A Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) tomou conhecimento do artigo do jornal Público, de 1 de outubro de 2022, dando conta da investigação pelo Ministério Público de denúncias de que D. José Ornelas Carvalho, Bispo de Leiria-Fátima e antigo Superior Geral dos Sacerdotes do Coração de Jesus, teria encoberto eventuais casos de abuso de menores em instituições ligadas aos Dehonianos, em Moçambique, no ano de 2011; o mesmo artigo refere também “crimes ocorridos em Portugal”.
Os Dehonianos em Portugal, tal como D. José Ornelas e toda a Igreja Católica no nosso país, reiteram o seu compromisso de proteger os menores e outras pessoas vulneráveis, dispondo-se a colaborar com a justiça, em âmbito civil e canónico, sempre a favor da verdade e da justiça.
Neste sentido, foi criado um endereço de correio eletrónico para favorecer a denúncia de eventuais casos de abuso de menores e pessoas vulneráveis nas instituições da nossa Congregação em Portugal, que poderão ser remetidas para escutarecuidar@dehonianos.org.
Manifestamos a nossa solidariedade a D. José Ornelas, agradecendo todo o serviço prestado à Congregação ao longo de 50 anos de consagração religiosa, muitos deles desempenhando o sensível serviço de autoridade, com lealdade e competência.
A Província Portuguesa revê-se nas declarações deste responsável da Igreja em Portugal, reportadas pelo citado jornal, bem como nas atitudes bem manifestas no Comunicado emitido pela Conferência Episcopal Portuguesa neste mesmo dia. Mantemos total confiança neste responsável da Igreja em Portugal.
Fazemos saber que a presença dehoniana em Moçambique está constituída como Província, dotada dos seus próprios órgãos de governo, desde 1998, de modo que o Superior Provincial de Portugal não tem competência para assuntos relacionados com os Dehonianos naquele país.
Lisboa, 1 de outubro de 2022. [PDF]
COMUNICADO DA CEP
Diante das notícias que hoje são veiculadas pela comunicação social, a Conferência Episcopal Portuguesa informa quanto segue:
Em 2011, o Sr. D. José Ornelas, na altura superior geral dos Padres Dehonianos, recebeu informações relativas a possíveis abusos cometidos no Centro Polivalente Padre Leão Dehon, na cidade de Gurué, em Moçambique. Imediatamente, deu indicações para que estas suspeitas fossem investigadas pelas competentes autoridades locais da Congregação, as quais não encontraram nenhuma evidência de possíveis abusos.
Posteriormente, quer a Procuradoria Geral de Moçambique, quer a Procuradoria italiana de Bergamo, em Itália, onde residia um dos sacerdotes visados (cuja nacionalidade é italiana), investigaram detalhadamente todas as situações e arquivaram essas mesmas investigações, ilibando o missionário dehoniano em questão.
Passados todos estes anos, o Sr. D. José Ornelas foi surpreendido com a informação, que lhe foi prestada por uma pessoa ligada aos meios de comunicação, que decorre uma investigação na Procuradoria Geral da República a seu cargo, sem que, até ao momento, tenha recebido qualquer notificação e cujo conteúdo desconhece.
O Presidente da CEP declara todo o seu interesse em que qualquer caso pendente seja investigado e esclarecido, declarando-se disponível para toda a colaboração a fim de que esse objetivo seja conhecido.
Reafirma, ainda, o seu compromisso de total colaboração para que, quer na Igreja, quer na sociedade civil, todo e qualquer abuso de menores seja investigado e que se tomem todas as medidas necessárias para que estas situações dramáticas sejam clarificadas. A Igreja tem a missão de proteger os mais frágeis e permitir que cada pessoa possa desenvolver-se, desde a mais tenra idade, num ambiente seguro e acolhedor.
Lisboa, 01 de outubro de 2022 [PDF]