Week of Ago 21st

  • XXI Semana - Segunda-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Segunda-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    22 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Segunda-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 2 Tessalonicenses 1, 1-5.11b-12

    Início da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Tessalonicences. 1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. 2Graça e paz a vós da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.
    3Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós, 4a ponto de nós próprios nos gloriarmos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa constância e fé em todas as perseguições e tribulações que suportais. 5Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis. O nosso Deus vos torne dignos da vocação e, com o seu poder, a vossa vontade de bem e a actividade da vossa fé atinjam a plenitude, 12de modo que seja glorificado em vós o nome de Nosso Senhor Jesus e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

    A Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses começa com uma saudação e acção de graças idênticas às da Primeira Carta. O Apóstolo augura «graça e paz» (v. 2), um binómio caro a Paulo, agora inserido nos ritos introdutórios da celebração eucarística. Depois, vem a acção de graças, como também é habitual nas cartas paulinas. O Apóstolo indica três razões específicas para essa acção de graças: a fé, a caridade e a paciência em suportar as tribulações (vv. 3b-5), que são inevitáveis num mundo adverso ao Evangelho. O Apóstolo também sofreu tribulações (thlípsis) (cf 1 Ts 3, 3). Fé, caridade, paciência, são elementos interligados, porque a vitalidade da fé se manifesta na caridade e torna forte a comunidade para enfrentar desafios e sofrimentos. Tudo culmina na oração. Paulo intercede pelos tessalonicenses, para que o Senhor lhes sustente a boa vontade na prática do bem. O Apóstolo está convencido de que toda a existência cristã está sob o signo do dom de Deus oferecido em Jesus Cristo.

    Evangelho: Mateus 23, 13-22

    Naquele tempo, disse Jesus: 13Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque fechais aos homens o Reino do Céu! Nem entrais vós nem deixais entrar os que o querem fazer. 14Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas, com o pretexto de prolongadas orações! Por isso, sereis mais rigorosamente julgados. 15Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito e, depois de o terdes seguro, fazeis dele um filho do inferno, duas vezes pior do que vós! 16Ai de vós, guias cegos, que dizeis: 'Se alguém jura pelo santuário, isso não tem importância; mas, se jura pelo ouro do santuário, fica sujeito ao juramento.' 17Insensatos e cegos! Que é o que vale mais? O ouro ou o santuário, que tornou o ouro sagrado? 18Dizeis ainda: 'Se alguém jura pelo altar, isso não tem importância; mas, se jura pela oferta que está sobre o altar, fica sujeito ao juramento.' 19Cegos! Qual é o que vale mais? A oferta ou o altar, que torna sagrada a oferta? 20Portanto, jurar pelo altar é o mesmo que jurar por ele e por tudo o que está sobre ele; 21jurar pelo santuário é jurar por ele e por aquele que nele habita; 22jurar pelo Céu é jurar pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.

    Jesus prossegue as denúncias contra os escribas e fariseus. Embora fossem representantes oficiais da religiosidade, tinham-se convertido em sério obstáculo para a fé. Por isso, Aquele que se definiu como «manso e humilde de coração», que se comove diante do sofrimento dos outros, que é afável com os pecadores, terno com os pobres e pequenos, que chora pensando na destruição de Jerusalém, condena agora, em tom severo, a hipocrisia religiosa dos fariseus. Os «Ai de vós», na linguagem profética, exprimem uma ameaça de castigo e de juízo, mas também a dor de quem deve falar por causa do mal deplorável.
    Um dos «Ai de vós» dirige-se aos escribas e fariseus que, recusando Jesus e a sua mensagem, também impedem outros de entrar no Reino. O segundo «Ai de vós» dirige-se contra o proselitismo dos judeus, que apenas visa subtrair pessoas à salvação, para as tornar fechadas, rígidas, fanáticas e perigosas como eles, e mais do que eles. O terceiro «Ai de vós» dirige-se aos «guias cegos» que, com as subtilezas da sua casuística, obscurecem o sentido profundo da lei. Invertem a hierarquia de valores: o ouro vale mais que o templo, e a oferta mais que o altar. Falta-lhes o discernimento e a interioridade.

    Meditatio

    O Apóstolo Paulo, quando era fariseu, tinha as atitudes e comportamentos que Jesus verbera no evangelho de hoje. Também ele fechava aos homens o Reino do céu (cf. 13). Mas, uma vez convertido, assumiu atitude e comportamento completamente diferentes: abriu a Igreja a todos os homens de boa vontade, pagãos ou hebreus. Em Tessalónica, converteu muitos pagãos e, nas suas cartas, dá graças a Deus pela fé, esperança e caridade que demonstram. O apóstolo agradece pelos dons da fé e da caridade, concedidos aos tessalonicenses: «Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos... pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós» (v. 3). E acrescenta uma intrigante frase: «Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis (v. 5). Que indício é esse? Qual é o sinal da benevolência de Deus? É a constância e a fé com que enfrentam as perseguições e tribulações. Sem a graça do Senhor, isso não seria possível. Com a graça, as perseguições e tribulações tornam-se ocasiões para crescer na fé e na caridade.
    O evangelho ensina-nos que a evangelização é algo de bem diferente do proselitismo opressor. Quem anuncia o Evangelho, tem consciência de ser um vaso de barro, que leva um tesouro (cf. 2 Cor4, 7). Quem leva esse tesouro ao coração dos outros, há-de fazê-lo com a atitude com que Moisés se aproximou da sarça ardente. O coração humano é terreno sagrado. Antes de se aproximar dele, há que descalçar as sandálias, com receio de o profanar.
    Deus confiou-nos o anúncio do seu Reino. Podemos entrar nele e ajudar os outros a entrar. Mas também podemos não entrar, e impedir que os outros entrem. Os outros não podem se tratados como se fossem "cópias" de nós mesmos. Não podemos impor-lhes a nossa imagem e semelhança. A evangelizaç&a
    tilde;o não pode nem deve ser uma tentativa de "clonagem espiritual". Infelizmente continua a haver «guias cegos» e também cegos que se deixam guiar, tornando-se pessoas sem rosto, enquadrados, nivelados, homologados aos ideais vigentes, sufocados por etiquetas. Onde está a libertação trazida pelo acolhimento da Boa Nova?

    Oratio

    Senhor, obrigado pela obra que realizas na vida dos teus fiéis. Que todos saibamos estar abertos e colaborar nas maravilhas que fazes em nós. Assim, poderemos também cooperar para que outros se abram ao dom do Reino e nele entrem. Que jamais façamos algo, mesmo inconscientemente, que os impeça de entrar.
    Faz-nos testemunhas dignas de Ti e do teu Reino. Que as palavras do profeta Zacarias se tornem realidade para nós, cristãos de hoje: «Naqueles dias, dez homens de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela dobra do seu manto e dirão: 'Nós queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco´» (Zc 8, 23). Que assim seja, Senhor! Amen!

    Contemplatio

    Vós, diz-nos Nosso Senhor, dareis testemunho de mim. O Espírito Santo dar-vos-á as luzes e as graças para cumprirdes a vossa missão de apóstolos do Sagrado Coração. Dar-vos-á a inteligência e o gosto dos mistérios do meu coração, do meu amor e da minha imolação. Dar-vos-á a força e o zelo para trabalhardes no cumprimento da vossa missão, expandindo esta vida de amor e de imolação segundo a vossa graça. Dar-vos-á a conhecer o caminho que eu segui, o caminho da cruz, do sacrifício e da imolação. Conduzir-vos-á seguindo os meus traços, fará de vós o que deveis ser, vítimas do meu coração.
    Dareis testemunho de mim, se estiverdes unidos a mim e instruídos na minha ciência sagrada pela oração, se os vossos pensamentos forem os meus, se os vossos desejos, as vossas alegrias, as vossas tristezas forem conformes aos desejos, às alegrias, às dores do meu coração.
    Dareis testemunho de mim em palavras, se a vossa conversação for sobrenatural, se falardes como homens de Deus, como padres, como religiosos consagrados ao meu coração.
    Dareis testemunho de mim pelos vossos actos, se fizerdes a vontade de meu Pai e a minha, se agirdes como meus verdadeiros discípulos, como os amigos e as vítimas do meu Coração sagrado, na regularidade, na humildade, no sacrifício e na caridade. (Leão Dehon, OSP 3, p. 431s.).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «O nosso Deus vos torne dignos da vocação» (2 Ts 1, 5).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXI Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    23 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Terça-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 2 Tessalonicenses 2, 1-3a.14-17

    Acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele, pedimo-vos, irmãos, 2que não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente. 3Ninguém, de modo algum, vos engane. 14A isto Ele vos chamou por meio do nosso Evangelho: à posse da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
    15Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta. 16O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, 17consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa.

    A comunidade de Tessalónica andava muito preocupada com a questão da iminente parusia de Cristo. Paulo vai directo à questão. Começa por rebater ideias erradas, espalhadas por falsos profetas, para acalmar o entusiasmo sonhador e a agitação da comunidade. Quando será Dia do Senhor? Nem Paulo o sabe ao certo. Como qualquer cristão, está à espera. Por isso, escreve: «não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente» (v. 2). A questão da data nem é importante. Há que não cair no ridículo de a querer marcar, porque «o dia do Senhor chega de noite como um ladrão» (1 Ts 5, 2). O importante é ter em conta os fundamentos da vocação cristã: a eleição, a salvação, a santificação do Espírito, a chamada por meio do Evangelho, a esperança da glória. Por graça de Deus, os cristãos já estão inseridos neste projecto que se está a realizar na história e que atingirá a plenitude no fim. Há, pois, que permanecer firmes nas tradições, que guardam a memória viva de Jesus testemunhada pelos primeiros apóstolos, que, enquanto tais, são garantia de verdade.

    Evangelho: Mateus 23, 23-26

    Naquele tempo, disse Jesus 23Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! Devíeis praticar estas coisas, sem deixar aquelas. 24Guias cegos, que filtrais um mosquito e engolis um camelo! 25Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, quando por dentro estão cheios de rapina e de iniquidade! 26Fariseu cego! Limpa antes o interior do copo, para que o exterior também fique limpo.

    A religião é uma questão de interioridade, de coração, na relação com Deus e com o próximo. Se assim não for, converte-se em algo de acrescentado e sobreposto ao homem, algo que esmaga e asfixia, que escraviza. Por isso, Jesus pronuncia mais dois «Ai de vós» contra o legalismo exterior dos doutores da lei e dos fariseus e escribas, que os leva a desprezar o essencial da lei: «a justiça, a misericórdia e a fidelidade!» (v. 23). Também estes são «guias cegos», que se perdem em formalidades: «filtrais um mosquito e engolis um camelo!» (v. 24) - diz Jesus, esquecendo que, o mais importante, é ter o «coração puro»: «limpais o exterior do copo e do prato, quando por dentro estão cheios de rapina e de iniquidade!» (v. 25). Só a pureza do coração permite ver a Deus (cf. Mt 5, 8).

    Meditatio

    Os primeiros cristãos viviam na expectativa do iminente fim dos tempos, já em acção desde a ressurreição de Jesus. Em breve voltaria o Senhor, seria o juízo universal, a ressurreição dos mortos e a glória celeste. Mas também havia palavras que afirmavam que o regresso do Senhor não tinha hora marcada: «Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor» (Mt 24, 42). A situação era, pois, incerta, e provocava alguma efervescência e agitação «acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele» (2 Ts 2, 1). Alguns cristãos deixaram mesmo de trabalhar e de se interessar pelas coisas comuns da vida, confundidos e perturbados com alguma carta sensacionalista atribuída a Paulo. O Apóstolo toma posição contra essa situação e pede aos tessalonicenses que não se deixem confundir e perturbar tão facilmente por «uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente» (v. 2). Em certo sentido, o dia do Senhor está sempre iminente. Mas nem por isso devemos deixar de viver com generosidade e alegria a vida cristã. O cristão deve viver numa atmosfera de paz, de paciência e de perseverança no trabalho e na luta, e não ávido de revelações ou de acontecimentos extraordinários. O melhor modo de esperar o Senhor é estar ocupado no cumprimento dos próprios deveres e no exercício da caridade. As palavras de Paulo continuam muito actuais.
    «Irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta» (v. 15). No começo da Igreja, já existem tradições a observar, para manter uma vida cristã autêntica, e não se deixar levar pelas seduções enganadoras do mal. Não se trata de fechar-se no passado, esquivos à novidade. Paulo é um homem muito aberto. Escreve aos filipenses: «De resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, tende isso em mente» (Fl 4, 8). Mas, abertura não quer dizer acolhimento indiscriminado de tudo. É precisa sabedoria e discernimento. «Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, pois muitos falsos profetas apareceram no mundo», escreve João (1 Jo 4, 1). Ao falar de tradição, Paulo não está a pensar na miudeza e na rigidez da tradição farisaica, mas na memória de Jesus vivida `com fidelidade criativa nas diferentes situações históricas.
    O caminho de Cristo é o caminho do cristão, e é também o nosso caminho de dehonianos (cf. Cst 12). Por isso, há que manter bem viva a memória de Jesus, transmitida pela Igreja ao longo dos séculos. No caminho de Jesus, que contemplamos particularmente caracterizado pelo abandono à vontade do Pai, pela oblação de amor, somos guiados e apoiados pelo Espírito (cf. Cst 16), que no-lo faz reviver, na fidelidade dinâmica, a exemplo do P. Deh
    on.
    Oratio

    Senhor, vivemos num mundo fortemente agitado pela falta de uma cultura bem definida, de uma tradição comum aceite por todos, de uma clara hierarquia de valores e normas de referência. Esmagados pela pressa e pela busca da eficácia, muitas vezes nos deixamos conduzir por critérios de discernimento baseados na funcionalidade, na utilidade, na eficiência. Como os escribas e fariseus, facilmente trocamos o essencial pelo marginal, o importante pelo urgente, o aparecer pelo ser. Cuidamos do exterior, e descuidamos a pureza e a beleza do coração. Fala-nos, Senhor, e guia-nos pela tua Palavra, pela tradição viva da Igreja, da história, dos acontecimentos, das pessoas. Fala-nos pelo teu Espírito. Que o fragor dos mass media não nos tornem surdos à tua voz. Amen.

    Contemplatio

    Os dois elementos da vida espiritual são a purificação do coração e a direcção do Espírito Santo. Aqui estão os dois pólos de toda a espiritualidade. Por estas duas vias, chegamos à perfeição segundo o grau de pureza que adquirimos, e a proporção de fidelidade que tivemos em cooperar com os movimentos do Espírito Santo e em seguirmos a sua condução.
    Toda a nossa perfeição depende desta fidelidade, e podemos dizer que o resumo da vida espiritual consiste em notar as vias e os movimentos do Espírito de Deus na nossa alma, e em fortificar a nossa vontade na resolução de os seguirmos, empregando para o efeito todos os nossos exercícios e todos os nossos actos religiosos, a oração, a leitura, os sacramentos, a prática das virtudes e das boas obras.
    O fim ao qual devemos aspirar, depois que nos tivermos longamente exercitado na pureza do coração, é estarmos de tal modo possuídos e governados pelo Espírito Santo, que seja ele o único que conduza todas as nossas potências e todos os nossos sentidos, e que regule todos os nossos movimentos interiores e exteriores como dirigia a santa humanidade do Salvador, e que nos abandonemos inteiramente a ele por uma renúncia espiritual das nossas vontades e das nossas próprias satisfações. Assim, não viveremos mais em nós mesmos, mas em Jesus Cristo e segundo o seu Coração, por uma fiel correspondência às operações do seu divino Espírito, e por uma perfeita submissão de todas as nossas rebeliões ao poder da sua graça. (Pe. Dehon, OSP 3, p. 545).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «As tuas palavras, Senhor, são espírito e vida» (Jo 6, 63).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXI Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    24 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Quarta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 2 Tessalonicenses 3, 6-10.16-18

    6Ordenamo-vos, irmãos, no nome do Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que leva uma vida desordenada e oposta à tradição que de nós recebestes. 7Com efeito, vós próprios sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos desordenadamente entre vós, 8nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós. 9Não é que não tivéssemos esse direito, mas foi para nos apresentarmos a nós mesmos como modelo, para que nos imitásseis. 10Na verdade, quando ainda estávamos convosco, era isto que vos ordenávamos: se alguém não quer trabalhar também não coma. 16O Senhor da paz, Ele próprio, vos dê a paz, sempre e em todos os lugares. O Senhor esteja com todos vós. 17A saudação é do meu punho, de Paulo. É este o sinal em todas as Cartas. É assim que eu escrevo. 18A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós.

    Antes de terminar, Paulo faz mais uma recomendação contra aqueles que poderíamos chamar «beatos». São alguns cristãos, que andam de um lado para o outro, divulgando mexericos, em vez de se dedicarem a um trabalho que os retire da triste condição de alcoviteiros espirituais, que vivem à custa dos outros, como verdadeiros parasitas da comunidade: «a estes tais ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo a que ganhem o pão que comem, com um trabalho tranquilo» (3, 12). Outro vício dos «beatos» era perturbar os outros com boatos e falsas profecias. As tensões na comunidade são inevitáveis por causa dos temperamentos, dos pontos de vista. Mas, quando há agitadores "profissionais", tudo se complica. Há que separá-los, para ver se se convertem. O Apóstolo termina pedindo a Deus que dê paz às suas comunidades, o maior dom que se pode desejar a quem se ama.

    Evangelho: Mateus 23, 27-32

    «Naquele tempo, disse Jesus: 27Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes a sepulcros caiados: formosos por fora, mas, por dentro, cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de imundície! 28Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade. 29Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, que edificais sepulcros aos profetas e adornais os túmulos dos justos, 30dizendo: 'Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas!' 31Deste modo, confessais que sois filhos dos que assassinaram os profetas. 32Acabai, então, de encher a medida dos vossos pais!

    Chegamos aos últimos dos sete «Ai de vós» dirigidos aos escribas e fariseus hipócritas. A crítica de Jesus ao legalismo não tem por alvo a lei, mas aqueles que, a coberto da lei, pretendem iludir as suas exigências profundas. A antítese exterior/interior, tratada nos versículos anteriores, está eloquentemente expressa na imagem dos «sepulcros caiados» (v. 27). São aqueles que cuidam do exterior, para que seja agradável à vista, enquanto no seu interior reina a decomposição e a morte. Jesus já pôs de sobreaviso os discípulos, quando lhes mandou disse «Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por ele» (Mt 6, 1). O que conta é aquilo que cada um é diante de Deus, e não o que aparece diante dos outros.
    O último «ai de vós» é contra aqueles que são falsos, não só diante de Deus e dos outros, mas também diante da história (vv. 29-32). Edificam sepulcros aos profetas e justos, dizendo que, se tivessem vivido no tempo dos que os mataram, não teriam sido coniventes com tais crimes. Sentem-se inocentes por acusarem os seus pais! Mas não se dão conta de que, se não escutarem os profetas, continuam a matá-los. E a sua falta será mais grave do que a dos seus pais.

    Meditatio

    Somos todos mais ou menos propensos a confundir espiritualidade com fantasia, e, influenciados pelas tendências humanas, a tirar conclusões erradas de princípios certos. São as ilusões para que nos alertam os mestres de vida espiritual.
    Paulo já sentiu a necessidade de pôr de sobreaviso os tessalonicenses para esse tipo de coisas. Muitos, usavam a esperança no regresso do Senhor para concluir que não era preciso trabalhar. Para quê preocupar-se em organizar a vida neste mundo, se o Senhor está próximo? Paulo tenta contrariar essa atitude com uma decisão corajosa. Ainda que soubesse que tinha direito a ser mantido pela comunidade que servia, renunciou a tal direito e pôs-se a trabalhar para ganhar o seu sustento: «vós próprios sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos desordenadamente entre vós, nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós» (vv. 7-8). Pelo Livro dos Actos, sabemos que o Apóstolo fabricava tendas, um trabalho bastante pesado. E dá aos tessalonicenses uma regra nada espiritualista, mas muito concreta: «se alguém não quer trabalhar também não coma» (v. 15). Todo o cristão tem o dever de trabalhar, na medida das suas forças. Se não trabalhar para si, por não precisar, trabalhe para os que precisam. A vida espiritual não pertence ao mundo da fantasia. O amor cristão é realista. Não se alimenta nem vive de sonhos. Empenha-se no serviço efectivo. E assim cresce, se torna sólido, consistente. Ainda que espere o céu, vive na terra, e nela prepara o reino de Deus, com uma caridade efectiva. «Como poderíamos, efectivamente, compreender o amor que Cristo nos tem, senão amando como Ele em obras e em verdade?» (Cst 18).

    Oratio

    Senhor, liberta-me de ilusões; defende-me de uma pretensa vida religiosa feita de evasões, de atitudes vaporosas, de comportamentos alienantes. Que a minha fé seja como o fermento na massa da vida real. Que o amor impregne a minha actividade, fazendo dela um serviço generoso para bem dos que me são próximos e de todo o mundo.
    Manda o teu Espírito Santo, que me ajude a tomar consciência do meu pecado, e a confessar sinceramente diante de Ti: «Matei-te!» Penso que será muito útil sentir-me, ao menos uma vez, digno de condenação, para melhor compreender o teu infinito e gratuito amor. Amen.

    Contemplatio

    S. Paulo copia Nosso Senhor, é ardente no trabalho manual, como é zeloso no trabalho espiritual. Consagra as suas vigílias a ganhar o seu pão e as suas jornadas a evangelizar. «Trabalhámos dia e noite, diz aos Tessalonicenses, para não vos ser pesados» (1Tes 2). É ele que não gosta dos preguiçosos! «Quem não trabalha, diz, não merece comer» (2Tes 3). Estimula-nos com o exemplo de algu
    mas pessoas do mundo. «Vêde, diz, com que fadiga não se aplicam para ganharem o pão temporal, e vós, vós tendes em perspectiva uma coroa eterna!» S. João recorda-nos no Apocalipse que as nossas obras nos seguirão no juízo de Deus (Ap 14); mas somente as nossas boas obras terão valor, e todas as nossas obras são boas quando são santificadas, quando são feitas segundo a regra, com pureza de intenção, com cuidado, com zelo. Todos os santos amaram o trabalho assíduo e santificado. S. João Berchmanns aplicava-se, como ele mesmo dizia, a fazer as coisas ordinárias e comuns de uma maneira não comum. (Leão Dehon, OSP 3, p. 112).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «Se alguém não quer trabalhar também não coma» (2 Ts 3, 2).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXI Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    25 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Quinta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Coríntios 1, 1-9

    Irmãos: 1Paulo, chamado por vontade de Deus a ser apóstolo de Cristo Jesus, e Sóstenes, nosso irmão, 2à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos, com todos os que em qualquer lugar invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: 3graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
    4Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus. 5Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do conhecimento. 6Assim, foi confirmado em vós o testemunho de Cristo, 7de modo que não vos falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. 8É Ele também que vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. 9Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor.

    Paulo permaneceu afectivamente ligado à comunidade que fundou em Corinto. Já em Éfeso, onde viveu do ano 55 ao ano 57, aproximadamente, teve notícias dessa comunidade que muito o preocuparam. A disciplina tinha-se relaxado por influência dos libertinos. Mas também havia rigoristas que criavam problemas. E, no meio de alguma desorganização, até havia quem, como na Galácia, punha em causa a autenticidade do seu apostolado. Paulo procura intervir por meio de uma visita, que falhou, e de algumas cartas, duas das quais chegaram até nós. Na 1 Cor, Paulo apresenta-se como «apóstolo», isto é, como "enviado" (v. 1), sublinhando que essa identidade deriva de um chamamento de Deus. Paulo manifesta esta auto-consciência em quase todas as suas cartas. Também a expressão «à igreja de Deus que está em Corinto» (v. 2) tem um significado teológico denso. Toda a comunidade local, ainda que fundada por homens, é obra de Deus. Os membros dessas comunidades, em comunhão com a igreja universal, foram santificados por Jesus, e estão em permanente tensão para a santidade plena, que será realizada em diferentes formas de vida. Na acção de graças, transparece o entusiasmo do Apóstolo pela riqueza dos dons de Deus aos coríntios (vv. 4s.). Menciona particularmente a «palavra» e a «ciência», os dons mais estimados e procurados pelos coríntios. Tendo recebido tantos dons, os coríntios não podem considerar-se ainda perfeitos, mas simplesmente a caminho da plena manifestação da glória do Senhor.

    Evangelho: Mateus 24, 42-51

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 42Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. 43Ficai sabendo isto: Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa. 44Por isso, estai também preparados, porque o Filho do Homem virá na hora em que não pensais.» 45«Quem julgais que é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua família para os alimentar a seu tempo? 46Feliz esse servo a quem o senhor, ao voltar, encontrar assim ocupado. 47Em verdade vos digo: Há-de confiar-lhe todos os seus bens. 48Mas, se um mau servo disser consigo mesmo: 'O meu senhor está a demorar', 49e começar a bater nos seus companheiros, a comer e a beber com os ébrios, 50o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e à hora que ele desconhece; 51vai afastá-lo e dar-lhe um lugar com os hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.»

    Em Mateus, a parábola do servo, ou administrador (cf. Lc 12, 41ss.) responsável encontra-se no último grande discurso de Jesus, o "Discurso escatológico" (cc. 24 e25), dominado pelas tribulações de Jerusalém e pelas perseguições à Igreja nascente, pelo anúncio da crise cósmica que precederá o fim e pela consequente necessidade de vigilância. Este discurso não visa assustar, mas encorajar. O mundo e a história caminham, não para o fim, mas para a plena realização. Haverá catástrofes. Mas abrir-se-á uma nova beleza. É neste contexto que Jesus exorta à vigilância, com quatro belas parábolas. Hoje, escutamos a primeira, cujas palavras-chave são: «Vigiai!», «Estai preparados!» A vinda do Senhor é certa. Mas a hora é incerta. A imagem do «ladrão» (v. 43) é muito expressiva e bem conhecida na igreja primitiva. Deve vigiar a casa o dono, mas também os servos, que são seus amigos e estimam a casa. O «servo fiel e prudente» (v. 45) faz as vezes de dono da casa e trata bem os seus companheiros. O «mau servo» (v. 48) aproveita da ausência do dono para desperdiçar os bens e maltratar os companheiros. Naturalmente terão fins diferentes, quando regressar o dono. Os dirigentes da Igreja hão-de ser servos fiéis e prudentes, e não maus servos, como eram os chefes de Israel, no tempo de Jesus.

    Meditatio

    Paulo escreve aos coríntios, garantindo-lhes a fidelidade de Deus: «Ele vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 8). Estas palavras são importantes também para nós, por vezes angustiados com as dificuldades que nos rodeiam e com a nossa própria fraqueza: «conseguirei ser fiel até ao fim?» - interrogamo-nos. O Apóstolo afirma que é o próprio Senhor quem garante e confirma a nossa perseverança na fidelidade a Deus. A parábola evangélica ensina-nos o que significa ser «irrepreensíveis» até ao fim. O Senhor põe diante de nós duas certezas: a nossa vida terá um fim; devemos dar conta da nossa vida. Cada um de nós é como o servo a quem o Senhor confiou determinado serviço, uma responsabilidade de que pedirá contas, quando voltar. Por isso, há que estar vigilantes sobre nós mesmos, para não corrermos o risco de que, à chegada do senhor, nos encontre desprevenidos e expostos a castigo.
    Na primeira leitura, Paulo ensina-nos que o melhor modo para vivermos a nossa responsabilidade com confiança e obediência, é darmos graças a Deus pelos seus dons, por nada nos ter deixado faltar para vivermos na feliz esperança da sua vinda. O Apóstolo escreve aos coríntios: «Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus. 5Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do conhecimento... de modo que não vos falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo» (vv. 4-7).
    A visão da generosidade de Deus, que enche de alegria o Apóstolo, deve encher-nos de alegria também a nós. A certeza da bondade de Deus, a verificação das suas graças, devem dar-nos entusiasmo em servi-lo, para O glorificarmos com a nossa vida e as nossas obras.
    Deus é fiel. Se aderirmos a Ele, será Ele mesmo a tornar-nos fiéis, para nos encontrar «irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 8).
    «Sob as suas diversas formas, o nosso trabalho, retribuído ou não, faz-nos participar verdadeiramente na vida e condição dos homens do nosso tempo e é também expressão da nossa pobreza ao serviço do Reino» (Cst 48). O trabalho é parte integrante da pobreza religiosa. O trabalho é uma participação efectiva na insegurança típica dos pobres, dos assalariados; é reparação por quem se serve do trabalho só para ganhar de modo egoísta, por quem ergue como lei suprema o proveito e se torna escravo do super potente dinheiro, e procura obter cada vez mais ganhos, para dominar, para explorar.
    Pelo trabalho, além do mais, colaboramos na obra do Criador, damos o nosso pequeno contributo pessoal para a transformação do mundo e para a realização do projecto de Deus na história (cf. GS 34).

    Oratio

    Senhor, obrigado por me lembrares que não sou dono absoluto da minha vida, nem dos bens que puseste à minha disposição, mas apenas administrador. Terei que prestar contas de tudo, sem usar de artimanhas. As minhas responsabilidades, como as do servo da parábola, são várias: terei que dar conta dos meus irmãos, particularmente dos que estão directamente confiados ao meu cuidado; terei que dar contas dos bens que me confiaste. Dá-me, Senhor, a tua graça para que me apresente irrepreensível diante de Ti, diante dos outros servos, diante da casa que é o nosso mundo e diante da nossa história. Tu o mereces! Amen.

    Contemplatio

    A melhor condição para a salvação é a das pessoas modestas que têm de trabalhar para ganhar a sua vida, e as riquezas não deveriam dispensar do trabalho para se entregarem a uma vida ociosa.
    O trabalho é bom para a saúde da alma.
    Os ricos correm o risco de se perderem, porque têm demasiada facilidade para satisfazerem as suas inclinações naturais para a vaidade, para a sensualidade, para a moleza. Nosso Senhor disse que para eles é mais difícil entrar no reino dos céus. (Leão Dehon, OSP 3, p. 37)

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho» (1 Cor 1, 9).

    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXI Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    26 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Sexta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Coríntios, 1, 17-25

    Irmãos: 17Cristo não me enviou a baptizar, mas a pregar o Evangelho, e sem recorrer à sabedoria da linguagem, para não esvaziar da sua eficácia a cruz de Cristo. 18A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus. 19Pois está escrito:Destruirei a sabedoria dos sábios
    e rejeitarei a inteligência dos inteligentes. 20Onde está o sábio? Onde está o letrado? Onde está o investigador deste mundo? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? 21Pois, já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação. 22Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, 23nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. 24Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus. 25Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus, é mais forte que os homens.

    Paulo não despreza o baptismo, mas apenas insiste em que a sua vocação é pregar o Evangelho. É absurdo baptizar uma pessoa, sem antes lhe dar a conhecer Jesus. Além disso, na ordem cronológica e da graça, a pregação precede a fé e, portanto, também o baptismo (cf. Rm 10, 14s.).
    Paulo prega Jesus, mas não com discursos eloquentes e sabedoria humana. Talvez se lembre do recente "fracasso" da sua pregação no Areópago de Atenas. Para ele, pregar é anunciar Cristo crucificado, único salvador. A palavra de Deus, especialmente «a palavra da cruz» é viva e eficaz por si mesma (cf. Hb 4, 12), não precisa de apoios humanos, que até a podem ofuscar.
    Citando o Antigo Testamento, e a sua arte retórica, Paulo insiste naquilo que é verdadeiramente decisivo: Cristo crucificado é «escândalo» para os judeus, pois, pendendo do madeiro, era considerado maldito (cf. Dt 21, 23); Cristo é «loucura» para os pagãos, porque lhes repugnava uma divindade que se deixasse crucificar. Mas é na cruz que Cristo manifesta o seu poder. Os cristãos, de qualquer origem, devem sintonizar com a lógica divina, e viver de acordo com a sabedoria da cruz.

    Evangelho: Mateus 25, 1-13

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: 1«O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. 2Ora, cinco delas eram insensatas e cinco prudentes. 3As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo; 4enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias. 5Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram. 6A meio da noite, ouviu-se um brado: 'Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!' 7Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias. 8As insensatas disseram às prudentes: 'Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se.' 9Mas as prudentes responderam: 'Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.' 10Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta.

    Mateus continua tratar o tema da segunda vinda de Cristo, cujo momento se desconhece, pelo que é preciso estar vigilantes e prontos: «Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora» (v. 13). Na parábola, que hoje escutamos, o quadro é diferente: não se espera o dono, mas o esposo; quem espera também não é o servo prudente ou o servo mau, mas são cinco virgens prudentes e cinco virgens insensatas. E há mesmo pormenores que podem chocar: a reacção fortemente severa e desproporcionada do esposo, a atitude pouco caridosa das virgens prudentes, etc. Mas o significado global da parábola é claro. A Igreja está toda à espera da vinda de Cristo. Mas é de loucos não prever a hipótese de que demore. Quando se ouvir, no meio da noite, o grito: «Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!» (v. 6), os cristãos hão-de estar prontos, com a lâmpada bem acesa pelo azeite das boas obras realizadas com amor. O esposo esperado pode revelar-se um juiz severo para quem tiver o amor apagado no coração.

    Meditatio

    Ambas as leituras, de modo diferente, nos falam de sabedoria e de loucura. Paulo sublinha o contraste entre sabedoria humana e sabedoria divina. Os coríntios, como os gregos em geral, eram ávidos de sabedoria humana e, por isso, muito interessados em "investigação filosófica". Isso levou-os a aderir a diferentes pregadores do Evangelho, conforme a sua maior ou menor capacidade de expressar atraentemente a doutrina de Cristo. Por isso, Paulo sentiu-se no dever de os avisar: «Cristo não me enviou a baptizar, mas a pregar o Evangelho, e sem recorrer à sabedoria da linguagem, para não esvaziar da sua eficácia a cruz de Cristo» (v. 17). E realçou o contraste entre a sabedoria da cruz e a sabedoria humana: «A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus» (v. 18). E aponta duas linhas de interesse, a do mundo hebreu e a do mundo helenista: «Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria...». De facto, várias vezes, no evangelho, os judeus pedem a Jesus sinais para acreditarem que Ele é o Enviado de Deus. Os gregos, pelo contrário, procuram discursos eloquentes, convincentes, razoáveis. Mas Paulo afirma: «nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios» (v. 23). O Apóstolo acha que Deus não está disposto a acomodar-se às exigências de judeus e de gregos, «o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus, é mais forte que os homens» (v. 25). À luz da teologia paulina, a cruz é a revelação mais poderosa e sábia do amor de Deus. Aceitar por amor as humilhações, os sofrimentos, a morte, é amor puro, forte, generoso. Não amor maior do que esse.
    «Fiéis à escuta da Palavra, e à fracção do Pão, somos chamados a descobrir, cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração e a anunciar o seu amor que excede todo o conhecimento. "Cristo habite pela fé, nos vossos corações de sorte que, enraizados e fundados no amor, possais compreender, com todos os Santos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer, enfim, o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para serdes repletos da plenitude de Deus" (Ef 3,17-19) (Cst 17). O modo para conhecer «cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração», para «anunciar o seu amor que excede todo o conhecimento» (Cst 17) é, em primeiro lugar, a f&
    eacute; entendida como adesão total da nossa pessoa e da nossa vida a Cristo; esvaziando-nos do egoísmo, para Lhe deixar cada vez maior espaço interior.

    Oratio

    Senhor, ensina-me a procurar-Te a Ti, e não aos teus milagres, aos teus dons, porque és o Filho de Deus que, por amor, morreste na cruz, para me salvar. Que eu Te procure sempre, procurando-Te, Te encontre e, encontrando-Te, Te procure ainda mais, como rezava o teu servo Agostinho de Hipona. Faz-me ouvir o convite que dirigiste aos teus primeiros discípulos: «Vinde e vede» (Jo 1, 39). E, se, por motivos que só Tu sabes, não quiseres ser encontrado logo, se retardares a tua visita, ajuda-me a vigiar pacientemente, de lâmpada acesa, alimentada pelo amor. Quando bateres à minha porta, faz-me correr ao teu encontro; quando eu bater à tua porta, abre-me, Senhor da minha vida! Amen.

    Contemplatio

    Como são raras as almas que amam a Nosso Senhor com amor puro e desinteressado! Quantas almas, mesmo consagradas, que Nosso Senhor diariamente cumula de benefícios e que, apesar disso, são ingratas, pensam pouco n'Ele, passam o tempo a ocupar-se de si próprias, das suas satisfações corporais e espirituais; ou então ocupam-se das criaturas, procurando agradar-lhes e satisfazê-las.
    ... Poderá o Esposo das nossas almas ficar totalmente satisfeito e convencido do amor e da fidelidade das suas esposas, quando estas, cumprindo embora os seus deveres O tratam com indiferença, insensibilidade e frieza?
    Haec est virgo sapiens quam Dominus vigilantem ínvenit. Esta é a Virgem sábia que o Senhor encontrou vigilante (Comum das Virgens). Nosso Senhor encontra-nos vigilantes e fiéis, quando temos o hábito de manter continuamente a nossa intenção, as nossas inclinações, os nossos pensamentos e as nossas aspirações orientados para o objecto do nosso amor. É a disposição da esposa do Cântico dos Cânticos: Dormio sed cor meum vigilat. Eu durmo, mas o meu coração vigia: (Cant. 5, 2).
    Mas mesmo que o corpo esteja ocupado com outra coisa, legitimamente entregue ao sono, ao repouso, nem por isso o coração, o espírito e a vontade estão dispensados de dirigir-se para Nosso Senhor que é o nosso fim último, a meta suprema, o centro de todas as coisas.
    Nosso Senhor pede-nos precisamente este amor constante, que não se move, não opera e não age senão n'Ele, por Ele e para Ele; e nós tantas vezes Lho retiramos, depois de Lho termos dado por alguns instantes: Praebe, fili mi, cor tuum mihi. Meu filho, dá-me o teu coração (Prov 23, 26), o teu amor, a tua vontade, as tuas intenções, que dão valor, aos olhos de Deus, às grandes acções como às mais pequenas. É o que S. Agostinho queria exprimir por estas palavras: «Ama e faz o que quiseres». (Directório Espiritual, 7).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «Meu filho, dá-me o teu coração» (Prov 23, 26),

    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXI Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares

    XXI Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares


    27 de Agosto, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares
    XXI Semana - Sábado

    Lectio

    Primeira leitura: 1 Coríntios 1, 26-31

    Irmãos, 26Considerai a vossa vocação: humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. 27Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. 28O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa. 29Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus. 30É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e redenção, 31a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

    Paulo convida os coríntios a olharem para a sua comunidade, onde havia exemplos eloquentes da sabedoria e da loucura da cruz. Com algumas excepções, a igreja de Corinto era formada por pessoas de humilde condição social e de baixo nível cultural. Deus tem o gosto estranho de preferir os pobres e os fracos aos ricos e poderosos. É a lógica coerente com o que fez por meio do seu Filho crucificado. Ninguém pode presumir o que quer que seja diante de Deus: «ninguém se pode vangloriar diante de Deus» (v. 29). A grandeza do homem deriva unicamente do dom de Deus em Cristo. Temos o Cristo todo (3, 21-23), e, tudo o que temos, recebemo-lo d´Ele (4, 6). Por isso, se alguém pretende gloriar-se «glorie-se no Senhor» (v. 31).

    Evangelho: Mateus 25, 14-30

    1Naquele Tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: 14«Será também como um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade; e depois partiu. 16Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. 17Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois. 18Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas. 20Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.' 21O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.' 22Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.' 23O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.' 24Veio, finalmente, o que tinha recebido um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.' 26O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei. 27Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.' 28'Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. 29Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.'»

    A espera de Cristo há-de ser dinâmica e fecunda. Os talentos recebidos não podem ser enterrados, inutilizados. Hão-de render. Estes talentos não são apenas os dotes naturais recebidos por cada um. São, mais do que isso, a salvação, o amor do Pai, a vida em abundância, o Espírito. São tesouros a multiplicar e a partilhar até ao seu regresso, ainda que demore «muito tempo» (v. 19ª). Os dons também são responsabilidades de que é preciso dar contas.
    Na parábola, há dois «servos bons e fiéis» e um «servo mau». Os servos bons e fiéis são louvados e premiados com a participação na alegria do senhor (vv. 20-23). O servo mau é severamente punido. A desculpa apresentada «Senhor, sempre te conheci como homem duro» (v. 24), acaba por ser virada contra ele. A atitude de escravo tímido assumida pelo servo mau «Aqui está o que te pertence» (v.25), também não ajuda, mas complica. Para ele, talento não foi um dom recebido, mas uma dívida contraída. Por isso, ao restituí-lo ao dono, não faz um acto de justiça, mas um insulto. E recebe o castigo adequado: «Tirai-lhe o talento, e dai-o ao que tem dez talentos... a esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes» (vv. 28-29).

    Meditatio

    «Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor» (1 Cor 1, 31). Estas palavras lembram-nos a atitude de Maria, no Magnificat. Ao fazer memória da sua vida, a Virgem reconhece-se feliz pelos maravilhosos dons que Deus tinha semeado na sua humilde serva. Gloriando-se no Senhor, Maria magnifica-O, isto é, torna-O grande. O Magnificat é um encontro entre gratuidade pura e gratidão sincera.
    O servo mau da parábola, pelo contrário, apoucou ao seu senhor. Ele mede e julga o seu senhor com a medida da sua mesquinhez, com a tacanhez do seu coração. Em vez de estar grato pelo talento recebido, em vez de agradecer a ocasião, que lhe foi dada, para desenvolver as suas capacidades, fecha-se na sua inércia, no seu medo, na sua tristeza. Vem-nos espontaneamente à memória um outro homem, o primeiro homem. Quando Deus lhe pergunta: «Onde estás?», responde: «Tive medo... escondi-me» (Gn 3, 9s.). Não estará na raiz do pecado uma suspeita mesquinha da imensa bondade de Deus? Deus ofereceu-nos generosamente os seus dons, e nós podemos viver de coração dilatado pela alegria. Somos pessoas amados por Deus, às quais deu muito. Só espera que voltemos para Ele com o que soubemos ganhar, usando os seus dons. Quando realizámos tudo o que podíamos para fazer render os dons de Deus, estamos verdadeiramente ricos, e realizados, conforme o seu desejo. Podemos levar-Lhe uma vida cheia, que Ele ainda enriquecerá mais.
    Todos os cristãos têm dons e carismas para o serviço de Deus e dos irmãos. Os consagrados têm dotes notáveis em determinadas áreas, que hão-de fazer render, para serem fiéis à sua vocação e missão. Cada um, e cada instituição, hão-de reconhecer esses dons, porque são talentos, que provêm do bom Deus, para bem de toda a comunidade: «Todo o carisma, todo o dom perfeito provém do alto e desce do Pai das luzes» (Tg 1, 17) e o superior, como bom pai da sua comunidade, agradece ao Senhor por ter pessoas certas nos lugares certos.
    Os carismas, que não são postos a render, tornam-se títulos de condenação para quem os recebeu. Há pois que fazê-los rende
    r. Lembram-nos as Constituições: «Como todo o carisma na Igreja, o nosso carisma profético coloca-nos ao serviço da missão salvífica do Povo de Deus no mundo de hoje (cf. LG 12) (Cst 27).

    Oratio

    Senhor, ensina-nos a glorificar o Pai como Tu e como Maria, tua Mãe, O glorificaram. Ao veres os teus discípulos regressarem da missão «cheios de alegria», porque puderam multiplicar os seus talentos, e colher os frutos visíveis da sua actividade missionária, disseste ao Pai: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado» (Lc 10, 21). Contagiado pela alegria dos teus discípulos, e movido pelo Espírito, também Tu exultaste. Contemplando a grandeza do Pai e a sua ternura para com os pequenos e humildes, o teu coração encheu-se de espanto, e a tua boca de belas palavras.
    Deixa-nos, Jesus, comungar na tua oração de louvor, como nos deixas comungar na oração do Pai nosso. Alegra-te também por nós, teus discípulos de hoje, quando, por tua graça, conseguirmos fazer render os talentos que o Pai nos deu, considerando-nos entre os pequenos pelos quais glorificaste o Pai. Amen.

    Contemplatio

    Nosso Senhor dá às almas consagradas ao seu Coração dons especiais, mas pede também delas algumas virtudes especiais. Devem também praticar as virtudes ordinárias segundo o seu estado e a sua vocação, mas algumas virtudes devem brilhar especialmente nelas. A primeira, simbolizada pelo ouro, é o amor puro, verdadeiro e sincero.
    Nosso Senhor pede de nós o ouro do amor puro nas suas intenções, de uma fé viva e de uma confiança filial inabalável. Quando o ouro é fino e puro, é possível observar-se o traço do mínimo toque, um sopro enfraquece o seu brilho. É um ouro puro que Nosso Senhor pede dos amigos do seu Coração. É um amor puro, fiel e delicado. Esta perfeição não é demais para o dom a oferecer ao Rei dos corações. Pode aí chegar-se cooperando fielmente com a graça divina que é dada em abundância aos amigos do Sagrado Coração. (Pe. Dehon, OSP 3, p. 32).

    Actio

    Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
    «Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor» (1 Cor 1, 31).

    | Fernando Fonseca, scj |

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