Dia 14 – 14 de Março

 

 

Nascimento do Padre Dehon

“Nasci a 14 de Março de 1843 em La Capelle…”: assim começa o Pe. Dehon as suas Memórias.
La Capelle, pequena aldeia da Diocese de Soissons no departamento francês do Aisne, contava nessa altura com cerca de 1500 habitantes. Chamava-se assim devido a uma capela construída em honra de Santa Germana, virgem irlandesa, decapitada nessa região no século V; o seu corpo, lançado num fosso profundo, foi encontrado miraculosamente. Nesse mesmo lugar surgiu uma capela em honra da Mártir e ao seu redor desenvolveu-se um primeiro aglomerado populacional. Esta Igrejinha “não tinha nada de atractivo para mim, recorda o Pe. Dehon, parecia um pardieiro. Era triste e desadornada”; mas era o lugar onde ele, menino, ía rezar com sua mãe. “Rezava com ela ou melhor ela rezava por mim. Eu ainda não sabia bem o que queria dizer rezar. Ela levava-me às celebrações do Domingo e, às vezes, à bênção durante a semana”. (NHV I, 7v)

Sua Mãe, Adele Estefânia Vandelet, chamada familiarmente Fanny, é assim recordada pelo Pe. Dehon: “A sua vida foi uma vida de trabalho, de piedade, de virtude. Verdadeira mulher forte, era sempre a primeira a levantar-se e governava maravilhosamente a casa. Foi sempre doce e paciente. Demonstrava uma grande dignidade. Era uma matrona cristã… Era admirável na fidelidade às suas práticas de piedade” (NHV XIV, 148). “Minha mãe tem lugar predominante nas minhas longínquas recordações. Nunca eu me afastava dela. Enquanto meu irmão Henrique ía e vinha com meu pai e partilhava com ele o gosto pelo cultivo dos campos e pelos cavalos, eu ficava em casa e seguia minha mãe passo a passo.” (NHV I, 6r). Pe. Dehon considerava sua mãe “um dos grandes dons de Deus e instrumento de mil graças…Quero agradecer a Nosso Senhor por me ter dado uma tal mãe, por me ter iniciado, por meio dela, ao Amor do seu Divino Coração…” (NHV I 4-5).

Seu pai chamava-se Júlio Alexandre Dehon. A família Dehon pertencia à rica burguesia. Júlio Alexandre era proprietário rural, criador de bois e de cavalos; produtor e comerciante de cerveja. Em La Capelle gozava de um certo prestígio: fora vice-presidente da Câmara de 1848 a 1857 e depois presidente da Câmara de 1858 a 1861. Também, a respeito dele, o Pe. Dehon deixará um retrato sincero e afectuoso. Homem profundamente honesto e de carácter bom, durante os estudos em Paris tinha abandonado toda a prática religiosa, sem perder, porém, “o espírito de equidade e de bondade que caracterizou toda a sua vida”. Pelas orações incessantes do filho e da esposa, ele voltará à fé por ocasião da ordenação sacerdotal de Leão Dehon. “ Eu havia de encontrar na ternura do seu afecto paterno por mim uma grande ajuda para o desenvolvimento da minha educação e também pela minha vida cristã. O único desacordo com ele foi no que respeita à minha vocação. Nosso Senhor permitiu isto e sustentou-me… Dou-vos graças, ó meu Deus, por me haverdes dado tal pai… A sua recordação é doce para mim, é ajuda e conforto” (NHV I,5-6).

Eis o retrato familiar dos seus pais e da sua primeira infância, que o Pe. Dehon nos deixou.

Da entrevista do P. Umberto Chiarello Scj à TeleDehon em Março de 1996, publicada como opúsculo para os benfeitores na revista “Piccola Opera Sacro Cuore” de Vitorchiano, em Março de 1997.

Tradução: P. Manuel Chícharo, scj

 

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