Week of Jun 5th

  • Santo Anjo da Guarda de Portugal

    Santo Anjo da Guarda de Portugal


    10 de Junho, 2022

    A devoção ao Anjo da Guarda é muito antiga em Portugal. Tomou, porém, incremento especial com as Aparições do Anjo, em Fátima, aos Pastorinhos. Pio XII aprovou a comemoração do Anjo de Portugal no Calendário Litúrgico de Portugal.

    Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da História da Salvação, os Anjos estão encarregados da guarda dos homens (Mt 18, 10; At 12, 13) e da proteção da Igreja (Ap 12, 1-9). A fé cristã crê também possuir cada nação em particular um Anjo encarregado de velar por ela.

    Lectio

    Primeira leitura: Daniel, 10, 2a, 5-6.12-14b

    Naqueles dias, levantando os olhos, vi um homem vestido de linho. Tinha sobre os rins uma cinta de ouro de Ufaz. 6O corpo era como que de crisólito; a face brilhava como o relâmpago, os olhos como fachos ardentes, os braços e os pés tinham o aspecto do bronze polido e a sua voz ressoava como o rumor de uma multidão. 12Disse-me: «Não tenhas medo, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que te aplicaste a compreender e te humilhaste diante do teu Deus, a tua oração foi atendida e é por causa de ti que eu aqui venho. 13O príncipe do reino da Pérsia resistiu-me durante vinte e um dias; mas Miguel, um dos primeiros príncipes, veio em meu socorro. Deixei-o a bater-se com os reis da Pérsia, 14e aqui estou para te fazer compreender o que deve acontecer ao teu povo nos últimos dias."

    Nos capítulos 7 a 12 de Daniel, encontramos uma série de apocalipses ou revelações relacionados entre si, apesar de serem unidades independentes e autónomas. Abundam os elementos simbólicos: o grande mar, os quatro ventos, os quatro animais, o pequeno chifre, o ancião e o filho do homem, para além de outros pormenores de números e colorido. Para compreender todos estes símbolos, teríamos de nos colocar no mundo do autor e na sua mentalidade, simultaneamente judaica, profética e apocalítica. Estão em jogo a história e a mitologia, a tradição e o futuro messiânico. A finalidade é conseguir suscitar a convicção de que no fim dos tempos, que está próximo, o reino de Deus será entregue ao povo dos santos de Deus, o resto profético. O anjo de Deus defende esse povo. De modo semelhante, todos os povos e nações têm um Anjo encarregado por Deus de os proteger e defender em todos os perigos, de modo que a vida temporal se oriente para a eterna e todos os povos possam vir a formar o único Povo de Deus.

    Evangelho: Lucas 2, 8-14

    Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. 9Um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo. 10O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: 11Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. 12Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.» 13De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: 14«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.»

    Lucas leva-nos a Belém, cidade das promessas de Israel, para falar do nascimento de Jesus. Mas a verdade mais profunda do nascimento de Jesus é anunciada pelo anjo da força e da presença de Deus no meio dos homens, que quebra o silêncio da noite e proclama: "Nasceu-vos o Salvador" (2, 11). É a verdade da Boa Nova de um mundo novo, dirigida aos pastores, que vivem afastados e não têm lugar nas cidades dos homens, que não se ocupam das coisas da lei judaica (do cerimonial) e, por conseguinte, são impuros. A eles, e a todos os humildes da terra, é dirigida a mensagem da verdade salvadora: "Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor" (v. 11).

    Meditatio

    "A existência dos seres espirituais, não-corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. P testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição" (Catecismo da Igreja Católica).
    Deus nunca deixa só o homem desorientado e desanimado. Do mesmo modo, protege os povos e nações, particularmente nos momentos de maiores dificuldades. Há uma criação visível que, pelo menos em parte, vemos com os olhos do corpo. Mas há também uma criação invisível que só podemos perceber através dos sentidos espirituais, através da fé, da oração, da iluminação interior que nos vem do Espírito Santo.
    Quem são, portanto, os anjos? São, em primeiro lugar, um sinal luminoso da Providência, da paterna bondade de Deus, que jamais deixa faltar aos filhos aquilo de que precisam. Intermediários entre a terra e o céu, os anjos são criaturas invisíveis postas à nossa disposição, e à disposição dos povos e nações, para nos guiar no caminho de regresso a casa do Pai. Vêm do Céu para nos reconduzir ao Céu. Fazem-nos, desde já, saborear algo das realidades celestes.
    O cuidado e a guarda dos nossos anjos podem, por vezes, experimentar-se de modo muito concreto e sensível, desde que saibamos reconhecê-los. Trata-se de encontros "casuais", que todavia se tornam fundamentais e determinantes na vida de uma pessoa ou de uma ajuda imprevista e inesperada em situações de perigo. Pode ser também uma intuição repentina que nos permite dar-nos conta de um erro, de um esquecimento. Como não sentir-nos guiados, protegidos e amavelmente socorridos? Os anjos protegem-nos de perigos de que nos damos conta, sobretudo, do perigo de nos tornarmos autossuficientes, surdos a Deus e desobedientes à sua palavra. Além disso, sugerem-nos pensamentos retos e humildes, bons sentimentos. Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanha pela assistência e intercessão dos anjos: "Cada fiel tem a seu lado um anjo protetor e pastor para o guiar na vida" (S. Basílio Magno). De igual modo, "toda a vida da Igreja beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos" (At 5, 18-20; 8, 26-29; 10, 3-8; 12, 6-11; 27, 23-25). Porque não pensar que acontece com os povos e nações o que acontece com cada homem e com a Igreja? Peçamos ao Anjo de Portugal que nos livre de todas as adversidades, nos defenda nas adversidades, dirija os nossos passos, como nação, no caminho da salvação e da paz.

    Oratio

    Senhor, Pai Santo, proclamamos a vossa imensa glória, que resplandece nos Anjos e nos Arcanjos, e, honrando estes mensageiros celestes, exaltamos a vossa infinita bondade, porque a veneração que eles merecem é sinal da vossa incomparável grandeza sobre as criaturas. Hoje, com a multidão dos Anjos, que celebram a vossa divina majestade, queremos adorar-vos e bendizer-vos. Ámen. (cf. Prefácio dos Anjos)

    Contemplatio

    Os Anjos louvam a Deus e servem-n'O. "Eles são milhares de milhares, diz Daniel, à volta do trono de Deus, ocupados em servi-l'O" (Dan 7, 10). "Anjos do céu, diz o salmo, bendizei o Senhor, vós que executais as suas ordens" (Sl 102). Deus envia-os junto das criaturas. O seu nome significa "mensageiros". "São os enviados de Deus, diz S. Paulo, vêm ajudar os homens a realizarem a sua salvação" (Heb 1, 14). Há os anjos das nações e os anjos de cada um de nós. Deus dizia ao seu povo por Moisés: "Enviarei o meu anjo diante de vós. Conduzir-vos-á, guardar-vos-á e dirigir-vos-á para a terra que vos prometi" (Ex 23). Deus acrescentava: "Honrai-o, escutai a sua voz quando vos fala por Moisés. Se lhe obedecerdes, sereis abençoados e triunfareis sobre os vossos inimigos. Se o desprezardes, sereis castigados" (Ibid.). "Deus ordenou aos seus anjos,para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles hão-de elevar-te na palma das mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra." (Sl 90). Trata-se aqui dos anjos de cada um de nós. (Leão Dehon, OSP 4, p. 316).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Bendito seja o Senhor,
    que nos protege por meio do seu Anjo" (Judite 13, 20).

    ----
    Santo Anjo da Guarda de Portugal  (10 Junho)

  • S. Barnabé, Apóstolo

    S. Barnabé, Apóstolo


    11 de Junho, 2022

    José, cognominado Barnabé, isto é, filho da consolação, é chamado apóstolo embora não tenha pertencido ao grupo dos Doze. Era membro da comunidade judaica de Chipre, em Jerusalém. Não conheceu pessoalmente Jesus, mas converteu-se logo nos primeiros anos do Cristianismo, e teve um papel importante na expansão da Igreja. Daí ser chamado apóstolo. Foi ele que apresentou Paulo à comunidade de Jerusalém, garantindo-lhe a sua recente conversão. Conduziu Paulo a Antioquia, apresentando-o também lá à comunidade dos fiéis. Acompanhou o Apóstolo na sua primeira viagem missionária, cerca do ano 60. Depois, separou-se de Paulo, regressando a Chipre onde terá sido martirizado no ano 60.

    Lectio

    Primeira leitura: Atos 11, 21b-26; 13, 1-3.

    Naqueles dias, foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. 22A notícia chegou aos ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia. 23Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme; 24ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25Então, Barnabé foi a Tarso procurar Saulo. 26Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos.» 1Havia na igreja, estabelecida em Antioquia, profetas e doutores: Barnabé, Simeão, chamado 'Níger', Lúcio de Cirene, Manaen, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. 2Estando eles a celebrar o culto em honra do Senhor e a jejuar, disse-lhes o Espírito Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que Eu os chamei.» 3Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir.

    O nosso texto mostra-nos o papel de Barnabé como elo de união entre a igreja mãe de Jerusalém e a comunidade de Antioquia. Assim, colaborou na evangelização e na edificação da Igreja.
    A sua relação com Paulo também foi importante. Apresentou-o às comunidades de Jerusalém e de Antioquia garantindo a conversão à fé cristã daquele que todos conheciam e temiam como terrível perseguidor. Fê-lo seu companheiro de missão, apesar de Paulo acabar por ultrapassá-lo no intento de inculturar a fé. Ambos foram missionários empreendedores e geniais a quem devem as comunidades de todos os tempos.

    Evangelho: Mateus 10, 7-13

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus Apóstolos: Ide e proclamai que o Reino do Céu está perto. 8Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça. 9Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento. 11Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, procurai saber se há nela alguém que seja digno, e permanecei em sua casa até partirdes. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se essa casa for digna, a vossa paz desça sobre ela; se não for digna, volte para vós.

    Jesus percorre cidades e aldeias a anunciar o evangelho do Reino e a curar doentes, e verifica que as multidões andam desorientadas e abandonadas como ovelhas sem pastor. Então, chama Doze dos seus discípulos para estarem com Ele e partilharem a sua missão. Dá-lhes poder sobre os espíritos imundos e para curar os doentes. Segundo Mateus esta missão dirige-se exclusivamente às ovelhas perdidas da casa de Israel: como Jesus, também os seus apóstolos - por agora - devem concentrar os seus esforços num horizonte bem delimitado, enquanto esperam maiores aberturas, depois da Páscoa do Senhor. Os missionários devem proclamar o que Jesus disse e fez, e nada mais; devem exercer o seu ministério em absoluta gratuidade.

    Meditatio

    O discurso missionário de Jesus revela-nos a magnanimidade do seu coração. A pobreza de meios, na pregação do Evangelho, não é um limite mas abertura na confiança e na generosidade. A pobreza faz-nos livres e capazes de dar a todos, por causa do Reino de Deus, gratuitamente o que recebemos: "Recebestes de graça, dai de graça." (v. 8).
    S. Barnabé realizou esta página do Evangelho na sua vida. O livro dos Atos informa-nos que ele, possuindo um campo, o vendeu, entregando aos Apóstolos, o produto da venda. Fez o que o jovem rico não teve coragem de fazer (Mt 19, 21; Mc 10, 21). A confiança em Deus, com que faz este gesto, é acompanhada pela confiança nos outros. Ao chegar a Antioquia, em vez de se preocupar com aqueles "pagãos" recém-convertidos ao Evangelho, Barnabé reage com total confiança: "Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso" (v. 23). Não é um apagador de entusiasmos, preocupado com a observância de minúcias. É "um homem de Deus, cheio de Espírito Santo e de fé" (At 2, 24), que "exorta a todos a que se conservem unidos ao Senhor" (cf. v. 23). O mais importante é aderir a Cristo. Deste modo, "uma grande multidão aderiu ao Senhor" (v. 24).
    Outro aspeto que nos revela a amplitude do seu coração é o seguinte: ao dar-se conta da fecundidade daquele campo de apostolado, não o reservou só para si, mas "foi a Tarso procurar Saulo" (At 10, 25). Quando Paulo se tornou mais importante do que ele no apostolado entre os pagãos, pode dizer-se de Barnabé o que dizem os Atos, quando da sua chegada a Antioquia: "regozijou-se com isso" (v. 23).
    Barnabé está completamente à disposição de Cristo. Por isso, o Espírito Santo pode reservá-lo para uma missão mais universal: a evangelização das nações.
    Em Barnabé, vemos resplandecer a confiança e generosidade, baseadas na pobreza do coração. Dizem as nossas Constituições: "A partilha dos bens no amor fraterno permite-nos verificar que, na Igreja e com a Igreja, somos sinal no meio dos nossos irmãos. Esta pobreza segundo o Evangelho convida-nos a libertar-nos da sede de posse e de prazer que sufoca o coração do homem. Estimula-nos a viver na confiança e na gratuidade do amor" (n. 46).

    Oratio

    Senhor, que belo modelo a imitar. S. Barnabé é um discípulo muito amável, bom, piedoso e caridoso para com o próximo. Possui, além disso, as virtudes mais austeras, pois se despojou dos seus bens, e desafiou todas as contradições. A seu exemplo, quero sacudir a minha tibieza, e viver a gratuidade que carateriza os verdadeiros missionários. Educai o meu coração, e fazei-o aproximar do ritmo do vosso Coração. Dai-me um coração manso e humilde como o vosso. Ámen.

    Contemplatio

    S. Barnabé não era do número dos doze apóstolos, mas foi-lhe acrescentado e trabalhou muito com S. Paulo. Levita e cipriota, estudava as santas Letras em Jerusalém sob a direção do Rabino Gamaliel, quando foi testemunha da cura do paralítico na piscina. Uniu-se então imediatamente aos discípulos de Nosso Senhor. Era um homem jovem, amável e bom. Era bom, dizem os Atos, e cheio de fé e ricamente dotado com os dons do Espírito Santo. Os apóstolos chamaram-no Barnabé, o que quer dizer «o Filho da consolação». Depois do Pentecostes, estava em Damasco quando aconteceu o milagre da conversão de S. Paulo. Fez-se o anjo da guarda de S. Paulo, conduziu-o a Jerusalém e apresentou-o aos apóstolos. Trabalharam juntos vários anos, e receberam a missão de pregar a fé aos gentios. Ganharam quase toda a cidade de Antioquia. Barnabé era de uma família abastada. Tinha uma bela propriedade na ilha de Chipre. Vendeu-a e apresentou o valor aos apóstolos. Dava assim o grande exemplo do desapego e da vida religiosa. Havia em Antioquia um grupo de padres, de profetas e de doutores. O Espírito Santo revelou-lhes positivamente a missão de Paulo e de Barnabé para a conversão dos gentios. Enviaram, portanto, estes dois apóstolos para os países do ocidente. Barnabé e Paulo passaram na ilha de Chipre onde fizeram maravilhas e ganharam para a fé o próprio procônsul, Sérgio Paulo. De lá foram para a Ásia Menor e pregaram na Pisídia, em Perga, em Antioquia, em Icónio, em Listra. Foi uma alternativa de sucessos e de perseguições. (L. Dehon, OSP 2, pp. 311-312).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Recebestes de graça, dai de graça". (Mt 10, 8).

    ----
    S. Barnabé, Apóstolo (11 Junho)

plugins premium WordPress