29 de Setembro, 2022

S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos

S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos


29 de Setembro, 2022

No século V, já se celebrava em Roma, a 29 de Setembro, o aniversário da dedicação de uma basílica em honra do Arcanjo S. Miguel. Depois da reforma litúrgica recomendada pelo Concílio Vaticano II, acrescentou-se a memória de outros Arcanjos e de "todas as potências incorpóreas".

Honrando os Arcanjos, exaltemos o poder de Deus, Criador do mundo visível e invisível, pois - como diz o Prefácio da Missa de hoje - "resulta em glória para Vós a honra que prestamos a eles como criaturas dignas de Vós; e a sua inefável beleza, Vós mostrais como sois grande e digno de ser amado sobre todas as coisas". S. Miguel é um dos padroeiros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos.

Lectio

Primeira leitura: Daniel 7, 9-10.13s.

Eu estava a olhar, quando foram preparados uns tronos, e um Ancião sentou-se. Branco como a neve era o seu vestuário, e os cabelos da cabeça eram como de lã pura; o trono era feito de chamas, com rodas de fogo flamejante. 10Corria um rio de fogo que jorrava da parte da frente dele. Mil milhares o serviam, dez mil miríades lhe assistiam.O tribunal reuniu-se em sessão e foram abertos os livros. 11Eu olhava. Por causa do ruído das palavras arrogantes que o chifre proferia, esse animal foi morto e o seu corpo desfeito e atirado às chamas do fogo. 12Quanto aos outros animais, também lhes foi tirado o poderio; no entanto, a duração da sua vida foi-lhes fixada a um tempo e uma data. 13Contemplando sempre a visão nocturna, vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem. Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram. 14Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais, e o seu reino nunca será destruído.

A perícopa que escutamos hoje é tirada do chamado Apocalipse de Daniel (Capítulos 7-12). Ao profeta é concedida a visão dos eventos futuros (vv. 1-8) e, sobretudo, a participação no juízo de Deus sobre eles e sobre toda a história (vv. 9s.). Para além das aparências, os poderosos deste mundo não são nada; o Senhor é o único e verdadeiro rei (v. 9s.). Serve-O uma imensa corte de anjos que também O assiste na realização do seu desígnio. O profeta pode mesmo entrever esse desígnio: aparece-lhe um "Homem" de origem divina a quem Deus confia a soberania universal, um poder eterno e o seu próprio reino que as forças do mal jamais poderão destruir (v. 14). O «Filho do homem» é, pois, o centro e o fim do projeto de Deus acerca da história. Mas a sua realização - agora antecipada na profecia - acontecerá no tempo estabelecido e com a cooperação dos anjos.
Evangelho João 1, 47-51

Naquele tempo, Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» 49Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» 50Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: 'Vi-te debaixo da figueira'? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.

Há uma visão da realidade que vai além da imediata perceção. É o que nos revela Jesus no texto que escutamos hoje: «Vem e vê», dissera Filipe a Natanael. E Jesus, ao ver Natanael aproximar-se, exclama: «Vi (à letra) um israelita...». O seu ver é um conhecimento profundo do homem e da sua história. É deste ser visto/conhecido que nasce a abertura à fé e a disponibilidade para o seguimento (v. 49). Só então Jesus pode prometer ao discípulo a entrada numa visão da realidade semelhante à que Ele mesmo tem: «Maiores coisas do que estas hás-de ver!» ... «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo pelo Filho do Homem.» (vv. 50s.). O discípulo poderá compreender a imensa profundidade do mistério de Cristo que abrange o cosmos e dá sentido à história, e a cujo serviço cooperam miríades de anjos.
O mundo transcendente de Deus - o céu - está agora aberto: em Jesus, Filho do homem, Deus desce ao meio dos homens e os homens podem subir até Deus. Os anjos são ministros deste «admirável comércio», desta inesperada comunhão.

Meditatio

Os anjos são seres misteriosos. O profeta Daniel também fala deles misteriosamente no texto que hoje escutamos na primeira leitura. Nós costumamos representá-los como homens de rosto suave e doce. Mas, na Sagrada Escritura, aparecem, muitas vezes como seres terríveis, que incutem temor, porque são manifestação do poder e da santidade de Deus, e nos ajudam a adorá-lo dignamente. Na visão de Daniel, o mais importante não são os Anjos, mas o "ser semelhante a um filho de homem" (v. 13), que é introduzido até ao trono de Deus, e a quem são "dadas soberania, glória e realeza" (v. 14), e a quem "as gentes de todas as línguas" servem (v. 14).
O evangelho também nos mostra os Anjos subirem e descerem ao serviço do Filho do homem.
Os Anjos estão, portanto, ao serviço do Filho do homem, isto é, de Jesus de Nazaré. A nossa adoração é, pois, dirigida a Deus e ao Filho de Deus.
Todos nós entramos num projeto sonhado por Deus. Mergulhados num cosmos animado por invisíveis presenças que, tal como nós, participam no projeto de Deus, somos construtores de uma história que tem Cristo no centro e no fim. A caminhada avança na luta, com conflito implacável com as forças do mal que, todavia, jamais poderão destruir o reino que Deus confiou ao Filho do homem. O combate durará até ao fim dos tempos, tendo à frente, na primeira linha, os santos anjos de Deus: os arcanjos, guiados por Miguel, e todas as criaturas espirituais fiéis ao Senhor.
Esta realidade que os nossos olhos não sabem ver foi-nos revelada para que, pela fé, esperança e caridade, combatamos o bom combate e apressemos a realização do reino de Deus. Se oferecermos o nosso humilde contributo, receberemos um olhar interior puro. Então contemplaremos a Misericórdia que abriu os céus e veio morar entre nós para nos abrir o caminho para o Pai onde, com os anjos, partilharemos a sua intimidade. Ele revelou-nos o mistério do homem para que, com os anjos, aprendemos a ir ao encontro dos irmãos. Introduziu-nos no seu Reino, para que, tornados voz de todas as criaturas, cantemos eternamente, com o coro angélico, a glória de Deus.

Oratio

Ó santo arcanjo Miguel, tão amigo do Coração de Jesus e tão amado por Ele, ajudai-me a fazê-lo reinar na sociedade e nas almas. Protegei particularmente os amigos e os apóstolos do Sagrado Coração. Terei gosto em vos invocar muitas vezes durante o dia, com Maria, José e S. João, para que me leveis ao Coração de Jesus. (Leão Dehon OSP 4, p. 298s.).
Anjo glorioso, S. Gabriel, ensinai-me a bem servir a Jesus e a Maria. O que amais, são oshomens de desejo, assim o dissestes a Daniel. Pedi por mim a Jesus e a Maria, para que eu seja um homem de desejo. Unir-me-ei particularmente a vós para dizer a Ave Maria, e saudar o Coração de Jesus na sua Incarnação. (Leão Dehon OSP 3, p. 303).
Arcanjo S. Rafael, vinde em nossa ajuda nas horas de medo e nas horas de doença. Tomai-nos pela mão e conduzi-nos pelo caminho certo e seguro da salvação.

Contemplatio

O anjo Gabriel veio a Nazaré e cumpriu o mistério que tomou o nome da Anunciação. Saudou Maria com estas palavras celestes que nós chamamos a saudação angélica: Eu vos saúdo, ó cheia de graça, o Senhor está convosco, bendita sois entre todas as mulheres.
S. Gabriel é o anjo de Jesus e de Maria, o seu mensageiro, o seu camareiro. É o anjo da redenção, o anjo do Sagrado Coração... Ensinou-nos a bela saudação a Maria, que repetimos tantas vezes por dia. Unamo-nos muitas vezes a ele. Digamos com ele a saudação angélica... Anunciando a incarnação, foi o primeiro a saudar o Sagrado Coração de Jesus no seio de Maria. (Leão Dehon, OSP 3, p. 302s.)
S. Miguel é o anjo de Jesus, o anjo da Igreja, e deve ser o anjo do Coração de Jesus, o porta-estandarte do Sagrado Coração... (Leão Dehon, OSP 4, p 298).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
«Quem como Deus?»

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S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos (29 Setembro)

XXVI Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

XXVI Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


29 de Setembro, 2022

Tempo Comum - Anos Pares

XXVI Semana - Quinta-feira

Lectio

Primeira leitura: Job 19, 21-27
Job tomou a palavra e disse: 21Compadecei-vos! Compadecei-vos de mim, vós, meus amigos, porque a mão de Deus me feriu. 22Porque me perseguis como Deus, e vos mostrais insaciáveis da minha carne? 23Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, 24ou gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre! 25Eu sei que o meu redentor vive e prevalecerá, por fim, sobre o pó da terra; 26e depois de a minha pele se desprender da carne, na minha própria carne verei a Deus. 27Eu mesmo o verei, os meus olhos e não outros o hão-de contemplar! As minhas entranhas consomem-se dentro de mim. 21Compadecei-vos! Compadecei-vos de mim, vós, meus amigos, porque a mão de Deus me feriu. 22Porque me perseguis como Deus, e vos mostrais insaciáveis da minha carne? 23Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, 24ou gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre! 25Eu sei que o meu redentor vive e prevalecerá, por fim, sobre o pó da terra; 26e depois de a minha pele se desprender da carne, na minha própria carne verei a Deus. 27Eu mesmo o verei, os meus olhos e não outros o hão-de contemplar! As minhas entranhas consomem-se dentro de mim..
O diálogo entre Job e os três amigos chega ao auge no capítulo 19. Os amigos não se tinham cansado de repetir que as provações que atingiam Job eram prova evidente das suas culpas diante de Deus. Job, pelo contrário, teimava em afirmar a sua inocência. O seu maior sofrimento era, agora, resistir às palavras dos amigos. Sentia-se e dizia-se inocente, mas não conseguia prová-lo, nem diante de Deus, nem diante dos amigos. Estava completamente extenuado: «Grito contra essa violência e ninguém responde, levanto a voz e não há quem me faça justiça. Deus fechou-me o caminho, para eu não passar, e encheu de trevas as minhas veredas» (19, 7-8).
Então Job pensa escrever a sua defesa para que, um dia, alguém, talvez nós que lemos as suas palavras, pudesse fazer-lhe justiça: «Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, 24ou gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre!» (v 23 s.). Mas esta solução não o convence. Então apela para o supremo "vingador" para que lhe faça justiça: «Eu sei que o meu redentor vive» (v. 35). Depois de ter insultado a Deus, chama-o "Vingador, Redentor". Nós, que conhecemos o Evangelho, apelamos para o amor, para a caridade, para Deus omnipotente, misericordioso, salvador.

Evangelho: Lucas 10, 1-12
1Naquele tempo, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. 2Disse-lhes:«A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. 3Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' 6E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. 7Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. 8Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, 9curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus já está próximo de vós.' 10Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: 11'Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.'» 12«Digo-vos: Naquele dia haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade.
O sim cordial dos discípulos a Cristo torna-se a força da missão evangélica. Jesus manda os discípulos a fazer o que Ele mesmo fez. É o que a Igreja continua, ainda hoje, a fazer. Os Doze são o fundamento da missão da Igreja. Mas Jesus escolheu ao longo dos séculos, e continua a escolher hoje, muitos outros. A messe é grande e os operários são poucos. Os 72 de que nos fala o evangelho anunciam a mensagem do Reino. O número "Doze" evoca as doze tribos de Israel. O número "Setenta e dois" evoca os 72 povos da terra elencados em Gn 10. A missão dos discípulos é universal, destinada a toda a terra. Os Setenta e dois são sinal de todos quantos o Senhor da messe chama para o anúncio do Evangelho. Trata-se de uma empresa divina, do Reino, que só é possível realizar com a força de Deus, e não com as simples forças humanas.
O verdadeiro operário do Reino, não é aquele que o anuncia, mas o próprio Jesus Cristo. É Ele que envia, que toma a palavra, que actua. Mais do que fazer, é preciso deixar Jesus fazer. O mais importante é ser como Ele, adoptar o seu estilo, com as suas vicissitudes e os seus frutos - e por isso com alegria. "Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos» (v. 3). Não há que lamentar-se sobre as dificuldades da missão. Elas são o sinal do Reino. São obra do Espírito Santo. Jesus pede aos discípulos que não se preocupem: «Não vos preocupeis com o que haveis de dizer... Não sois vós a falar, mas é o Espírito do Pai que falará por vós» (10, 19 s). O Mestre não nos quer ver ansiosos. A missão é sempre um milagre do Senhor.

Meditatio
A atitude de Job deixa-nos espantados. Depois de falar contra Deus, depois de ter amaldiçoado o dia em que nasceu, proclama, agora, a sua esperança: «Eu sei que o meu redentor vive ...Eu mesmo o verei, os meus olhos e não outros o hão-de contemplar» (vv. 25-27). Primeiro foi a lamentação, o choro diante de Deus. Agora é o grito de vitória.
Como chegou Job a este acto de fé tão profunda e de esperança em Deus? Como passou da angústia e do desejo de morrer a esta confiança em Deus? A resposta é: Job nunca deixou de lutar na oração: adorou, pediu, suplicou. No meio das maiores tribulações, manteve um diálogo íntimo e profundo com Deus. Lutou no meio da noite escura. Experimentou a Deus como desumano, como Aquele que leva a carne e os ossos, como Aquele que rouba mas, por fim, reconheceu-O como o tudo da sua vida. Do nada, ao tudo. Só nesta noite escura, nesta luta desumana é possível chegar a Deus. Em Job, verificamos como é espantoso atravessar o nada. Mas é através da noite que entramos no «mistério da luz infinita».
A oração dos salmos de lamentação confirma esta experiência. O Sl 21 começa com um grito de desespero: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Como estais longe da minha oração?...» E termina com um grito de esperança:
«Para Ele viverá a minha alma». Para chegar à ressurreição, é preciso passar pelo Getsémani. Para entrar na comunhão com Deus, é preciso não afastar-se d´Ele, continuar na sua presença, qualquer seja a situação, o vale tenebroso que tenhamos de passar.
. O sofrimento e a provação são tempos privilegiados na vida de vítima (cf. Cst 68). Para além de todo o sentimentalismo devocional, a experiência da dor é perturbadora e difícil de viver. O próprio Cristo foi perturbado (cf. Lc 7, 13; Jo 11, 33-34) e profundamente chocado com ela (cf. Mt 26, 37-38; Mc 14, 33-34; Lc 22, 43-44).
Ao absurdo da dor e da morte, para a razão, a fé responde com um mistério: o de Cristo crucificado.
A fé não responde ao porquê de cada um dos sofrimentos, mas dá-lhes um sentido, infunde-lhes uma luz e força, que permitem viver como amor a dura realidade do sofrimento.
O sofrimento é uma das possíveis realidades da nossa vida. É preciso falar dele com realismo e com discrição. Às vezes encontram-se pessoas com uma fé maravilhosa que, embora sofrendo, consolam e dão força a quem as quer consolar. É real nelas, com simples heroísmo, a «oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo» (Cst 24).

Oratio
«Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim» (Jo 17, 20s.).
Senhor Jesus, agradeço-te porque rezaste por mim, que acreditei na palavra dos teus apóstolos. Que eu me mantenha unido a Ti, confiante na tua oração. Se ela me tivesse faltado, não estaria certamente aqui, junto de Ti; não poderia louvar-te, dar-Te graças e dar testemunho de Ti. Que, pelas minhas palavras e pela minha vida, eu dê testemunho de que estás sempre connosco e não nos abandonas, que, se lutas connosco, é para Te render e nos abençoar. Graças à tua oração, posso e quero agora adorar-Te. Obrigado, Senhor!

Contemplatio
As palavras não impotentes para dizer os sofrimentos da Paixão do Salvador. Por uma inversão das coisas, era Jesus, o justo, que era arrastado pelos culpados aos tribunais e ao suplício.
Os sofrimentos da sua alma e do seu coração ultrapassavam os do seu corpo. Os seus apóstolos eram ingratos. O sacerdócio mosaico acabava a sua carreira num acto de suprema loucura. O povo esquecia os benefícios de Cristo e deixava-se levar pelos seus ódios brutais.
As bofetadas, os escarros e os insultos tomavam o lugar das honras que eram devidas à divindade do Salvador.
Os chicotes rasgavam o seu corpo até esgotarem as suas forças. O seu pudor era ofendido para reparar as nossas imodéstias.
A loucura humana insultava a sua sabedoria revestindo-lhe o manto dos loucos.
Pilatos achincalhava a sua realeza coroando-o de espinhos e cobrindo-a com uma púrpura de escárnio para o mostrar ao povo.
Como Isaac levava o madeiro do seu sacrifício, mas era para ser aí realmente sacrificado.
Não havia uma palavra, um passo, um pormenor deste drama que não ferisse todos os seus sentimentos no mais profundo do seu coração. A justiça, a verdade, a doçura, a piedade, a modéstia, o reconhecimento, o respeito, tudo o que Ele ama, era desprezado. Toda a sua alma era partida enquanto o seu corpo era rasgado pelos chicotes e furado pelos cravos.
As três horas da crucifixão são as da sua suprema dor. Condensou lá todos os seus sofrimentos para oferecer o preço infinito ao seu Pai. Revia todos os nossos pecados e assumia a sua expiação. Era rebaixado ao nível dos ladrões, era despojado de tudo, traído pelos seus amigos e abandonado pelo seu Pai. Todo o seu corpo era uma chaga e consumava a doação da sua vida por nós. (Leão Dehon, OSP 2, p. 67).

Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«O meu Redentor está vivo... Eu mesmo O verei» (cf. Job 19, 25-27)
| Fernando Fonseca, scj |

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