Dedicação da Basílica de Latrão [atualizado]

9 de Novembro, 2025

Ano C

Festa da Dedicação da Basílica de Latrão

Tema da Festa da Dedicação da Basílica de Latrão

 

A Basílica de S. João de Latrão é a catedral do Papa, enquanto Bispo de Roma. Construída pelo imperador Constantino, no tempo do Papa Silvestre I, foi consagrada no ano 324. Ela é chamada “a igreja-mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe”; e é o símbolo das Igrejas de todo o mundo, unidas à volta do sucessor de Pedro. A Festa da Dedicação da Basílica de Latrão convida-nos a tomar consciência de que a Igreja nascida de Jesus (que a Basílica de S. João de Latrão simboliza e representa) é hoje, no meio do mundo, a “morada de Deus”, o testemunho vivo da presença de Deus na caminhada histórica dos homens.

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel anuncia aos exilados na Babilónia que Deus vai fixar definitivamente a sua morada no meio do Seu Povo. Da “casa de Deus” brotará um rio de água viva e abundante que se derramará sobre toda a terra de Israel. Essa água irá fecundar o deserto, fazer com que nasçam árvores de toda a espécie, carregadas de frutos comestíveis e de folhas medicinais que serão remédio contra a morte. O povo de Deus, vivificado pela água que brota da morada de Deus, conhecerá a vida em abundância, a felicidade sem fim.

No Evangelho, Jesus apresenta-Se como “o Templo Novo” onde Deus reside e onde marca encontro com os homens para lhes oferecer a sua Vida e a sua salvação. Quem quiser encontrar Deus deve aproximar-se de Jesus, tornar-se seu discípulo, abraçar o seu projeto, seguir os seus passos, viver animado pelo seu Espírito.

Na segunda leitura, Paulo recorda aos cristãos de Corinto (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) que são, no mundo, o Templo de Deus onde reside o Espírito. Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver segundo um dinamismo novo, dando testemunho da bondade e da misericórdia de Deus no meio dos seus irmãos.

 

LEITURA I – Ezequiel 47,1-2.8-9.12

Naqueles dias,
o Anjo reconduziu-me à entrada do templo.
Depois do limiar da porta saía água em direcção ao Oriente,
pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente.
As águas corriam da parte inferior,
do lado direito do templo, ao sul do altar.
O Anjo fez-me sair pela porta setentrional
e contornar o templo por fora,
até à porta exterior que está voltada para o Oriente.
As águas corriam do lado direito.
O Anjo disse-me:
«Esta água corre para a região oriental,
desce para Arabá e entra no mar,
para que as suas águas se tornem salubres.
Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente
terá novo alento
e o peixe será mais abundante.
Porque aonde esta água chegar,
tornar-se-ão sãs as outras águas
e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente.
À beira da torrente, nas duas margens,
crescerá toda a espécie de árvores de fruto;
a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos.
Todos os meses darão frutos novos,
porque as águas vêm do santuário.
Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».

 

CONTEXTO

Ezequiel integrava o grupo de jerusalimitanos que o rei babilónio Nabucodonosor, depois de derrotar Joaquin, rei de Judá, e de conquistar pela primeira vez Jerusalém, em 597 a.C., deportou para a Babilónia. Foi aí, entre os seus concidadãos exilados, que Ezequiel exerceu a sua missão profética.

A primeira fase do ministério de Ezequiel decorre entre 593 a.C. (altura em que sentiu o chamamento de Deus) e 586 a.C. (data em que Jerusalém é novamente conquistada pelas tropas de Nabucodonosor e uma nova leva de exilados é encaminhada para a Babilónia). Nesta fase, muitos dos exilados acreditavam que o cativeiro terminaria dentro de pouco tempo e que iriam ser autorizados a retornar a Jerusalém. Ezequiel, por mandato de Deus, procura destruir essas falsas esperanças: o cativeiro está para durar. Aliás, o que vai acontecer é precisamente o contrário: Jerusalém vai ser novamente tomada pelos babilónios e muitos dos que escaparam da primeira deportação serão levados para a Babilónia e irão fazer companhia aos que já lá estão. De facto, assim aconteceu.

A segunda fase do ministério de Ezequiel desenrola-se a partir de 586 a.C., até cerca de 570 a.C. Instalados numa terra estrangeira, sem Templo, sem sacerdócio, sem culto, os exilados estão desesperados. Duvidam da fidelidade de Deus, da Sua bondade e do Seu amor. Nessa fase, Ezequiel assume um discurso diferente. Com a sua palavra e os seus gestos proféticos procura alimentar a esperança dos exilados e transmitir-lhes a certeza de que Deus não os abandonou. O texto que hoje nos é proposto pertence a esta segunda fase.

Para dar corpo à esperança, Ezequiel anuncia aos exilados a chegada de uma nova era, de felicidade e de paz sem fim… Será o tempo em que Deus irá, Ele próprio, assumir a condução do seu Povo, como um “Bom Pastor” que cuida das suas ovelhas (cf. Ez 34,11-16); será o tempo em que Deus vai tornar de novo fecundos os campos sobre os quais se abateu a guerra e a desolação e reconstruir e repovoar as cidades abandonadas e calcinadas (cf. Ez 36,8-11); será o tempo em que Deus vai operar uma mudança no interior dos homens, substituindo os “corações de pedra”, duros e insensíveis, por “corações de carne”, capazes de acolher os preceitos da Aliança e de viver no amor a Deus e aos irmãos (cf. Ez 36,25-28); será o tempo em que o Templo de Jerusalém será reconstruído e Deus irá voltar a residir no meio do seu Povo (cf. Ez 40,1-47,12).

Com a promessa de que Deus vai voltar a residir no meio do seu Povo, chegamos ao ponto culminante dessa “teologia da esperança” que Ezequiel, por indicação de Deus, propõe aos seus concidadãos. Mais do que o próprio Exílio numa terra estrangeira, Israel lamentava o desaparecimento do Templo (a “residência de Deus”) e da “Glória de Javé” (a “Glória” equivalia à presença gloriosa de Deus no meio do seu Povo, oferecendo a Judá a salvação e a vida). Mas Ezequiel garante aos exilados que Deus vai construir um Novo Templo (cf. Ez 40-42), do qual sairá vida em abundância (“água”: Ez 47,1-12) e no qual a “Glória de Javé” voltará a habitar (cf. Ez 43,1-5).

 

MENSAGEM

Do Novo Templo que vai surgir e que será a habitação de Deus no meio do seu Povo, o profeta “vê” brotar um rio de águas profundas e impetuosas (vers. 1-2). A água é um símbolo universal de vida, de fecundidade, de abundância, de felicidade; no entanto, essa simbologia torna-se, ainda, mais significativa para um Povo marcado pela dura experiência do deserto, onde a falta ou a abundância de água é, em termos bem reais, a diferença entre a morte e a vida. Dado que esse “rio” de que o profeta fala brota da casa de Deus, a sua água evoca o poder vivificante e fecundante de Deus que, de Jerusalém, se derrama sobre o seu Povo.

O rio de água viva e abundante que brota do Templo de Deus corre para oriente, desce para a região da Arabá – a região mais desolada e árida do país – e, daí, para o Mar Morto. Aquela corrente de água fecunda a aridez do deserto, torna salubres as águas do Mar Morto e enche-as de vida (vers. 8-9). Nas margens desse rio crescerão árvores de toda a espécie, carregadas de frutos comestíveis e de folhas medicinais que serão remédio contra a morte (vers. 12). O cenário evoca a imagem paradisíaca do Jardim do Éden, local de água abundante e de árvores de fruto de toda a espécie, onde o homem – vivendo em comunhão com Deus e obedecendo às suas propostas – tinha todas as condições para ser feliz (cf. Gn 2,9-14). De acordo com a visão de Ezequiel, o cenário que Deus prepara para o seu povo será, portanto, um regresso a esse tempo idílico de felicidade sem limites, em que Deus e a sua criação viviam lado a lado, em comunhão total e sem sombras.

Durante os anos sombrios do exílio, esta promessa animou os exilados e deixou-lhes no coração um enorme capital de esperança. De olhos postos em Jerusalém, no Monte do Templo, os exilados sonhavam de olhos abertos com esse Novo Templo prometido a partir do qual a vida de Deus voltaria a derramar-se abundantemente sobre toda a terra e sobre todos os membros da comunidade do povo de Deus.

Os escritos nascidos da tradição joânica vão ligar esta profecia de Ezequiel a Jesus Cristo. Para o autor do Quarto Evangelho, Jesus é esse Novo Templo de que o profeta falou (cf. Jo 2,21), o “lugar” da residência de Deus no meio dos homens; e do coração de Cristo, o Homem Novo que amou os homens até ao dom total de si mesmo, irá brotar uma fonte de água (cf. Jo 19,34) que mata definitivamente a sede de vida que o homem sente (cf. Jo 4,14; 7,37-39). O Livro do Apocalipse, por sua vez, apresenta – integrado na descrição da “nova Jerusalém” onde vão residir aqueles que se mantiverem fiéis a Jesus – o quadro do trono celeste do Cordeiro imolado, de onde sai um “rio de água viva, resplendente como cristal” (Ap 22,1), que fecundará toda a terra. Nas suas margens estará a “árvore da Vida, que produz anualmente doze colheitas de fruto” e que “tem folhas que servem de medicamento para as nações” (Ap 22,2).

 

INTERPELAÇÕES

  • A amarga experiência do cativeiro na Babilónia foi, para as gentes de Judá, um terrível tempo de prova. Longe da sua terra, humilhados pelos vencedores, sentindo que todas as suas certezas tinham caído por terra, viviam desanimados e sem esperança; mas, mais do que tudo, doía-lhes sentirem-se traídos e abandonados por Deus. Onde estava Deus? Tinha-se ausentado para parte incerta? Tinha desistido do seu povo? O profeta Ezequiel recebeu a missão de dizer a esse povo sofrido: “Não, Deus não vos abandonou. Ele vai voltar a residir no meio do Seu povo. Da Sua morada sairá um rio de vida que inundará toda a terra e vos trará bênçãos infinitas”. Talvez nós, homens e mulheres do séc. XXI, nos sintamos numa situação semelhante à dos exilados judeus na Babilónia. As guerras, as injustiças, as convulsões sociais, os escândalos que abalam a sociedade e que nos fazem desconfiar das instituições, a falência dos líderes em quem colocamos a nossa confiança, a crise de valores, a falta de respeito pela vida humana, abalam o nosso mundo e mergulham-nos na angústia, na frustração, na insegurança, no medo. Onde está Deus? Podemos contar com Ele? Outra vez ecoa no mundo a Boa notícia trazida por Ezequiel: “não, o mundo não caminha para um beco sem saída; Deus não virou as costas aos seus queridos filhos; Ele faz questão de residir no meio de vós. D’Ele brota continuamente um rio de água refrescante que rega a vossa terra e que sacia a vossa sede de vida”. Somos capazes de reconhecer a vida que Deus a cada instante derrama sobre o mundo e sobre os homens? Isso é para nós fonte de serenidade, de confiança e de esperança?
  • Se Deus reside no meio dos homens e derrama sobre eles vida em abundância, porque é que existem na história do nosso tempo tantos pontos negros de miséria, de injustiça, de exploração, de sofrimento? Dificilmente conseguiremos, alguma vez, encontrar uma resposta totalmente satisfatória para esta questão… Convém, no entanto, ter presente que uma parte significativa dos males da humanidade resulta do facto de os homens serem indiferentes às propostas de vida que Deus continuamente lhes faz… Não é Deus que falha; são os homens que, utilizando a sua liberdade, recusam a vida que Deus lhes oferece e preferem construir a história humana de acordo com esquemas de egoísmo e de pecado. Para que a presença de Deus na nossa história tenha um impacto real na forma como, dia a dia, se constrói o nosso mundo, é necessário que a humanidade abandone os caminhos do orgulho e da autossuficiência e aprenda a escutar, com humildade e simplicidade, as propostas e os desafios de Deus. No que nos diz respeito, estamos dispostos a isso?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 45 (46)

Refrão:

Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a morada santa do Altíssimo.

Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar.

Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora.

O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na terra.

 

LEITURA II – 1 Coríntios 3,9c-11.16-17

Irmãos:
Vós sois edifício de Deus.
Segundo a graça de Deus que me foi dada,
eu, como sábio arquiteto, coloquei o alicerce
e outro levanta o edifício.
Veja cada um como constrói:
ninguém pode colocar outro alicerce
além do que está posto, que é Jesus Cristo.
Não sabeis que sois templo de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós?
Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá.
Porque o templo de Deus é santo
e vós sois esse templo.

 

CONTEXTO

No séc. I Corinto era uma cidade próspera e um centro cultural importante. Servida por dois portos de mar, nela se cruzavam diariamente pessoas de todas as raças e de todas as religiões. Era a cidade do desregramento para todos os marinheiros que cruzavam o Mediterrâneo, ávidos de prazer, após meses de navegação. Na cidade pontificava a deusa Afrodite, em cujo templo se praticava a prostituição sagrada. Na época de Paulo, Corinto comportava cerca de 500.000 pessoas, das quais dois terços eram escravos. A riqueza escandalosa de alguns contrastava com a miséria da maioria.

No decurso da sua segunda viagem missionária, Paulo chegou a Corinto, depois de atravessar boa parte da Grécia, e ficou por lá cerca 18 meses (anos 50-52). De acordo com At 18,2-4, Paulo começou a trabalhar em casa de Priscila e Áquila, um casal de judeo-cristãos recentemente chegados de Itália. No sábado, usava da palavra na sinagoga. Com a chegada a Corinto de Silvano e Timóteo (2 Cor 1,19; At 18,5), Paulo consagrou-se inteiramente ao anúncio do Evangelho. No entanto, não tardou a entrar em conflito com os judeus e foi expulso da sinagoga.

Como resultado da pregação de Paulo, nasceu a comunidade cristã de Corinto. A maior parte dos membros da comunidade eram de origem grega, embora, em geral, de condição humilde (cf. 1 Cor 11,26-29; 8,7; 10,14.20; 12,2); mas havia também elementos de origem hebraica (cf. At 18,8; 1 Cor 1,22-24; 10,32; 12,13).

De uma forma geral, a comunidade era viva e fervorosa; no entanto, estava exposta aos perigos de um ambiente corrupto: moral dissoluta (cf. 1 Cor 6,12-20; 5,1-2), querelas, disputas, lutas (cf. 1 Cor 1,11-12), sedução da sabedoria filosófica de origem pagã que se introduzia na Igreja revestida de um superficial verniz cristão (cf. 1 Cor 1,19-2,10). Tratava-se de uma comunidade forte e vigorosa, mas que mergulhava as suas raízes em terreno adverso. Em Corinto estão bem representadas as dificuldades da fé cristã em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um conjunto de valores em profunda contradição com a pureza da mensagem evangélica.

O texto que hoje nos é proposto como segunda leitura está inserido num contexto de polémica. Depois de Paulo ter deixado a cidade, apareceu por lá um cristão de origem judaica com o nome de Apolo. Era um brilhante pregador e foi de grande utilidade para a comunidade nas polémicas doutrinais com os judeus de Corinto. Formaram-se partidos (embora Apolo não favorecesse essa divisão, segundo parece): uns admiravam Paulo, outros Pedro, outros Apolo (cf. 1 Cor 1,12). É de crer que os vários partidos manifestassem uma certa rivalidade, à imagem das escolas filosóficas gregas que estavam espalhadas por toda a cidade de Corinto. De qualquer forma, a comunidade estava dividida e, dia a dia, acentuavam-se os conflitos, os ciúmes, as lutas, as rivalidades.

Este estado alarmante da comunidade chegou ao conhecimento de Paulo quando o apóstolo se encontrava em Éfeso, no decurso da sua terceira viagem apostólica. Imediatamente, Paulo escreveu aos Coríntios questionando a opção dos membros da comunidade pela sabedoria do mundo, em detrimento da sabedoria de Deus. Depois de apresentar a “sabedoria de Deus”, revelada em Jesus Cristo (sobretudo através da “loucura da cruz”) e oferecida aos homens (cf. 1 Cor 1,18-2,16), Paulo constata que os coríntios ainda não acolheram essa sabedoria: mantêm-se na dimensão do homem carnal (isto é, do homem fraco, pecador, escravo das suas paixões e apetites), imaturos na fé; cultivam as divisões e os conflitos; correm atrás de mestres humanos como se eles tivessem a chave da felicidade e da realização plena, esquecendo que, por detrás de Paulo ou de Apolo, está Deus.

As fraturas comunitárias serão o testemunho que Deus espera dos cristãos de Corinto?

 

MENSAGEM

É à ação de Deus que se deve a constituição da comunidade cristã de Corinto. Paulo, chamado por Deus a colaborar na construção da comunidade, colocou o alicerce quando anunciou Jesus Cristo aos coríntios; mas outros, também eles chamados por Deus, ajudaram a erguer o edifício comunitário com a sua palavra e com o seu testemunho. Deus é o “dono da obra”; Paulo, Apolo, Pedro, cada um à sua maneira, foram cooperadores de Deus, que tornaram realidade o projeto desenhado por Deus. Assim nasceu aquela comunidade que é agora um edifício de Deus (vers. 9c). Deus reside ali, naquela comunidade, naqueles crentes que acolheram a salvação de Deus.

Paulo quer que os coríntios estejam bem conscientes de tudo isto. Por isso, pergunta-lhes diretamente: “não sabeis que sois Templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (vers. 16). O Templo (de Jerusalém) era, no Antigo Testamento, a residência de Deus, o lugar por excelência da presença de Deus no meio do seu Povo. Era no Templo que Israel encontrava o seu Deus e estabelecia comunhão com Ele. Agora, contudo, é a comunidade cristã que é o verdadeiro Templo da nova aliança, isto é, o lugar onde Deus reside, onde Ele Se manifesta aos homens e onde Ele oferece ao mundo a salvação. A pergunta impõe-se: o testemunho que a comunidade cristã de Corinto dá à cidade e ao mundo revela Deus?

Ser Templo de Deus (lugar onde Deus reside no mundo e onde os homens encontram Deus) será compatível com a realidade de uma comunidade que ainda vive na lógica da “sabedoria do mundo”? A comunidade de Corinto pode ser Templo de Deus onde reside o Espírito e viver no conflito, na divisão, no ciúme, no confronto? Ao dizerem que são “de Paulo”, “de Apolo” ou “de Pedro”, os coríntios estão a dar testemunho de Deus ou a impor líderes humanos que obscurecem o protagonismo de Deus?

Mais: o Templo de Deus (que é a comunidade cristã) é santo (vers. 17). A noção de santidade sugere a ideia de “separação”: trata-se de uma comunidade que deve marcar a sua diferença em relação ao mundo (aos valores do mundo, aos esquemas do mundo, à sabedoria do mundo), e viver para o serviço de Deus. Os comportamentos típicos “do mundo” são incompatíveis com a santidade a que a comunidade é chamada.

Paulo declara ainda que, se alguém destrói o Templo de Deus, Deus o destruirá (vers. 17). Mais do que uma ameaça, a afirmação deve ser entendida como um aviso: aqueles que, com o seu egoísmo, orgulho e vaidade pessoal, impedem que a comunidade viva de forma coerente o seu compromisso cristão, não podem integrar a família de Deus.

 

INTERPELAÇÕES

  • A Igreja é obra de Deus. Deus, no momento histórico que entendeu adequado, enviou ao mundo o Seu Filho Jesus para propor aos homens a salvação; e, do anúncio de Jesus, surgiu uma comunidade de homens e mulheres empenhados em acolher a salvação oferecida por Deus. Essa comunidade é a Igreja, a comunidade da salvação. Depois de ter concluída a sua missão na terra dos homens, Jesus voltou para o Pai. No entanto, deixou os seus discípulos no mundo e enviou-os a propor a salvação a todos os povos e nações. Hoje são os membros dessa comunidade que dão testemunho da salvação de Deus no mundo (como o fizeram, há dois mil anos, Paulo, Pedro, Apolo e tantos outros membros da comunidade da salvação). É através deles que a Igreja de Deus continua a edificar-se e a ser presença no mundo da salvação de Deus. Temos consciência disto? Sentimo-nos – como São Paulo – cooperadores de Deus na obra da salvação? Fazemos tudo aquilo que está ao nosso alcance – de acordo com a nossa vocação e missão específica – para que a Igreja possa continuar a cumprir o seu papel enquanto testemunha da salvação que Deus oferece a todos os homens?
  • Segundo a bela expressão de Paulo, a Igreja é agora no mundo o Templo de Deus, onde reside o Espírito. É na comunidade cristã que Deus reside no mundo; é através da comunidade cristã que Deus se encontra com o mundo e oferece ao mundo a salvação. Ora, isto configura uma enorme responsabilidade para a comunidade cristã e para cada um dos crentes em particular. Temos consciência dessa responsabilidade? Sentimo-nos dignos dela? Levamo-la a sério? Que rosto de Deus testemunhamos junto dos nossos contemporâneos? A Igreja, Templo de Deus onde reside o Espírito, é verdadeiro sacramento e sinal da salvação de Deus? Quem, do lado de fora, olha para a Igreja, descobre no rosto e nos gestos dos cristãos a misericórdia e a ternura de Deus? Os pobres, os marginalizados, os que o mundo considera “fracassados”, os que a máquina trituradora da injustiça deixa caídos nas bermas do caminhos que a humanidade vai fazendo, encontram nos crentes a bondade e o amor de Deus?
  • O apóstolo Paulo vê nos conflitos, divisões, ciúmes, contradições, vaidades, dos membros da comunidade cristã de Corinto sinais evidentes da preponderância daquilo a que ele chama “a sabedoria do mundo”. Essa “sabedoria do mundo” opõe-se à “loucura da cruz”. A “sabedoria do mundo” é a lógica de quem ainda vive de forma egoísta, entrincheirado atrás do seu orgulho e da sua autossuficiência e ainda não se revestiu de Cristo. A nossa comunidade paroquial ou religiosa é uma comunidade fraterna, solidária, e que dá testemunho da “loucura da cruz” com gestos concretos de amor, de partilha, de doação, de serviço, ou é uma comunidade fragmentada, dividida, cheia de contradições, onde cada membro puxa para o seu lado, ao sabor dos interesses pessoais?

 

ALELUIA – 2 Crónicas 7,16

Aleluia. Aleluia.

Escolhi e consagrei esta casa, diz o Senhor,
para que o meu nome esteja neste lugar para sempre.

 

EVANGELHO – João 2,13-22

Estava próxima a Páscoa dos judeus
e Jesus subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo
os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas
e os cambistas sentados às bancas.
Fez então um chicote de cordas
e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois;
deitou por terra o dinheiro dos cambistas
e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas:
«Tirai tudo isto daqui;
não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
Os discípulos recordaram-se do que estava escrito:
«Devora-me o zelo pela tua casa».
Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe:
«Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?».
Jesus respondeu-lhes:
«Destruí este templo e em três dias o levantarei».
Disseram os judeus:
«Foram precisos quarenta e seis anos para construir este templo
e Tu vais levantá-lo em três dias?».
Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo
Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos,
os discípulos lembraram-se do que tinha dito
e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.

 

CONTEXTO

O autor do Quarto Evangelho apresenta, na secção introdutória do seu livro, um gesto profético de Jesus, realizado logo no início do Seu ministério: a expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém. Ao situar o episódio nesse enquadramento, o evangelista João está provavelmente a sugerir que o gesto de Jesus é um anúncio programático do ministério que, a partir dali, Ele vai desenvolver, por mandato de Deus: apresentar-se Ele próprio como o Novo templo, o “lugar” onde os homens podem encontrar-se com Deus e ter acesso a Deus. Mateus, Marcos e Lucas, por seu turno, têm outro entendimento e situam o mesmo episódio nos últimos dias do ministério de Jesus, poucos dias antes da sua morte (cf. Mt 21,12-17; Mc 11,15-19; Lc 19,45-48).

A cena descrita no Evangelho deste dia situa-nos, portanto, no átrio externo do templo de Jerusalém, nos dias que antecedem a celebração da Páscoa. Era a época em que as grandes multidões se concentravam em Jerusalém para celebrar a festa principal do calendário religioso judaico. Jerusalém, que normalmente teria à volta de 55.000 habitantes, chegava a albergar, por essa altura, cerca de 125.000 peregrinos. No templo sacrificavam-se cerca de 18.000 cordeiros, destinados à celebração pascal. Neste ambiente, o comércio relacionado com o Templo sofria um espantoso incremento. Três semanas antes da Páscoa, começava a emissão de licenças para a instalação dos postos comerciais à volta do Templo. O dinheiro arrecadado com a emissão dessas licenças revertia para o sumo sacerdote. Havia tendas de venda que pertenciam, directamente, à família do sumo sacerdote. Vendiam-se os animais para os sacrifícios e vários outros produtos destinados à liturgia do Templo. Havia, também, as tendas dos cambistas que trocavam as moedas romanas correntes por moedas judaicas (os tributos dos fiéis para o Templo eram pagos em moeda judaica, pois não era permitido que moedas com a efígie de imperadores pagãos conspurcassem o tesouro do Templo). Este comércio constituía uma mais valia para a cidade e sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do templo.

O templo, cenário deste episódio, era, na verdade, uma construção magnífica. Herodes, o Grande, para demonstrar as suas boas disposições para com o culto a Javé e para conseguir a benevolência dos judeus, tinha começado as obras de ampliação e de restauração do templo no ano 19 a.C.; mas, na época em que Jesus andava por Jerusalém, os trabalhos continuavam (só foram concluídos por volta do ano 63 d.C.). A área do templo ocupava uma superfície de mil e quinhentos metros quadrados e as pedras utilizadas na construção chegavam a ter vinte metros de comprimento. Coberto de mármore branco, o templo refletia os raios do sol e brilhava como uma joia preciosa. As portas tinham incrustações de ouro e no interior havia tapeçarias de linho finíssimo de cor azul, escarlate e púrpura. O templo, “casa de Deus”, lugar sagrado por excelência, era o orgulho de Israel.

MENSAGEM

O templo de Jerusalém era, para os israelitas, o centro do culto e da fé de Israel. Era ao templo que os israelitas se dirigiam para “contemplar a face de Deus” (Sl 42,3) e para comunicar com Deus. O povo amava o templo com um amor comovedor (“a minha alma suspira e tem saudades dos átrios do Senhor” – Sl 84,3; “que alegria quando me disseram: ‘vamos para a casa do Senhor’” – Sl 122,1). Embora a catequese de Israel ensine que a residência de Deus está no céu (cf. Sl 2,4; 103,19; 115,3), o templo é como que uma réplica terrena do palácio celestial de Deus. A vida de toda a comunidade israelita gravitava à volta do templo.

No entanto, os profetas de Israel, em diversas situações, tinham criticado o culto sacrificial que Israel oferecia a Deus no templo, considerando-o como um conjunto de ritos estéreis, vazios e sem significado, uma vez que não eram expressão verdadeira de amor a Javé; tinham, inclusive, denunciado a relação do culto com a injustiça e a exploração dos pobres (cf. Am 4,4-5; 5,21-25; Os 5,6-7; 8,13; Is 1,11-17; Jr 7,21-26). As considerações proféticas acabaram por consolidar a ideia de que a chegada dos tempos messiânicos implicaria a purificação e a moralização do culto prestado a Javé no Templo. Nesta linha, o profeta Zacarias chegou a ligar explicitamente o “dia do Senhor” (o dia em que Deus vai intervir na história e construir um mundo novo, através do Messias) com a purificação do culto e a eliminação dos comerciantes que desenvolviam a sua actividade comercial “no Templo do Senhor do universo” – Zc 14,21).

O gesto que o Evangelho deste domingo nos relata deve entender-se neste enquadramento. Quando Jesus pega no chicote de cordas, expulsa do Templo os vendedores de ovelhas, de bois e de pombas, deita por terra os trocos dos banqueiros e derruba as mesas dos cambistas (vers. 14-16), está a revelar-Se como “o Messias” e a anunciar que chegaram os novos tempos, os tempos messiânicos.

No entanto, Jesus vai bem mais longe do que os profetas vétero-testamentários. Ao expulsar do Templo também as ovelhas e os bois que serviam para os ritos sacrificiais que Israel oferecia a Javé (João é o único dos evangelistas a referir este pormenor), Jesus mostra que não propõe apenas uma reforma, mas a abolição do próprio culto ali prestado. Aquela “casa” tinha-se tornado uma casa de comércio (“não façais da casa de Meu Pai casa de comércio – vers. 16); com o pretexto de dar culto a Deus, praticava-se ali a exploração e a injustiça; em nome de Deus roubava-se o dinheiro dos pobres. Deus não estava ali, há muito que se tinha afastado daquele lugar maldito. O culto ali prestado era, portanto, uma mentira que só interessava aos que beneficiavam com todo aquele negócio. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz um claro “basta” a uma mentira com a qual Deus não pode continuar a pactuar. Deus não se identifica com o que se passa no templo nem quer o culto que ali se Lhe presta. Tudo aquilo tem que terminar de uma vez por todas.

Os líderes judaicos ficam indignados. Quais são as credenciais de Jesus para assumir uma atitude tão radical e grave? Com que legitimidade é que Ele se arroga o direito de abolir o culto oficial prestado a Javé?

A resposta de Jesus é, à primeira vista, estranha: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias” (vers. 19). Recorrendo à figura literária do “mal-entendido” (propõe-se uma afirmação; os interlocutores entendem-na de forma errada; aparece, então, a explicação final, que dá o significado exacto do que se quer afirmar), João deixa claro que Jesus não Se referia ao Templo de pedra onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos (vers. 20), mas a um outro “Templo” que é o próprio Jesus (“Jesus, porém, falava do Templo do seu corpo” – vers. 21). O que é que isto quer exatamente dizer? Onde é que Jesus quer chegar? Jesus desafia os líderes que O questionaram, a suprimir o Templo que é Ele próprio; mas deixa claro que, três dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus alude, evidentemente, à sua ressurreição. A prova de que Jesus tem autoridade para “proceder deste modo” é que os líderes não conseguirão suprimi-lo. A ressurreição garante que Jesus vem de Deus e que a sua actuação tem o selo de garantia de Deus. Os defensores da religião oficial vão matar Jesus para o calar; mas, ressuscitando-O, Deus vai garantir aos líderes religiosos judaicos que Jesus tem razão.

Contudo, o mais notável na resposta de Jesus é a sugestão de que Ele é, a partir de agora, o “novo Templo”. Jesus é agora “a casa” onde Deus Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo. Jesus é o lugar do encontro, da intimidade, da comunhão entre Deus e os homens. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor, a sua vida, a sua salvação. Aquilo que a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação e comunhão entre Deus e os homens – é Jesus que, a partir de agora, o faz.

 

INTERPELAÇÕES

  • Como é que podemos encontrar Deus e chegar até Ele? Como podemos perceber as propostas de Deus e descobrir os seus caminhos? O Evangelho que nos é proposto na Festa da Dedicação da Basílica de Latrão responde: é olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus revela-Se aos homens e manifesta-lhes o seu amor, oferece aos homens a vida plena, faz-Se companheiro de caminhada dos homens e aponta-lhes caminhos de salvação. “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9) – disse um dia Jesus a Filipe, quando este Lhe pediu que “mostrasse o Pai” aos Seus discípulos. Somos, assim, convidados a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho”, aquela proposta de vida e de salvação que Deus nunca desistiu de nos apresentar; somos convidados a tornarmo-nos discípulos, a seguir Jesus a par e passo. Jesus é o Caminho que nos leva até Deus (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém pode ir até ao Pai senão por Mim” – Jo 14,6). Estamos dispostos a deixarmo-nos conduzir por Jesus?
  • Os cristãos são aqueles que aderiram a Cristo, que aceitaram integrar a sua comunidade, que comem a sua carne e bebem o seu sangue, que se identificam com Ele. Fazem parte de um Corpo do qual Cristo é a cabeça (cf. Rm 12,5; 1 Cor 12,27; Ef 1,22-23). São pedras vivas do novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Os homens do nosso tempo devem poder ver no rosto dos cristãos o rosto bondoso e terno de Deus; devem poder experimentar, nos gestos de partilha, de solidariedade, de serviço, de perdão dos cristãos, a vida nova de Deus; devem poder encontrar, na preocupação dos cristãos com a justiça e com a paz o anúncio desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os homens. Talvez o facto de Deus parecer tão ausente da vida, das preocupações e dos valores dos homens do nosso tempo tenha a ver com o facto de os discípulos de Jesus se demitirem da sua missão e da sua responsabilidade… O nosso testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao nosso lado? A vida das nossas comunidades dá testemunho da vida de Deus? A Igreja é essa “casa de Deus” onde qualquer homem ou qualquer mulher pode encontrar essa proposta de libertação e de salvação que Deus oferece a todos? Somos no mundo “a casa” onde Deus reside e onde Ele se encontra com os homens?
  • Jesus denunciou, nos átrios externos do templo de Jerusalém, uma religião estéril e mentirosa, construída à volta de um folclore de gestos que Deus não apreciava e que, afinal, não mudavam o coração dos crentes. Qual é o verdadeiro culto que Deus espera de nós? Ao contrário do que possamos pensar, Deus não aprecia os nossos rituais litúrgicos cheios de pompa e circunstância que, no entanto, acabam por ser “uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, pois não têm implicações na nossa vida nem alteram a nossa forma de estar no mundo. O culto que Deus aprecia é uma vida vivida na escuta das suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos. Quando somos capazes de sair do nosso comodismo e da nossa autossuficiência para ir ao encontro do pobre, do marginalizado, do estrangeiro, do doente, estamos a dar a resposta “litúrgica” adequada ao amor e à generosidade de Deus para connosco. Que culto prestamos a Deus?
  • Ao gesto profético de Jesus, os líderes judaicos respondem com incompreensão e arrogância. Consideram-se os donos da verdade e os únicos intérpretes autênticos da vontade divina. Instalados nas suas certezas e preconceitos, nem sequer admitem que a denúncia que Jesus faz esteja correta. A sua autossuficiência impede-os de ver para além dos seus projetos pessoais e de descobrir os projetos de Deus. Trata-se de uma atitude que, mais uma vez, nos questiona… Estamos conscientes de que, quando nos barricamos atrás de certezas absolutas e de atitudes intransigentes, podemos estar a fechar o nosso coração aos desafios e à novidade de Deus?
  • Como aqueles vendedores e cambistas que transformaram o Templo de Deus numa casa de comércio, também nós podemos, quase sem nos darmos conta, estar a converter toda a nossa vida num negócio, onde tudo é pesado em favor do nosso interesse e do nosso ganho. Até a nossa relação com Deus pode tornar-se uma troca comercial, em que cumprimos os ritos para termos Deus a nosso favor, “pagamos missas” ou “promessas” para obter algum benefício, evitamos o pecado para que Deus não tenha razões para nos condenar… O gesto profético de Jesus no Templo de Jerusalém denuncia o sem sentido de uma vida vivida em registo de ganância e de lucro egoísta; lembra-nos que Deus é amor, amor que não se compra nem vende e que é puro dom; lembra-nos a importância dos gestos gratuitos de amor, da partilha solidária, da fraternidade desinteressada, do dom sem recompensa; lembra-nos que devemos dar testemunho, com a nossa vida, de um Deus que ama os seus filhos – todos – com um amor sem limites e “a fundo perdido”. Estamos conscientes de tudo isto?

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org

 

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