Visitas Eucarísticas: o Amigo, o Irmão

22 Dixit autem pater ad servos suos cito proferte stolam primam et induite illum et date anulum in manum eius et calciamenta in pedes 23 et adducite vitulum saginatum et occidite et manducemus et epulemur 24 quia hic filius meus mortuus erat et revixit perierat et inventus est (Lc 15, 22-24).
 

22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; 23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado (Lc 15, 22-24).
 

Primeiro Prelúdio. – Jesus-Eucaristia é o amigo, o irmão compassivo, o pai misericordioso.

Segundo Prelúdio. Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai com humildade e ele me restituirá tudo o que perdi.

PRIMEIRO PONTO: Quem vem? É o amigo fiel e generoso. – Quem vem? É o amigo verdadeiro. Ele no-lo disse: «Vós sois meus amigos», e sabe o que é o verdadeiro amigo. Descreveu-o no livro do Eclesiástico e no seu discurso depois da Ceia.
O Eclesiástico louva os amigos fiéis, aqueles que têm uma conversa amável e que amam a paz, os que não se afastam no dia da aflição, os que são firmes e constantes. O amigo fiel é uma forte protecção. Quem o encontrou, encontrou um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel. Vale mais do que o ouro e a prata. É um remédio que dá a vida e a imortalidade… (Eccl 6).
Nosso Senhor é para nós este tesouro, porque nos chamou seus amigos (Jo 15, 15). Descreveu-se também quando disse que o verdadeiro amigo dá a sua vida pelos seus amigos.
Vamos ao Coração eucarístico de Jesus como ao Coração de um amigo fiel, de um verdadeiro amigo dedicado sem medida. Não nos permite duvidar da sua terna amizade.

SEGUNDO PONTO: Quem vem? O irmão ao seu irmão culpado, para o reconduzir e lhe perdoar. – Sim, embora Deus, não se envergonha de nos chamar seus irmãos: non confunditur fratres eos vocare. S. Paulo exprime abundantemente a sua admiração sobre este assunto, nos primeiros capítulos da sua carta aos Hebreus. «Outrora, diz, Deus falou aos nossos pais pelos profetas, mas nos nossos dias foi pelo seu próprio Filho, que criou o mundo com ele e que o fez herdeiro de todas as coisas. Ele é o esplendor da sua glória e /653 imagem da sua substância; tudo sustém pelo poder da sua palavra, e depois de nos ter purificado dos nossos pecados, sentou-se no mais alto dos céus, à direita da Majestade divina, sendo também elevado acima dos anjos que o seu nome comporta, porque quem é o anjo ao qual Deus tenha alguma vez dito: Vós sois meu Filho, hoje vos gerei, e ainda: serei o seu Pai e ele será meu Filho?… A Escritura diz dos anjos que Deus os fez seus ministros, mas diz ao Filho de Deus: o vosso trono, ó Deus, será um trono eterno… E, noutro lugar, reconhecendo-o como Criador de todas as coisas, ela diz-lhe: Senhor, criastes a terra desde o começo do mundo… Também, quem é o anjo ao qual o Senhor tenha dito: Sentai-vos à minha direita até que eu tenha reduzido os vossos inimigos a servir de escabelo?…
«Entretanto o seu Filho adorável, Deus tornou-o por um pouco de tempo inferior aos anjos, tornando-o passível e mortal, mas em seguida coroou-o de glória e de honra.
Era digno de Deus que, para conduzir à glória os seus filhos, consumisse pelos sofrimentos aquele de entre eles que devia ser o autor da sua salvação. Porque o Salvador e os resgatados são da mesma raça humana e não se envergonha de os chamar seus irmãos…».
Tal é o magnífico ensino de S. Paulo. O hóspede do sacrário é nosso irmão, um irmão amoroso, que se sacrificou por nós, como haveríamos de hesitar em ir dizer-lhe o nosso amor?

TERCEIRO PONTO: Quem vem? O Pai de misericórdia que nos ama ternamente. – Chama-nos seus filhinhos: filioli. Descreveu-se com complacência na parábola do filho pródigo.
Eu sou este filho pródigo, que viveu, se não na luxúria, pelo menos na vaidade e na inutilidade.
Volto para o meu Pai, hesitante, tímido, temeroso, mas ele está lá, que me acolhe com amor. O seu coração bate fortemente no seu peito. Deseja-me com ardor, observa, procura. E se regresso, atira-se ao meu pescoço e aperta-me contra si, coração contra coração.
E chama os seus servos, os seus anjos, para me darem tudo o que perdi. Nada falta: o manto de outrora, o anel de nobreza, os sapatos, e o vitelo gordo para a festa. O Coração de Jesus está emocionado; os seus olhos choram de ternura, mas sorriem de alegria: «Alegremo-nos, diz o bom Mestre, este filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado».

Resoluções. – Irei ter com o meu amigo, com o meu irmão, com o meu pai. Hesitarei ainda, agora que conheço o hóspede do tabernáculo? Que há a temer quando alguém se dirige ao coração de um amigo, de um irmão, de um pai? Para expandir o meu coração, para pedir conselho, para me consolar das minhas mágoas, para fruir da amizade, irei ao sacrário, irei muitas vezes. Esta será a minha melhor alegria.

Colóquio com Jesus-Eucaristia.

 
 
 

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