Sobre a bondade que Nosso Senhor nos testemunha

1 Ante diem autem festum paschae sciens Iesus quia venit eius hora ut transeat ex hoc mundo ad Patrem cum dilexisset suos qui erant in mundo in finem dilexit eos (Jo 13,1).

1 Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim (Jo 13,1).
 

Primeiro Prelúdio. O Sacramento da Eucaristia é o prodígio do amor do Coração de Jesus pelos homens.

Segundo Prelúdio. Senhor, fazei que eu responda como devo à afeição e à ternura que me testemunhais na santa comunhão.

PRIMEIRO PONTO: Neste sacramento, Nosso Senhor dá-nos o exemplo da mais admirável ternura. – O sacramento da Eucaristia, a maravilha da omnipotência divina, é também o prodígio do amor do Coração de Jesus pelos homens. É por isso que o apóstolo S. João recorda a sua instituição com estas simples palavras: «Como Nosso Senhor tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim».
Este sacramento mostra que não se deve ter medo de ir ter com Nosso Senhor pelos afectos do coração. É fácil compreender que a comunhão do corpo e do sangue de Nosso Senhor é um prodígio de afecto e de amor terno.
No sacramento do altar, Nosso Senhor está vivo. Lá é Deus e homem, homem em corpo e alma. Funde-se total e simultaneamente no corpo e na alma do comungante. Não é isto uma loucura de amor e de amor terno? Somente o seu Coração, o seu Coração transbordante de amor pôde encontrar uma semelhante loucura que exigia pôr em acção todo o seu poder divino. Pôs todo o seu poder ao serviço das loucuras da sua ternura. À loucura da cruz, juntou a loucura de uma comunicação tão íntima que os homens têm dificuldade em concebê-la. É verdade que a sua carne se funde na carne do comungante, a sua alma na alma, o seu coração no coração do fiel, e este abraço inspirado pelo Coração de Jesus ardente de amor dura enquanto durarem as espécies sacramentais. Ele disse: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele».
Há na santa comunhão, diz S. Cirilo, como dois círios que se fundem e juntos se misturam.
O mesmo Pai aplica à Eucaristia o exemplo que S. Paulo dá /665 do fermento que ganha toda a massa da farinha: «Assim, diz, a Hóstia enche todo o homem com a sua graça».

SEGUNDO PONTO: Esta ternura de Nosso Senhor por nós é semelhante à de uma mãe. – Para nos fazer uma ideia da ternura de Nosso Senhor pelos homens, pensemos na de uma mãe pelo seu filhinho. Nosso Senhor disse-o pelo profeta Isaías: «Pode uma mãe esquecer o seu filhinho e não ter piedade do fruto do seu seio? Ora bem! Mesmo que ela o possa fazer, eu nunca vos esquecerei». O que Deus disse do povo de Israel aplica-se melhor ainda às almas cristãs.
Maria teve pelo seu Jesus Menino uma ternura tão grande que nenhuma criatura pôde nem jamais poderá igualar. Esta ternura de Maria empalidece junto da do Salvador, que inventou a maravilha da Eucaristia. Os que vêm a Nosso Senhor com o amor de ternura são sempre recebidos com complacência. Que se compreenda enfim que o amor de um Deus não é, não pode ser um amor sem coração, um amor glacial, um amor sem amor. Purificar o coração, não é expulsar o amor, é dele expulsar tudo o que não é amor por Jesus.
Amar Jesus, é tudo o que ele pede. Ele quer expandir a devoção ao seu coração sagrado, para que vamos ter com ele com o coração. É preciso nesta devoção distinguir duas coisas: o culto público e oculto interior. As solenidades do culto público glorificam o Sagrado Coração e ele é muito sensível a isso. Deus Pai compraz-se nisso e responde com graças abundantes, mas é preciso mais e melhor para Nosso Senhor. É preciso que ele tenha adoradores em espírito e verdade, adoradores que lhe dêem /666 o seu coração, que lhe dêem todos os seus batimentos, todas as suas aspirações, todos os afectos.

Resoluções. – Senhor Jesus, tomai o meu coração, pertence-vos. Quero vo-lo dar com ternura pensando habitualmente em vós e conversando intimamente convosco. Quero vo-lo dar com força consumindo-me por vós nos trabalhos, na acção, nas dores e até na morte.

Colóquio com Jesus-Hóstia.

 

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