Week of Nov 28th

  • 01º Domingo do Tempo do Advento – Ano C

    01º Domingo do Tempo do Advento – Ano C


    28 de Novembro, 2021

    ANO C
    1º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO

    Tema do 1º Domingo do Tempo do Advento

    Neste 1º Domingo do Tempo do Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos uma primeira abordagem à “vinda” do Senhor.
    Na primeira leitura, pela boca do profeta Jeremias, o Deus da aliança anuncia que é fiel às suas promessas e vai enviar ao seu Povo um “rebento” da família de David. A sua missão será concretizar esse mundo sonhado de justiça e de paz: fecundidade, bem-estar, vida em abundância, serão os frutos da acção do Messias.
    O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Messias filho de David, a anunciar a todos os que se sentem prisioneiros: “alegrai-vos, a vossa libertação está próxima. O mundo velho a que estais presos vai cair e, em seu lugar, vai nascer um mundo novo, onde conhecereis a liberdade e a vida em plenitude. Estai atentos, a fim de acolherdes o Filho do Homem que vos traz o projecto desse mundo novo”. É preciso, no entanto, reconhecê-l’O, saber identificar os seus apelos e ter a coragem de construir, com Ele, a justiça e a paz.
    A segunda leitura convida-nos a não nos instalarmos na mediocridade e no comodismo, mas a esperar numa atitude activa a vinda do Senhor. É fundamental, nessa atitude, a vivência do amor: é ele o centro do nosso testemunho pessoal, comunitário, eclesial.

    LEITURA I – Jer 33,14-16

    Leitura do Livro de Jeremias

    Eis o que diz o Senhor:
    «Dias virão, em que cumprirei a promessa
    que fiz à casa de Israel e à casa de Judá:
    Naqueles dias, naquele tempo,
    farei germinar para David um rebento de justiça
    que exercerá o direito e a justiça na terra.
    Naqueles dias, o reino de Judá será salvo
    e Jerusalém viverá em segurança.
    Este é o nome que chamarão à cidade:
    ‘O Senhor é a nossa justiça’».

    AMBIENTE

    Estamos no ano décimo do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilónio de Nabucodonosor cerca Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jer 32,1). Parece o princípio do fim, a derrocada de todas as esperanças e seguranças do Povo. É neste contexto que o profeta, em nome de Jahwéh, vai proclamar a chegada de um tempo novo, no qual Deus vai “pensar as feridas” do seu povo e curá-las, proporcionar a Judá “abundância de paz e segurança” (Jer 33,6). A mensagem é tanto mais surpreendente quanto o futuro imediato parece sem saída e o próprio Jeremias é acusado de profetizar a inutilidade de resistir aos exércitos caldeus, a destruição de Jerusalém e o exílio de Sedecias (cf. Jer 32,3-5).

    MENSAGEM

    Nesse momento limite em que tudo parece comprometido, Jeremias anuncia a fidelidade de Jahwéh às promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7): no futuro, Deus irá fazer surgir um descendente de David (“zemah zaddîq” – “rebento justo”), que assegurará a paz e a salvação a todo o povo. A palavra “zemah” (“rebento”) evoca a fecundidade e a vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7). É o nome com que o profeta Zacarias designa o “Messias” (cf. Zac 3,8; 6,12).
    As palavras ligadas à área da “justiça” desempenham um papel fundamental neste anúncio de Jeremias. Diz-se que o descendente de David será “justo” e que a sua tarefa consistirá em assegurar a “justiça” e o “direito” (“mishpat” e “zedaqa”). A dupla “justiça/direito”, característica da linguagem profética, refere-se ao funcionamento recto da instituição responsável pela administração da justiça (tribunal) que possibilitará, por sua vez, uma correcta ordem social (“zedaqa”), fundamento da paz e da prosperidade. Sedecias nem garantiu a “justiça”, nem assegurou a paz; por isso, a catástrofe está iminente… Mas o rei futuro anunciado pelo profeta, da descendência de David, será o “ungido” de Deus. Terá por missão restaurar a “justiça” e transmitir a abundância de vida e de salvação ao Povo de Deus. Por isso, chamar-se-á “o Senhor é a nossa justiça” (“Jahwéh zidqenû”): por ele, Deus garante ao seu Povo um futuro fecundo, de justiça, de bem-estar, de salvação.
    Recordando as promessas de Deus, o profeta elimina a nostalgia de um passado mais ou menos distante, elimina o medo do presente e instaura o regime da esperança.

    ACTUALIZAÇÃO

    A actualização desta mensagem profética pode fazer-se de acordo com as seguintes coordenadas:

    • O ambiente em que estamos mergulhados potencia, tantas vezes, o medo, a frustração, o negativismo, a insegurança, o pessimismo… É possível acreditar no Deus da “justiça”, fiel à “aliança”, comprometido com os homens e continuar a olhar para o mundo nessa perspectiva negativa, como se Deus – o Deus da justiça e do amor – tivesse abandonado os homens e já não presidisse à nossa história?

    • De acordo com o Novo Testamento, esta “justiça” é comunicada pelo “Messias” a todos os membros do povo eleito (cf. Rom 1,17; 1 Cor 1,30; 2 Cor 5,21; Flp 3,9). Sentimo-nos, verdadeiramente, membros do povo messiânico, construtores desse mundo de justiça, de paz, de felicidade para todos? Qual é a atitude que define o nosso empenho: o compromisso sério com a justiça e a paz, ou o comodismo de quem prefere demitir-se das suas responsabilidades e passar ao lado da vida?

    SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)

    Refrão: Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.

    Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
    ensinai-me as vossas veredas.
    Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
    porque Vós sois Deus, meu Salvador.

    O Senhor é bom e recto,
    ensina o caminho aos pecadores.
    Orienta os humildes na justiça
    e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.

    Os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade
    para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos.
    O Senhor trata com familiaridade os que O temem
    e dá-lhes a conhecer a sua aliança.

    LEITURA II – 1 Tes 3,12–4,2

    Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses

    Irmãos:
    O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade
    uns para com os outros e para com todos,
    tal como nós a temos tido para convosco.
    O Senhor confirme os vossos corações
    numa santidade irrepreensível,
    diante de Deus, nosso Pai,
    no dia da vinda de Jesus, nosso Senhor,
    com todos os santos.
    Finalmente, irmãos,
    eis o que vos pedimos e recomendamos no Senhor Jesus:
    recebestes de nós instruções
    sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus,
    e assim estais procedendo;
    mas deveis progredir ainda mais.
    Conheceis bem as normas que vos demos
    da parte do Senhor Jesus.

    AMBIENTE

    A comunidade cristã de Tessalónica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, aí pelo ano 50 (cf. Act 17,1ss). Durante o pouco tempo que lá passou, Paulo desenvolveu uma intensa actividade missionária, de que resultou uma comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por pagãos convertidos (cf. 1 Tess 1,9-10). No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reacção da colónia judaica… Paulo teve de fugir, deixando atrás de si uma comunidade em perigo, insuficientemente catequizada e quase desarmada num contexto de perseguição e provação. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalónica para saber notícias e encorajar na fé os tessalonicenses. Quando Timóteo regressa, encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: a fé, a esperança e o amor dos tessalonicenses continuam bem vivos e até se aprofundaram com as provações (cf. 1 Tes 1,3; 3,6-8). Os tessalonicenses podem ser apontados como modelos aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1 Tes 1,7-8).

    MENSAGEM

    Apesar de tudo o que Deus já edificou no coração dos crentes de Tessalónica, a caminhada cristã destes não está concluída. Há que “progredir sempre” (1 Tes 4,1), sobretudo no amor para com todos (1 Tes 3,12). Só nesta atitude de não conformação será possível esperar a “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes 3,13).

    ACTUALIZAÇÃO

    A confrontação deste texto com a vida pode ter em conta os seguintes elementos:

    • A caminhada cristã nunca é um processo acabado, mas uma construção permanente, que recomeça em cada novo instante da vida. O cristão não é aquele que é perfeito; mas é aquele que, em cada dia, sente que há um caminho novo a fazer e não se conforma com o que já fez, nem se instala na mediocridade. É nesta atitude que somos chamados a viver este tempo de espera do Messias.

    • Uma dimensão fundamental da nossa experiência cristã é a caridade: só aprofundando-a cada vez mais podemos sentir-nos identificados com Aquele que partilhou a vida com todos nós, até à morte na cruz; só praticando-a, podemos fazer uma verdadeira experiência de Igreja e construir uma comunidade de irmãos; só vivendo-a, podemos ser, para os homens que partilham connosco esta vasta casa que é o mundo, o rosto do Deus que ama.

    ALELUIA – Salmo 84,8

    Aleluia. Aleluia.

    Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
    e dai-nos a vossa salvação.

    EVANGELHO – Lc 21,25-28.34-36

    Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

    Naquele tempo,
    disse Jesus aos seus discípulos:
    «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas
    e, na terra, angústia entre as nações,
    aterradas com o rugido e a agitação do mar.
    Os homens morrerão de pavor,
    na expectativa do que vai suceder ao universo,
    pois as forças celestes serão abaladas.
    Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem,
    com grande poder e glória.
    Quando estas coisas começarem a acontecer,
    erguei-vos e levantai a cabeça,
    porque a vossa libertação está próxima.
    Tende cuidado convosco,
    não suceda que os vossos corações se tornem pesados
    pela intemperança, a embriaguês e as preocupações da vida,
    e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha,
    pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra.
    Portanto, vigiai e orai em todo o tempo,
    para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer
    e comparecer diante do Filho do homem».

    AMBIENTE

    Estamos já nos últimos dias da vida terrena de Jesus, após a sua entrada triunfal em Jerusalém. Jesus está a completar a catequese dos discípulos e, nesse contexto, anuncia-lhes tempos difíceis de perseguição e de martírio. Avisa-os, também, de que a própria cidade de Jerusalém será, proximamente, sitiada e destruída (cf. Lc 21,20-24). Ora, é neste contexto e nesta sequência que aparece o texto do Evangelho de hoje.

    MENSAGEM

    O vector fundamental à volta do qual se estrutura o Evangelho de hoje está na referência à vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (Lc 21,27) e no convite a cobrar ânimo e a levantar a cabeça porque “a libertação está próxima” (Lc 21,28). A palavra “libertação” (“apolytrôsis” – “resgate de um cativo”) é uma palavra característica da teologia paulina (1 Cor 1,30; cf. Rom 3,24; 8,23; Col 1,14…), onde é usada para definir o resultado da acção redentora de Jesus em favor dos homens. O projecto de salvação/libertação da humanidade, concretizado nas palavras e nos gestos de Jesus, é apresentado como o “resgate” de uma humanidade prisioneira do egoísmo, do pecado, da morte. Trata-se, portanto, da libertação de tudo o que escraviza os homens e os impede de viver na dignidade de filhos de Deus.
    A mensagem proposta aos discípulos é clara: espera-vos um caminho marcado pelo sofrimento, pela perseguição (cf. Lc 21,12-19); no entanto, não vos deixeis afundar no desespero porque Jesus vem. Com a sua vinda gloriosa (de ontem, de hoje, de amanhã), cessará a escravidão insuportável que vos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas.
    Os “sinais” catastróficos apresentados não são um quadro do “fim do mundo”; são imagens utilizadas pelos profetas para falar do “dia do Senhor”, isto é, o dia em que Jahwéh vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão, inaugurando uma era de vida, de fecundidade e de paz sem fim (cf. Is 13,10; 34,4). O quadro destina-se, portanto, não a amedrontar, mas a abrir os corações à esperança: quando Jesus vier com a sua autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação/libertação sem fim.
    Há, ainda, um convite à vigilância (cf. Lc 21,34-36): é necessário manter uma atenção constante, a fim de que as preocupações terrenas e as cadeias escravizantes não impeçam os discípulos de reconhecer e de acolher o Senhor que vem.

    ACTUALIZAÇÃO

    A reflexão acerca do Evangelho de hoje pode tocar, entre outros, os seguintes pontos:

    • A realidade da história humana está marcada pelas nossas limitações, pelo nosso egoísmo, pelo destruição do planeta, pela escravidão, pela guerra e pelo ódio, pela prepotência dos senhores do mundo… Quantos milhões de homens conhecem, dia a
    dia, um quadro de miséria e de sofrimento que os torna escravos, roubando-lhes a vida e a dignidade… A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre a porta à esperança e grita a todos os que vivem na escravidão: “alegrai-vos, pois a vossa libertação está próxima. Com a vinda próxima de Jesus, o projecto de salvação/libertação de Deus vai tornar-se uma realidade viva; o mundo velho vai converter-se numa nova realidade, de vida e de felicidade para todos”.

    • No entanto, a salvação/libertação que há-de transformar as nossas existências não é uma realidade que deva ser esperada de braços cruzados. É preciso “estar atento” a essa salvação que nos é oferecida como dom, e aceitá-la. Jesus vem; mas é necessário reconhecê-l’O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. É preciso, também, ter a vontade e a liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que Ele nos transforme o coração e Se faça vida nos nossos gestos e palavras.

    • É preciso, ainda, ter presente, que este mundo novo – que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho – nunca será um realidade plena nesta terra, mas sim uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, haver destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 1º DOMINGO DO ADVENTO
    (adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

    1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
    Ao longo dos dias da semana anterior ao 1º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

    2. GESTO PARA O INÍCIO DO ADVENTO.
    Com o 1º Domingo do Advento, começa o ano litúrgico. Para os cristãos, é esta a altura propícia para se desejar um bom ano. O 1º Domingo do Advento é o momento oportuno para apresentar o desenrolar de um ciclo litúrgico no seu conjunto. Descobrir este caminho de oração, comum aos católicos do mundo inteiro, permite falar também da importância da prática regular. É tempo para tomar boas resoluções para o novo ano, o ano litúrgico. Pode-se marcar o início do Advento com uma procissão de entrada mais solenizada, escolhendo um cântico bem adaptado, ou com um acto penitencial mais desenvolvido. Isto para além dos símbolos tradicionais do Advento que podem ser valorizados…

    3. COROA DO ADVENTO.
    Entre os símbolos tradicionais, temos a “coroa do Advento”, com as quatro velas. Colocadas numa coroa ou de outra maneira, elas significam a progressão para o Natal. Muitas vezes, acende-se a vela ao longo da celebração. Este gesto ganha importância se for bem realizado. Pode ser durante o cântico inicial, no final da procissão, por uma criança ou um jovem, por um padre ou qualquer outro “actor” da liturgia. Pode também ser efectuado pelo próprio presidente da celebração, depois da saudação litúrgica. Tomar-se-á sempre o tempo de um belo gesto, que pode ser acompanhado por um breve refrão a apelar à vinda do Senhor… É importante cuidar da beleza dos objectos (velas, suporte, coroa), de tamanho adaptado ao edifício e dispostos de maneira coerente no espaço próprio.

    4. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
    Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

    No final da primeira leitura:
    “Ó Deus fiel, bendito és Tu pelo olhar que podemos ter sobre a obra que realizaste ao longo dos séculos, sobre as promessas dos profetas e sobre a sua realização pelo descendente de David, o teu Filho Jesus.
    Nós Te confiamos os povos e os países vítimas da insegurança, mas também os bairros das nossas cidades e os habitantes que vivem no temor”.

    No final da segunda leitura:
    “Pai, nós Te damos graças pelas instruções recebidas dos Apóstolos da parte do Senhor Jesus e pelos progressos que nos deixas realizar.
    Ó Deus nosso Pai, nós Te pedimos: dá-nos, entre nós e em relação a todos os homens, um amor cada vez mais intenso, coloca-nos no caminho de uma santidade irrepreensível, até ao dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo vier com todos os santos”.

    No final do Evangelho:
    “Ó Deus fiel, bendito és Tu pelas palavras de esperança que nos deste em Jesus, porque elas permitem-nos erguer a cabeça, mesmo nos momentos menos felizes.
    Nós Te pedimos: que o vosso Espírito nos mantenha vigilantes, numa oração perseverante, para que possamos estar firmes na presença de Jesus, teu Filho, e ressuscitar com Ele, quando vier com grande poder e glória”.

    5. BILHETE DE EVANGELHO.
    O sofrimento, as preocupações, o medo do futuro por vezes esmagam-nos e acabamos por baixar os braços.
    “Erguei-vos!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar os que se mantêm de pé, prontos a pôr-se a caminho para construir com Deus um futuro melhor. O medo faz baixar a cabeça; vive-se então no momento presente, com medo dos golpes que será necessário ainda suportar.
    “Levantai a cabeça!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que olham no horizonte Aquele que vem para nos salvar. A fadiga acaba por adormecer, sem dúvida porque não se espera mais nada e não se quer mais lutar.
    “Tende cuidado convosco e vigiai!”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que permanecem atentos aos sinais que Deus não cessa de manifestar. A falta de confiança destrói a relação, sem se saber do que falar.
    “Orai em todo o tempo”, diz-nos Jesus. Só podem esperar aqueles que entram em diálogo com Deus. A esperança nunca é passiva. Para esperar é preciso erguer-se, levantar a cabeça, estar atento e vigiar, orar: tais são os verbos activos que manifestam o que faz a grandeza do homem.

    6. À ESCUTA DA PALAVRA.
    Leitura do Livro de Jeremias: “Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá”. Palavra do Senhor!
    Leitura do Evangelho: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo”. Palavra do Senhor!
    Na mesma celebração, proclama-se como Palavra do Senhor duas afirmações tão afastadas uma da outra! Como resolver esta contradição? Primeiro, sendo realistas. O universo conhece transformações constantes, tremores de terra, erupç
    ões vulcânicas, tsunamis, meteoritos… A sol e as estrelas, um dia, apagar-se-ão. No fundo, Jesus, com os conhecimentos e a mentalidade da sua época, chama a nossa atenção para essa realidade: o nosso mundo, um dia, acabará. Não somente o “nosso” mundo, mas primeiro o “meu” próprio mundo, no dia da minha morte. Jesus convida-nos a não esquecer o fim de todas as coisas. Diz-nos: “Vigiai”. Vigiai para que não vos instaleis neste tempo como se ele fosse durar sempre! Mas aí, no coração da nossa condição mortal, Deus diz-nos uma palavra que não passará. Esta Palavra é o próprio Jesus.
    Começamos hoje um novo ciclo litúrgico. Mas não é um ciclo fechado sobre si mesmo. Cada ano que passa aproxima-nos do nosso fim terrestre, mas é-nos dado também como o tempo durante o qual Jesus vem visitar-nos, dar-nos a sua presença de Ressuscitado. Segundo a bela palavra de Jeremias, oferece-nos a nós como “um rebento de justiça”, como a “promessa de felicidade” que se realizará em plenitude no fim dos tempos. Desde agora, está em acção no segredo dos corações, como o poder da vida que, secretamente, constrói um novo ser no seio materno. “Vigiai e orai em todo o tempo”, a fim de estardes de pé no Dia da sua Vinda na plenitude da Luz.

    7. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
    Pode-se escolher a Oração Eucarística IV. É a mais adaptada para o início do Advento, porque recapitula a história da salvação e a obra de Cristo: a história dos homens é uma “história santa”.

    8. PALAVRAS PARA O CAMINHO…
    Na segunda leitura, Paulo lança-nos um forte apelo: “Irmãos, o Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos”. Ao longo da próxima semana, procuremos ir ao encontro de alguém que já não tem força para esperar: esperar um trabalho, esperar uma saúde melhor, esperar uma reconciliação… Que lhe vamos dizer? O Advento é o tempo propício para ajudar a erguer-se de novo, o tempo de voltar a dar gosto à vida que germina…
    Uma palavra de amor para cada dia… Porque Jesus nos pede para “orar em todo o tempo”, porque não experimentar agradar a Deus, nosso Pai, dizendo-lhe mais especialmente o nosso amor filial em cada dia deste tempo do Advento? Bastam alguns minutos, mas pode-se também de modo mais prolongado cuidar deste tempo privilegiado.

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
    PROPOSTA PARA
    ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
    Grupo Dinamizador:
    P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    Tel. 218540900 – Fax: 218540909
    portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

  • S. André, Apóstolo

    S. André, Apóstolo


    30 de Novembro, 2021

    André era discípulo de João Batista, e companheiro de João Evangelista. Quando o Precursor apontou Jesus que passava, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus" (cf. Jo 1, 35-40) tornou-se imediatamente discípulo do Senhor. Logo a seguir, comunicou a Pedro, seu irmão a descoberta do Messias (cf. Jo 1, 41s.). Jesus chamou a ambos para se tornarem "pescadores de homens" (Mt 4, 18s.). É André que, na multiplicação dos pães indica a Jesus o rapaz que tem cinco pães e dois peixes (Jo 6, 8s.). Com Filipe, André refere a Jesus que alguns gregos O querem ver (Jo 12, 20s.). A tradição reconhece em Santo André o evangelizador da Acaia (Grécia) e em Patras o lugar onde morreu após dois dias de suplício na Cruz, donde anunciou Cristo até ao último momento.
    Lectio
    Primeira leitura: Romanos 10,9-18

    Irmãos: Se confessares com a tua boca: «Jesus é o Senhor», e acreditares no teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo. 10É que acreditar de coração leva a obter a justiça, e confessar com a boca leva a obter a salvação. 11É a Escritura que o diz: Todo o que nele acreditar não ficará frustrado. 12Assim, não há diferença entre judeu e grego, pois todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam. 13De facto, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo. 14Ora, como hão-de invocar aquele em quem não acreditaram? E como hão-de acreditar naquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, sem alguém que o anuncie? 15E como hão-de anunciar, se não forem enviados? Por isso está escrito: Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas-novas! 16Porém, nem todos obedeceram à Boa-Nova. É Isaías quem o diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? 17Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. 18Mas, pergunto eu, será que não a ouviram? Pelo contrário: A voz deles ressoou por toda a terra e até aos confins do mundo as suas palavras.

    A fé leva à salvação quando nos abandonamos a Deus, reconhecendo-O como único Salvador. Mas a fé pressupõe a escuta da Palavra, pela pregação dos missionários. A pregação e a fé têm o mesmo objeto: o mistério de Jesus-Senhor, morto e ressuscitado pelo poder de Deus Pai. Por isso, quando alguém acredita, expropria-se de si mesmo e torna-se propriedade de Deus, garante e fundamento de toda a confiança dos homens n´Ele. Mas também a pregação pressupõe um evento histórico absolutamente necessário: ter sido enviado. Por outras palavras, a pregação pressupõe a missão. A mensagem evangélica, destinada a todos os povos, passa pela escolha que Jesus faz das suas testemunha e pelo seu envio em missão: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura." (Mc 16, 15).
    Evangelho: Mateus 4, 18-22

    Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. 21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.

    Jesus reúne à sua volta alguns discípulos aos quais dirige um especial ensinamento, porque os quer como discípulos e como testemunhas. Depois da Ressurreição, enviá-los-á ao mundo inteiro. Os Doze, de pescadores de peixes, tornam-se pescadores de homens. É o que Jesus lhes garante: "farei de vós pescadores de homens" (v. 19). André, com o seu irmão Simão, é um dos primeiros a ouvir o chamamento de Jesus e a segui-l´O. Mateus realça a prontidão com que o fizeram: "E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (v. 20). O seguimento de Jesus não admite hesitações ou demoras. Exige radicalidade!
    Meditatio

    A adesão pronta de André, e dos outros apóstolos, ao seguimento de Jesus e à missão que lhes confiava, permitiram-lhes levar a "Boa Notícia" da salvação aos confins da terra. A fé, adesão a Cristo e ao projeto de salvação que nos propõe, vem da escuta da Palavra, isto é, de Cristo, Palavra definitiva de Deus aos homens. Pregar essa Palavra, para que todos possam conhecê-la e aderir-lhe é, ainda hoje, a missão da Igreja.
    Somos, pois, convidados a escutar a Palavra, a acolhê-la no coração. É, sem dúvida, uma palavra exigente. Mas é Palavra salutar. Por isso, não podemos cair na tentação de lhe fechar os nossos ouvidos. Tal como certos remédios, a Palavra pode fazer-nos momentaneamente sofrer. Mas é a nossa salvação.
    A palavra é também alimento. Os profetas dizem que Deus promoverá no mundo uma fome, não de pão, mas da sua Palavra. Precisamos de experimentar essa fome, sabendo que a Palavra de Deus nos pode saciar para além de todas as realidades terrestres, e muito mais do que podemos imaginar.
    A palavra de Deus é exigência. Jesus fala de uma semente que deve crescer e espalhar-se por todo o lado. É a Palavra que torna fecundo o apostolado. Não pregamos palavras nossas, mas a Palavra que escutamos e acolhemos, e nos impele a proclamá-la, para pôr os homens em comunhão com Deus.
    S. João ensina-nos que não é fácil escutar a palavra, porque não é fácil ser dóceis a Deus. Mas só quem dócil ao Pai, escuta a sua Palavra: "Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim" (Jo 6, 45).
    A Palavra é a nossa felicidade. A palavra, meio de comunicação humana por excelência, permite-nos comunicar com Deus. Para entrar em comunicação e em comunhão com Deus, havemos de acolher a sua Palavra em nós.
    Que Santo André nos ensine a escutar e a acolher a Palavra de Deus, para estarmos em comunhão com Ele e uns com os outros.
    Oratio

    Senhor, abre-nos os ouvidos e o coração à tua Palavra para que estejamos dispostos a seguir-te em radicalidade evangélica e a ser tuas testemunhas onde e como dispuseres. Que a tua Palavra ecoe, hoje, mais eficazmente do que nunca. Que nos demos conta da tua presença e a reconheçamos, hoje, mais do que nunca, sobretudo os que somos jovens. Abandonados à tua solicitude de pastor, não faltarão vocações à tua Igreja. Ámen.
    Contemplatio

    Santo André foi um dos apóstolos que melhor compreendeu e saboreou o mistério da cruz. O seu bom coração foi penetrado pela graça do Calvário. Pregou a cruz na Cítia, no Ponto e noutras regiões. Desejava morrer sobre a cruz, para dar a Nosso Senhor amor por amor. Teve esta graça em Patras. Censurava ao juiz as suas perseguições contra a verdade. O juiz irritado ordenou-lhe que sacrificasse aos deuses. - «É ao Deus todo-poderoso, o único e verdadeiro, respondeu André, que imolo todos os dias, não a carne dos animais, mas o Cordeiro sem mancha, inteiro e cheio de vida sobre o altar, depois de ter sido imolado e dado em alimento aos cristãos». Mostrava assim sobretudo o seu amor pela Eucaristia. Contam que, vendo de longe a cruz sobre a qual devia ser ligado, exclamou: «Eu vos amo, cruz preciosa, que fostes consagrada pelo corpo do meu Deus, e ornada com os seus membros como com ricas pedrarias... Aproximo-me de vós com alegria, recebei-me nos vossos braços... Há muito tempo que vos desejo e que vos procuro. Os meus votos cumpriram-se. Que aquele, que de vós se serviu para me resgatar, se digne receber-me apresentado por vós». Na prática, unamos todas as nossas cruzes quotidianas à cruz de Jesus Cristo. Elas unir-nos-ão aos seus méritos. (Leão Dehon, OSP 4, p.505s.).
    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Deixaram as redes imediatamente e seguiram-no." (Jo 3, 20)."

     

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    S. André, Apóstolo (30 de Novembro)

  • S. Francisco Xavier, Presbítero

    S. Francisco Xavier, Presbítero


    3 de Dezembro, 2021

    Francisco Xavier nasceu a 7 de Abril de 1506, no castelo da sua família, perto de Pamplona, Espanha. Fez os seus estudos académicos na Universidade de Paris, onde, em 1530, era já professor. Motivado por Inácio de Loiola, seu aluno e amigo, abandonou a prometedora carreia que iniciara, juntando-se a ele para fundar a Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote, foi enviado para a Índia. Desembarcou em Goa em 1542. Seguem dez anos de intensos trabalhos, que constituem uma das mais gloriosas epopeias, na História missionária da Igreja. Evangeliza as zonas costeiras da Índia, vai a Malaca, às Molucas e ao Japão. Acaba por falecer na ilha de Sanchão, às portas da China, que pretendia evangelizar. A sua vida foi marcada pelo amor de Deus e pelo zelo apostólico. Foi canonizada em 1622. É um dos padroeiros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos.
    Lectio
    Primeira leitura: 1 Coríntios 9, 16-19.22-23

    Irmãos: anunciar o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar! 17Se o fizesse por iniciativa própria, mereceria recompensa; mas, não sendo de maneira espontânea, é um encargo que me está confiado. 18Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere. 19De facto, embora livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, para ganhar o maior número. 20Fiz-me judeu com os judeus, para ganhar os judeus; com os que estão sujeitos à Lei, comportei-me como se estivesse sujeito à Lei - embora não estivesse sob a Lei - para ganhar os que estão sujeitos à Lei; 21com os que vivem sem a Lei, fiz-me como um sem Lei - embora eu não viva sem a lei de Deus porque tenho a lei de Cristo - para ganhar os que vivem sem a Lei. 22Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. 23E tudo faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante.

    Mais uma vez, Paulo se vê obrigado a defender, não tanto a sua pessoa, mas a sua ação de apóstolo no meio da comunidade cristã de Corinto. Havia quem o acusasse de interesse próprio no exercício do seu ministério: busca de bens materiais, afirmação pessoal. O Apóstolo reage afirmando que, para ele, evangelizar é "um dever". Quem livremente se põe ao serviço de um senhor, não pode furtar-se a esse serviço. É o que acontece com Paulo. Por isso afirma: «ai de mim, se eu não evangelizar!» (v. 16b).
    S. Francisco Xavier também estava consciente de que o chamamento ao apostolado é um encargo confiado por Deus. Vive a sua vocação e missão com inquebrantável e total fidelidade, total desinteresse e extraordinário elo apostólico.
    Evangelho: Marcos 16, 15-20

    Naquele tempo, Jesus apareceu aos one Apóstolos e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado. 17Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.» 19Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. 20Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

    O mandato de Cristo, "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura." (v. 15), destina-se aos Apóstolos e a todos os batizados, clérigos, religiosos ou leigos. "O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte" (vv. 19-20). Os Onze acolheram o mandato com prontidão. Ao realizá-lo deram-se conta de que, Aquele que subira ao céu, Jesus, na verdade continuava com eles, acompanhando-os, cooperando com palavras e prodígios (cf. vv. 17-18). É consolador para os evangelizadores saberem que não estão sós, que o Senhor caminham com eles e que podem contar com o seu poder para vencer os obstáculos, demónios e todos os males.
    Meditatio

    O ministério apostólico de S. Francisco Xavier, com o dinamismo com que o exerceu, é espantoso. Em 1542, foi mandado para as Índias, ou para os confins do mundo, como então se dizia. Chegou lá, depois de uma longa e perigosa viagem. Lançou-se imediatamente na evangelização de cidades e aldeias, em permanentes viagens, sem temer intempéries nem outros perigos. Apenas dois anos, após a chegada à Índia, foi a Ceilão e às Molucas. Regressou à Índia para confirmar os resultados da sua evangelização, para organizar e dar novo impulso à obra dos seus companheiros. Mas não ficou por aí. Tinham-no informado que o Japão era um reino muito importante e partiu para lá, pensando que a sua conversão poderia influir positivamente na evangelização de todo o Extremo Oriente. Prosseguiu, no reino do Sol nascente, as suas viagens e o anúncio do Evangelho. Ao regressar desse país, projeta evangelizar a China. Ao procurar realizar esse intento, é surpreendido pela morte, na ilha de Sanchão, no ano de 1552. Em aproximadamente dez anos, percorreu milhares de quilómetros, com os meios e as dificuldades que mal podemos imaginar, dirigindo-se a numerosos povos, que falavam diferentes línguas. O segredo da sua coragem e do seu dinamismo era a oração e a união com Cristo, na união ao mistério de Deus que quer comunicar com todos os homens.
    Também Jesus teve que ultrapassar uma distância infinita para vir até nós e estar connosco: deixou o Pai, como diz o evangelho de João, para vir ao mundo. Continuou a sua viagem durante o seu ministério de apenas três anos, indo ao encontro das pessoas para lhes anunciar a Boa Nova do Reino, não se limitando a esperar que O procurassem. Hoje, se queremos que o evangelho chegue aos nossos contemporâneos, não basta esperá-los na igreja. É preciso procura-los onde eles estão. É preciso "sair das sacristias" como dizia o P. Dehon aos sacerdotes do seu tempo.
    S. Francisco Xavier deixou-se iluminar pelo Espírito Santo, permitiu a Cristo habitar no seu coração inquieto e foi conduzido por Deus Pai através dos caminhos do mundo, capaz de tudo "naquele que me dá força". A nossa fé, tantas vezes opaca e apagada, recebe luz e paixão do grande missionário e santo, que hoje celebramos. Para receber o amor de Deus é preciso transmiti-lo. Para o receber ainda mais é preciso dá-lo aos outros de modo ainda mais fiel e generoso.
    Oratio

    S. Francisco Xavier, ficaríeis certamente espantado com os meios de transportes e as possibilidades de comunicação que, hoje, temos no mundo: nenhum país se encontra a mais de trinta horas de voo e a comunicação telemática é praticamente instantânea. Alcança-nos de Deus um pouco do teu zelo apostólico e do teu dinamismo, para que o Evangelho chegue, efetivamente a todos os homens. Alcança-nos de Deus uma fé viva que nos leve a um testemunho generoso e alegre da Boa Notícia de que Deus a todos chama para serem seus filhos. Ámen.
    Contemplatio

    O primeiro projeto de Xavier e dos seus companheiros era de irem para a Palestina para aí trabalharem na conversão dos infiéis. Tinham o secreto desejo do martírio. Mas a guerra que reinava entre Veneza e os Turcos pôs obstáculo aos seus desígnios. Puseram-se à disposição do Papa que lhes confiou o cuidado de pregarem missões em Roma, depois logo, a pedido do rei de Portugal, Xavier partiu para as Índias. Que zelo que ele mostrou! Em Goa, tomou alojamento entre os pobres no hospital. Recusou o apartamento que lhe era oferecido pelo vice-rei. Missionou na cidade, depois percorreu todas as Índias, a custo das maiores fadigas. A sua missão tornou-se semelhante à dos apóstolos, pela extensão e pela rapidez dos seus sucessos. Empregava os meios de que eles mesmos se tinham servido para converterem o mundo idólatra: a oração, a humildade, o desinteresse, a mortificação. Era ajudado pelo dom dos milagres. Sto. Inácio enviou-lhe companheiros. Deixou às Índias cristandades florescentes, depois passou ao Japão, onde teve também grandes sucessos, mas a custo das mesmas fadigas e de grandes humilhações. Morreu como missionário na ilha de Sanchão, perto da China. Qual é o nosso zelo? Fazemos o que podemos pelo próximo, segundo a nossa vocação? (Leão Dehon, OSP 4, p.520s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Tudo posso n´Aquele que me dá força" (Fl 4, 13).

     

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    S. Francisco Xavier, Presbítero (3 de Dezembro)

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