Dia 6 – Espiritualidade dehoniana

 

 

Culto e Devoção ao Coração de Jesus

O P. Dehon, fundador da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, foi o primeiro sacerdote do Coração de Jesus. O Coração de Jesus foi a paixão da sua vida sacerdotal.
Ele tinha chupado com leite materno o amor para com o Sagrado Coração. A sua mãe, de facto, fora educada no colégio das Irmãs do Sagrado Coração de S. Sofia Barat; ela tinha, como livro preferido de oração, o Manual do Sagrado Coração. Por isso, desde o fim da sua infância Leão foi educado nesta devoção. Quando andava no Colégio de Hazebrouck, recebe da mãe, como presente, o Manual do Sagrado Coração, que ele utiliza como livro de oração e como guia espiritual. Nos anos de seminário em Roma, em preparação às ordens sagradas, medita longamente sobre os mistérios da vida do Senhor, sublinhando as virtudes do seu Coração: a vida de oblação, o espírito de vítima, que se oferece em sacrifício a Deus para a redenção dos homens. Ele medita sobre o seu sacerdócio inserido no de Cristo: juntamente sacerdote e vítima. Jovem sacerdote, encontra em S. Quintino um ambiente no qual reina uma “tradicional e profunda devoção ao Sagrado Coração”.
O P. Dehon viveu para o Coração de Jesus. Fundando a Congregação, mudou o seu nome de Leão para o de João do S. Coração: para que a sua vida se modelasse sobre a de João Evangelista que, na Última Ceia, tinha inclinado a cabeça sobre o peito do Senhor.
Também o P. Dehon, reclinando a cabeça sobre o peito do Senhor, auscultou o seu palpitar de amor pelos pecadores. Através do coração, descobriu um Jesus modelo de amor, de imolação, de abandono, de plena disponibilidade à vontade divina. Meditando o Evangelho, descobriu estas atitudes do coração nos acontecimentos da vida do Senhor: na Incarnação, no nascimento, na vida escondida em Nazaré, na sua actividade apostólica, na Paixão e na Eucaristia (cf. DS, p. II, c. I).
Como os místicos medievais, também o P. Dehon contemplou o lado aberto do Senhor; penetrando nesta “ferida do S. Coração”, como uma porta aberta, teve acesso ao cenáculo interior do Coração de Jesus, saboreando a imensidade do seu amor. Da contemplação da ferida visível do coração descobriu a ferida invisível do amor de Jesus: amor ferido do pecado do homem.
Para o P. Dehon, a devoção ao S. Coração não devia esgotar-se em práticas devocionais, mas antes constituir o princípio de renovação da vida cristã. Ele mesmo lutou para que o culto ao S. Coração, iniciado na vida mística das almas, descesse e penetrasse na vida social dos povos.
Por isso, à Congregação por si fundada, deu como ideal o de ser o Coração da Igreja, como é o Coração de Jesus. É uma imagem plástica de enorme profundidade espiritual: o coração do corpo místico, que é a Igreja, é o próprio Jesus; o P. Dehon e os Sacerdotes do Coração de Jesus são chamados por vocação a ser o coração da Igreja.

 

Da entrevista do P. Umberto Chiarello à TeleDehon em Março de 1996, publicada como opúsculo para os benfeitores na revista “Piccola Opera Sacro Cuore” de Vitorchiano, em Março de 1997.

Tradução: P. Manuel Barbosa, scj

 

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