pena preocupar-se com a luta diária pela existência. Mas Paulo, com uma dureza inesperada, chama à razão os cristãos de Tessalónica.
MENSAGEM
Paulo apresenta aos tessalonicenses o seu próprio exemplo: ele nunca viveu na ociosidade nem comeu de graça o pão que não lhe pertencia. Sempre trabalhou duramente, noite e dia, para não se tornar pesado para os seus irmãos (vers. 8). Até mesmo durante as suas viagens ao serviço do Evangelho, nunca quis viver à custa das comunidades que servia. Poderia tê-lo feito pois, até certo ponto, tinha esse direito; mas nunca aceitou qualquer pagamento, nem se aproveitou do seu múnus pastoral para conseguir qualquer benefício material (vers. 9). Repetidas vezes, nas suas cartas, Paulo faz questão de sublinhar a sua opção em relação a esta questão: ninguém o poderá acusar de viver à custa dos irmãos ou de se servir do Evangelho para levar uma vida de ociosidade (cf. 1 Ts 2,9; 1 Cor 4,12; 2 Cor 11,7-10; 12,13-18).
Apresentado o seu exemplo, Paulo retoma o tom exigente e autoritário. Repete aquilo que tinha dito aos tessalonicenses quando esteve entre eles: se alguém não quer trabalhar, também não tem o direito de comer (vers. 10). Os membros da comunidade cristã de Tessalónica “que vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades” (vers. 11), devem repensar seriamente a sua atitude. Trata-se de algo tão sério, que Paulo não hesita em fazer uso da autoridade apostólica que lhe foi confiada pelo Senhor Jesus: “a esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem” (vers. 12).
O “delito” justifica as palavas duras de Paulo? Sem dúvida. Quando alguém, numa comunidade, se instala na ociosidade e vive à custa dos outros, sem contribuir para o esforço comum, está a lesar gravemente a unidade e a harmonia comunitárias. A sua atitude será fonte de conflitos e de divisões, levará ao desgaste da solidariedade, destruirá a comunhão. Viver em comunidade exige a repartição equitativa dos recursos a que a comunidade tem acesso; mas exige, também, a responsabilização de todos os membros, a fim de que todos ponham ao serviço dos irmãos os próprios dons e contribuam para a construção, para o equilíbrio e para a harmonia comunitárias.
INTERPELAÇÕES
- Poderá a experiência religiosa favorecer uma certa evasão do mundo e afastar as pessoas do seu compromisso com a história? O “homem” religioso poderá ser tentado a viver de olhos postos no céu, num espiritualismo alienado e inconsequente, negligenciando os seus deveres na terra e os desafios que a vida quotidiana lhe traz? Só uma compreensão deturpada da religião levará alguém a voltar as costas ao mundo e a viver desconectado com as realidades do dia a dia. Na verdade, quem vive de olhos postos em Deus e na verdade de Deus, rapidamente percebe que Deus lhe confia a missão de transformar o mundo. Até aqueles e aquelas que são chamados por Deus a uma vocação mais contemplativa têm a responsabilidade de serem sinais e testemunhas de um mundo novo. O cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência potencia um empenhamento sincero na construção de um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano. O Reino de Deus é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A nossa atitude, enquanto discípulos de Jesus, é a de quem se comprometeu com o Reino e se esforça por torná-lo uma realidade no mundo?
- Paulo fala também de cristãos que “vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades”. Trata-se de gente preguiçosa e acomodada, avessa a qualquer esforço, que se aproveita da bondade dos irmãos para viver à custa deles. Paulo não está a referir-se, aqui, às pessoas fragilizadas e em dificuldades, àqueles que as circunstâncias da vida privaram de bens de subsistência e que têm o direito de serem ajudados e cuidados pela comunidade; mas está a referir-se àqueles que não querem esforçar-se, que vivem de esquemas, que se instalam na pedinchice, que se habituaram a depender dos outros e que não mexem um dedo para tomar nas próprias mãos as rédeas da sua vida. Paulo diz, a propósito: “quem não quer trabalhar, também não deve comer”. O que pensamos disto?
- Nas nossas comunidades cristãs encontramos com frequência pessoas que, independentemente da sua condição, das suas qualificações, das suas qualidades, se limitam a ser “consumidores passivos” da religião: usufruem daquilo que a comunidade constrói, participam de alguns momentos celebrativos que lhes interessam, mas não estão disponíveis para colaborar na comunidade, para ajudar a construir a comunidade, para pôr ao serviço da comunidade os dons que Deus lhes concedeu. Acabam por não estar envolvidos na vida da comunidade e por não fazer uma verdadeira experiência de vivência comunitária da fé. Como é que nos situamos em relação à comunidade cristã? Damos o nosso contributo na construção da comunidade? Pomos a render os nossos dons, colocando-os ao serviço da comunidade?
ALELUIA – Lucas 21,28
Aleluia. Aleluia.
Erguei-vos e levantai a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima.
EVANGELHO – Lucas 21,5-19
Naquele tempo,
comentavam alguns que o templo estava ornado
com belas pedras e piedosas ofertas.
Jesus disse-lhes:
«Dias virão em que, de tudo o que estais a ver,
não ficará pedra sobre pedra:
tudo será destruído».
Eles perguntaram-lhe:
«Mestre, quando sucederá isso?
Que sinal haverá de que está para acontecer?»
Jesus respondeu:
«Tende cuidado; não vos deixeis enganar,
pois muitos virão em meu nome
e dirão: “sou eu”; e ainda: “O tempo está próximo”.
Não os sigais.
Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas,
não vos alarmeis:
é preciso que estas coisas aconteçam primeiro,
mas não será logo o fim».
Disse-lhes ainda:
«Há de erguer-se povo e reino contra reino.
Haverá grandes terramotos
e, em diversos lugares, fomes e epidemias.
Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu.
Mas antes de tudo isto,
deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos,
entregando-vos às sinagogas e às prisões,
conduzindo-vos à presença de reis e governadores,
por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Tende presente em vossos corações
que não deveis preparar a vossa defesa.
Eu vos darei língua e sabedoria
a que nenhum dos vossos adversários
poderá resistir ou contradizer.
Sereis entregues até pelos vossos pais,
irmãos, parentes e amigos.
Causarão a morte a alguns de vós
e todos vos odiarão por causa do meu nome;
mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá.
Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.
CONTEXTO
O Evangelho do trigésimo terceiro domingo comum situa-nos em Jerusalém, num dos dias que precedem a prisão, condenação e morte de Jesus na cruz. O programa de Jesus, nestes dias, é sempre igual: de manhã dirige-se ao templo e passa aí o dia, “a ensinar”; ao final da tarde sai da cidade, atravessa o vale do Cedron e vai até ao Monte das Oliveiras, onde passa a noite (cf. Lc 21,37). Esses dias também vão ser marcados por diversas controvérsias entre Jesus e os líderes judaicos. A sombra da cruz paira, a cada instante, no horizonte próximo de Jesus.
Tudo começa com os comentários “de alguns” sobre a beleza e a riqueza do templo de Jerusalém (cf. Lc 21,5). O templo era, na verdade, uma construção magnífica. Herodes, o Grande, tinha começado as obras de ampliação e de restauração do templo no ano 19 a.C.; mas, na época em que Jesus andava por Jerusalém, os trabalhos continuavam (só foram concluídos por volta do ano 63 d.C.). A área do templo ocupava uma superfície de mil e quinhentos metros quadrados e as pedras utilizadas na construção chegavam a ter vinte metros de comprimento. Coberto de mármore branco, o templo refletia os raios do sol e brilhava como uma joia preciosa. As portas tinham incrustações de ouro e no interior havia tapeçarias de linho finíssimo de cor azul, escarlate e púrpura.
Em resposta aos comentários sobre a grandiosidade e a beleza do templo, Jesus avisa que, um dia, toda essa construção desaparecerá (cf. Lc 21,6). Muito impressionados, os interlocutores de Jesus pedem-lhe explicações: quando será isso (cf. Lc 21,7)? Em resposta, Jesus deixa-lhes uma longa instrução que é conhecida como o “discurso escatológico” (cf. Lc 21,8-38).
Na versão do evangelista Lucas, o “discurso escatológico” de Jesus refere três momentos, ou temas, da história futura: a destruição de Jerusalém (que veio a concretizar-se no ano 70, quando as tropas romanas sob o comando de Tito tomaram Jerusalém e destruíram o templo), as vicissitudes que os discípulos irão enfrentar ao longo do seu caminho histórico e, por fim, a vinda definitiva do Filho do Homem. De acordo com o texto de Lucas, Jesus recorre, para falar de tudo isto, a imagens estereotipadas de que os pregadores escatológicos da época se serviam quando discorriam sobre o fim dos tempos. A finalidade de Lucas, ao oferecer-nos o “discurso escatológico de Jesus”, não é tanto descrever os acontecimentos da história futura dos homens, mas sim transmitir aos crentes – aos crentes da década de oitenta do primeiro século e aos crentes de todas as épocas – a força para viverem o seu compromisso com Jesus no meio das dificuldades, incompreensões e perseguições que a história os obrigará a enfrentar.
MENSAGEM
A resposta de Jesus às palavras daqueles que comentam a grandiosidade e a beleza do templo de Jerusalém não é a resposta de um historiador, de um analista político ou de um guia turístico, mas é a resposta de um profeta. No séc. VIII a.C. o profeta Miqueias, impressionado pelas injustiças cometidas pela classe dirigente de Jerusalém, tinha vaticinado a destruição de Jerusalém e do templo (cf. Miq 3,12); e no séc. VII a.C. o profeta Jeremias, depois de denunciar a conversão do templo num covil de ladrões, tinha avisado que esse lugar sagrado por excelência seria destruído (cf. Jr 7,11-14). Jesus, alguns dias antes da cena que o Evangelho deste domingo nos descreve, tinha expulsado do templo os vendedores que lá operavam e que tinham feito da “casa de oração” um “covil de ladrões” (Lc 19,46); e, no decurso dessa semana passada em Jerusalém, todos os dias se encontrava no templo com dirigentes judaicos que recusavam abertamente a proposta de salvação que lhes era oferecida (cf. Lc 20,1-8; 20,9-19; 20,45-47). Em continuidade com o discurso profético, Jesus anuncia a destruição do templo porque Israel não aceitou o enviado de Deus nem a proposta de salvação que ele trazia. Aquela casa não será mais o lugar onde Deus reside no meio do seu Povo, o lugar onde Israel se encontra com Deus. A fase de Israel, a fase do templo, terminou. Como já não faz sentido, aquele lugar será destruído.
Aparentemente, os interlocutores de Jesus não medem o alcance das suas palavras proféticas. O que lhes interessa é saber “quando” é que Jerusalém e o templo serão destruídos (vers. 7). Jesus, contudo, não tem qualquer interesse em comprometer-se com datas ou com momentos históricos. O seu interesse reside em preparar para o tempo que há de vir todos aqueles que estiverem disponíveis para acolher a proposta de salvação que Ele traz. Sim, irá começar um tempo novo, uma nova fase da história da salvação. Será o “tempo da Igreja”, o tempo em que a comunidade dos discípulos, caminhando na história, testemunhará a salvação diante de todos os povos da terra. Esse novo tempo culminará com a segunda vinda de Jesus, com o fim dos tempos. Como será esse tempo? Como é que os discípulos de Jesus devem vivê-lo? Jesus aponta três dimensões fundamentais.
Em primeiro lugar, será um tempo simultaneamente inquietante e desafiante. Ao longo do caminho aparecerão falsos messias e vendedores de ilusões interessados em lançar a confusão nas comunidades cristãs e em assustá-las com discursos ameaçadores. Jesus recomenda: “não os sigais”; “não vos deixeis enganar” (vers. 8). Surgirão “guerras e revoltas” – como sempre acontece ao longo da história do mundo e dos homens – e alguns usarão tudo isso para assustar e confundir os crentes. Jesus avisa: “não vos alarmeis; é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim” (vers. 9). Os discípulos de Jesus não devem deixar-se contaminar pela “febre escatológica” que paralisa, rouba o discernimento, causa alarme e inquietação; mas devem caminhar serenamente, avançando de olhos postos em Deus, preocupando-se em viver uma vida cristã cada vez mais comprometida, empenhando-se na transformação “deste” mundo onde peregrinam.
Em segundo lugar, será um tempo de esperança, um tempo em que já será possível vislumbrar os sinais desse mundo novo que Deus quer oferecer aos seus filhos. Para “dizer” essa realidade, Jesus lança mão de certas imagens apocalípticas (“há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino” – vers. 10; “haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fome e epidemias; haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu” – vers. 11) frequentemente usadas pelos pregadores populares da época para falar do final de um tempo (o mundo velho do pecado, do egoísmo, da mentira, da injustiça, da maldade) e da chegada de um mundo novo (o mundo da verdade, da justiça e da paz). Naturalmente, os discípulos não devem esperar esse mundo novo de braços cruzados, mas devem empenhar-se na sua construção. Contudo, a libertação da humanidade não se concretizará no tempo da história; mas só se concretizará plenamente com a segunda vinda de Jesus.
Em terceiro lugar, será um mundo onde os crentes experimentarão, em cada passo do caminho, as perseguições, as condenações, o martírio (vers. 12). O mundo odiá-los-á e far-lhes-á oposição; mas Deus acompanhá-los-á a cada instante e cuidará deles com amor de pai. Com a força de Deus, eles enfrentarão os adversários e resistirão à tortura, à prisão e à morte (vers. 13-15); com a ajuda de Deus eles poderão, até, resistir à dor de ser atraiçoados pelos próprios familiares e amigos (vers. 16-18). No final de todo esse caminho exigente, espera-os a salvação de Deus. A vida deles não será fracassada, a morte não os derrotará; estão destinados à vida eterna (vers. 19).
O discurso escatológico não é uma informação detalhada dos cataclismos e desgraças que esperam a humanidade e que porão fim à história; mas é uma leitura lúcida e profética sobre o sentido da história dos homens, sobre o caminho que os homens são convidados a percorrer na terra, entre os desafios do mundo e as consolações de Deus. A realidade decisiva dessa “história de salvação” é que Deus permanece sempre ao leme do barco onde a humanidade viaja, conduzindo os seus queridos filhos em direção a um porto seguro onde os espera a vida definitiva.
INTERPELAÇÕES
- Para onde caminha a história humana? Este universo que Deus criou com amor e que entregou nas nossas mãos terá um fim? Quando chegará ao seu termo essa magnífica aventura que a humanidade tem vindo a viver desde há milhões de anos? O que acontecerá quando a história dos homens já não tiver mais estrada para andar? Que acontecimentos catastróficos irão pôr um ponto final na história dos homens e nas conquistas de que tanto nos orgulhamos? A nossa curiosidade leva-nos a cada passo a colocar estas ou outras perguntas semelhantes. Certo dia, em Jerusalém, Jesus conversou com os seus discípulos sobre estas questões. Não deu pormenores, não se preocupou em saciar a curiosidade que devorava os discípulos. Garantiu-lhes que, aconteça o que acontecer, no final do caminho estará Deus à espera; pediu-lhes que caminhassem de olhos postos em Deus e que nunca se deixassem vencer pelo medo ou pelo desânimo; ensinou-os a viver com esperança. Não caminhamos em direção ao nada; caminhamos para os braços amorosos de Deus. N’Ele encontraremos vida definitiva, vida plena, vida verdadeira. Como é que nós vivemos e sentimos estas coisas? O “fim” é algo que nos preocupa e angustia, ou caminhamos serenamente, com o coração em paz, colocando em Deus a nossa confiança e a nossa esperança?
- O caminho que os homens percorrem pela história será fácil e indolor? É claro que não. Será sempre um caminho marcado pela fragilidade do homem e, portanto, pela presença do mal. Sim, a história dos homens conhecerá a cada passo a violência, a guerra, a injustiça, a mentira, a ambição, a prepotência, as trevas. Mas nessa história também está Deus a apontar aos homens o caminho que leva ao mundo novo. Por isso, a história dos homens também conhecerá a justiça, a bondade, a verdade, o amor, a luz. Jesus lançou à terra a semente do mundo novo, do Reino de Deus; e todos os dias essa semente desenvolve-se e produz frutos abundantes. Esses frutos – os gestos que tantos homens e mulheres fazem, muitas vezes sem “dar nas vistas”, e que tornam o nosso mundo mais justo, mais humano, mais feliz – são os sinais da presença do Reino de Deus na história e na vida dos homens. Aos discípulos de Jesus pede-se que reconheçam os sinais do Reino de Deus, que se alegrem porque o Reino está presente e que se esforcem, todos os dias, por construí-lo. Quais são os sinais de esperança que vemos brilhar no mundo e que nos fazem acreditar na presença do Reino de Deus no meio de nós? O que podemos fazer, no dia a dia, para apressar a chegada do Reino de Deus?
- Jesus avisou os seus discípulos que deveriam contar, ao longo da sua caminhada pela terra, com a contestação, a rejeição, as acusações injustas, as traições, o sofrimento, a perseguição. Isto é estranho e inesperado? Não. O próprio Jesus não foi rejeitado, preso, condenado e crucificado pelos líderes políticos e religiosos do Seu povo? A nossa experiência de todos os dias diz-nos que quem procura ser sinal de Deus e dar testemunho da justiça e da verdade sofrerá inevitavelmente a oposição dos que pretendem perpetuar as estruturas do mundo velho. O medo da perseguição, a perspetiva do martírio, o desejo de não perder benesses, a vida cómoda, serão razões suficientes para desistirmos do nosso testemunho? Estaremos sozinhos numa luta inglória contra os “senhores do mundo”? Jesus garantiu-nos que estaria sempre ao nosso lado e que cuidaria de nós (“nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá”). Essa certeza motiva-nos a ser testemunhas e arautos do mundo novo?
- Jesus recomendou aos discípulos que não se deixassem enganar pelos falsos messias nem contaminar pelos discursos sem nexo dos pregadores afetados pela “febre escatológica”. Jesus deu a entender que os discursos aterradores sobre o fim do mundo e sobre os “castigos” que Deus teria “em agenda” para lidar com os maus é conversa de gente um tanto desequilibrada. Sobre esses “profetas da desgraça”, Jesus disse: “não os sigais”; e, sobre as suas pregações delirantes, disse: “não vos alarmeis”. Entretanto, passaram-se mais de dois mil anos… Era suposto termos aprendido a lidar com tudo isto. Mas, em pleno séc. XXI, continuamos a difundir e a escutar discursos aterradores sobre cataclismos pavorosos que, segundo alguns “iluminados” irão pôr um ponto final na história dos homens e castigar a humanidade pecadora. O Deus da bondade do amor alguma vez utilizaria o medo para controlar os seus filhos queridos que caminham no mundo? Queremos escutar Jesus, ou queremos escutar discursos irracionais de gente que recorre ao medo para nos submeter?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 33.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 33.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. PALAVRA CELEBRADA NA EUCARISTIA.
A Palavra de Deus não se limita ao tempo da proclamação e da escuta da Palavra. Na preparação da celebração, procurar que algumas expressões da liturgia da Palavra estejam presentes no momento penitencial, nalguma intenção da oração dos fiéis, num momento de ação de graças…
3. BILHETE DE EVANGELHO.
Os homens têm sempre necessidade de se apoiar naquilo que é sólido. Compreende-se o olhar admirado dos discípulos contemplando o templo de Jerusalém. É então que Jesus escolhe o momento para lhes anunciar que tudo o que é terrestre é efémero e que virá um dia em que tudo de desmoronará para deixar chegar o Reino, que será eterno e nunca conhecerá a destruição. Mas, ao mesmo tempo, Jesus assegura-lhes: virá o momento em que eles deverão testemunhar no meio das perseguições, por causa do seu Nome. E para este testemunho ser-lhes-á dada a linguagem e a sabedoria à qual todos os adversários não poderão opor resistências nem contradições. E, depois, Aquele que está Vivo e que aparecerá no fim dos tempos como o grande vencedor sobre as forças do mal manterá vivos para sempre aqueles que souberem perseverar. Tal é a promessa de Jesus aos seus discípulos; e Jesus mantém sempre as suas promessas.
4. À ESCUTA DA PALAVRA.
O fim do mundo! Não podemos descobrir no nosso tempo todos estes sinais do fim do mundo tal como Jesus os dá? “Há de erguer-se povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias”. Diríamos hoje epidemias como a sida, a gripe das aves… Muitas coisas podem servir para manipular o medo e a angústia de muitas pessoas. Para mais, há toda uma panóplia de seitas. Mesmo no cristianismo vemos surgir regularmente aparições de várias espécies. O “regresso do religioso” toma muitas vezes a forma de uma procura de sinais milagrosos, de predições sobre tudo e sobre nada. Há mais magos, adivinhos, cartomantes, astrólogos e gurus de toda a espécie, do que padres. Quem nunca leu um horóscopo? E suma, o esoterismo está na moda. E, para tranquilizar a consciência, até nos apoiamos nas palavras de Jesus. Mas Jesus adverte-nos: “Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais”. Em São Mateus, precisa mesmo: “surgirão falsos Cristos e falsos profetas, que produzirão grandes sinais e prodígios, a ponto de abusar, mesmo os eleitos”. São Paulo diz mesmo que Satanás se disfarça em anjo de luz. Então, nós também, hoje, somos convidados a resistir a estas tentações de esoterismo. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem nas cartas, nem na marca do café, nem nas linhas da mão. O nosso futuro está em Jesus. Queremos sinais? Só temos um: a morte e a ressurreição de Jesus, que nos são dadas em cada Eucaristia e que são a prova última e definitiva do amor de Deus por nós. É verdade que este sinal só se pode reconhecer na fé e o próprio Jesus se questionou: “O Filho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?” Desde então, a nossa primeira preocupação deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar uma intimidade com Jesus: “Jesus, eu creio, mas aumenta a minha fé!” Então, não teremos mais medo.
5. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a oração eucarística para a reconciliação n.º 1, que proclama o desejo de Deus salvar todos os homens.
6. PALAVRA PARA O CAMINHO DA VIDA…
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: «há de vir o dia do Senhor… Nascerá o sol de justiça… trazendo a salvação…”; “trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem…”; “tereis ocasião de dar testemunho…”; “pela vossa perseverança salvareis as vossas almas…”. Procurar transformar as palavras de Deus em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…
7. PALAVRA VIVIDA AO LONGO DO ANO LITÚRGICO.
Termina mais um ano do ciclo litúrgico, com a Solenidade de Cristo Rei no próximo domingo. Durante a semana podemos meditar sobre o crescimento da nossa fé a partir do encontro dominical e quotidiano com a Palavra de Deus na Eucaristia. Transformou-nos? Fez-nos crescer? Ou ficámos na mesma, passivos e estagnados?
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org