Liturgia

Week of Mai 15th

  • Solenidade da Ascensão - Ano B [atualizado]

    Solenidade da Ascensão - Ano B [atualizado]

    12 de Maio, 2024

    ANO B

    7.º DOMINGO DA PÁSCOA

    SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

     

    Tema da Solenidade da Ascensão do Senhor

    A Solenidade da Ascensão de Jesus mostra, antes de mais, qual é a meta final do nosso caminho: a comunhão com Deus, a Vida definitiva. Mas, além disso, lembra aos discípulos de Jesus que, enquanto caminham na terra, têm a responsabilidade de continuar a obra de Jesus e de dar testemunho da salvação de Deus.

    No Evangelho, Jesus ressuscitado despede-se dos discípulos e passa-lhes o testemunho.  Os discípulos, formados na “escola” de Jesus, têm como missão levar o Evangelho a toda a criatura e dar Vida a todos os que vivem prisioneiros do sofrimento e da morte. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhá-los e a mostrar-lhes os caminhos que eles devem percorrer.

    A primeira leitura, repete a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter comunicado aos homens o projeto do Pai, entrou na Vida definitiva da comunhão com Deus, a mesma vida que espera todos os que percorrem o “caminho” que Jesus percorreu. Os discípulos, testemunhas da partida de Jesus, não podem ficar a olhar para o céu; mas têm de ir para o meio dos homens, seus irmãos, continuar o projeto de Jesus.

    A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da “esperança” a que foram chamados: a Vida plena de comunhão com Deus. É essa “esperança” que ilumina o horizonte daqueles que fazem parte da Igreja, o “corpo” do qual Cristo é a “cabeça”.

     

    LEITURA I – Atos dos Apóstolos 1,1-11

    No meu primeiro livro, ó Teófilo,
    narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar,
    desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu,
    depois de ter dado, pelo Espírito Santo,
    as suas instruções aos Apóstolos que escolhera.
    Foi também a eles que, depois da sua paixão,
    Se apresentou vivo, com muitas provas,
    aparecendo-lhes durante quarenta dias
    e falando-lhes do reino de Deus.
    Um dia em que estava com eles à mesa,
    mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,
    mas que esperassem a promessa do Pai,
    «da Qual – disse Ele – Me ouvistes falar.
    Na verdade, João batizou com água;
    vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo,
    dentro de poucos dias».
    Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar:
    «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»
    Ele respondeu-lhes:
    «Não vos compete saber os tempos ou os momentos
    que o Pai determinou com a sua autoridade;
    mas recebereis a força do Espírito Santo,
    que descerá sobre vós,
    e sereis minhas testemunhas
    em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria
    e até aos confins da terra».
    Dito isto, elevou-Se à vista deles
    e uma nuvem escondeu-O a seus olhos.
    E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava,
    apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco,
    que disseram:
    «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?
    Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu,
    virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

     

    CONTEXTO

    O livro dos “Atos dos Apóstolos” constitui a segunda parte da obra de Lucas. Depois de ter apresentado, na primeira parte (o “Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas”), “o tempo de Jesus”, Lucas completa a sua obra apresentando “o tempo da Igreja”: é o “tempo” em que a proposta de salvação de Deus é levada ao encontro do mundo pela comunidade de Jesus (a “Igreja”), animada e conduzida pelo Espírito Santo.

    O livro dos Atos aparece algum tempo depois do terceiro Evangelho, nos últimos anos da década de 80 do primeiro século. Dirige-se a comunidades cristãs de língua grega, provavelmente comunidades que nasceram do trabalho missionário de Paulo de Tarso. São comunidades que, por essa altura, passam algumas dificuldades quanto ao compromisso com a fé: passou já a fase da expetativa pela vinda iminente do Cristo glorioso para instaurar o “Reino” e há uma certa desilusão porque essa vinda não se concretizou; as questões doutrinais causam confusões e conflitos internos; a monotonia favorece uma vida cristã pouco comprometida… Resultado: há já algum tempo que as comunidades cristãs se instalaram na mediocridade, falta-lhes o entusiasmo e o empenho na construção e no testemunho do Reino de Deus.

    Nos Atos dos Apóstolos, Lucas procura deixar claro que o projeto de salvação que Jesus veio apresentar não pode ficar parado. Enquanto Jesus não volta, são os seus discípulos que têm de continuar a propor ao mundo a salvação de Deus. Eles devem, com alegria e entusiasmo, ser testemunhas de Jesus e do seu Evangelho em todos os cantos da terra. Foi essa a tarefa de que Jesus os incumbiu quando voltou para o Pai.

    O texto que a liturgia do Domingo da Ascensão nos propõe como primeira leitura, é precisamente o início do livro dos Atos dos Apóstolos. Apresenta a despedida de Jesus, o seu regresso ao Pai, e a entrega da missão aos discípulos.

    A despedida de Jesus teria acontecido em Jerusalém, após uma refeição com os discípulos (cf. At 1,4.9). No Evangelho, Lucas é ainda mais explícito: foi em Betânia, uma localidade situada no cimo do Monte das Oliveiras, mesmo em frente da cidade de Jerusalém, que Jesus se despediu dos discípulos e, à vista deles, subiu ao céu (cf. Lc 24,50). De acordo com o esquema teológico de Lucas, Jerusalém é o lugar onde a salvação irrompe (de acordo com a mentalidade judaica, é em Jerusalém que o Messias deve manifestar-se e que a sua proposta libertadora se há de concretizar na vida de Israel), e também o lugar de onde a salvação de Jesus parte para ir ao encontro do mundo.

    Hoje, em Jerusalém, uma pequena capela em formato octogonal, situada no cimo do Monte das Oliveiras, faz memória da Ascensão de Jesus ao céu.

     

    MENSAGEM

    O nosso texto começa com um prólogo (vers. 1-2) que relaciona os “Atos” com o 3° Evangelho, quer na referência ao mesmo Teófilo a quem o Evangelho era dedicado, quer na alusão a Jesus, aos seus ensinamentos e à sua ação no mundo (tema central do 3.º Evangelho). Neste prólogo são também apresentados os protagonistas do livro dos Atos: o Espírito Santo e os apóstolos, vinculados com Jesus.

    O prólogo inclui, ainda, uma referência a diversas aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos, durante quarenta dias, antes de subir ao céu. Nesse tempo, Jesus preparou os discípulos para o anúncio do Reino de Deus (vers. 3). Evidentemente, o número quarenta é simbólico: é o número que define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir as lições do mestre. Aqui define, portanto, o tempo simbólico de iniciação ao ensinamento do Ressuscitado.

    Depois do prólogo, o autor dos Atos entra imediatamente no tema da despedida de Jesus dos seus discípulos e refere as últimas palavras de Jesus antes de partir para o Pai (vers. 4-8). Nessas palavras, há dois elementos que importa sublinhar: a referência à vinda do Espírito e a referência ao testemunho que os discípulos vão ser chamados a dar “em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo”. Estes dois elementos definem os traços fundamentais do tempo que se inicia com a partida de Jesus: será o tempo da Igreja, o tempo em que o testemunho da salvação será levado pelos discípulos, animados e orientados pelo Espírito, desde Jerusalém até Roma. Na realidade, trata-se do programa que Lucas vai apresentar ao longo do livro, posto na boca de Jesus ressuscitado. O autor quer mostrar com a sua obra que o testemunho e a pregação da Igreja estão entroncados no próprio Jesus.

    O último tema é o da ascensão de Jesus ao céu (vers. 9-11). A descrição que o autor dos Atos faz da ascensão é bastante sóbria; mas, naturalmente, não é um relato factual de acontecimentos concretos. A passagem necessita de ser interpretada para que, através da roupagem dos símbolos, a mensagem apareça com toda a claridade.

    Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu (vers. 9a). Não estamos a falar de uma pessoa que, literalmente, descola da terra e começa a elevar-se em direção ao céu; estamos em contexto teológico (quem está a contar a história não é o “repórter”, mas sim o “teólogo”): a ascensão é uma forma de expressar simbolicamente que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supraterrenas; é a forma literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória da comunhão com o Pai.

    Temos, também, a nuvem (vers. 9b) que subtrai Jesus aos olhos dos discípulos. Pairando a meio caminho entre o céu e a terra, a nuvem é, no Antigo Testamento, um símbolo privilegiado para exprimir a presença do divino na vida dos humanos (cf. Ex 13,21.22; 14,19.24; 24,15b-18; 40,34-38). Ao mesmo tempo, a nuvem esconde e manifesta: sugere o mistério do Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos.

    Temos ainda os discípulos a olhar para o céu (vers. 10a). Significa a expetativa da comunidade de Jesus que, ao longo da sua peregrinação na terra, está sempre à espera que Cristo venha novamente para levar ao seu termo o projeto de libertação do Homem e do mundo.

    Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco que interpelam os discípulos de Jesus (vers. 10b). O branco sugere o mundo de Deus, o que indica que o seu testemunho vem de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de Jesus; agora, é a comunidade dos discípulos que tem de continuar, na história, a obra de Jesus, embora com a esperança posta na segunda e definitiva vinda do Senhor.

     

    INTERPELAÇÕES

    • A ascensão de Jesus deve ser vista no contexto de toda a sua vida. Ele veio ao encontro dos homens, caminhou no meio deles, procurou viver na fidelidade ao projeto do Pai, pagou com a própria vida o seu compromisso com a construção do Reino de Deus. Mas Deus não aceitou que a maldade vencesse e libertou Jesus da escravidão da morte; e Jesus, glorificado por Deus, entrou definitivamente na glória do Pai. A ascensão de Jesus diz-nos qual é o destino final daqueles que, como Ele, vivem na fidelidade aos projetos de Deus: estão destinados à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Contemplando a ascensão de Jesus, percebemos qual é a meta do nosso caminho: a Vida plena junto do Pai. Isto dá um novo sentido à nossa vida, às nossas lutas, ao nosso compromisso, à nossa entrega à construção do Reino de Deus. Não caminhamos ao encontro do vazio, do nada, mas caminhamos ao encontro da Vida definitiva nos braços de Deus, como Jesus. Temos consciência disso? Essa consciência alimenta a nossa entrega, o nosso compromisso, a nossa fidelidade ao projeto de Deus?
    • É bem significativo que a “partida” de Jesus apareça associada ao envio dos discípulos. Jesus, terminada a sua missão, foi ter com o Pai; mas aquilo que Ele começou não está concluído. Agora a missão que o Pai tinha confiado a Jesus passa para as mãos dos seus discípulos. Como Jesus, eles têm a tarefa de ir pelo mundo curar, dar Vida, lutar contra o sofrimento e a morte, testemunhar com palavras e gestos a salvação de Deus. “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo” – disse-lhes Jesus ao partir para o Pai. A comunidade dos discípulos é uma comunidade “missionária”: todos os discípulos são “enviados” a dar testemunho de Jesus e do seu projeto, em todo o tempo e em todos os lugares. Sentimo-nos “missionários” de Jesus no nosso mundo, mensageiros da salvação de Deus em todos os lugares onde a vida nos leva?
    • Jesus garantiu aos discípulos que iriam receber uma força, a do Espírito Santo, que os capacitaria para serem testemunhas da salvação de Deus em toda a terra. Trata-se de uma “promessa” decisiva. Não estamos sozinhos, entregues à nossa sorte, às nossas decisões falíveis, aos nossos medos e contradições. Através do Espírito é o próprio Jesus que nos acompanha, que nos orienta, que nos dá força para levar para a frente a missão. Estamos conscientes da presença do Espírito nas nossas vidas e na vida das nossas comunidades cristãs? Procuramos escutar o Espírito e discernir os desafios de Deus que Ele nos traz?
    • “Porque estais assim a olhar para o céu?” – perguntam os “dois homens vestidos de branco” aos discípulos de Jesus, após a ascensão. É frequente ouvirmos dizer que os seguidores de Jesus passam muito tempo a olhar para o céu e negligenciam o seu compromisso com a transformação do mundo. Estamos, efetivamente, atentos aos problemas e às angústias dos homens, ou vivemos de olhos postos no céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações, pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os homens, particularmente com aqueles que sofrem?

     

    SALMO RESPONSORIAL – Salmo 46 (47)

    Refrão 1:  Por entre aclamações e ao som da trombeta,
    ergue-Se Deus, o Senhor.

     

    Refrão 2: Ergue-se, Deus, o Senhor,
    em júbilo e ao som da trombeta.

     

    Povos todos, batei palmas,
    aclamai a Deus com brados de alegria,
    porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
    o Rei soberano de toda a terra.

    Deus subiu entre aclamações,
    o Senhor subiu ao som da trombeta.
    Cantai hinos a Deus, cantai,
    cantai hinos ao nosso Rei, cantai.

    Deus é Rei do universo:
    cantai os hinos mais belos.
    Deus reina sobre os povos,
    Deus está sentado no seu trono sagrado.

     

    LEITURA II – Efésios 1,17-23

    Irmãos:
    O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
    vos conceda um espírito de sabedoria e de luz
    para O conhecerdes plenamente
    e ilumine os olhos do vosso coração,
    para compreenderdes a esperança a que fostes chamados,
    os tesouros de glória da sua herança entre os santos
    e a incomensurável grandeza do seu poder
    para nós os crentes.
    Assim o mostra a eficácia da poderosa força
    que exerceu em Cristo,
    que Ele ressuscitou dos mortos
    e colocou à sua direita nos Céus,
    acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania,
    acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo,
    mas também no mundo que há de vir.
    Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas
    como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo,
    a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.

     

    CONTEXTO

    Éfeso era uma cidade situada na costa da Jónia, a cerca de três quilómetros da moderna Selçuk, província de Esmirna, na atual Turquia. Durante o período romano chegou a ser a segunda cidade do império, logo a seguir a Roma. Era famosa pelo Templo de Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo, e pelo seu enorme teatro, com capacidade para cerca de 25.000 espetadores. Era também conhecida pela excelência das suas escolas filosóficas, pela sua vida cultural e por ser o principal centro comercial do Mediterrâneo.

    Paulo passou em Éfeso durante a sua terceira viagem missionária e permaneceu na cidade durante um longo período de tempo (mais de dois anos, segundo At 19,10). Reuniu à sua volta um número considerável de pessoas convertidas ao “Caminho” (At 19,9.23); e assim, à volta da sua pregação e do seu testemunho, desenvolveu-se uma comunidade cristã numerosa e entusiasta. Foi aos anciãos da Igreja de Éfeso que Paulo confiou, em Mileto (cf. At 20,17-38), o seu testamento espiritual, apostólico e pastoral antes de ir a Jerusalém, onde acabaria por ser preso. Tudo isto faz supor uma relação muito estreita entre Paulo e a comunidade cristã de Éfeso.  Estranhamente, a Carta aos Efésios não reflete essa relação.

    Na verdade, a carta está escrita num tom impessoal, sem referências a pessoas ou a circunstâncias concretas. Parece estranho que Paulo, depois de ter passado um tempo relativamente longo em Éfeso, escrevesse uma carta sem deixar transparecer a relação estreita que o unia aos Efésios. Alguns duvidam, por essa razão, da autenticidade paulina da Carta aos Efésios; mas outros consideram que o texto que chegou até nós com a designação de “Carta aos Efésios”, poderia ser um dos exemplares de uma “carta circular” enviada a várias igrejas da Ásia Menor (também à Igreja de Éfeso), numa altura em que Paulo estava na prisão, talvez em Roma. Ora, uma carta desse tipo não poderia ser uma carta muito pessoal. Tíquico, o portador da carta, tê-la-ia distribuído pelas Igrejas da zona. Estaríamos, provavelmente, pelos anos 58/60.

    O tema central da Carta aos Efésios é o projeto salvador de Deus (aquilo a que Paulo chama “o mistério”): definido desde toda a eternidade, permaneceu oculto ao entendimento dos homens durante séculos, até que foi dado a conhecer em Jesus e revelado aos apóstolos. O projeto salvador de Deus concretiza-se, agora, na Igreja, Corpo de Cristo, sacramento de salvação, onde judeus e pagãos se encontram e vivem em unidade.

    O texto da Carta aos Efésios que nos é proposto como segunda leitura neste domingo da Ascensão, integra a primeira parte da carta, que reflete sobre o “Mistério” de Cristo e da Igreja (cf. Ef 1,3-3,21). Ao hino de louvor a Deus pelo seu plano de salvação, concretizado em Cristo (cf. Ef 1,3-14), segue-se uma ação de graças pela fé dos efésios e pela caridade que eles manifestam para com todos os irmãos na fé (cf. Ef 1,15-23).

     

    MENSAGEM

    Os efésios (bem como os outros crentes a quem esta “carta circular” é destinada) vivem de forma exemplar a sua fé em Cristo Jesus, bem como a caridade que resulta do mandamento do amor. Consciente disso, Paulo garante aos “santos” de Éfeso e das outras Igrejas que não cessa de agradecer a Deus os seus dons, pois é Ele, pelo seu Espírito, que alimenta a fé e a caridade dos seus fiéis (vers. 15-16).

    À sua ação de graças, Paulo une uma fervorosa oração a Deus, pedindo-Lhe que conceda aos destinatários da carta “um espírito de sabedoria” que os leve a conhecê-l’O e a apreciarem “a esperança a que foram chamados” (vers. 17-18). Que “esperança” é esta? É, evidentemente, a Vida eterna, a herança prometida aos que caminham com Jesus. A prova de que o Pai tem poder para realizar essa “esperança” é o que Ele fez com o Seu Filho Jesus: ressuscitou-O da morte e sentou-O à sua direita, exaltou-O e deu-Lhe a soberania sobre todos os poderes (vers. 19-21). Paulo acha que, se Deus fez isso com Cristo, também o fará connosco. A ressurreição/exaltação de Cristo foi o primeiro fruto da ação de Deus; seguir-se-á a nossa ressurreição, aliás já incluída na de Cristo.

    Chegado aqui, Paulo entende sublinhar que a “soberania” de Cristo (que Lhe foi dada pelo Pai) também se exerce sobre a Igreja; e retoma, para ilustrar o que pensa sobre esta questão, uma imagem que já utilizou anteriormente nos seus escritos: a da Igreja como “Corpo de Cristo”.

    A ideia de que a comunidade cristã é um “corpo” – o “corpo de Cristo” – formado por muitos membros, já havia aparecido nas “grandes cartas” paulinas (Romanos, Coríntios), acentuando-se aí, sobretudo, a relação dos vários membros do “corpo” entre si (cf. 1 Cor 6,12-20; 10,16-17; 12,12-27; Rm 12,3-8); mas, nas “cartas do cativeiro” (especialmente Efésios e Colossenses), Paulo retoma a noção de “corpo de Cristo” para refletir sobre a relação que existe entre a comunidade e Cristo (cf. Col 1,18; Ef 4,15-16). No nosso texto, em concreto (vers. 22-23), há dois conceitos muito significativos para definir o quadro da relação entre Cristo e a Igreja: o de “cabeça” e o de “plenitude” (em grego, “pleroma”).

    Dizer que Cristo é a “cabeça” da Igreja significa, antes de mais, que os dois formam uma unidade indissolúvel e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino; significa também que Cristo é o centro à volta do qual o “corpo” se articula, a partir do qual e em direção ao qual o “corpo” cresce, se orienta e constrói, a origem e o fim desse “corpo”; significa ainda que a Igreja/corpo está submetida à obediência a Cristo/cabeça: só de Cristo a Igreja depende e só a Ele deve obediência.

    Dizer que a Igreja é a “plenitude” (“pleroma”) de Cristo significa dizer que nela reside a “totalidade” de Cristo. Ela é o recetáculo, a habitação, onde o Cristo total Se torna presente no mundo; é através desse “corpo” onde reside, que Cristo continua todos os dias a realizar o seu projeto de salvação em favor dos homens. Plenamente presente nesse “corpo”, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo “seja tudo em todos”.

     

    INTERPELAÇÕES

    • No dia em que celebramos a ascensão de Jesus ao céu, Paulo pede a Deus que “ilumine os olhos” do nosso coração para termos sempre presente “a esperança a que fomos chamados”. É um pedido que faz sentido. Curvados pelo cansaço do caminho, seduzidos pelos apelos de um mundo que vive “a prazo”, encandeados pelo brilho falso dos valores passageiros, podemos ceder à tentação de caminhar de olhos postos no chão, limitando-nos a seguir a corrente e a aproveitar algumas migalhas de felicidade efémera. Mas a ascensão de Jesus fala-nos de um projeto de vida com dimensão de eternidade e de plenitude. Qual o cenário de fundo que domina a nossa caminhada: o da terra, sempre muito rasteiro e limitado, ou o horizonte largo do mundo de Deus, de onde o nosso irmão Jesus nos chama?
    • É bela e sugestiva a imagem da Igreja como um “corpo” do qual Cristo é a “cabeça”. Todos nós, membros vivos desse “corpo”, estamos ligados a Cristo. É Ele o nosso “centro”, a nossa referência, a nossa fonte de Vida. A imagem também nos lembra a comunhão, a solidariedade, os laços fraternos que unem todos aqueles que integram esse “corpo”, apesar das diferenças e distâncias que possam existir entre nós. Estas duas coordenadas estão presentes na nossa experiência de fé? Procuramos manter permanentemente a nossa ligação a Jesus e fazer d’Ele o centro à volta do qual construímos toda a nossa existência? Sentimo-nos ligados aos nossos irmãos na fé e procuramos, com eles e junto deles, viver o mandamento do amor que Jesus nos deixou?
    • A Igreja é a “plenitude” de Cristo. Nela Cristo reside no mundo e nela Cristo continua a oferecer ao mundo a plenitude da salvação de Deus. Os homens e mulheres do nosso tempo, quando olham para a Igreja, encontram Cristo e a proposta de salvação que Cristo veio trazer? Nós, membros da Igreja, damos testemunho coerente e verdadeiro de Cristo e do Evangelho?

    (Nota: em vez desta leitura, pode-se escolher a seguinte leitura facultativa: Ef 4,1-13)

     

    ALELUIA – Mateus 28,19a.20b

    Aleluia. Aleluia.
    Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:
    Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.

     

    EVANGELHO – Marcos 16,15-20

    Naquele tempo,
    Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:
    «Ide por todo o mundo
    e pregai o Evangelho a toda a criatura.
    Quem acreditar e for batizado será salvo;
    mas quem não acreditar será condenado.
    Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:
    expulsarão os demónios em meu nome;
    falarão novas línguas;
    se pegarem em serpentes ou beberem veneno,
    não sofrerão nenhum mal;
    e quando impuserem as mãos sobre os doentes,
    eles ficarão curados».
    E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles,
    foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
    Eles partiram a pregar por toda a parte
    e o Senhor cooperava com eles,
    confirmando a sua palavra
    com os milagres que a acompanhavam.

     

    CONTEXTO

    Há consenso entre os biblistas em admitir que o texto original do Evangelho segundo Marcos terminava em 16,8 com a referência ao silêncio e ao medo das mulheres que, na manhã de Páscoa, encontraram vazio o túmulo de Jesus. Parece uma forma estranha de concluir a história de Jesus; mas, ao terminar o seu evangelho com este “final aberto”, Marcos estaria a deixar os seus leitores um convite implícito a que eles próprios completassem o relato com a sua própria experiência pessoal de adesão e de seguimento de Jesus ressuscitado.

    A perícope de Mc 16,9-20, conhecida como “conclusão longa”, parece ter sido acrescentada posteriormente ao texto de Marcos. Apresenta um estilo e um vocabulário que a distinguem nitidamente do resto do evangelho. Aliás, essa “conclusão longa” não aparece nos manuscritos mais importantes e mais antigos, como sejam os códices Vaticano e Sinaítico.

    Provavelmente, a forma como Marcos concluiu o seu evangelho deixou os seus leitores insatisfeitos e, rapidamente, apareceram tentativas de lhe dar um final mais satisfatório. Algumas dessas tentativas estão, aliás, atestadas em diversos documentos antigos que nos transmitiram o texto do segundo Evangelho. De entre os diversos “finais” que apareceram, houve um que se impôs aos outros. Trata-se de um texto de meados do séc. II, que apresenta um resumo das aparições de Jesus ressuscitado contadas por outros evangelistas. Assim, a aparição de Jesus ressuscitado aos Onze (cf. Mc 16,14) depende de Lc 24,36-43 e de Jo 20,19-29; a definição da missão dos apóstolos (cf. Mc 16,15-18) depende de Mt 28,16-20 e de Lc 24,44-49; o relato da Ascensão (cf. Mc 16,19) depende de Lc 24,50-53 e de At 1,4-11. Embora tardio e não redigido por Marcos, este “final” é, contudo, parte integrante da Escritura Sagrada. A Igreja reconhece-o como canónico, como inspirado por Deus e como Palavra de Deus.

    O quadro traçado pelo autor dessa “conclusão longa” apresenta os discípulos a reagir de uma forma muito negativa ao facto de Jesus já não estar com eles. Na manhã da ressurreição, eles estavam “em luto e em pranto” (Mc 16,10); depois, receberam o testemunho das mulheres que encontraram Jesus ressuscitado com incredulidade e com um coração obstinado (cf. Mc 16,14). É uma comunidade que não ousa sair para enfrentar a hostilidade do mundo; prefere ficar dentro de portas, prisioneira dos seus medos, a “lamber as feridas”.

    No entanto, depois de aparecer a Maria Madalena (cf. Mc 16,9) e a dois discípulos “que iam a caminho do campo” (cf. Mc 16,12), Jesus ressuscitado apresentou-se aos “onze” quando estes estavam à mesa (cf. Mc 16,14). É precisamente aqui que o evangelho proclamado na Solenidade da Ascensão do Senhor nos situa.

     

    MENSAGEM

    Os “onze” estavam dentro de uma casa, reclinados à mesa, como na última ceia (cf. Mc 14,18). Foi então que Jesus apareceu no meio deles. O quadro apresenta uma inegável sugestão eucarística. É quando os discípulos se juntam à volta da mesa da eucaristia que Jesus se apresenta vivo e ressuscitado no meio deles, que lhes fala, que os corrige, que lhes mostra o que fazer e como viver. É também a partir da vivência eucarística que os discípulos são enviados ao mundo.

    Jesus ressuscitado manda (“ide”) os discípulos ao encontro do mundo e define os contornos da missão que lhes é confiada (vers. 15-18). A primeira indicação é para sublinhar a universalidade da missão (vers. 15a). Os discípulos são enviados a “todo o mundo” e não deverão deter-se diante de quaisquer barreiras rácicas, geográficas ou culturais. A proposta de salvação que Jesus fez e que os discípulos devem testemunhar não tem limites. O espaço de atuação dos discípulos é “o mundo inteiro”; o âmbito da atuação dos discípulos é “toda a criatura”.

    Depois, Jesus define o conteúdo do anúncio: o “Evangelho” (vers. 15b). No Antigo Testamento (sobretudo no Deutero-Isaías e no Trito-Isaías), a palavra refere-se à “boa notícia” da chegada da salvação para o Povo de Deus. Depois, na boca de Jesus, a palavra designa o anúncio da chegada do “Reino de Deus”, do mundo transformado e renovado por Deus. Para os catequistas das primeiras comunidades cristãs, o “Evangelho” é o anúncio de um acontecimento único, capital, fundamental: em Jesus Cristo, Deus veio ao encontro dos homens, manifestou-lhes o seu amor, inseriu-os na sua família, convidou-os a integrar a comunidade do Reino, ofereceu-lhes a Vida definitiva. Esse anúncio muda o curso da história e transforma o sentido e os horizontes da existência humana.

    O anúncio do “Evangelho” obriga os homens a uma opção (vers. 16). Quem aderir à proposta que Jesus faz, chegará à Vida plena e definitiva (“quem acreditar e for batizado será salvo”); mas quem recusar essa proposta, ficará à margem da salvação (“quem não acreditar será condenado”).

    O anúncio do Evangelho que os discípulos são chamados a fazer vai atingir não só os seres humanos, mas “toda a criatura”. Muitas vezes o Homem, guiado por critérios de egoísmo, de cobiça e de lucro, explora a criação, destrói esse mundo “bom” e harmonioso que Deus criou. Mas a proposta de salvação que Deus apresenta destina-se a transformar o coração do Homem, eliminando o egoísmo e a maldade. Ao transformar o coração do Homem, o “Evangelho” apresentado por Jesus e anunciado pelos discípulos vai propor uma nova relação do Homem com todas as outras criaturas – uma relação não mais marcada pelo egoísmo, pelo abuso e pela exploração, mas pelo respeito e pelo amor. Dessa forma, nascerá uma nova humanidade e uma nova natureza.

    A presença da salvação de Deus no mundo tornar-se-á uma realidade através dos gestos dos discípulos de Jesus (vers. 17-18). Comprometidos com Jesus, os discípulos vencerão a injustiça e a opressão (“expulsarão os demónios em meu nome”), serão arautos da paz e do entendimento dos homens (“falarão novas línguas”), levarão a esperança e a vida nova a todos os que sofrem e que são prisioneiros da doença e do sofrimento (“quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”). Foi isso, precisamente, que o próprio Jesus fez. A missão dos discípulos entronca em Jesus e continua a obra de Jesus. Como Jesus, os discípulos são testemunhas e arautos da salvação.

    Depois de definida a missão dos discípulos, o caminho de Jesus na terra está concluído. Com toda a sobriedade, o autor do texto descreve, então, a partida de Jesus e a sua entronização “à direita de Deus” (vers. 19). A glorificação de Jesus ao lado de Deus garante a veracidade da proposta de Jesus. Na conceção dos povos antigos, aquele que se sentava à direita do rei era um personagem distinto, que o rei queria honrar de forma especial. Jesus, porque cumpriu com total fidelidade o projeto de Deus para os homens, é honrado pelo Pai e sentado à sua direita. A proposta que Jesus apresentou, que os discípulos acolheram e que vão ser chamados a testemunhar no mundo, não é uma aventura sem sentido e sem saída, mas é o projeto de salvação que Deus quer oferecer ao Homem e a todos os outros seres criados.

    Consumada a partida de Jesus, os discípulos que Ele deixou no mundo vão cumprir o seu mandato missionário (vers. 20). A descrição da forma como os discípulos assumem a missão é sóbria, mas densa: “eles partiram”, quer dizer, deixaram para trás os medos, as seguranças, o espaço de conforto, as apostas e projetos pessoais, por causa da missão; “foram pregar”, quer dizer, propuseram com palavras e com gestos concretos essa Vida nova que Deus ofereceu aos homens através de Jesus; “por toda a parte”, quer dizer, levaram ao mundo, aos homens, às outras criaturas, a “todos, todos, todos”, a proposta salvadora de Deus.

    Numa nota final, o autor desta catequese assegura aos discípulos que nunca estarão sozinhos no cumprimento da missão. Jesus, vivo e ressuscitado, está com eles, coopera com eles e manifesta-Se ao mundo nas palavras e nos gestos dos seus enviados.

     

    INTERPELAÇÕES

    • A partida de Jesus, a sua entrada definitiva no mistério do Pai, marca uma etapa nova na história da salvação. Nesse dia começa o tempo da Igreja, o tempo em que a responsabilidade de testemunhar a salvação de Deus fica nas mãos dos discípulos de Jesus. Eles acolheram o convite de Jesus, dispuseram-se a segui-l’O, ouviram as suas palavras, viram os seus gestos, aprenderam as suas lições, foram formados na sua “escola”. Conhecem o projeto de Jesus e adotaram-no como projeto de vida. É altura de se mostrarem adultos e responsáveis na vivência da fé. Não podem continuar “á boleia” de Jesus, à espera que Jesus faça tudo. Compete-lhes agora continuarem no mundo, com alegria, criatividade e compromisso, a obra libertadora e salvadora de Jesus. Sentimos esta responsabilidade? Somos capazes de vencer os nossos medos e as nossas hesitações, a nossa preguiça e o nosso comodismo, para nos assumirmos como testemunhas coerentes e comprometidas de Jesus e do seu projeto?
    • No Evangelho segundo Marcos Jesus define a missão dos discípulos como pregar o Evangelho, combater o mal que oprime os homens, curar os doentes e dar Vida a todos aqueles que sofrem. É a mesma tarefa que Jesus cumpriu, por mandato do Pai. O nosso anúncio é uma “boa notícia” que liberta do medo e que acende a esperança? Anunciamos e testemunhamos o amor misericordioso de Deus? Estamos empenhados em combater a injustiça, a violência, o egoísmo, a indiferença, tudo aquilo que gera escravidão e opressão? Os doentes, os prisioneiros, os que a todo o momento veem pisados os seus direitos e a sua dignidade, os que vivem ignorados e abandonados, os que são privados do acesso à saúde e à educação, os que são “marcados” e excluídos por serem “diferentes”, podem contar com a nossa solidariedade ativa, com o nosso amor, com o nosso esforço para lhes levar Vida?
    • A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, as diferenças culturais, as diferenças ideológicas, as diferenças de estatuto social, as marcas da vida, os “acidentes” pessoais que tornam cada pessoa única e diferente, não podem ser obstáculos para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Temos consciência de que Jesus nos envia a todas as pessoas, independentemente daquilo que as torna diferentes, “estranhas”, singulares? Nas nossas comunidades cristãs há lugar para todos, sejam quais forem as situações de vida ou as feridas que cada um carrega?
    • De acordo com Jesus, o Evangelho é uma proposta libertadora não apenas para os seres humanos, mas para “toda a criatura”. A tradição bíblica ensina que Deus, depois de concluir a sua obra criadora, a confiou ao Homem (cf. Gn 1,28-30); mas o Homem, ferido pelo egoísmo e pela autossuficiência, tratou mal a natureza e os outros seres criados por Deus. Relacionou-se com o resto da criação com “tiques” de ambição, de cobiça, de ganância, tornando-a refém do seu egoísmo. Destruiu florestas, provocou o desaparecimento de espécies animais e vegetais, introduziu desequilíbrios na natureza, envenenou as terras e os rios, criou a poluição que mata, explorou de forma descontrolada os recursos naturais, potenciou a difusão de doenças, destruiu a harmonia desse “mundo bom” que Deus lhe tinha confiado. A terra, a natureza, os outros seres criados, precisam de ser libertados da escravidão que lhes vem do pecado do Homem. Sim, é verdade que o Evangelho é uma proposta libertadora para “toda a criatura”: se “curar” o coração do Homem, fará nascer um mundo novo, também no que à natureza e aos outros seres criados diz respeito. O nosso apreço pelo Evangelho e pela proposta de Jesus traduz-se, também, no respeito pela natureza e por todos os outros seres que Deus criou?
    • Jesus nunca se cansou de dizer aos seus discípulos que não os abandonaria, que não os deixaria sozinhos no mundo. Responsabilizou-os por dar testemunho da salvação de Deus; mas garantiu-lhes que os acompanharia e que os ajudaria a cada passo a discernir os caminhos que deveriam percorrer. De facto, Ele continua a caminhar ao nosso lado, a sentar-se à mesa connosco, a oferecer-nos a sua Palavra, a corrigir os nossos passos mal dados, a sustentar com a sua força as nossas indecisões, a levantar-nos depois das nossas quedas. Sentimos essa presença reconfortante de Jesus ao nosso lado no caminho de todos os dias? Notamos a sua presença quando nos reunimos com os outros irmãos à mesa da eucaristia? Procuramos manter a ligação com Ele?

     

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O DOMINGO DA ASCENSÃO

    (adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”}

     

    1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

    Ao longo dos dias da semana anterior ao Domingo da Ascensão, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-Ia pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo. Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa. Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

     

    2. BILHETE DE EVANGELHO.

    Estar com o Ressuscitado. Jesus ressuscitado apareceu aos seus Apóstolos e manifestou-Se de modo diferente, consoante a sua fé lhes permitia reconhecê-I’O. Agora que eles O viram, escutaram e tocaram, Ele podia desaparecer aos seus olhos. Doravante, é com os olhos da fé que O verão. Mas Cristo quer assegurar-lhes a sua presença, uma outra presença, mas real: “o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam”. Assim, os Apóstolos tomam-se “cheios de poder” e “porta-vozes” de Cristo, mas os seus atos são ao mesmo tempo atos de Cristo, as palavras que pronunciam são ao mesmo tempo palavras do seu Mestre. Ele está com eles até ao fim dos tempos. Os Apóstolos desapareceram, a Igreja permanece e o Ressuscitado está sempre com ela, trabalha connosco e confirma as nossas palavras. É necessário que também nós estejamos com Ele.

     

    3. À ESCUTA DA PALAVRA.

    Olhar para o céu e partir! No livro dos Atos, Lucas diz que os Apóstolos, vendo Jesus elevar-Se à vista deles, estavam de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava. E que se apresentaram dois homens vestidos de branco, que disseram:

    “Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?” Conhecemos bem esta tentação de “ficar aí”, aqui e agora. Dito de outro modo: mantermo-nos e, se possível, instalarmo-nos naquilo que temos, naquilo que somos. É mais seguro apoiarmo-nos na nossa experiência, não mudando os nossos hábitos, as nossas opiniões! Os Apóstolos passaram por isso! Eles imaginaram que a sua aventura duraria muito tempo, que poderiam instalar-se no reino que Jesus iria certamente estabelecer. Com o convite do Ressuscitado a irem pelo mundo inteiro pregar a Boa Nova, com a pergunta dos anjos, eles têm que partir, deixar os seus hábitos, o seu cantinho de terra. Que transformação! Não poderão mais parar. Devem ir até aos confins da terra. No seguimento dos Apóstolos, os cristãos não podem instalar-se. A Igreja não pode parar nem fixar-se num momento do tempo, muito menos andar para trás. Não basta olhar para o céu para encontrar solução para os problemas. Acabou a nostalgia do passado. Os cristãos devem ser homens do seu tempo, sem medo das novidades. Jesus lança-nos para lá das nossas rotinas, para que inventemos hoje os meios de tornar compreensível a Boa Nova, como os Apóstolos souberam fazê-lo, ao irem para além da Lei de Moisés. Os cristãos? Homens que se deixam levar pelo grande sopro do Espírito.

     

    4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE.

    Sinais. Não é evidente, é certo, termos sinais tangíveis e visíveis da nossa ação apostólica O Entretanto, de tempos a tempos, Deus concede-nos esses sinais. Procurando bem, procuremos anotá-los e dar graças deles: uma palavra de agradecimento que nos surpreendeu pela sua verdade, um encorajamento recebido de alguém que pudemos ajudar a retomar o caminho.

     

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
    PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

    Grupo Dinamizador:
    José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    www.dehonianos.org

     

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