Liturgia

6 de Fevereiro, 2023

S. Paulo Miki e Companheiros

S. Paulo Miki e Companheiros


6 de Fevereiro, 2023

Paulo Miki, jesuíta japonês, é um dos 26 mártires que, a 5 de Fevereiro de 1597, morreram crucificados na colina de Tateyama - depois chamada «colina santa» - junto de Nagasaki. A evangelização do Japão, iniciada por S. Francisco Xavier (1549-1551), tinha dado os seus grupos e a comunidade cristã atingia, em 1587, os 250.000 membros. O imperador, que inicialmente tinha favorecido os missionários, decretou a expulsão dos jesuítas e mandou prender 6 franciscanos espanhóis e três jesuítas japoneses. Foi um tempo de dura repressão.

Paulo Miki era filho de um oficial. Foi educado num colégio jesuíta e, em 1580, entrou na Companhia de Jesus. Tornou-se muito conhecido pela qualidade da sua vida e pela sua capacidade de evangelizar. Ainda não era sacerdote quando foi martirizado com outros 25 cristãos: 6 missionários franciscanos espanhóis, um escolástico e um irmão, jesuítas japoneses, e 17 leigos também japoneses. Foram canonizados por Pio IX, em 1862.

Lectio

Primeira leitura: Gálatas, 2, 19s.

Irmãos, eu pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo.20Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

A forte experiência a que Paulo faz alusão neste texto, está inserida na vida da comunidade da Galácia, que, se por um lado vive em grande fervor, por outro é provada pelos irmãos que julgam necessário continuar a observar a lei de Moisés, com tudo o que ela implica, também a circuncisão (cf. Gal 1, 2 e Act 15, 1).
É na provação que os discípulos descobrem a verdadeira origem da salvação. Em consequência, chegam a uma relação viva com o Senhor Jesus, a uma maior consciência da sua identidade, aprendem a reconhecer a acção do Espírito no desenvolvimento da Igreja e descobrem o seu lugar na sociedade. Trata-se de fazer, mais uma vez, uma opção por Cristo e pelo único evangelho, fundamentando a própria vida, não em normas e rituais, como acontecia entre os judeus, mas em Cristo e em Cristo Crucificado. Paulo não quer propor aos Gálatas uma doutrina a discutir, mas levá-los a reflectir, narrando a sua experiência (1, 10-2,21), na «verdade do evangelho» (2, 14), a reconhecer que a justificação vem da fé e não das obras da lei, a encontrar-se com Cristo crucificado, a viver a vida em liberdade, guiados pelo Espírito.
Paulo «sabe» quem é o seu Senhor! «Estou crucificado com Cristo» (2, 20): é o nascimento da vida nova e é a plena identificação com Jesus. A vida desenrola-se na comunhão profunda, única e misteriosa, com Cristo, que o amou e deu a vida por ele.

Evangelho: Mateus, 28, 16-20

Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam.18Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes:«Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. 19Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, 20ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.»

Jesus convoca a comunidade dos discípulos para a revelação definitiva. O lugar é significativo: a Galileia, um Monte. Foi na Galileia que Jesus anunciou, pela primeira vez, a vinda do Reino (4, 17); foi sobre um monte que Jesus foi tentado pelo Demónio que Lhe oferecia o domínio sobre os reinos do mundo (4, 8-10); foi sobre um monte que Jesus proclamou as Bem-aventuranças (5, 1ss.); foi sobre um monte que aconteceu a Transfiguração (7, 1). Agora, sobre um monte, o Ressuscitado manifesta-se aos seus e revela-lhes que o Pai Lhe deu todo o poder «no Céu e na Terra» (v. 17).
Jesus confia aos Apóstolos a missão, que é a missão universal da Igreja. Promete-lhes a sua presença perene: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (v. 20). A senhoria universal do Ressuscitado é a fonte donde brota a missão universal da Igreja: «ir e ensinar todos os povos», «fazer discípulos todos os povos». Mas o Senhor não deixa a Igreja só nesta missão longa e difícil. Ele está com eles como guia, apoio, purificação, luz. Está com eles para apoiar a sua obediência ao Pai e o seu amor activo para com todos.

Meditatio

A leitura da Carta aos Gálatas, na memória dos Mártires do Japão, leva-nos a confrontar-nos, mais uma vez, com o «evangelho de Deus» (Rm 1, 1), convidando-nos a renovar a nossa opção por Cristo em todas as situações da nossa vida: na alegria, no sofrimento, no êxito, no fracasso... «a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim» (Gal 2, 20). O testemunho dos Mártires Japoneses e das suas comunidades cristãs é Palavra e conforto para nós, os crentes, e é anúncio e luz transformadora para a humanidade. A vida nasce da vida que se gasta, que se faz dom. Nos fundamentos da Igreja está o sangue e a fidelidade, isto é, o amor. A Igreja nasce do ágapedivino e vive dele. O ágape é o princípio vital da sua existência e da sua acção, que o irradia e comunica.
O evangelho faz brotar a gratidão e o louvor, porque leva a tocar com mão a realização do mandato confiado a por Cristo ressuscitado aos seus. A Igreja contempla-O nas terras do Japão, onde o Espírito abriu corações e mentes e agregou novos membros ao novo povo. Todos, com efeito, «são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho». É com este coração apaixonado que também nós queremos ver o homem e a sociedade de hoje. Abertos a todos, dados a todos.
As comunidades cristãs envolvem o mundo no amor de Cristo crucificado, atestam o senhorio de Cristo, a universalidade do mandato e do amor do Pai, e são, por sua vez, seu ícone entre os homens porque são membros do seu corpo, animados pelo mesmo Espírito.

Oratio

Pai santo, nós Te bendizemos e damos graças porque és o autor e dador de todos os bens. Hoje, queremos particularmente agradecer-Te pelo testemunho dos nossos irmãos mártires. À imitação de Cristo, teu Filho, derramaram o seu sangue pela confissão do teu nome. A sua vida é conforto, apoio e luz para nós. Neles manifestas as maravilhas do teu poder. Neles tiras força da fraqueza humana e fazes da fragilidade testemunho da tua grandeza.
O nosso espírito emudece de espanto na contemplação destes mártires crucificados como o teu Filho e por causa d´Ele. Por sua intercessão, queremos pedir-Te força e coragem para prosseguirmos a nossa peregrinação terrena na fidelidade ao teu amor, mesmo quando tivermos de participar na paixão do teu Filho Jesus. Infunde em nós a sabedoria da cruz e ajuda-nos para aderirmos totalmente a Cristo e com Ele cooperarmos na redenção do mundo. Amen.

Contemplatio

Esperando a glória dos céus, os perseguidos experimentam já uma alegria íntima sobre a terra. É uma recompensa da graça divina. «Vêem o fruto do que as suas almas sofreram, diz-nos o profeta, e são assim saciados» (Is 53, 2). É a alegria íntima do apostolado e o triunfo do sofrimento e do sacrifício: «O meu servo é justo e pelo ensino da sua doutrina tornará justo um grande número de homens...Dar-lhe-ei em partilha uma multidão de discípulos; vencerá os seus inimigos e partilhará os seus despojos» (Is 53, 11-12). Isto aplica-se ao Salvador e àqueles que propagam o seu reino. A salvação das almas! Que recompensa consoladora pelas lágrimas derramadas, pelas fadigas suportadas, pelas perseguições sofridas e pelo ódio do mundo!... Seguindo a Jesus, que levou a cruz com alegria, com os apóstolos e os mártires, que louvam a Deus nas perseguições, levemos generosamente a nossa cruz quotidiana. - O Coração de Jesus ama a cruz redentora: o meu coração esperou o opróbrio e a vergonha (Sl 68). Amemos a nossa cruz de cada dia, o trabalho, a fadiga, a humildade, a obscuridade. Suportemos com uma doce paciência as incomodidades da vida comum e as provações que a Providência nos envia. (Leão Dehon, OSP 4, p. 61s.).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a Palavra do Senhor:
«Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20).

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S. Paulo Miki e Companheiros (6 Fevereiro)

Tempo Comum - Anos Ímpares - V Semana - Segunda-feira

Tempo Comum - Anos Ímpares - V Semana - Segunda-feira


6 de Fevereiro, 2023

Lectio

Primeira leitura: Génesis 1, 1-19

No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, 2a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. 3Deus disse: «Faça-se a luz.» E a luz foi feita. 4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5Deus chamou dia à luz, e às trevas, noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o primeiro dia. 6Deus disse: «Haja um firmamento entre as águas, para as manter separadas umas das outras.» E assim aconteceu. 7Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento das que estavam por cima do firmamento. 8Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo dia. 9Deus disse: «Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca.» E assim aconteceu. 10Deus chamou terra à parte sólida, e mar, ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. 11Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. 12A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom. 13Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia.
14Deus disse: «Haja luzeiros no firmamento dos céus, para separar o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos; 15servirão também de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminarem a Terra.» E assim aconteceu. 16Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. 17Deus colocou-os no firmamento dos céus para iluminarem a Terra, 18para presidirem ao dia e à noite, e para separarem a luz das trevas. E Deus viu que isto era bom. 19Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.

Os relatos da criação descrevem acções divinas que se situam, não na história, mas num "princípio" que ninguém pode conhecer. Daí o uso da linguagem dos "mitos". De facto, ninguém assistiu à criação do mundo para no-la poder narrar: «Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra?» - pergunta Deus a Job (Jb 38, 4). Portanto, o carácter destes relatos não é científico, embora o autor se sirva da noção experimental do mundo corrente no seu tempo; nem é histórico, embora as apresente em movimento e num processo análogo ao da história. Estas afirmações são teológicas: falam de Deus enquanto revelam acção e desígnio no mundo, e enquanto este encontra a plenitude do seu ser na referência a Deus. São teologia de linguagem medida e refinada, e são também mensagem para determinados destinatários, como os pagãos que adoravam o Sol, a Lua e outras criaturas.
No primeiro relato, o autor sagrado refere que Deus tudo criou pela sua palavra e baseia a estrutura da sua narrativa nos sete dias da semana, com os seis dias de trabalho e mais um de repouso, o «sétimo dia» para o qual converge toda a acção semanal, que nele encontra plena realização. Esta estrutura é propositadamente usada, tanto mais que as acções de Deus são mais de sete: a luz, a abóbada celeste, a terra enxuta, a vegetação, os luzeiros, os peixes, as aves, o gado, os répteis, o homem (macho e fêmea). O relato de Gn 1 quer dizer-nos que a criação foi organizada em vista de um fim muito concreto que se resume no sábado, que é dia de repouso para o homem e o dia de louvor para Deus.
Ao terminar esta página lemos: «Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado» (Gn 2, 2). Como pôde concluir a criação se, no mesmo dia cessou toda a actividade? Faltava uma coisa essencial no mundo: o tempo e o espaço para a oração. O sábado vem colmatar essa falta, concluir a obra, porque permite viver, com a periodicidade de uma semana, o tempo todo de Deus criador e salvador, e celebrar de antemão a criação terminada. É uma imagem da meta posta à vista, para iluminar o caminho e assegurar que por ele se chega à realização total e ao repouso de Deus.

Evangelho: Marcos 6, 53-56

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos fizeram a travessia do lago e vieram para a terra de Genesaré, onde aportaram. 54Assim que saíram do barco, reconheceram-no. 55Acorreram de toda aquela região e começaram a levar os doentes nos catres para o lugar onde sabiam que Ele se encontrava. 56Nas aldeias, cidades ou campos, onde quer que entrasse, colocavam os doentes nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar pelo menos as franjas das suas vestes. E quantos o tocavam ficavam curados.

Jesus acaba de atravessar o lago de Genesaré, unindo a margem leste, onde habitam os pagãos, com a margem oeste, onde habitam os hebreus. A descrição de Marcos lembra-nos as promessas messiânicas: «Acorrerão ao monte do Senhor todas as gentes, virão muitos povos e dirão... Ele nos ensinará os seus caminhos» (cf. Is 2, 2-3); «Virão povos e habitantes de grandes cidades. E os habitantes de uma cidade irão para outra, dizendo: 'Vamos implorar a face do Senhor!» (Zc 8, 21). Todos os que se reconhecem carecidos de salvação dirigem-se a Jesus. Diante dele são expostas todas as misérias humanas. As pessoas não se deixam dominar pela vergonha, mas agem com confiança: basta que os Senhor lhes toque apenas com «as franjas das suas vestes». Assim se cumpre a palavra do profeta: «Assim fala o Senhor do universo: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela dobra do seu manto e dirão: 'Nós queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco'» (Zc 8, 23). Não precisamos de nos esforçar para demonstrar que, no Evangelho, se tratava sempre de verdadeiros milagres, e não de casos idênticos àqueles de que fala hoje a parapsicologia. Uma correcta cristologia não exige que Jesus fosse um super-homem. Marcos não usa métodos racionalistas para demonstrar a divindade de Jesus. Aliás, para ele, a fé é um dom gratuito de Deus que geralmente precede os «milagres». O interessante é que as pessoas perceberam que a mensagem do Evangelho não era algo de abstracto de puramente filosófico, mas que implicava a melhoria da sua situação. Se, intuindo que Deus estava com Jesus, acorriam a Ele, depois de estarem com Ele, partiam gritando: Deus está connosco e a nossa favor... em Jesus.

Meditatio

As páginas do Génesis, que nos falam de Deus Criador, suscitam em nós sentimentos de admiração e de grandeza. É pela sua palavra que Deus cria o mundo. Dá uma ordem, e tudo acontece: «Deus disse: «Faça-se», e «assim se fez
». E não falta uma avaliação da obra feita: «E Deus viu que isto era bom» (cf. Gn 1, 25). Deus aprecia as obrs que realiza. Compraz-se nelas.
Sabemos que a Bíblia não pretende explicar cientificamente a criação do mundo. Os relatos do Génesis são uma história religiosa que fala de todas as criaturas, que afirma que todas têm origem em Deus e na sua palavra criadora. O escritor bíblico está claramente cheio de admiração pelas obras de Deus. A nossa admiração, a milénios de distância, há-de ser ainda maior, porque hoje, graças à investigação científica, compreendemos muito melhor a grandeza do universo. O autor bíblico não conhecia a distância da Terra à Lua, nem as quase inimagináveis distâncias medidas em anos luz entre os astros. Continuam a ser descobertas estrelas, vias lácteas, galácias... Nós, agora, temos conhecimento de tudo isso, que não é suficiente, mas é importante, como revelação de Deus. Deus revela-se na criação. É bom e útil para nós deter-nos a contemplar a grandeza e as maravilhas de Deus nas suas obras pequenas e grandes. Os santos comoviam-se profundamente diante da grandeza do universo, mas também diante da simplicidade e da beleza de uma pequena flor. Em tudo descobriam a presença da sabedoria, do poder, do amor de Deus. «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia», convida-nos o salmo (2 Cr 7, 3).
O cristão cultiva, diante da criação, um olhar de grande optimismo e de respeito. Optimsmo porque, apesar do mal que há no mundo, o conjunto das obras de Deus é bom; de respeito, porque, se tudo foi feito para o homem, ele deve usá-lo na medida das suas reais necessidades, sem destruir nem desperdiçar o que quer que seja.
O encontro com Deus feito homem, com Jesus, possiblita-nos uma cura que nos permite ver a verdade da criação, e a nossa própria verdade.

Oratio

Obrigado, Senhor, pela obra maravilhosa da criação. Louvado sejas por todas as tuas criaturas: o Sol, a Lua, as estrelas, o ar, as águas, o fogo e a mãe Terra, com tudo o que a enche, nos sustenta e governa.Obrigado por teres feito o homem como obra-prima da criação. Que ele saiba usá-la com respeito, com amor, com gratidão. Que jamais se limite a perguntar: «Para que serve?»; «Quanto rende?». Mas que tenha consciência de que, o que existe na Terra, é para os que vivem hoje, e hão-de viver no futuro. Amen.

Contemplatio

Chegou o momento de imaginarmos as piedosas conversas de Jesus e de seus pais. Regressavam os três a Nazaré, tão felizes por estarem de novo reunidos. «Desceu com eles», diz-nos S. Lucas, como para nos dizer: meditai sobre as suas conversas. Com que é que Jesus podia entreter-se com os seus pais, senão com a sua missão messiânica e com todos os desígnios de misericórdia que enchiam o seu Coração. Aí conduzia docemente o seu pensamento: «Mãe, dizia, os homens passam mal os dias da sua peregrinação na terra. Deixam-se absorver pelo cuidado dos interesses temporais. E, no entanto, os milagres da criação estão por toda a parte semeados sobre os seus caminhos, mas não se dignam olhá-los. Não consideram quem é que fez crescer e reverdejar esta árvore, quem, com tantos matizes, coloriu este bando alado de graciosas aves, nem quem o alimentou sem que ele se inquiete. Certamente, estes pássaros folgazões não semeiam nem recolhem. - Contemplai, ó minha mãe, ó meu lírio, a vossa irmã, aquela flor ali, branca como a neve. Na verdade, nem a esposa de um rei, nem Salomão mesmo na sua glória foram adornados tão magnificamente. E no entanto não passa de uma flor. (Leão Dehon, OSP3, p. 162s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor» (Sl 136, 57).

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Subsídio Litúrgico a cargo de Fernando Fonseca, scj

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